A lenda do “Corpus Christi”

Recebi nos últimos dias [de novo…] uns emails sobre um filme chamado “Corpus Christi”, cuja estréia estaria marcada para os próximos meses. Tratar-se-ia de um filme onde Nosso Senhor e os discípulos seriam retratados como homossexuais, e o email enviado propunha que se fizesse um abaixo-assinado para tentar impedir o seu lançamento. Eu já sabia que era um hoax [e, aliás, um hoax antigo], mas parece que o negócio tem enganado muita gente de boa fé. A Catholic League enviou um email contendo o seguinte teor:

Hoax “Corpus Christi”

Muitas pessoas contactaram a Liga [perguntando] sobre os rumores de que a peça [de teatro] anti-católica “Corpus Christi” está sendo transformada em um filme a ser lançado neste verão. Por favor, esteja avisado de que isto é um hoax.

Já faz bastante tempo que está na rede a denúncia de que se trata de HOAX. Aliás, vale uma leitura completa deste dossiê, do qual eu destaco duas coisas:

Pois bem, o filme não existe. Pelo menos até este momento (outubro de 2008) não há sequer notícia da intenção de fazê-lo. No entanto, uma peça intitulada Corpus Christi foi encenada na Broadway (Nova Iorque) em 1998. Nela, o autor Terrence McNally apresenta Cristo e seus apóstolos como homossexuais. (Veja Terrence McNally’s Corpus Christi Under Attack in Indiana [o link do Quatro Cantos está errado. Este aqui está correto]).

e

Essa lenda circula pela Europa desde os anos 80 antes mesmo de a Internet tornar-se o meio ideal para tal tipo de divulgação. Na década de 80 e princípio da de 90, essa história se propagava via fax e correio. Naquele tempo, como hoje, não existia nenhum filme sobre esse tema.

Prestemos atenção: a lenda circula desde os anos 80 e só em 1998 – i.e., no final dos anos 90 – a peça foi representada. Ou seja, é bem possível que a repercussão que a lenda teve tenha motivado a sua realização. Portanto, precisamos enterrar de vez este assunto, por dois motivos: o primeiro porque ele é falso, e nós temos muito mais coisas – verdadeiras – com as quais nos preocuparmos; e, o segundo, para que alguém não tenha a infeliz idéia de produzir realmente este filme, depois de toda a propaganda feita pelo hoax. Já basta a peça blasfema e todas as outras blasfêmias que acontecem quotidianamente e com as quais temos que nos preocupar – não precisamos de outras.