[Publico uma apressada tradução de alguns trechos de um artigo não muito recente (é do dia 23 de março), mas muito importante. É da autoria da senhora Frances Kissling, nada menos do que a “former president of Catholics for a Free Choice” – versão internacional das “Católicas pelo Direito de Decidir”. Fala o artigo sobre o grande favor que Dom Fisichella fez às pessoas que, agora, podem discutir a possibilidade do aborto direto ser, em alguns casos, um “mal menor” aceitável. Grazie, Monsignore!
O original está aqui. Rezemos pela Igreja.]
Em uma incrível mudança na estratégia do Vaticano de não destoar da sua posição de que o aborto direto não é nunca permitido, ainda que seja para salvar a vida da mãe, a maior autoridade em bioética do Vaticano, o Arcebispo Rino Fisichella, opinou que os médicos brasileiros que efetuaram um aborto em uma criança de nove anos de idade que estava grávida de 15 semanas de gêmeos não mereciam excomunhão.
[…]
[E]ste modesto desvio do arcebispo que preside a Pontifícia Academia para a Vida abre a porta para [que] os católicos que seguem os ensinamentos da Igreja sobre reprodução [possam] discutir a possibilidade de que haja alguns casos – oficialmente reconhecidos – onde as pessoas possam escolher abortar e ter uma consciência tranqüila.
[…]
Ele reafirma que o aborto é “um ato intrinsecamente mau”, mas sugere que, sob certas circunstâncias, ele possa ser o menor de dois males. Ele aceita que a vida da garota estava em perigo, e levanta esta importante questão ética: como nós devemos agir nestes casos? É, ele fala, “uma decisão árdua para os médicos e para a lei moral”. E continua: “a consciência do médico encontra-se a si mesma sozinha, quando é forçada a decidir a melhor coisa a fazer”. Está ele sugerindo que, apesar da posição da Igreja de que objetivamente o aborto é sempre errado, o indivíduo tem alguma liberdade para decidir quando ele pode ser o mal menor entre dois males e um médico pode subjetivamente, em boa consciência, decidir que o aborto era moralmente justificado em casos extremos?
[…]
Se os médicos souberem que alguém, [ocupando uma] alta posição na hierarquia, reconhece que estas situações [gravidezes de alto risco] são dilemas morais nos quais as consciências precisam decidir o que é certo ou errado, eles podem decidir que podem oferecer serviços de aborto. E, naturalmente, isto é o que o Cardeal [sic] Cardoso Sobrinho deseja evitar.
Você pode apostar que haverá uma choradeira dos ultra-conservadores na Igreja, talvez um esclarecimento do Arcebispo, mas o fato é que ele destrancou uma porta através da qual mulheres, doutores e políticos podem se arrastar [creep]. Eu sou grata pelos pequenos favores.
Frances Kissling
Será que devemos ‘bater palmas’ agora Monsenhor??
André Víctor
Monsenhor, a porta da rua é serventia da casa!
Olha aí os lobos mostrando os dentes, assim fica mais fácil idetificá-los.
O santo padre vai dar um jeito nisso logo.
Rezemos!
Fisichella, infelizmente, está colhendo o resultado de sua tentativa de fazer média com a grande imprensa. Agora virou herói involuntário dos propagandistas das clínicas de aborto, como a Mrs. Kissling. O pior é que todo eventual desmentido dele vai ser tratado por essa gente como fruto de “pressão dos ultraconservadores”.
Não sei se vocês perceberam, mas o texto de Frances Kissling inclui “objetividade”, “subjetividade”, “mal menor” e outras palavrinhas-chave. É… ela tem estudado o discurso católico, a argumentação católica.
Se a Igreja não tomar cuidado, pessoas como a Frances Kissling vão “dobrar” alguns prelados daqui a um tempo, com questões de grande importância como é a vida. O que dizer então do povo, que carece de instrução?!
É a primeira vez que vejo alguém que sendo contra o que a Igreja diz utiliza-se da “linguagem” dela.
Isso é muito perigoso!
Normalmente os “coitados” sem os discernimento e sem a razão limitam-se apenas a berrar, embirrar, a negar e dizer falácias. No texto de Frances Kissling eu vejo uma “articulação” de idéias eficiente (para os desprevenidos), assim como no texto do Mons. Fisichella. Só que no segundo caso eu ainda acredito ter acontecido uma reunião falhas (de comunicação), uma infelicidade do Monsenhor. Bem diferentemente, a expressão de Frances Kissling é toda carregada de intenção coerente com o posicionamento público da autora.
Caro Alexandre Magno:
Frances Kissling é uma ex-freira. Caso tenha estômago para saber um pouco mais desta senhora:
http%3A%2F%2Fwww.smith.edu%2Flibraries%2Flibs%2Fssc%2Fprh%2Ftranscripts%2Fkissling-trans.pdf&ei=JbDbSc7iMKDFtge448H0Bw&usg=AFQjCNG6uGy_sB92TvX8lZ-LObggu1elLg&sig2=1KTxfy5sppho-03k0pkldw
Mas uma versão mais direta ao ponto é o artigo “Aborting the Church”, de Kathryn Jean Lopez:
http://www.catholicculture.org/culture/library/view.cfm?id=4463&CFID=2128199&CFTOKEN=73667978
Uma tradução livre deste artigo pode ser lida em (peço licença ao Jorge para citar um link meu):
http://contra-o-aborto.blogspot.com/2006/02/confusas-pelo-direito-de-decidir.html
Ou seja, esta senhora faz muito bem o seu papel de criar confusão. É esta a tática dos abortistas, mais ainda das CDDs. Utilizam um discurso minuciosamente fabricado para passar a idéia de que são mesmo católicas e que está tudo bem se alguém abortar crianças.
Resumindo, o discurso desta senhora é caso pensado. Muito bem pensado.
[]´s