Hoje foram publicados mais dois excelentes textos sobre a burlesca cruzada irreligiosa do MPF contra o “Deus seja louvado” das cédulas de Real:
– A Procuradoria da República e seu ócio criativo, por Pedro Jácome no Acerto de Contas: «Além disso, se os símbolos cristãos ofendem os “não-cristãos”, há de se admitir que os símbolos “não cristãos”, a contrario sensu, ofendem os cristãos…. então, se tirarmos a referência a Deus das notas de Real, também teríamos que substituir Marianne por um símbolo que não remeta à maçonaria (e, aproveitando o ensejo, talvez um menos afrancesado….quem sabe Carmen Miranda ou Dercy Gonçalves?). Do mesmo modo, se quisermos tirar a Cruz do pleno do STF, teremos que realocar também a Têmis que adorna a entrada do Pretório Excelso».
– Fanatismo ateu, por Carlos Ramalhete na Gazeta do Povo: «Um Estado ateu, como o finado Estado soviético, não é capaz de tolerar religiões concorrentes. Sente-se ofendido por sua presença pública. Não percebe que sem amor a Deus não haveria sequer ordem social, que dirá Estado. Não é a existência da polícia – que não é onipresente – que faz que a imensa maioria da população não roube nem mate, mas o respeito aos mandamentos, a percepção de haver uma ordem moral maior».
Marianne é uma homenagem a Semíranes esposa de Nemrod:
Cuch gerou Nemrod, que foi o primeiro valente na Terra.
Foi um valente caçador diante de Javé, e é por isso que se diz: «Como Nemrod, valente caçador diante de Javé».
As capitais do seu reino foram Babel, Arac e Acad, cidades que estão todas na terra de Senaar. Gênesis 10,8-10
Por isso, a cidade recebeu o nome de Babel, pois foi lá que Javé confundiu a língua de todos os habitantes da Terra, e foi dali que Ele os espalhou por toda a superfície da Terra. Gênesis 11,9
Então o escrivão da cidade (veio) para apaziguar a multidão e disse: Efésios, que homem há que não saiba que a cidade de Éfeso cultua a grande Ártemis, e que a sua estátua caiu dos céus? Atos dos Apóstolos 19,35
“Estado ateu”? Como diz o ditado: “O uso do cachimbo faz a boca torta”. Ficar repetindo clichês não ajuda em nada. E não são “ateus” que estão solicitando isso: são católicos – e praticantes. Pelo menos esses sabem separar o público do privado.
O curioso mesmo é que os dois autores dos textos mencionados não compreendem como é a estrutura de funcionamento do Ministério Público Federal.
Esta é organizada por procuradorias especializadas. Tal como há procuradorias especializadas em crimes de corrupção, existe a procuradoria especializada em direitos do cidadão, que é a qual está lotado o procurador Jefferson Dias. Ou seja: não é JD quem deve tomar ações pra combater a corrupção. Isso é trabalho de outras procuradorias especializadas. Ele está lá justamente para fazer o que ele tem feito. Se há alguma omissão de proteção de direitos dos cidadãos por sua parte, essa deveria ser a denúncia dos textos.
E mais uma vez: a ação não tem o intuito de suprimir direitos religiosos, mas apenas de voltar a cédula ao seu status quo.
Sim, as cidades que tem nomes de santos, as esculturas e etc detém um aspecto cultural que é inegável, e por mais que isso incomode algum ateuzinho revoltado, azar o dele! Mas esse não é o caso das cédulas. Foi o Sarney que inseriu esse jabuti lá, e não faz o menor sentido haver menções religiosas nas cédulas. Isso não tem a ver com cultura do povo brasileiro.
E por fim, não implica que a supressão do DSL nas cédulas deva ser acompanhada com a mudança de nomes de cidades nem com a derrubada da estátua de Cristo no RJ. É falacioso estabelecer essa implicação.
Especializadas ou militantes? Deve ser mais militantes, pois cidadãos para ele só deve existir os ateus, pois o cidadãos não ateus não se importam com a frase. O que prova ser atitude ideológica do procurador e não do MPF como um todo.
Wagner, o “stausquo” das cédulas de REAL inclui a frase “Deus seja louvado”.
A moeda brasileira – frise-se, bem – é o REAL, não o cruzeiro que vigeu até a substituição pelo Cruzado em 1986.
Se é para promover um retorno da moeda ao seu “status quo”, então dever-se-ia remontar aos réis do tempo do bumba.
“Mas esse não é o caso das cédulas. Foi o Sarney que inseriu esse jabuti lá”
Então, o problema é a inclusão da frase ter sido feita no governo Sarney?
Vocês são engraçados. Primeiro, pululam os berros de “o Estado é laico”, um bordão que já começa a se associar a dissimulação ateísta. Ora, se fosse realmente este o verdadeiro – e sólido – argumento, para que tanta birra com a inclusão da frase se ter dado sob a gestão do Sarney?
No mais:
“não faz o menor sentido haver menções religiosas nas cédulas”
“Isso não tem a ver com cultura do povo brasileiro”
Haja petição de princípio, em quem gosta tanto de apontar falácias nos outros.
E endosso a observação do Leniéverson: é bastante clara, para mim, uma militância no exercício do cargo por esse procurador. E uma militância sobretudo cristofóbica.
Por fim, você leu o texto do Ramalhete? Ele não toca nem um pouco em questões que remetam ao conhecimento da estrutura funcional das PRs. Por isso, também é curioso você ter falado em “os dois autores … não compreendem …”