Novo Syllabus

Vale a pena ler esta notícia do Fratres, sobre Dom Schneider e a proposta de que o Papa escreva “um novo Syllabus”. O Syllabus antigo, vale lembrar, ainda permanece perfeitamente atual; a sua nova versão seria, na proposta do bispo auxiliar de Karaganda, para condenar “os erros de interpretação do Concílio Vaticano II”.

Os erros de interpretação do Concílio Vaticano II – destaque-se. Gosto desta proposta, embora não saiba dizer ao certo nem a real possibilidade de que ela venha a se concretizar, nem os efeitos que ela produziria na crise da Igreja dos dias atuais. Hoje não se dão mais ouvidos ao que fala o Vigário de Cristo; as pessoas preferem eleger os próprios gurus ou colocarem-se a si próprias como juízes dos ensinamentos da Igreja. Um novo Syllabus seria eficaz? Confesso não saber responder esta pergunta.

Há alguns anos, eu brincava com um grupo de amigos exatamente sobre isso. Começamos a redigir os cânones sobre a situação atual do catolicismo, como se fôssemos bispos em um Concílio Ecumênico de illo tempore. Continham coisas como “se alguém disser que a liberdade religiosa exposta na Dignitatis Humanae é a mesma que fora condenada na Mortalium Animos, anathema sit”; “se alguém disser que o colégio dos bispos exerce poder na Igreja contrariamente ao ou mesmo independentemente do Romano Pontífice, anathema sit”. E coisas do tipo. Só lamento que não os tenhamos terminado, seria divertido publicá-los depois. Acho que tenho o péssimo hábito de não levar lá muito a sério as minhas brincadeiras.

Agora, praticamente a mesma proposta é feita por um bispo em um congresso realizado em Roma…! Como eu dizia antes, não sei se tal proposta vai ser posta em prática ou, caso o seja, se vai produzir os resultados esperados. Mas, de qualquer modo, seria bom ver um tal documento. Mesmo que ele caia nos ouvidos surdos de homens de cerviz dura; que se o registre para futura memória. Porque a Verdade convém ser dita. Ainda que se lhe A preguem aos animais, por falta de homens que A queiram ouvir. Ainda que Ela se destine às estantes empoeiradas, para vergonha nossa.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

28 comentários em “Novo Syllabus”

  1. Caro Jorge,me explique uma coisa:

    Se uma lei é unívoca,ou seja,só tem um único sentido claramente expresso,é impossível que pessoas tenham interpretações diversas dela.Só quando uma lei é ambígua é possível que se haja interpretações díspares sobre o mesmo tema.Por isso que não existe interpretações diferentes sobre o Syllabus ou qualquer documento pré-conciliar.

    A pergunta é: Como se pode pensar que o CVII seja ortodoxo se as interpretações que surgiram de seus documentos(algumas muito desparatadas)são um mero reflexo de sua ambiguidade?

  2. Samuel,

    Não existe “lei unívoca”. Existem leis mais ou menos claras, mas na história da Igreja sempre houve e há disputas, maiores ou menores, sobre um mesmo tema. Não te recordas, p.ex., da querela jansenista?

    Ainda concedendo que haja uma porção extra de ambigüidade nos textos do Vaticano II (ou ainda concedendo que isso tenha sido feito deliberadamente), isto não é motivo para impugnar o Concílio ou decretar aos quatro ventos a sua heterodoxia, em expressa contradição ao que diz a Igreja de Roma.

    Como eu já disse outras vezes, se cada um puder examinar livremente os documentos da Igreja e dar-lhes o sentido que bem desejar (ainda que seja contrário às expressas intervenções de Roma), então a Unam Sanctam é feeneyista e Bonifácio VIII é herege, por negar o Batismo de Desejo (ou então o Concílio de Trento é herético por negar a Unam Sanctam – aí depende da cabeça de cada interpretador). Claramente as coisas na Igreja não funcionam assim.

    Abraços,
    Jorge

  3. “..a sua nova versão seria, na proposta do bispo auxiliar de Karaganda, para condenar “os erros de interpretação do Concílio Vaticano II”.” – e também serviria para confirmar a ortodoxia do CVII.

  4. Se diversidade de interpretação de um texto fosse sinal de heterodoxia até os próprios Evangelhos seriam heteredoxos…

    Também acho a ideia de um novo Syllabus boa. No entanto, penso que enquanto as almas não se desarmarem e se posicionarem claramente em obediência ao Magistério, pouco fruto trará. Mesmo que se conseguisse definir as condenações em fórmulas matemáticas, as divisões continuariam,

  5. Caro Jorge,

    O mesmo acontece no livre exame das sagradas escrituras! E convenhamos nunca li textos tão ambíguos…

    Abraços ,
    lucas

  6. Lampedusa.
    Gostei muito do teu comentário no Fratres sobre a depressão. Muito espirituoso. Ouso complementá-lo para dizer que haveria uma falta enorme de remédio para depressão nas farmácias. Não pela quantidade de rad-trads que precisariam tomá-lo, mas pela quantidade de remédios que seria necessário para colocar a cabeça dessa gente no lugar, de novo.
    Um abraço.

  7. Caro Jorge,

    Infelizmente,ao se descutir racionalmente o CVII,o que vejo comumente é uma inchaço de paixões e amor-próprio,tanto dos defensores do concílio quanto dos seus opositores.Parece que eles esquecem que Deus está com sua Igreja e que,no tempo certo,a verdade vai prevalecer.

    Bem,acabando a sessão desabafo,vamos ao tema:

    Querelas entre as diversas áreas da Igreja sempre existiram e vão continuar a existir.Para ver isso,basta ver a história da formulação da Bíblia.Isso é ponto pacífico.

    Eu gostaria que você me apontasse onde a Unam Sanctam diz que o batismo de desejo não existe.Ela simplesmente não o cita.

    Mas eu desejaria chamar a atenção sobre a clareza dessa Bula.Meu caro,para você interpretar de maneira herética essa bula(excetuando esse detalhe do batismo de desejo),você precisa dar um duplo twist carpado interpretativo,algo que chegaria as raias da desonestidade intelectual.Algo diverso ocorre com os documentos do concilio.Para interpretar hereticamente os textos conciliares,não é necessário nada disso.Os textos são ambíguos,e se prestam a qualquer interpretação,quando não são muito suspeitos.Algo que poderia existir em poesias,mas não em constituições dogmáticas.

    Ora,como Deus poderia inspirar um concilio que não se proclamou de maneira clara (Sim,sim,não,não)sobre os dogmas de fé?Não me lembro de ter existido um debate sobre a interpretação do Concílio Vaticano I ou de Trento,porque eles eram claros,diferente do CVII

  8. Samuel,

    Aí é que está. Se “[q]uerelas entre as diversas áreas da Igreja sempre existiram e vão continuar a existir”, qual a razão da condenação do Vaticano II? Por que os dois pesos e duas medidas?

    Naturalmente, a Unam Sanctam não diz que o Batismo de Desejo não existe. Ela “simplesmente” não o cita – perfeitas as tuas palavras. E qual o texto do Vaticano II que diz não existirem coisas que existem, ou existirem coisas que não existem? Por que o mesmo modus interpretandi que vale para uma não vale para o outro?

    Não é verdade que para chegar ao Feeneyismo a partir da Unam Sanctam seja necessário “dar um duplo twist carpado interpretativo,algo que chegaria as raias da desonestidade intelectual”. Ao contrário, basta ler a bula “sozinha”, ignorando (ou desconhecendo) a doutrina católica em sua integridade, que se chega com extrema facilidade à conclusão de que não é possível a ninguém se salvar sem fazer parte visivelmente da Igreja Católica. Mais: com a Unam Sanctam sozinha, é completamente impossível interpretar de modo diverso. Mas acontece que esta bula sozinha não é a Doutrina Católica. Por que isso se aceita com facilidade, ao mesmo tempo em que não se aceita que o Vaticano II exija um contexto para ser corretamente entendido?

    O que eu não me lembro, meu caro, é ter jamais havido na história da Igreja grupos minoritários (que estivessem correctos, naturalmente) impugnando por décadas um Concílio legítimo cuja autoridade a Igreja, por décadas, insistiu em reafirmar.

    Abraços,
    Jorge

  9. Não me lembro de ter existido um debate sobre a interpretação do Concílio Vaticano I

    Doce ilusão. Apresento-lhe meus amigos Vétero-Católicos…

  10. Entendo a questão do Vaticano II. Na verdade certos textos das constituições do Vaticano II se contradizem. Ao mesmo tempo que reafirmam que a Igreja de Cristo é a unica declaram que reconhecem que o Espirito Santo se serve de outras igrejas para santificar.Que uma pessoa com reta intenção possa por igonrancia invencivel salvar-se mesmo numa seita protestante é outra historia. Deus poderia lhe dar a graça da conversão se ela estiver mesmo procurando a verdade ou aceitar a sinceridade de sue coração. Mas não devido a seita que segue. Ora, como poderia Deus servir-se de quem fez uma ruptura como a Igreja por orgulho e isubordinação como Lutero? Uma arvore má em seu inicio pode dar bons frutos? É alem disso muitos documentos do Vaticano II vão sim de encontro ao que afirmou papas como Pio IX, Pio X e Pio XII. A questão do ecumenismo é uma delas. Foi o documento sobre ecumenismo do Concilio que permitiu que padres e pastores celebrassem juntos. Na minha colação de grau na missa, um pastor leu uma parte da oração eucaristica. Não me lembro qual mas foi uma parte da oração eucaristica. Que num encontro de professores e no encontro para nova consciencia padres, pais de santos e espiritass estivessem juntos todos falando de paz e amor e afirmando cada um está certo em sua fé. Ora é compreensivel entender porque os tradicionalistas rejeitam em todo o Vaticano II. O Magisterio da Igreja tomou uma nova posição frente as outras religiões. Isto a partir do Concílio. É impossivel negar isto. Está claro diante de nós. O que se pode discutir é se a Igreja errou ao denunciar durante mais de mil anos outras religiões ou se acertou em aceitar todas como boas e que cada um deve ficar com a sua. Mas isto é outra questão. Se quisermos coerencia devemos ficar com o que a Igreja sempre ensinou e determinou como norma de fé. Pelo que lembro e li nehum documento do Vaticano II afirma: “Quem disser que Deus não se serve de outros crendos para salvar seja anatema.” Então neste ponto eu não estou obrigado a acatar o ecumenismo do Vaticano II. Minha posição frente ao Concilio é de reconhece-lo como licito e legitimo. Alias não poderia ser outra, até porque o Concilio foi convocado por uma papa legitimo e bispos legitimos particparam dele. Mas peço a Deus com sincieridade que este seja revisto ponto por ponto doucmento por documento e que na medida do possivel ao ser humano determina com clareza que tipo de ecumenismo prega, que tipo de litrugia defende. Aliás soube que uma parenta que tambem fez teologia recetemente afirmou numa celebração de natal. “Maria e Jośe depois de nascer Jesus tiveram relações normais de marido e mulher.” Sem duvida talvez algum professor de Teologia deve ter afirmado isto pra ela nas cadeiras sobre a Biblia. Creio que antes do Concilio ou mesmo se seguissem o Concilio, eles os padres, isto jamais acontecria. Porem muitos padres já estão no Concilio Vatino III.

  11. “Creio que antes do Concilio ou mesmo se seguissem o Concilio, eles os padres, isto jamais acontecria”

    Fernando, como assim? As heresias só passaram a ocorrer após o CVII?

    E todas as outras questões que você levantou podem ser respondidas com o arrazoado que o Jorge colocou antes de você.

  12. O Jorge foi muito feliz ao afirmar que a [i]Unam Sanctam[/i]não é toda a doutrina da Igreja e que, fora dela, pode ser interpretada hereticamente. Bem, nenhum Concílio o é. O primeiro Concílio (de Jerusalém) não era a doutrina inteira, e talvez escandalize a alguns que São Pedro tenha achado oportuno incluir que carnes sacrificadas aos ídolos não deveriam ser ingeridas (em um Concílio feito pelos Apóstolos diretos de Nosso Senhor e registrado infalivemente pelo Espírito Santo!) e o mesmo Espírito Santo tenha inspirado São Paulo a dizer que as tais carnes podem ser ingeridas sem problema. Ambuiguidade na letra, mas só para quem se apegou à letra e não foi à doutrina toda. O mesmo fazem com o Vaticano II, querendo encontrar aí cheiros de heresia e coisas não-inequívocas para condená-lo. Comecemos então por condenar o Concílio de Jerusalém.

    A verdade é que a doutrina católica em sua inteireza está com a Igreja e seus Pastores. Não está toda em Trento, nem toda no Syllabus, nem toda no Vaticano II. Querer encontrá-lo inteira aí e de modo que cada um a entenda inequivocadamente não só é ingênuo (ao desconsiderar as razões pelas quais um Concílio fala, que são quase sempre ad hoc) como exigir que Deus fale pela Igreja da maneira que mais convém a cada um, e não como Deus deseja falar. Em suma, nesse aspecto, os detratores radicais são os que verdadeiramente cultuam o homem – “Deus tem que me falar do jeito que eu quero”, inversão da piedade e da sujeição ao Altíssimo -, acusação que tanto jogam contra o Concílio.

  13. Caro Jorge,

    Concordo com a sua colocação com sobre a Unam Sanctam.Mas,apesar de saber que o VII é legítimo,não consigo concordar muitas das fórmulas apresentadas por ele

    Por exemplo:

    Eis a razão por que este sagrado Concílio, proclamando a sublime vocação do homem, e afirmando que nele está depositado um germe divino, oferece ao género humano a sincera cooperação da Igreja(Gaudium et Spes,3)

    Jorge,esse trecho da GS é héretico e gnóstico,pois afirma que a presença de Deus no homem é natural,e não decorrente do batismo e da graça divina.Como é possível que se interprete esse trecho de forma legitima?

    Além do mais,você admite que o CVII tem uma porção extra de ambiguidade.Responda-me:Como Deus inspirou um concilio que no fim apresentou uma linguagem ambigua?Afinal,é claro que o malfadado ‘Espírito do concílio’ nada mais é do que uma consequencia de uma linguagem que não é clara e precisa,mas sim adaptável a qualquer demanda.A diferença entre a Unam Sanctam e os documentos do concilio é que,com a luz da tradição,é possível ver o seu exato sentido,enquanto os documentos do concilio,mesmo a luz da tradição,é díficil ver algum sentido legitimo para eles,porque não se sabe o que eles dizem,exatamente por sua ambiguidade.

    Jorge,sobre o Syllabus de Bento XVI,eu penso que,por mais que seria uma boa ideia,o Papa não levará isso a cabo.Afinal,os anatemas foram anatemizados(exceto se você defende a tradição,claro)e os Papas a muito tempo parecem que esqueceram que tem autoridade real sobre os prelados.Mas,se pela graça do Bom Deus,esse Syllabus sair,já vai ser dado um enorme passo para o fim dessa crise da Igreja,pois se Bento XVI começar a usar do seu poder legítimo para impor reformas(sem medo de usar medidas extremas,como a excomunhão)os dias de BOFF e sua turma estão contados.

  14. Um novo Syllabus seria, no mínimo, interessante. Como você mencionou, a Verdade deve ser dita, ainda que muitos não lhe deem a devida atenção.

  15. Esse negócio de interpretação univoca não existe em canto nenhum desse mundo. Se fosse pra ser assim ,interpretando tudo da pior maneira possível, as sagradas escrituras poderiam ser jogadas no lixo.

  16. Só corrigindo o meu nomo é Francisco e não Fernando. E quanto à frese citada,“Creio que antes do Concilio ou mesmo se seguissem o Concilio, eles os padres, isto jamais acontecria” eu quis dizer: que nunca um Concilio trouxe tanta confusão e divisão como este. Nem mesmo o Vaticano I pois só um pequeno grupo de bispos se revoltaram e mesmo assim deram origem a uma seita quase desconhecida do mundo catolico. Os vetero-católicos. Heresias sempre houve e haverá na História da Igreja. Mas o que está havendo são hereges e heresias dentro da Igreja e algumas defendidas, divulgadas e e apoiadas por bispos e padres. Ponto.

  17. Sobre a presença natural de Deus na alma – não quero atropelar a discussão, por isso não direcionei a mensagem a ninguém -, diz-nos Santo Agostinho, antes de ser batizado: “Não te achava fora, Senhor, porque mal te buscava fora, estando tu dentro” (Solilóquios, 31).

    Para confirmar essa mesma frase, São João da Cruz: “Grande consolação traz à alma o entender que jamais lhe falta Deus, mesmo quando se achasse em pecado mortal; quanto mais estará presente naquela que se acha em estado de graça! Que mais querer, ó alma, e o que mais buscas fora de ti, se tens dentro de ti tuas riquezas, teus deleites”, etc. (Cântico Espiritual, I, 7). São João está falando explicitamente aí de encontrar a Deus dentro de si, mesmo estando fora da graça divina, posto que Deus é onipresente.

    Fim do parênteses.

  18. Primeiramente,gostaria de dizer que não sou teólogo,filósofo,exegeta ou coisa do tipo,logo não me julgem muito duramente se eu falo bobagem.Sou só um leigo tentando entender os nossos tempos complicados.

    Caro Juliano,

    Muitíssimo interessante as suas colocações.Parece,para mim,que chegamos num impasse:Se Deus existe em nós de maneira natural,para que serve o batismo?Eu sempre pensei que o Batismo servisse para limpar o pecado original e assim permitir que Deus viva na alma do batizado.Será possível que Deus viva em um corpo tomado pelo pecado,seja ele o original(como é o caso dos pagãos)ou de qualquer outro,desde que ele seja mortal?

  19. Uma arvore má em seu inicio pode dar bons frutos?

    A árvore não. O Espírito Santo de Deus pode. Como fazem falta as aulas de interpretação de texto…

    Foi o documento sobre ecumenismo do Concilio que permitiu que padres e pastores celebrassem juntos.

    Afirmações ousadas ditas como se fossem fatos, mas que não passam de opiniões e que não há nenhuma evidência para sustentar.

    Quem fez isso foi o modernismo. Para o clero modernista, qualquer coisa pode significar o que ele quiser. Além disso, ele faz como os protestantes que escolhem apenas os trechos da Sagrada Escritura que lhes apetece.

    O Concílio é culpado de vir em má hora. Ele veio no momento em que a Igreja estava infestada de Judas, e serviu de subterfúgio para se fazer o que quiser. Claro, ninguém poderia contestar! Se um fiel zeloso disser “isso não parece certo”, logo responde o padre modernista “as coisas mudaram, o Concílio deixa”! E o fiel acredita porque nunca leu o Concílio (e o clero modernista sabe disso e tirou proveito)…

    Ora é compreensivel entender porque os tradicionalistas rejeitam em todo o Vaticano II.

    Que “tradicionalistas” esses, hein!

    Minha posição frente ao Concilio é de reconhece-lo como licito e legitimo.

    Olha aí o “sola fide”: a fé sem obras! A contradição suprema! É lícito, é legítimo, e no entanto pode ser contraditório e herético! Contraditório é quem afirma tamanha estupidez!

    Creio que antes do Concilio ou mesmo se seguissem o Concilio, eles os padres, isto jamais acontecria.

    Claro que não! Quem acreditaria que alguém poderia dizer que Jesus não é Deus antes do Concílio? Ops…

    E que tal que a Missa não pudesse ser oferecida volta ao povo antes do Concílio? Ops…

    Ingenuidade realmente não tem limites!

    Como Deus inspirou um concilio que no fim apresentou uma linguagem ambigua?

    Como Deus inspirou um livro sagrado apresentado em linguagem ambígua? E como Deus permitiria que semeassem o joio entre o seu trigo?

    Nem mesmo o Vaticano I pois só um pequeno grupo de bispos se revoltaram e mesmo assim deram origem a uma seita quase desconhecida do mundo catolico.

    Que sensação de déjà vu… Até parece que eu já vi essa mesma história acontecendo na Suíça…

    Acorde! Não só houve cismáticos tanto no CVI quanto no CVII, como também houve interpretações erradas em ambos. Um exemplo de erro de interpretação do CVI é a papolatria…

    Será possível que Deus viva em um corpo tomado pelo pecado,seja ele o original(como é o caso dos pagãos)ou de qualquer outro,desde que ele seja mortal?

    Sabia que aquela frase “Deus é fiel” não é só um slogan de para-choque de caminhão, ela tem um significado mesmo?

  20. Samuel,

    Se Deus existe em nós de maneira natural,para que serve o batismo?Eu sempre pensei que o Batismo servisse para limpar o pecado original e assim permitir que Deus viva na alma do batizado.Será possível que Deus viva em um corpo tomado pelo pecado,seja ele o original(como é o caso dos pagãos)ou de qualquer outro,desde que ele seja mortal?

    O batismo serve para fazermos penetrar da esfera natural na sobrenatural, que é a participação na vida trinitária, íntima de Deus, e isso por dois efeitos, um de caráter negativo e outro positivo: a “limpeza” do pecado original e a elevação das potências da alma para terem a Deus sobrenaturalmente por objeto através das virtude teologais, bem como a adoção divina pela aplicação dos méritos do Redentor.

    Veja, essa presença na alma dos não-batizados ou em estado de pecado mortal não é a presença por graça habitual, é uma presença, digamos, de manutenção na existência, não da virtude salvadora, mas da criadora de Deus. Não sei explicar em detalhes isso, só sei que isso é ensinado por Santo Agostinho e São João da Cruz. Quando encontro duas proposições que me parecem contrárias e saem da boca de pessoas assim, eu faço como Santa Teresinha e Platão: escolho as duas, e que Deus me ajude a entender a diferenciação, já que ambas são verdades – creio para depois entender. Que alguém corrija a explicação que ofereci, porque são só reflexões minhas para juntar as duas verdades harmonicamente.

    Dito isso, é muitíssimo diferente essa presença: na graça, somos templos do Espírito Santo, e temos o penhor da salvação; na presença natural, Deus nos mantém na existência, e só.

    Abraços,

  21. Juken Voce explicou os itens da minha postagem com tudo com alta maestria. ?Resta saber se a tal papolatria por voce apresenta está em conformidade como o que pensa os que postam aqui e os católicos. Enfim somos todos papolatras! Apenas expressei que compreendo a rejeição de alguns pontos do Concilio e dele no todo por alguns católicos, inclusive bispos…ditos de rad-trads.E Minha posição em relação ao concilio Vaticano II embora reconheça que nunca tive e nem tenho a mínima pretensão de saber de tudo. Coloquei só o que aprendi por leituras e mais leituras, pois tenho o vicio de ler. Aliás nem foi mina intenção convencer quem quer que seja, apenas expressar meu pensamento. Não entendi o que tem a ver a afirmação “aceito o concilio” com esta que voce escreveu: “Sola fide” Mas enfim não sou obrigado a saber latim. Sim, até hoje depois do concilio de Nicéia, os católicos Testemunhas de Jeová e os católicos Mormons ainda se recusam a aceitar que Jesus é Deus por culpa do Vaticano II…como fui esquecer disso! Na verdade só os católicos tradicionalistas ainda defendem que Jesus é Deus não é mesmo? E isto por causa do concilio de Niceía Certo? Ah será certo mesmo…ó dúvida!

  22. Já que D. Jorge confessou que gostava de brincar de bispo, redigindo o texto de um Syllabus delirante, acredito que um Syllabus emitido pela hierarquia conciliar, seria mais ou menos assim, no tocante ao ecumenismo, por exemplo:

    1- Proposições condenadas

    – A salvação pode se encontrar fora da Igreja Católica;
    – É lícito ao católico frequentar cultos com hereges;
    – A música litúrgica dos hereges pode ser utilizada sem maiores pesares de consciência na Santa Missa.

    * Nota explicativa: Considerando o grande amor de Deus pelos homens e o desejo de Nosso Senhor de que todos sejam um, declaramos que a ninguém é licíto promulgar a posse exclusiva dos meios de salvação, que na verdade se encontram em grande números nas comundades cristãs dos irmãos separados. Também não se encontra ilicitude na oração comum com os irmãos separados pela unidade; que, a propósito, possuem músicas litúrgicas divinamente inspiradas. O que esta declaração pretende é fazer notar que, embora professando a unicidade da Igreja de Cristo, há numerosos exemplos e meios de santificação nas comunidades cristãs separadas que só o Criador conhece e nas quais o Espírito Santo age para encaminhar as almas ao céu.

  23. Não entendi o que tem a ver a afirmação “aceito o concilio” com esta que voce escreveu: “Sola fide”

    “Sola fide” quer dizer “somente pela fé”. Tem a ver porque o que você disse me leva a crer que você “aceita” o concílio somente com fé, mas não com obras.

    Sim, até hoje depois do concilio de Nicéia, os católicos Testemunhas de Jeová e os católicos Mormons ainda se recusam a aceitar que Jesus é Deus por culpa do Vaticano II…como fui esquecer disso! Na verdade só os católicos tradicionalistas ainda defendem que Jesus é Deus não é mesmo?

    Que eu saiba há apenas católicos, qualquer adjetivo que se adjunte a essa qualificação (“tradicionalista”, “mórmon”, “carismático”, etc.) ou é redundante ou é contraditório.

  24. Caro Gustavo, acho que, para uma proposição condenada no estilo conciliar, deveria ser redigida ao contrário:

    1- Proposições condenadas

    – A salvação se encontra somente na Igreja Católica;
    – É Ilícito ao católico frequentar cultos com hereges;
    – A música litúrgica dos hereges não pode ser utilizada na Santa Missa

    E em homenagem ao George, acrescento mais uma proposição condenada pelo Silabus pós-moderno:

    – Nenhum católico pode frequentar shows de rock seja lá qual for o pretexto.

  25. Primeiramente fiz uma ironia em relação a católicos Mormons e as Testemunhas de Jeova. Estas são seitas que negam a divindade de Cristo como os arianos no seculo II e que foram condenados no concilio de Niceía. Ironia para refutar o que voce escreveu: “Claro que não! Quem acreditaria que alguém poderia dizer que Jesus não é Deus antes do Concílio? ” Porque nenhum catolico pode expressar publicamente e divulgar que Jesus não é Deus mesmo com o Concilio Vaticano II e antes do Concilio Vaticano II quem assim fizesse sofreria a Inquisição e sem duvida seria excomungado. Há uma diferança enorme entre dizer uma coisa e ser autorizado a isto. Quanto ao “sola Fide” sei ,muito bem que se refere somente à fé e não as obras e que Lutero defendeu isto para criticar as obras piedosas pregradas pela Igreja como as indulgencias. Não tem nada a ver com com o fato de tanto eu como muitos catolicos Apostolicos romanos verem no Concilio textos ambiguos e alguns atá contraditórios com a doutrina de anterior do Magisterio da Igreja. O sola fide dos protestantes refere que a salvação ou justificação não depende de obras atuais para ir para o ceu. Que uma vez salvo pela fé sempre salvo.E estes entendem a fé como confiança absoluta que Jesus fez tudo o que já tinha que fazer por você. Resta você se arrenpender confiar em Jesus e está salvo. Como posso professar a moda protestante a sola fide se aceito uma Igreja visivel com autoridade para ensinar, esclarecer e punir? Não entendi o que citei sobre o Concilio Vaticano II como se fosse a Igreja, até porque antes, durante e após o Vaticano II a Igreja é bem mais do que o própio Concilio do Vaticano II.

  26. Ironia para refutar o que voce escreveu

    Refutar o que? Você não refutou nada, simplesmente porque você nem percebeu o que aconteceu: você falou uma besteira, eu ironizei, e você tentou ironizar minha ironia, comprovando que o que você tinha falado era besteira!

    Não tem nada a ver com com o fato de tanto eu como muitos catolicos Apostolicos romanos verem no Concilio textos ambiguos e alguns atá contraditórios com a doutrina de anterior do Magisterio da Igreja.

    Então vocês estão incorrendo um erro, pois o Concílio é infalível em matéria de fé. É irrelevante o fato de ele ser pastoral, isto só significa que ele discorre sobre questões não-dogmáticas, questões essas sobre as quais a Igreja não possui infalibilidade, e daí pode ter erros. Mas não erros contra a fé! Isto é impossível, como disse o Papa Paulo VI:

    “Quem quer que visse no Concílio um relaxamento dos compromissos anteriores da Igreja para sua fé, a sua tradição,a sua ascese, a sua caridade, o seu espírito de sacrifício e a sua adesão à palavra e à cruz de Cristo, ou ainda uma indulgente concessão à frágil e versátil mentalidade relativista de um mundo sem princípios e sem fim transcendente, a uma espécie de cristianismo mais cômodo e menos exigente, estaria cometendo um erro”

    Portanto, não só os “teólogos” da libertação, os carismáticos, os neoconservadores, e todo tipo de grupo que atribue todo tipo de significado absurdo ao Concílio estão errados mas também os pseudotradicionalistas que renegam o Concílio atribuindo-lhe os mesmos (ou outros) significados.

    O sola fide dos protestantes refere que a salvação ou justificação não depende de obras atuais para ir para o ceu.

    E o “sola fide” dos pseudotradicionalistas afirma que basta falar da boca para fora que o Concílio é legítimo e lícito, mas que não é necessário aceitá-lo e muito menos segui-lo para ser Católico. Alguns vão até mais longe e dizem que aceitam o Papa e rezam por ele, mas não fazem nada do que ele fala. Não basta rezar pelo Papa, é preciso sujeitar-se a ele!

    É a tepidez entre o Católico tradicionalista (note o uso tautológico do adjetivo “tradicionalista”) e o Católico sedevacantista (note a contradição), uma nova forma de mornidão espiritual.

  27. Por curiosidade: qual a diferença entre a liberdade religiosa da Dignitatis e da Mortalium Animus?

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