[Após o Papa Bento XVI ter dito, na sua última carta encíclica, que “urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial”, muitas pessoas rasgaram as vestes e escandalizaram-se, achando que o Papa estaria cedendo ao globalismo moderno, capitulando diante da ONU, adotando posições modernistas, ou qualquer coisa do tipo. Na verdade, o número 67 da Caritas in Veritate não constitui novidade alguma (obviamente) na Doutrina Social da Igreja, como se pode ver pelos documentos abaixo apresentados. Agradeço ao Rodrigo R. Pedroso pela elaboração e envio da coletânea.]
I – Catecismo e Compêndio de DSI
1911. As dependências humanas intensificam-se. Estendem-se, pouco a pouco, a toda a terra. A unidade da família humana, reunindo seres de igual dignidade natural, implica um bem comum universal. E este requer uma organização da comunidade das nações, capaz de «prover às diversas necessidades dos homens, tanto no domínio da vida social (alimentação, saúde, educação…), como para fazer face a múltiplas circunstâncias particulares que podem surgir aqui e ali (por exemplo: […] acudir às misérias dos refugiados, dar assistência aos migrantes e suas famílias…)» (II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 84: AAS 58 (1966) 1107).
1927. Compete ao Estado defender e promover o bem comum da sociedade civil. O bem comum de toda a família humana exige uma organização da sociedade internacional.
(Catecismo da Igreja Católica)
442 Uma política internacional voltada para o objetivo da paz e do desenvolvimento mediante a adoção de medidas coordenadas mais do que nunca tornou-se é necessária em virtude da globalização dos problemas. O Magistério destaca que a interdependência entre os homens e as nações adquire uma dimensão moral e determina as relações no mundo atual sob o aspecto econômico, cultural, político e religioso. Nesse contexto, seria de desejar uma revisão, que «pressupõe a superação das rivalidades políticas e a renúncia a toda a pretensão de instrumentalizar as mesmas Organizações, que têm como única razão de ser o bem comum», com o objetivo de conseguir «grau superior de ordenação a nível internacional».
443 O Magistério avalia positivamente o papel dos agrupamentos que se formaram na sociedade civil para exercer uma importante função de sensibilização da opinião pública para com os diversos aspectos da vida internacional, com uma atenção especial para o respeito dos direitos do homem, como revela o «o número das associações privadas, recentemente instituídas, algumas de alcance mundial, e quase todas empenhadas em seguir, com grande cuidado e louvável objetividade, os acontecimentos internacionais num campo tão delicado».
(Compêndio de Doutrina Social da Igreja)
II – Magistério Pré-Conciliar
5. Em primeiro lugar, o ponto fundamental é que a força moral do direito anteceda a força material das armas. Portanto, um justo acordo de todos na diminuição simultanea e reciproca das armas, segundo normas e garantias a serem estabelecidas, na medida necessaria e suficiente à manutenção da ordem publica nos países individualmente; e, em substituição das armas, um instituto que possa arbitrar com alta função pacificadora, segundo normas a estabelecer e a sanção a ser combinada contra o país que recusasse submeter as questões internacionais à decisão desse arbitro.
(Bento XV – Carta Dès le début, aos chefes dos povos beligerantes, 01.08.1917)
11. O que aqui recordamos aos individuos a respeito dos deveres que têm de praticar a caridade, entendemos que isso deva também ser estendido aos povos que combateram a Grande Guerra, para que removida, por quanto possivel, toda causa de dissidio — e salvas as razões da justiça –, reatem entre eles relações amigaveis. Não é outra a Lei do Evangelho da caridade entre os individuos da que deve existir entre os estados e nações, não sendo esses senão a conjugação dos individuos singularmente. A partir do momento em que a Guerra cessou, não apenas por motivos de caridade, mas também por certa necessidade de coisas, vai-se delineando uma coligação universal de povos, motivados a se unirem entre si para o atendimento de mutuas necessidades, além de benevolencias reciprocas, especialmente agora com a crescente humanização e com as vias de comunicação admiravelmente multiplicadas. (…)
13. Restabelecidas assim as coisas, segundo a ordem evocada pela justiça e pela caridade, e reconciliados entre si os povos, seria muito desejavel, veneraveis irmãos, que todos os estados, removidas as suspeitas reciprocas, se reunissem numa unica sociedade, ou melhor, familia de povos, seja para garantir a propria independencia, e seja para tutelar a ordem da sociedade civil. Para formar essa sociedade entre povos é de estimulo, entre outras considerações, a necessidade geralmente reconhecida de reduzir, senão abolir, as enormes despesas militares que não podem continuar a ser sustentadas pelos estados, para que assim se impeçam futuras guerras mortiferas, e se assegure aos povos nos seus justos limites a independencia da integridade do proprio territorio.
14. E uma vez que essa federação entre nações seja fundada sobre as leis cristãs, por tudo o que se refere à justiça e à caridade, certamente não será a Igreja que recusará o seu contributo válido, uma vez que, sendo ela o tipo mais perfeito de sociedade universal, por sua mesma essencia e finalidade é de eficacia maravilhosa para irmanar os homens, não somente em ordem à eterna salvação, mas também no seu bem-estar material e os conduz através dos bens temporais, de modo a não perder os eternos
(Bento XV – Carta enciclica Pacem Dei Munus sobre a reconciliação cristã de paz, 23.05.1920)
En toda reordenación de la convivencia internacional, sería conforme a las máximas de la humana sabiduría que todas las partes interesadas dedujeran las consecuencias de las lagunas o de las deficiencias del pasado; y al crear o reconstruir las instituciones internacionales, que tienen una misión tan alta, pero al mismo tiempo tan difícil y llena de gravísima responsabilidad, se deberían tener presentes las experiencias que resultaron de la ineficacia o del defectuoso funcionamiento de anteriores iniciativas semejantes. Y, como a la debilidad humana es tan dificultoso, casi podríamos decir tan imposible, preverlo todo y asegurarlo todo en el momento de los tratados de paz. cuando es tan difícil verse libre de las pasiones y de la amargura, la constitución de instituciones jurídicas que sirvan para garantizar el leal y fiel cumplimiento de tales tratados, y, en caso de reconocida necesidad, para revisarlas y corregirlas, es de importancia decisiva para una honrosa aceptación de un tratado de paz y para evitar arbitrarias y unilaterales lesiones e interpretaciones de las condiciones de los referidos tratados.
(Pio XII – Alocução natalina In questo giorno aos membros da Cúria, 24.12.1939)
44. Ya en nuestro discurso navideño de 1939 Nos presagiábamos la creación de organizaciones internacionales que, evitando las lagunas y las deficiencias del pasado, fuesen realmente aptas para preservar la paz, según los principios de la justicia y de la equidad contra toda posible amenaza en el futuro. Puesto que hoy, a la luz de tan terribles experiencias, la aspiración hacia una semejante institución universal de paz reclama cada vez más la atención y los cuidados de los hombres de Estado y de los pueblos, Nos espontáneamente expresamos nuestra complacencia y deseamos que su realización concreta responda verdaderamente, en la más amplia medida, a la altura del fin, que es el mantenimiento, en beneficio de todos, de la tranquilidad y de la seguridad en el mundo.
(Pio XII – Radiomensagem Oggi al compiersi, no 5° aniversario do inicio da guerra, 01.09.1944)
III – Sacro Império Medieval
Que o orgulho da França não venha protestar dizendo que ele não reconhece superior, pois é uma mentira. De direito os franceses estão e devem estar submetidos ao rei dos romanos, que também é imperador. Não sabemos de onde eles tiraram e onde eles puderam encontrar a ideia de sua independência, pois está estabelecido que os cristãos sempre estiveram submetidos ao monarca de Roma e que eles assim devem permanecer.
(Bonifacio VIII, bula Ausculta Fili, 05.12.1301)
IV – Referências Conexas
– Plínio Corrêa de Oliveira, sobre Bento XV, a Liga das Nações e o Sacro Império.
– Dante Alighieri, De Monarchia (original latim, ou nesta tradução para o inglês).
“…comunidades cristãs dos Atos dos Apóstolos eram socialistas porque ‘tinham tudo em comum’…”
Para um nazista como o JB demonstra ser (indo de encontro, até, ao que o próprio papa prega), isso aí é anátema, é sacrilégio.
E tome Direito de Propriedade, mesmo que este fira o princípio de [não] estar a favor da humanidade.
Caro Jorge Ferraz:
A redação da DSI é mais cuidadosa e ponderada. Além do que, tendo caráter nitidamente geral, seu aspecto atemporal, não-específico, é mais nítido.
Como já disse, a CV, por outro lado, mistura assuntos do dia com assuntos de todos os tempos.
Pelo tom e pelas palavras, o Papa parece falar para o momento atual em que vivemos.
Mas aí vem você – com toda a razão aliás – dizendo que posso ficar tranquilo que aquilo que o Papa disse são generalidades e que não são aplicáveis o momento atual.
argo,
os nazista eram socilistas. Nacionais-socialistas, enquanto os bolcheviques eram internacionalistas. Um bando de estatólatras safados e sem-vergonha, isso sim.
Caro Pedro M.:
Tem razão. Vou seguir seu conselho.
João,
Não tenho tempo agora de me deter sobre suas colocações, mas insisto na sugestão da releitura do ponto 24, pois lá o Papa fala algo, que se não é novo em termos de economia, o é para o Magistério e o Papa diz porque da sua inclusão agora.
É de um realismo a toda prova e posso lhe garantir não só por ser economista de formação (que pouco vale, è vero), mas ter vivido na pele as consequências dessa nova realidade.
E digo como:´por muitos anos fui responsável pelas atividades de derivativos (futuros e swaps de moedas, juros, etc), mercado de moedas e títulos spot em três bancos diferentes e vivi as consequências das crises em diversos locais e como suas soluções nem de longe passavam por decisões locais. Apenas para ilustrar, era comum, por exemplo, virar madrugadas diante da TV assistindo telejornais europeus ou americanos ou asiáticos e, em outra época, lia mais jornais argentinos e mexicanos do que brasileiros.
Mas depois volto ao assunto.
JB,
Não me parece, em absoluto, que haja, entre a redação do (p.ex.) Compêndio de Doutrina Social da Igreja e a Caritas in Veritate, uma diferença grande o suficiente para justificar que a última gere confusão enquanto o primeiro mantém as coisas no mais perfeito plano cognoscível.
E há uma série de nuances entre algo ser uma “generalidade” – aliás, eu preferiria dizer, como disse, um “princípio” – e não ser “aplicável ao momento atual”. Todo princípio da DSI é obviamente aplicável ao momento atual e a cada momento, devendo ser adaptado conforme as circunstâncias concretas. É exatamente como penso que deve ser “posta em prática” a Caritas in Veritate.
Abraços,
Jorge
Caro Jorge:
Tudo bem.
Mas veja que…
Os católicos de direita não gostaram.
Os de centro puseram paninhos quentes.
Os de esquerda não sei, porque não converso com esse tipo de gente, mas imagino que tenham gostado.
Caro Canônico:
Se você for a um recolhimento do Opus Dei, ou de outro grupo católico mais conservador, e começar a falar em “reforma agrária”, “distribuição de riqueza”, “comunidades locais”, “fraternidade universal” e outros termos politicamente corretos que estão na Caritas in Veritate, todos vão achar que você é um petista infiltrado.
Você vai gastar muita saliva para explicar que a “reforma agrária” que você defende é a que está de acordo com a DSI e não a do MST.
O melhor a fazer, infelizmente, é evitar usar essas palavras num contexto positivo.
Já agora, uma pergunta, além do blog Deus lo Vult, existe algum grupo organizado ou instituição civil que defenda uma “reforma agrária” no Brasil seguindo os princípios da DSI?
“Os católicos de direita não gostaram.”
Se o Cristo do jeito que a Bíblia fala chegasse na Terra nos dias de hoje, com certeza seria apedrejado por muitos direitistas daqui.
Bem, João de Barros, a expressão “era de ouro” não aparece no texto que citei, mas Messori escreve que D. Lefebvre “querría borrar el Vaticano II y volver a comenzar todo desde el final del pontificado de Pío XII, magnífico por lo demás.” Foi nesse sentido que eu entendi e usei a referida expressão.
Jument’Argo,
Essa discussão está muito boa, portanto não atrapalhe os debatedores com suas infantilidades. Você parece aqueles meninos mimados que não deixam os adultos conversarem sossegadamente nem por dois minutos. Quanto mais o ignoram, mais ele faz peraltices e se mete na conversa com perguntinhas tolas e comentários impertinentes, querendo chamar a atenção para si. Repare que ninguém nem responde mais o que você pergunta. Tome um simancol e faça como eu: fique quietinho, só lendo. Quem sabe você até aprende alguma coisa.
Aos demais, ignorem esse menino arteiro e continuem o debate, pois estou aprendendo muito.
Um abraço.
Carlos.
KKKKKKKKK esse Argo é um comédia, parece pulga!
Jument’ Argo decididamente foi muito bem explicado!
Caro Pedro:
Você, digamos, usou de licença poética.
Mas tudo bem. Isso não vem ao caso.
O que realmente seria interessante era ver uma comparação entre a situação da Igreja antes e depois do CVII.
Por exemplo:
Você saberia nos dizer alguma coisa sobre quantos seminários havia antes e quantos há hoje?
Ou você saberia dizer o que aconteceu às ordens religiosas (franciscanos, p.e.) depois do CVII? Elas floresceram ou minguaram?
Ou você saberia dizer como era a vida religiosa dos leigos católicos de antigamente (ordens terceiras, procissões, novenas, festas religiosas etc.) comparada com hoje?
Após responder a essas perguntas, faça uma última pergunta a si mesmo:
Se a Igreja pré-conciliar não foi uma “era de ouro” (e não foi mesmo), que espécie de era estamos vivendo hoje então?
Não se esqueça de postar seus resultados e suas conclusões neste fórum.
[LIXO]
Não posso deixar de contribuir com esse artigo que trata sobre a tal Autoridade política mundial citada pela sua Santidade o Papa Bento XVI.
Leia o que está escrito no livro do Apocalipse 11, 15-18: “O sétimo anjo tocou a trombeta. Ressoaram então no céu altas vozes que diziam: ` O império de nosso Senhor e de seu Cristo estabeleceu-se sobre o mundo, e ele reinará pelos séculos dos séculos`. Os vinte e quatro Anciãos, que se assentam nos seus tronos diante de Deus, prostraram-se de rosto em terra e adoraram a Deus, dizendo: `Graças te damos, Senhor, Deus Dominador, que és e que eras, porque assumiste a plenitude de teu poder real. Irritaram-se os pagãos, mais eis que sobreveio a tua ira e o tempo de julgar os mortos, de dar a recompensa aos teus servos, aos que temem o teu nome, pequenos e grandes, e de exterminar os que corromperam a terra”.
O Papa é o Sucessor de Pedro. Ele está preparando o caminho para a volta do Messias (Cristo). O leitor poderá obter mais informações sobre o “Plano de Governo do Messias” que voltou, acessando na internet o livro “Messias, o Astro do Céu”, site usinadeletras.com.br.
Ah, bom! Eu é que não tinha percebido que o Papa estava falando escatologicamente.
Faz sentido.
Uma Autoridade Política Mundial é realmente o preâmbulo do fim do mundo.
O problema é que antes da volta de Cristo, tem a vinda do Anticristo. Essa autoridade pública mundial, se representa mesmo alguma personalidade bíblica, só pode ser a do anticristo.
Então, o que o Carlos escreveu está parcialmente correto. Biblicamente, o anticristo será um governante que seduzirá a população com sua forma de governar e irá tentar implantar sua forma de governar no “mundo”. Para que esse governante seja o anticristo é necessário que ele persiga o Cristo, ou seja tente acabar com Cristo (Messias) que voltará. Isso o tornará o anticristo previsto no Apocalipse. Cabe-me a dar nomes ao anticristo e ao próprio Cristo que voltou. Eleito em 2002, como governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha, iniciando seu governo em 2003, implanta o que ele denomina de “Choque de Gestão”. Com a propaganda que está sendo feita pelos veiculos de comunicação, pagas pelo governador Aécio Neves, tem apresentado seu plano de governo até para os paises da Europa e colocado seu nome como um forte candidato a Presidente do Brasil. Tudo isso está na mídia. O que ainda está nos bastidores é que também, no ano de 2003, eu começo a denunciar o desgoverno do Aécio Neves nos jornais de minha região. Acontece que, como servidor público do Estado, passei a ser perseguido por servidores públicos detentores de cargo de confiança do governador Aécio Neves da Cunha. Além de denunciar uma forma de governar com caractirísticas de um ditador de Aécio Neves, publiquei uma série de matérias no jornal Folha da Manhã, onde apresento o “Plano de Governo da boa nova do Messias” que o leitor poderá tomar conhecimento acessando:
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=2729&cat=Textos_Religiosos
Acontece que, em breve, o que está nos bastidores se tornará divulgado, como o que estou fazendo nesse momento. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha tem uma forma de governar que, se não for péssima, é com certeza ruim. E, ainda, por perseguir a minha pessoa por causa do meu “Plano de Governo da boa nova do Messias”, ele se tornou o anticristo previsto no livro do Apocalipse. Coloco-me a disposição para tratar sobre o que aqui está sendo escrito, mas peço que leia primeiramente o conteúdo do endereço acima, na internet.