O Papado em São Cipriano e nos primórdios do Cristianismo

Com relação às discussões a respeito de São Cipriano de Cartago e o Papado que estão sendo travadas neste post do Deus lo Vult!, vale a pena dizer quanto segue:

– A citada “brilhante refutação do Lucas” é um texto tosco e prolixo, de péssimo gosto, repleto de argumentos ad hominem e que não diz nada sobre o verdadeiro mérito da questão, qual seja, sobre se São Cipriano alguma vez na vida negou o Papado.

– A resposta a esta questão é evidentemente negativa. São Cipriano de Cartago, como bispo católico, jamais negou e nem poderia ter negado a primazia do Bispo de Roma sobre toda a Igreja de Deus. Se fosse possível aos santos de Deus revirarem-se no túmulo, por certo os ossos do grande mártir estariam provocando terremotos com estes disparates proferidos atualmente pelos filhos de Lutero.

– A tagarelice da “brilhante refutação do Lucas” resume-se a (i) questionar traduções de textos de São Cipriano, (ii) discutir a possibilidade (dentro da Doutrina Católica) do Papa cair em heresia e (iii) trazer meia dúzia de citações do Bispo de Cartago e dos Concílios primitivos que, na “lógica” protestante, apoiariam a posição de Lutero.

Quanto a (i), basta dizer que é completamente irrelevante. A discussão original versava, entre outros pontos, sobre uma suposta interpolação no tratado de São Cipriano sobre a Unidade da Igreja. Este site protestante traz a íntegra da obra em português e, apontando a “falsificação” católica, mostra a seguinte tabela:

Texto de São Cipriano Texto Interpolado
Loquitur Dominus ad Petrum, Ego tibi dico Tu es Petrus, etc.(a)Super unum(b) ædificat ecclesiam.

Hoc erant utique et cæteri apostoli quot fuit Petrus, qui consortio præditi et honoris et potestatis, sed exordium ab unitate proficisitur,(c) ut(d) Christi ecclesia(e) una monstretur.(f)

Qui Ecclesiæ resistitur et resistit,(g) in ecclesia se esse confidit?

(a) Et iterum eidem, post ressurectionem suam dicit, Pasce oves meas.(b) Super illum unum…et illi pascendas mandat oves suas.

(c) Et primatus Petro datur.

(d) Una.

(e) Et cathedra.

(f) Et pastores sunt omnes et grex unus ostenditur, qui ab apostolis omnibus, unanimi consensione pascatur, etc.

(g) Qui cathedram Petri, super quem fundata est ecclesia deserit, etc.

Ora, eu confesso que nunca vi este texto interpolado na vida! O texto que consta na Enciclopédia Católica é o incontroverso (à exceção do ponto ‘(a)’, que é meramente descritivo do fato bíblico). Também no Catecismo Romano (Parte I, Cap. X, XII), que traduzo abaixo do espanhol, não há os trechos interpolados:

Fala o Senhor a Pedro: [«]Pedro, Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja[»]. Sobre um [o Senhor] edifica a Igreja, e ainda que após Sua Ressurreição dê a todos os Apóstolos igual poder e diga: [«]Assim como o Pai me enviou, assim Eu envio a vós: recebei o Espírito Santo[»]; com tudo isso, para manifestar a unidade, dispôs com Sua autoridade a origem da mesma unidade, que começasse de um.

O que, aliás, é praticamente o mesmo texto do “e-cristianismo” citado. Aí eu pergunto: é sério que este texto não é suficiente para demonstrar que São Cipriano considerava que a Unidade da Igreja derivava de São Pedro? Retirando-se os trechos (alegadamente) interpolados e ficando com a exata versão que consta no site protestante, por acaso a passagem passa a dizer o contrário do que dizia? É lógico que não! Donde se vê que, neste contexto, a discussão sobre estas interpolações é completamente inútil, é somente uma cortina de fumaça levantada para ofuscar a clareza da Doutrina Católica testemunhada já no século III por São Cipriano.

Quanto a (ii), o dogma da infalibilidade pontifícia diz, tão-somente, que o Papa é infalível quando se pronuncia ex cathedra, i.e., quando fala a toda a Igreja usando a Sua autoridade de Sucessor de Pedro para, em assunto de Fé ou Moral, confirmar a verdade e condenar o erro. E daí que São Cipriano discordou de Santo Estêvão? E daí que São Paulo resistiu em face a São Pedro? Os erros pessoais dos Romanos Pontífices em nada afetam a infalibilidade papal, posto que esta envolve somente alguns atos pontifícios, e não todas as atitudes dos Papas. Será possível que os protestantes ainda não entenderam este ponto básico do Catecismo das Crianças, e insistem em se debater atrapalhadamente contra espantalhos toscos?

Ainda: discutir se o Papa pode ou não cair em heresia só faz sentido partindo do pressuposto que existe um Papa que não erra em matéria de Fé, é óbvio, posto que senão esta discussão sequer existiria, uma vez que ninguém jamais negou que um bispo pudesse ser herege e a História nos dá exemplos abundantes desta verdade. Se o Bispo de Roma fosse simplesmente um bispo igual aos outros não haveria a discussão sobre se ele pode ou não cair em heresia, posto que a resposta a isto seria evidentemente positiva. Negar que exista um Papa porque um dia ele foi acusado de estar errado é, parafraseando Chesterton, o mesmo que negar a existência do Banco do Brasil por conta de uma cédula de Real falsificada – ou, dito de outra maneira, seria como se acusar uma lei de Inconstitucionalidade implicasse que não existe Congresso Nacional.

Por fim, sobre (iii), analisando com mais vagar os escritos de São Cipriano:

1. A Epístola 73 (onde, segundo o Lucas, São Cipriano chama o Papa de herege) seria uma excelente oportunidade para o santo, se protestante fosse, protestar com veemência contra esta pretensão romana de deter a primazia sobre a Igreja Católica inteira. Mas ele não faz isso. Muito pelo contrário até, ele reafirma a Doutrina Católica tradicional (grifos meus):

E a este respeito eu estou com razão indignado contra esta patente e manifesta tolice de Estêvão, de que ele – que se orgulha do seu lugar no episcopado e alega possuir a sucessão de Pedro, na qual os fundamentos da Igreja foram lançados – devesse introduzir muitas outras rochas e estabelecer novos fundamentos de muitas igrejas.

Ora, se São Cipriano fosse protestante e negasse o papado, o que ele deveria fazer neste momento? Dizer que não existe fundamento algum de Igreja sobre São Pedro, que isto é uma pretensão absurda da Sé de Roma, que todos os bispos são iguais, e todas as demais bobagens que os filhos de Lutero gostam de vociferar. Mas o que ele critica em Estêvão é justamente o contrário: é que ele (Estêvão) estaria minando a autoridade da Igreja ao permitir o batismo nas igrejas dos hereges. Ou seja, o santo não critica no Papa a sua pretensão ao Papado, mas justamente a sua [atribuída] omissão em condenar uma coisa [= o Batismo dos hereges] que parecia a São Cipriano minar a unidade da Igreja. São Cipriano não nega que Santo Estêvão seja Papa, muito pelo contrário: reclama que ele não esteja agindo como Papa! São Cipriano não afirma que todo bispo fosse rocha e fundamento da Igreja, muito pelo contrário: reclama que o Papa pretendesse estabelecer novas rochas e novos fundamentos! Isto está perfeitamente de acordo com tudo o que o santo mártir disse em outros lugares e com a pureza da Doutrina Católica. O resto é tesoura protestante.

2. A citação do Concílio de Cartago está criminosamente fora de contexto. São Cipriano está falando dos [e para os] bispos africanos que estavam lá reunidos para discutir a questão do Batismo dos hereges, e não sentenciando princípios eclesiológicos de validade universal. O assunto não tem, absolutamente, nada a ver com o primado do Papa. Extrapolar as (parcas!) palavras do santo aqui para fazê-lo contradizer o que ele próprio disse clara e demoradamente em outros lugares (em particular, no De Unitate Ecclesiae, onde o assunto era precisamente este e foi tratado com vagar e à exaustão de argumentos) sobre a primazia do Bispo de Roma é patifaria intelectual pura e simples.

3. O Concílio (Regional) de Cartago de 418, ao excomungar quem quisesse “apelar para Roma” (Cân. 17), só mostra que havia então o costume de que as questões nas igrejas locais fossem arbitradas pela Igreja de Roma – i.e., só dá (mais) um testemunho a favor do papado. Por qual outro motivo um católico africano iria apelar para a Igreja de Roma (que ficava “do outro lado do mar”, com todas as dificuldades logísticas que isto implicava então) se não fosse por acreditar que aquela Sé detinha jurisdição sobre as demais Igrejas Particulares do orbe? Por que eles não condenaram quem apelasse para a Igreja de Bizâncio, de Antioquia ou de Jerusalém? Ora, só pode ser porque ninguém apelava para estas Igrejas, embora Apostólicas, porque todos sabiam que o princípio da Unidade estava na Sé de Roma e não em nenhuma outra. Aqui, como em outros lugares, a existência do erro não implica na inexistência da verdade, muito pelo contrário: testemunha-a.

Quando o Papa São Celestino recebeu uma carta neste teor (enviada pelo Sínodo de Cartago de 424), ele simplesmente rejeitou-a. E ninguém o obrigou a acatar a decisão deste sínodo africano, pois todo mundo sabia que o Papa era o Papa e as Igrejas da África deviam estar submissas à Igreja de Roma, fundamento da Unidade, como o santo Bispo de Cartago demonstrou à profusão de argumentos dois séculos antes.

4. Por fim, a citação do Cân. VI do Concílio de Nicéia é de novo descabida, pois trata de questões administrativas (sobre ordenação de bispos) e não sobre a autoridade da Sé de Roma para arbitrar questões de Fé. Vê-se, assim, que para quem reclama tanto de contexto de citações os protestantes costumam agir com uma canalhice ímpar, pinçando aqui e acolá frases desconexas para tentar fazer parecer que os católicos dos primeiros séculos acreditavam nas fábulas protestantes que só foram surgir com Lutero, dezesseis séculos depois de Cristo.

Last but not least, cabe notar o quanto esta situação é surreal: um protestante tentando usar um tratado de São Cipriano sobre a Unidade da Igreja para defender a posição protestante. Cáspita, qual a unidade que existe no Protestantismo? Onde estão os bispos – sucessores dos Apóstolos – nas seitas luteranas e derivadas? Concedendo – para argumentar – que São Cipriano achasse mesmo que «todos os bispos eram sucessores de Pedro» e, portanto, todos detinham igual autoridade, onde raios estão os sucessores de São Pedro nas seitas evangélicas? Com que autoridade esta heresia praticamente recém-saída das profundezas do Inferno quer conversar de igual para igual com a Sé de Pedro? Até se entende que os Ortodoxos usem a autoridade dos demais Apóstolos e dos bispos locais para negar a jurisdição de Roma. No entanto, um protestante utilizar estes argumentos para defender o Protestantismo é simplesmente um ridículo nonsense.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

16 comentários em “O Papado em São Cipriano e nos primórdios do Cristianismo”

  1. E, Jorge… O Lucas fez acusações a respeito de São Gregório Magno… Pode fazer também uma refutação???

  2. Jorge,

    No “Manual de Patroloiga”, de Hubertus Drobner, há o seguinte texto sobre isso:

    “O tratado “De ecclesiae unitate”, que abrange 27 capítulos, ganhou notoriedade sobretudo por causa de seu quarto capítulo, que foi transmitido em duas versões diferentes. Numa das versões (TP=Texto do Primado), Cipriano fala expressamente do primado do bispo de Roma. “Por certo os demais apóstolos eram como Pedro, mas o primado é dado a Pedro”. Porém, o texto paralelo, (TR = textus receptus), um pouco mais longo, abranda esta teologia e fala de Pedro como a origem da unidade: “Sem dúvida, os demais apóstolos eram como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder, mas o princípio parte da unidade, para que se demonstre a unidade da Igreja de Cristo”.

    Até hoje a dependência e o valor das duas versões não foram inteiramente esclarecidos. Se antes o texto do Primado era considerado interpolação tardia, M. Bévenot, em diversas publicações, defende a concepção de que se trata de duas redações autênticas do próprio punho de Cipriano. Redigido em 251 num contexto totalmente diferente, o TP, na disputa sobre o batismo dos hereges, teria sido por parte da Igreja de Roma aplicado com uma interpretação tão rigorosa contra Cipriano que este teria decidido por uma correção, com o fim de explicitar com mais clareza o sentido que originalmente ele tinha em mente. Muitos argumentos falam em favor da argumentação de Bévenot, embora mais recentemente tenham voltado a surgir dúvidas a este respeito (Campeau, Wickert).

  3. Perdoem-me, mas o nome do livro é “Manual de Patrologia” :)

  4. Gredt,

    As citações sobre São Gregório não querem dizer nada. O sujeito falar que São Gregório

    (…) continuou rejeitando estes títulos dizendo se tratarem de «títulos de soberba», «títulos orgulhosos», «raízes de vaidade», dizendo que «nem a mim nem a mais ninguém devia escrever alguma coisa do gênero», insistindo que «me recuso a aceitá-lo», chamando aquilo de «apelido orgulhoso» (…)

    Diz, tão-somente, que São Gregório rejeitou alguns títulos. Mas a discussão sobre o Papado nunca foi sobre títulos, e sim sobre se a Sé de Roma detinha ou não alguma primazia de jurisdição sobre todas as Igrejas do mundo.

    [Aliás, “Papa Universal” é um evidente pleonasmo, porque Papa é por definição Universal, o que nos faz ter certeza de que São Gregório não está recusando ser chamado de “Papa”, mas sim de uma outra coisa cujo sentido à época parecia-lhe bajulação vã.]

    Dizer que de São Gregório ter rejeitado certos títulos segue-se que ele «detonou com a tese católica do papado universal do bispo romano» é somente um non sequitur tosco. A tese católica do papado não tem a ver com títulos, e sim com autoridade! Consta-se que São Gregório tenha negado alguns títulos, mas não as suas atribuições enquanto Chefe da Igreja Universal, jamais a sua autoridade. A discussão é sobre este último aspecto, e não sobre o primeiro.

    E é bastante óbvio que São Gregório Magno sabia-se Papa e agiu como Papa. Colhendo só um exemplo ao acaso, ele escreveu certa vez ao bispo de Caralis [uma ilha no Mediterrâneo] o seguinte (grifos meus):

    Chegou a nossos ouvidos que alguns [de vós] sentiram-se ofendidos porque Nós proibimos os presbíteros de ministrar o Crisma aos batizados. E Nós de fato fizemos isso, de acordo com o costume antigo da nossa Igreja; mas, se alguns se afligem com isso, Nós permitimos que, na falta de bispos, os presbíteros possam ministrar o Crisma (mesmo em suas testas) àqueles que foram batizados.

    Ou seja, São Gregório podia probir um costume de uma Igreja que ficava no meio do mar, que tinha um bispo diferente dele próprio, e isto era acatado. E quem podia permitir isso não era o bispo local de Caralis, e sim o próprio São Gregório, Papa, coisa que ele fez quando lho pediram.

    Esta carta, aliás, com uma cajadada só, prova que o Bispo de Roma tinha jurisdição sobre outras igrejas diferentes da dele próprio e prova igualmente que havia o Sacramento do Crisma, que os protestantes negam. Donde repito: citar os Padres da Igreja para sustentar as heresias protestantes é coisa de gente sem caráter. É usar a tesoura de um modo muito mais inescrupuloso do que o (já diabólico) método que os filhos de Lutero usam para pinçar, nas Escrituras Sagradas, aquilo que lhes convém.

    E então? Diante de São Gregório mandando e desmandando numa Igreja que ficava a centenas de quilômetros de Roma, por acaso a sua recusa em aceitar tais ou quais títulos faz dele menos Papa? Nada surpreendentemente, aquelas citações são (de novo) obra de patifaria intelectual de quem pretende usar frases pinçadas de alguém para falsificar o seu pensamento verdadeiro, expediente tão execrável quanto desgraçadamente comum entre os Filhos do Demônio que são os Protestantes.

    Abraços,
    Jorge

  5. Mais um exemplo para ilustrar o quanto este site é um grande lixo digno de um débil mental. Veja-se este “argumento” daqui:

    Invoco neste momento os apologistas romanos (especialmente aqueles que creem que Maria foi plenamente santa igual Jesus) a fazerem uma exegese deste texto bíblico:

    “Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Apocalipse 15:4)

    Interpretem com as lentes de Roma e com todo o seu Magistério espetacular e infalível a parte que diz:

    “…só tu és santo”

    “…só tu és santo”

    “…só tu és santo”

    “…só tu és santo”

    “…só tu és santo”

    Ora, Nosso Senhor disse:

    Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Só Deus é bom. (São Marcos 10,18)

    E depois:

    Disse-lhe seu senhor: – Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. (São Mateus 25,21)

    Interpretem agora os hereges com as lentes opacas de Satanás que eles gostam de ostentar diante dos olhos:

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    “… Só Deus é bom… servo bom e fiel…”

    E dêem um nó no cérebro para lá.

  6. Jorge, salve Maria.

    Cristo disse: “eu sou a luz do mundo” e disse aos apóstolos: “vós sois a luz do mundo”. E se diz “só tu és santo” em Apocalipse da mesma maneira os apóstolos escrevem dirigindo-se aos destinatários várias vezes como “santos” das igrejas particulares…

    Outro texto de São Cipriano, retirado de um site calvinista que mantêm textos patrísticos:

    “Pois — coisa que com anúncio laudatório recomenda nosso caríssimo Cornélio a Deus e Cristo, e à Sua Igreja, e também a todos os seus irmãos sacerdotes — ele não foi alguém que subiu de repente ao episcopado; mas, promovido através de todos os ofícios eclesiásticos, e tendo muitas vezes merecido bem do Senhor na administração das coisas divinas, ele ascendeu por todos os graus do serviço religioso até ao ápice sublime do Sacerdócio. Além disso, ele não pediu para si mesmo nem quis o episcopado; nem tampouco, como fazem outros quando o inchaço de sua arrogância e orgulho os infla, arrebatou ele o episcopado, mas pelo contrário, manso e tudo o mais que costumam ser os escolhidos de Deus para esse ofício, cuidando da modéstia de sua virgem continência, e da humildade de sua inata e conservada veneração, ele não fez como alguns que se tornam bispos à força, mas ele próprio foi quem padeceu compulsão, de modo a ser forçado a receber o ofício episcopal.

    E ele foi feito bispo por muitos de nossos colegas que estavam presentes então na cidade de Roma, que nos enviaram cartas acerca da ordenação dele, em honra e louvor, e notáveis por seu testemunho em anúncio dele. Além disso, CORNÉLIO FOI FEITO BISPO POR JULGAMENTO DE DEUS E DE SEU CRISTO, por testemunho de quase todo o clero, por sufrágio do povo que estava presente na ocasião, e por assembleia dos padres anciãos e dos homens bons, quando ninguém fora feito tal antes dele, QUANDO O POSTO DE FABIANO, OU SEJA, QUANDO O POSTO DE PEDRO e grau do trono sacerdotal ESTAVA VAZIO; o qual sendo ocupado por vontade de Deus, e estabelecido por consentimento de todos nós, quem quer que deseje agora tornar-se bispo, necessariamente é feito [bispo] de fora [da Igreja]; e não pode ter a ordenação da Igreja aquele que não sustenta a unidade da Igreja.

    Quem quer que seja ele, embora blasonando altivamente sobre si próprio, e alegando muita coisa para si, ele é profano, ele é um estrangeiro, ele é de fora. E dado que depois de um primeiro não pode haver um segundo, quem quer que seja feito depois daquele que deve ser só, não é seu segundo, mas de fato não é absolutamente nada” – (tradução Felipe Coelho).

    Fonte: http://www.ccel.org/ccel/schaff/anf05.iv.iv.li.html

    Agora, me diga o que os pobres protestantes podem falar sobre um trecho tão claro, Jorge? Eles não podem falar absolutamente nada, mas o pior é que vão continuar falando até o fim do mundo, penso eu, para a perdição de milhares de almas, de milhões de almas…

    Abraços,

    Sandro

  7. Tem que ter muita paciência com os protestantes que tentam a todo custo desmoralizar a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo distorcendo os ensinamentos preservados por esta Igreja.

    É incrível, eles sempre dão um jeito de trazer o nome da Santíssima Virgem para o centro da discussão, mesmo que o assunto nada tenha a ver com ela. Porque será que Maria os incomoda tanto??????

    Cito aqui algumas passagens em que Deus nos chama à santidade, que nos chama a ser santos tal qual o Pai Celeste o é.

    “Pois eu sou o Senhor, vosso Deus. Vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo. Não vos contaminareis com esses animais que se arrastam sobre a terra, (Levítico 11,44)

    “Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo”. (Mt 5, 48)

    “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1,15-16)

  8. É difícil entender a necessidade de alguns protestantes em negar esse texto de São Cipriano. Que diferença isso faria para eles? Eles, por acaso, seguem os outros textos, diria, menos controversos historicamente de São Cipriano?

    A carta n* 63, por exemplo, que Hubner assim descreve:

    “texto elucidativo para a teologia e práticas eucarísticas da Igreja, (…). Ela não rejeita pura e simplesmente a prática dos aquarianos, que para a celebração da eucaristia empregam apenas água, em vez de água misturada com vinho, mas coloca esta questão dentro do contexto global do significado da Eucaristia para a Igreja. A Eucaristia representa a presença mística do sacrifício de Cristo na Igreja, realizado pelo sacerdote como seu representante,e é o sacramento da unidade.”

  9. Isso sem falar no SÉTIMO CONCÍLIO de Cartago.. PRESIDIDO por CIPRIANO ainda kkkkkkkkkkk … Essa foi de doer!! =D

  10. Excelente site! Já está nos meus favoritos.
    Os hereges cansados de adulterar as passagens bíblicas e fazerem interpolações fantásticas nos textos das Escrituras Sagradas passaram também a adulterar o significado dos textos patrísticos, e caluniar aos santos e martires, dando a eles a pecha de hereges ou, no mínimo, de cismáticos. Para se ver como a arvore má sempre continua dando maus frutos; protestantismo é um mau progressivo e patológico. É isso que acontece com pessoas como Lucas Banzoli, cujos argumentos em sua esmagadora maioria são um total non sequitur.
    Parabéns ao Administrador, Jorge Ferraz, ao Sandro de Pontes, Wesley, e outros apologistas cristãos – ou seja, católicos – aqui presentes. Muito bom mesmo ver tanta gente preparada e unida contra esses malfeitores, ou melhor dizendo, como diria Santo Tomás de Aquino, esse falsificadores da fé.
    Abs.

  11. Fora os inúmeros non sequitur em seus textos, Lucas Banzoli ainda sai irresponsavelmente – ou, tentando mesmo enganar seus seguidores – Concílios Católicos, tais como o de Nicéia (325), para sustentar a tese de a opinião pessoal de São Cipriano – de rebatizar os hereges – veio a prevalecer sobre a opinião de Estevão do Bispo de Roma, de modo a negar a primazia da Sé Romana. Ora, o mesmo se esquece que o Concílio de Arles em 314, portanto, anterior ao de Nicéia, firmou em seu Cânon VIII que “Se alguém cair em heresia na Igreja, deve ser-lhe solicitado rezar o Credo. E no caso de se perceber que foi batizado em nome do Pai e do Filho e do Santo Espirito, deve-se apenas impor-lhe as mãos, porque ele pode receber o Santo Espírito. Mas se na resposta à sua inquirição ele não citar a Trindade, deve ser batizado”. Logo, vê-se que a opinião de Estevão prevaleceu, pois a regra era não rebatizar, tal como ocorreu com os hereges donatistas, ressalvando-se apenas os casos onde o batismo não tivesse se efetuado em nome da trindade.
    A questão dos Paulianistas, ou Samosatianos, seguidores de Paulo Samósata, tratado pelo Cânon XIX do Concílio de Níceia citado pelo Banzoli, é que seu batismo foi considerado inválido por que o mesmo não tinha a mesma concepção de trindade da Igreja Católica, logo cairam na exceção da regra prevista pelo Concílio de Arles, por isso precisaram se rebatizar.
    Eu fico me perguntando se um camarada desses faz tais alusões por pura leviandade mesmo ou se tem plena consciência da sua má-fé, e o faz para enganar o povo propositalmente.

  12. Olá amigos

    Boa noite

    Muito interessante o tema.

    Eu só gostaria de fazer uma observação:Quando Jesus disse que só Deus é bom eu entendo e creio que os senhores também entendem assim foi no sentido de Sumo Bem,até porque Jesus sendo Deus Ele também é bom,ou será que algum cristão vai negar que Jesus é bom?

    Um abraço

    Luiz

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