Um amigo, o Vinícius Andrade, foi um dos jovens escolhidos para almoçar um dia com o Papa Francisco durante a JMJ. Ele escreveu o bonito testemunho abaixo, que me autorizou publicar, pelo qual agradeço. Que as palavras do Vinícius possam nos inspirar a nós, jovens católicos nele representados junto ao Vigário de Cristo. Que ela nos levem a amar ainda mais ao Vigário de Cristo, ao Papa Francisco, a fim de que possamos junto a ele dar a nossa colaboração para a expansão da Igreja de Cristo no mundo.
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Queridos amigos,
Durante a JMJ tive uma das graças mais especiais da minha vida: a de ser um dos doze jovens a almoçar com o Santo Padre, o Papa Francisco. Nunca imaginei que, na minha curta caminhada na Igreja (desde 2008), pudesse ter essa oportunidade. Não vejo como um prêmio, nem merecimento… Penso que foi uma oportunidade que Deus me deu para amá-Lo mais, amar mais a Sua Igreja e aumentar em meu coração este amor pelo Papa, o Vigário de Cristo na terra. Foi também uma oportunidade de conversão e espero que sirva de motivação para tantos jovens que estão afastados ou desmotivados na fé. O almoço foi um diálogo muito próximo e fraterno, compartilhamos testemunhos e vivências dentro da Igreja. É incrível ver como, independente do país, temos os mesmos desafios e dificuldades, talvez porque lutamos pelo mesmo ideal: a santidade.
Algo que me chamou a atenção durante o almoço foi a proximidade que ele tinha conosco: suas falas, seus gestos, tudo falava de amor ao próximo. Senti em mim mesmo o mandamento de Cristo: amai o próximo como a ti mesmo. Me senti muito amado por Deus naquele instante; cada palavra que dizia o Papa trazia uma paz e um conforto ao meu coração. Mas acredito que todos nós que fomos à JMJ Rio, em algum momento, nos sentimos assim, pois o coração do Papa Francisco é muito acolhedor. Como lição de vida e busca da santidade, levo o seu exemplo: olhar para todos com misericórdia, não viver em ilhas, segregando as pessoas ou no individualismo, mas sim em comunidade, sempre buscando amar mais o próximo, como ele mesmo disse durante o almoço.
O Papa nos falou um pouco da realidade do jovem, do alto índice de desemprego nessa faixa etária em alguns países da Europa. Disse que muitos deles, e também os idosos, são descartados pela sociedade e falou da importância do trabalho: “O trabalho traz dignidade para as pessoas, todos deveriam trabalhar”, mas que tudo se perde se nos falta a caridade. Para ilustrar, usou o exemplo da torre de Babel: “Era trabalhoso fazer um tijolo, era preciso preparar o barro, colocar para assar, transportar até o local onde iria ser colocado. O tijolo, para o povo que construía a torre, era um verdadeiro tesouro. Se algum tijolo caísse e se quebrasse, o trabalhador era muito castigado, mas se um operário caísse, todos continuavam como se nada tivesse acontecido”. Então juntos chegamos à conclusão que a crise não é somente econômica e não se restringe à Europa, temos outra crise que atinge todos os povos e nações e permanece pelos séculos: a crise do relacionamento entre as pessoas, a cultura do descartável. Dizendo isso, acrescentou que a sociedade de hoje muitas vezes tira a esperança dos jovens, e nos encorajou: “Vocês devem ser portadores da esperança, não deixem que ninguém roube sua esperança”.
Depois ele partilhou conosco a experiência que teve com jovens na Argentina. Grupos de 40 ou 50 jovens faziam uma reflexão do Evangelho e depois saiam para distribuir sopa. “Não eram todos católicos”, dizia. Mas disse que no período de um ou dois anos muitos conheciam a Fé. Frisava: “É importante para o jovem sair de si, para ir ao encontro dos mais necessitados”. Bem, nem preciso dizer que me comovi muito nesse momento, pois a experiência da minha conversão tinha sido exatamente esta: sair ao encontro do próximo. “Aí está a verdadeira experiência de Cristo”, dizia.
Em outro momento conversamos sobre a vocação do leigo. Ele nos falou que todos nós deveríamos entregar as nossas vidas a Deus, que como batizados temos este dever. Jesus irá nos mostrar o caminho de nossa vocação, mas independente de qual for, precisamos nos colocar a serviço. Nessa hora ficou claro, ao menos para mim, que a vocação leiga não pode ser uma desculpa para não se entregar para as coisas de Deus, afinal, não podemos ter dois senhores. Nesse momento ele também exortou: “Toda pessoa, desde que põe os pés na terra até morrer, precisa ter um orientador espiritual, eu mesmo tenho o meu”. Disse que a orientação espiritual é importante na caminhada espiritual de todo católico, pois deve nos ajudar a encontrar com Cristo e achar as respostas para as nossas inquietudes. Destacou também a importância de se ter um confessor.
O momento mais marcante certamente foi quando ele nos falou sobre o sofrimento, as misérias e a ausência de Deus no mundo. Ele falou que deveríamos nos questionar sobre essas situações e que nosso coração deveria chorar por isso: “Quando nosso coração chorar por isso, nós estaremos muito próximos de Jesus Cristo”. Lembrei-me muito de Santa Faustina, que dizia em seu diário: “Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente. Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo.” Que amor é esse, que chora com o sofrimento do próximo, que se compadece das dores mais profundas da humanidade? É o amor quando o medimos a partir de Deus e não a partir do mundo. Acredito que muitos de nós descobrimos que não amamos como deveríamos, que somos egoístas e nos preocupamos somente conosco; e estamos ainda muito longe da santidade. Ali tive a certeza que não era um prêmio ou um mérito estar no almoço com o Papa, mas uma oportunidade para amar mais! Chorei (todos choraram), mas eu chorei por ver a realidade belíssima da caminhada espiritual de todo cristão: poder todos os dias lutar pela santidade, lutar por esse tesouro escondido em Deus. É uma caminhada que nos leva diariamente ao encontro com Jesus e com Maria. E que graça tão especial poder aprender do Santo Padre a ter compaixão, algo talvez tão esquecido, mas tão necessário para nossa santificação e de tantas outras almas que Deus nos entrega.
Mas a graça mais especial eu já tinha antes do almoço: a graça de pertencer à amada Igreja Católica, de ter conhecido a Igreja por meio do Movimento Regnum Christi, de poder, a partir dele, servir à Igreja e consequentemente aos meus irmãos. Graças ao Movimento também tenho minha orientação espiritual e meu apostolado, dicas tão preciosas que o Santo Padre deixou para nós e para todos. Que todos os jovens católicos do mundo consigam ter acesso a um orientador espiritual e a alguma oportunidade de servir a Cristo na Igreja. Como disse o Santo Padre, é preciso sair!
Não posso deixar de agradecer a Deus por esses grandes pais espirituais que são os Papas, que sempre nos lembraram do mandamento maior do amor; também por minha família e meus amigos (em especial meus companheiros de caminhada do Regnum Christi e da equipe dos Jovens Conectados). Meu carinho e agradecimento ao Padre Sávio, ao Padre Toninho e ao Dom Eduardo, por sempre acreditarem nos jovens e lutarem tanto por esta Juventude no Brasil! Agradeço aos meus diretores espirituais que me auxiliaram na caminhada e a todos os padres que passaram por minha vida, todos vocês me edificaram muito.
Que nosso querido Papa Francisco consiga continuar mostrando ao mundo, e principalmente a nós católicos, esse lado amoroso e misericordioso de Deus e que possamos acolher em nossas vidas o lema do Santo Padre: olhando-o com amor, o escolheu.
Obrigado por fazerem parte desta história! Contem com minhas orações por suas intenções.
Em Cristo,
Vinícius Andrade