[Sobre o problema de uma mãe que chegasse a salvar-se e visse o(s) seu(s) filho(s) condenado(s) ao inferno ou, de outra maneira, de um filho que se salvasse enquanto os seus pais caíssem em danação, trago as seguintes singelas palavras de Santa Catarina de Sena. Elas podem parecer duras, mas isto acontece apenas se as coisas não forem colocadas sob uma perspectiva sobrenatural. Deus é Deus, é a resposta última a todos os anseios dos homens e, por isso, o amor e o gozo d’Ele suplantam toda tristeza que porventura possa restar no homem. Quem tem o mais não se preocupa com a “falta” do menos e, portanto, a quem tem Deus não pode fazer falta criatura alguma – ainda que um seu rebento ou a sua progenitora.
É perfeitamente natural que nós não possamos compreender o alcance destas palavras – é claro. Nenhum de nós viu a Deus e, portanto, não é capaz de ter a dimensão da felicidade perpétua que é estar em Sua presença – aquilo que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não imaginou. Resta, no entanto, aquela promessa divina de que somos destinados a uma pátria onde toda lágrima será enxugada; e sabemos que Deus cumpre as Suas promessas. Enquanto lá não chegamos, cumpre-nos a terrível obrigação de rezarmos por aqueles que nos são caros – pelos nossos próximos, principalmente pelos mais próximos dos próximos que são os nossos familiares.
Porque o Inferno é uma realidade terrível, da qual precisamos pedir constantemente a Deus que nos livre; como na oração do Anjo de Fátima, devemos pedir sem cessar ‘ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do Inferno e levai as almas todas para o Céu’. Não há, na vida cristã, espaço para o desespero; se é terrível e horripilante o Inferno, é também infinitamente alegre e cheio de gozos o Céu, e este tão mais excelso e agradável do que doloroso o Inferno quanto o Bem está acima do mal, quanto a Graça está acima do pecado, quanto Deus está acima de Satanás. Rezemos, pedindo a Deus misericórdia, e nos esforcemos por chegarmos um dia à Bem-Aventurança Eterna; com a certeza de que, nela, nada nos há de faltar.]
14.4 A felicidade dos santos
Também o homem justo, ao encerrar sua vida terrena no amor, já não poderá progredir na virtude. Para sempre continuará a amar no grau de caridade que atingiu ao chegar até mim. Também será julgado na proporção do amor. Continuamente me deseja, continuamente me possui; suas aspirações não caem no vazio. Ao desejar, será saciado; ao saciar-se, sentirá ainda fome; distanciando-se assim do fastio da saciedade e do sofrimento da fome. (…) Entre si congraçados na caridade, os bem-aventurados de modo especial comunicam-se com aqueles que amaram no mundo. Realizam-no, naquele mesmo amor que os fez crescer na graça e nas virtudes. Na terra, ajudavam-se uns aos outros, a glorificar-me, a louvar-me em si mesmo e nos outros; tal amor continua na eternidade. Conservam-no, partilham-no profundamente entre si; com maior intensidade até, associando-se à felicidade geral.
Não penses que a felicidade celeste seja apenas individual. Não! Ela é participada por todos os cidadãos da pátria, homens e anjos. Quando chega alguém à vida eterna, todos sentem sua felicidade, da mesma forma como ele participa do prazer de todos. Não no sentido que os bem-aventurados progridam ou se enriqueçam, pois todos são perfeitos e não precisam de acréscimos. É uma felicidade, um prazer, um júbilo, uma alegria que se renova interiormente, ao tomarem eles conhecimento da riqueza espiritual do recém-chegado. Todos compreendem que ele foi elevado da terra à plenitude da graça por minha misericórdia; naquele que chegou todos se alegram, gratos pelos dons de mim recebidos. O novo eleito, igualmente, sente-se feliz em mim e nos bem-aventurados, neles contemplando a doçura do meu amor.
Em seus anseios, os bem-aventurados clamam continuamente diante de mim em favor do mundo inteiro. Suas vidas haviam terminado no amor fraterno; continuam no mesmo amor. Aliás, foi exatamente por tal caridade que passaram pela porta que é meu Filho, conforme explicarei em seguida. Os bem-aventurados continuam no céu, eternamente, aquele mesmo amor com que encerraram a vida terrena. Conformaram-se inteiramente à minha vontade, só desejam o que eu desejo. Chegando ao momento da morte em estado de graça, seu livre arbítrio fixa-se no amor e eles não pecam mais. Suas vontades identificam-se com a minha. Se um pai, uma mãe vêem ou, em sentido contrário, se um filho vê os pais no inferno, não se perturbam. Até se alegram por ver tal pessoa punida, como se fosse inimigo seu. Os bem-aventurados em nada se distanciam de mim. Seus desejos estão saciados. Anseiam em ver-me glorificado por vós, viandantes e peregrinos que sois em direção à morte. Aspirando por minha honra, querem vossa salvação e sempre rogam por vós. De minha parte, escuto seus pedidos naquilo em que vós, por maldade, não opondes resistência à minha bondade.
Santa Catarina de Sena,
“O Diálogo”, pp. 94-96
Paulus, 9ª Edição
São Paulo, 2005
“Suas vontades identificam-se com a minha. Se um pai, uma mãe vêem ou, em sentido contrário, se um filho vê os pais no inferno, não se perturbam. Até se alegram por ver tal pessoa punida, como se fosse inimigo seu. ”
Terrível! Por isso o espiritismo atrai tantos hoje em dia. Como compreender que Deus é Amor se o seu amor é menor do que o amor de um pai, que jamais suportaria penas eternas para o pior dos filhos, isto não é Amor! Punição sim! Penas eternas não. E no entretanto o inferno existe sim! É a separação absoluta de Deus. É o resultado do pecado que corrompe a natureza humana fazendo-a não suportar o AMOR a Deus. Agora que os santos SE ALEGREM com a danação dos perdidos, e até de um filho isto é um absurdo, uma tirania, uma crueldade sem limites. Mais terrível que o próprio inferno. Entendo porque um conhecido meu, que rejeita o inferno, sempre diz que os salvos ficam batendo palmas e alegrando-se porque os condenados foram para o inferno; Disse a ele que isto era a visão dele. Mas perante este texto percebo que esta era a visão de muitos católicos e até da Santa. Mas não é dos salvos. Eles não reconhecem mais nos condenados os filhos que tiveram na Terra. E estes os pais. Na verdade creio que nem os vejam. Estão na glória de Deus e o que importa e saciar-se da glória divina e não ver a desgraça eterna dos outros. Sabem que Deus é Justo e que lá só estão os que o amaram e o amam. Estes são os seus verdadeiros filhos e mães agora. A separação de Estado é absoluta de modo que nem os condenados vêem a glória dos salvos e nem estes a sorte dos condenados. Porque se assim o fosse estaríamos perante uma tirania absoluta e maior do que o amor e a justiça de Deus. E a parábola do rico e de Lazaro, em que um ver a glória do outro, foi um modo de Jesus frisar que não possibilidade de mudança de um para outro estado e reafirmar que não se deve esperar a ressurreição de um morto para se converter. Não foi para Lazaro ficar do outro dizendo ao rico: “Bem feito…aguenta agora miserável”!
“Se um pai, uma mãe vêem ou, em sentido contrário, se um filho vê os pais no inferno, não se perturbam. Até se alegram por ver tal pessoa punida, como se fosse inimigo seu.”
Obrigado por essa pérola…
Ricardo,
Disponha.
Francisco,
Como eu disse, não dá para imaginar uma situação dessas porque nenhum de nós experimentou a Bem-Aventurança. Nas palavras de São Paulo, o que Deus nos reserva é “o que o olho não viu, o ouvido não ouviu e o coração humano jamais imaginou”.
Dá, no entanto, para entender algumas coisas a partir daquilo que Deus nos revelou: em particular, a existência (e a eternidade) do Céu e do Inferno.
O Amor de Deus obviamente não é menor do que o amor de um pai ou de uma mãe. Ao contrário, o Amor de Deus é a métrica, a referência de todo e de qualquer amor que neste mundo exista. E, se uma mãe não quer que os seus filhos se percam, de modo infinitamente maior Deus não quer que os Seus filhos se percam. No entanto, como já foi lembrado e relembrado, o Amor precisa coexistir junto com a Justiça – na frase (creio) de Santo Tomás, “Justiça sem Amor é crueldade, mas Amor sem Justiça é devassidão”.
O Inferno é justo, ponto. Se não fosse justo, então Deus – que é a Suma Justiça – não mandaria ninguém para lá. Isto não pode ser esquecido.
Também não pode ser esquecido que a Justiça não pode ser causa de sofrimentos ou de angústias para os bons. Só os que sofrem com a Justiça são os maus: ou maus porque estão sendo punidos, ou maus porque detestam a Justiça e gostariam que Ela não existisse. Nenhuma das duas coisas pode existir na Bem-Aventurança junto a Deus e, portanto, as penas do Inferno não podem provocar nenhum tormento nos que estão no Céu.
Postular uma “ignorância” das almas bem-aventuradas é um contra-senso, uma vez que “ignorância” é deficiência. O conhecimento é uma coisa boa e, no Céu, havendo bondade em grau infinito, há também – e certamente – conhecimento. Somente o mundo materialista moderno não consegue entender essas coisas. A frase “a ignorância é uma bênção” é muleta dos fracos e covardes e, se é verdade que em uma dada situação concreta a ignorância aparentemente é melhor do que o conhecimento, isto não pode jamais ser válido no que concerne ao fim último do homem.
Ainda, a Justiça é motivo de gozo e de prazer. Portanto, a Justiça Divina praticada é, sim, fonte de prazer, de deleite e de contentamento, não por um sentimento mesquinho de vingança do tipo “ah, bem feito, seu miserável”, mas por conformidade com a vontade de Deus que é Justa. Os bem-aventurados alegram-se com o Inferno não por uma espécie de prazer sádico de comprazer-se com o sofrimento alheio, mas sim porque vêem a Justiça e, com Ela, se alegram.
Abraços,
Jorge
Caro Francisco
A verdade vos libertará, mas não existe promessa de que a verdade seja assim, agradável.
Quando Jó, que não carregava culpa de toda a desgraça que o abatia, foi novamente reerguido por Deus, aos filhos que ele havia perdido, Deus lhe deu novos filhos em “substituição”, e ele ainda muitos anos felizes. Quando Abraão, por ordem de Deus quase sacrificou “seu” único filho, seu coração deveria doer de uma forma como não compreendemos.
Caro, teus pais NÃO são “teus”, teus filhos não são “teus”. Deus nos empresta uma família. Devemos amá-los porque isto é bom. Amar é bom para quem ama e para quem é amado.
Mateus capítulo 8
21. Outra vez um dos seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai.
22. Jesus, porém, lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos.
Lucas capítulo 9
59. A outro disse: Segue-me. Mas ele pediu: Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai.
60. Mas Jesus disse-lhe: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.
61. Um outro ainda lhe falou: Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa.
62. Mas Jesus disse-lhe: Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.
Caro Francisco
Desejando uma religião conveniente???
Por isso o espiritismo atrai tantos hoje em dia.
Parafraseando Dr. Bezerra de Menezes, “não creio em PENAS ETERNAS porque Deus é Pai. Não creio que o mal possa vencer o bem eternizando-se como este no reino de Satanás, não creio que o espírito criado pelo senhor possa fazer lhe frente resistir-lhe e destruir os planos e ver que o senhor permita isso, servindo-se do rebelde para castigar o rebelde por que nesse caso Deus não criou o homem para o bem e felicidade”.
Ao que parece, quem crê no que está escrito no texto, espera, reza e anseia por uma felicidade ilógica para os parâmetros humanos de felicidade. Entendo que é uma questão de fé, mas eu, particularmente, não vejo nisso sentido algum. Tenho filhos e sei o quão é necessária uma punição para o aprendizado (vejam bem, eu disse aprendizado), mas a simples idéia de filhos meus condenados a penas eternas, a um inferno, jamais se coadunaria com o sentimento da felicidade ou de plenitude. Sei que Deus é Todo Poderoso, mas também sei o que é amor de mãe. E, se é verdade o que dizem sobre ser o amor de mãe o mais próximo possível (na Terra) do amor de Deus, acredito que Ele, como as mães que amam infinitamente, nunca deixam de acreditar na recuperação de seus filhos.
Francisco, vamos fazer um curso de apologética cristã.
Não conhecia o texto, mas desiludiu-me muito!
Como pode uma mãe ou um filho alegrar-se ou não sofrer com a perda eterna de um outro?
Que dizer então das dores da Virgem Santíssima no Céu? Se Ela está na Bem-Aventurança eterna, também não pode ficar triste pelos que se perdem. No entanto, é-nos ensinado que que sim, que Ela e que Deus e todo o Céu chora, tal como o Anjo da Guarda quando uma alma se perde.
Fiquei confuso, triste e completamente desiludido ao ler tais palavras vindas de uma Santa por quem eu tinha alguma admiração e veneração.
“Se um pai, uma mãe vêem ou, em sentido contrário, se um filho vê os pais no inferno, não se perturbam. Até se alegram por ver tal pessoa punida, como se fosse inimigo seu.”
Incompreensível e, sinceramente, Deus e vocês me perdoem se estiver errado, não acredito nestas palavras de Santa Catarina, que dizem ser de Jesus, relativamente a este assunto…
Juro que estou completamente abismado e abalado com tais palavras, quase a acreditar que vieram do próprio Inferno :(
Deus me perdoe se estou errado, mas tive de expressar o que me vai na alma.
Abraço a todos…
João,
Não existe – e nem pode existir – tristeza no Céu. O Céu é a Felicidade Suprema, que exclui toda a tristeza, é o lugar “onde toda lágrima será enxugada”.
Não existem “as dores da Virgem Santíssima no Céu”. Nossa Senhora das Dores é uma devoção que nos remete aos sofrimentos da Virgem na Cruz do Calvário, o que não significa que Ela esteja sofrendo hoje no Céu. Também nós meditamos nas dores e na morte de Cristo – e, mesmo assim, Cristo Ressuscitado não morre e não sofre mais.
A “tristeza” no Céu [“Deus fica triste”, “Santo Inácio chora vendo os jesuítas de hoje”, etc.] é antropomorfismo com a finalidade catequética de expressar a fealdade do pecado e a desgraça que é cair em danação. Não tem correspondência literal. Neste sentido, sim, pode-se até dizer que os pais / filhos / amigos / etc. “sofrem” com a perda do ente querido; contanto que, com isso, não se atribua tristeza literalmente à Bem-Aventurança.
E, sinceramente, não vejo o porquê disto ser “incompreensível”. É uma decorrência necessária dos conceitos de “Céu” e “Inferno”. Se a Deus – que ama muito mais que qualquer pai ou qualquer mãe – não “atormenta” os filhos d’Ele no Inferno, por que isto atormentaria àqueles que amam menos que Deus? Por este conceito romântico que alguns aqui parecem ter, o Inferno deveria estar vazio, ou a queda de Lúcifer (filho de Deus, recordem-se) deveria encher o Céu de choros e de lamentos a ponto de torná-lo quase indistinguível do próprio Inferno.
Abraços,
Jorge
Compartilho da mesma visao do Francisco, tambem achei esse texto um absurdo. E esse amor de Deus que muitos santos relatam, é mesmo incompreensivel, e ate nos confunde quando dizem que Deus é amor.
Caro Jorge,
É curioso que alguns se escandalizem com o texto e não com as palavras de Jesus em Mateus, como bem frisou o Wilson Ramiro.
O que se busca não é um fim de semana em um SPA, para onde nos negamos a ir se não tivermos junto quem nos agrada. Passamos a vida cheios de escrúpulos, evitamos ofender as pessoas que amamos, mesmo quando elas se negam a ter uma mínima relação com Deus. Acreditamos que tudo será resolvido mais tarde.
Muitas vezes cremos que todos seremos salvos, e que a Igreja católica tenta tirar as pessoas da vida eterna com sua doutrina, que santos como Catarina de Sena, querem propagar ódio entre irmãos. Cremos que Deus com sua infinita misericórdia atropelará sua infinita justiça.
O Céu está vazio, a Igreja não veio evitar que as pessoas fossem para o Céu, ela veio avisar que o Céu está vazio e que é um lugar bom. Há dois mil anos a Igreja repete que o céu é um lugar bom mas são poucos os que desejam ir para o Céu. Quem acredita que pode ir para a vida eterna sem ter que aceitar compromissos nesta vida é louco.
É comum encontrarmos “””católicos””” que não tem a menor ideia da doutrina da Igreja, guiados por padres tolerantes, e que se escandalizam com a doutrina que ha muito deveriam conhecer. Os que desejarem uma “porta” bem larga para o “paraíso”, a tal de Mariana deve lhes indicar a forma mais conveniente.
Por mais duras que sejam, não são as palavras da Santa ou a doutrina da Igreja que vão jogar seu pai no inferno, mas pode ser que estas condições duras permitam ver o Céu.
Primeiro quero deixar claro que não nego o inferno. Até porque é impossível nega-lo. Jesus deixou claríssimo em todo o Evangelho que haverá uma separação definitiva, inrreversível entre bons e maus. Depois quero frisar também que Deus não manda ninguém para o inferno. Quem manda um ser para o inferno é o PECADO e nunca Deus. E se o manda é porque o inferno é a prova mais clara, patente, da livre arbítrio absoluto, que Deus concedeu as criaturas racionais criando-as livres ao ponto de amarem mais as trevas do que a luz. E como se disse Jesus elas se tornam trevas. Quanto a ignorância dos bem-aventurados, não quis dizer que estes não tem conhecimento da condenação ou da corrupção dos maus. Só que eles não veem mais os que foram filhos, pais e mães como se ainda fossem seus filhos. Este sentimento humano é superado pela visão da glória de Deus. Por isso não lamento no céu pelo fato de haver inferno. Mas muito menos há alegria por isso. Estes não têem a alegria da bem-aventurança eterna porque os maus foram punidos. Nisto eu discordo de Santa Catarina. O inferno manifesta o crueldade do pecado o que leva os bem-aventurado a compreender e amar muito mais ainda misericórdia de Deus que os perdoou e os santificou. Alem disso quem que esteja em situação de condenação definitiva só está lá porque foram dadas a estes todas as chances possível e inimagináveis para salvar-se. Foram esgotados todas as inspirações e e meios de Deus para que este deixasse o pecado. Então Deus o abandona à sua própria natureza no sentido de que respeita esta liberdade que é na verdade um reflexo de sua absoluta liberdade. Só uma divindade Livre suportaria criar seres livres que poderiam não o aceitarem. Lembrem. Os homens amaram mais trevas do que a Luz. E por isso podem sim, permanecer em densas trevas como disse Jesus. E com absoluta certeza nenhum pai ou mãe aqui e agora quer sequer imaginar que um filho seu vá para parar num tormento terno. Mas depois se isto vier a acontecer este amor paternal não haverá mais pois como disse não os ver mais como se os filhos que tiveram. Mas não se alegram com isto. Nunca.! O certo seria, a possibilidade de haver no inferno pessoas com quem tivemos laços carnais nesta terra não pertuba a felicidade e a glória dos santos. Esta sim é uma visão digna do Evangelho e não aquela que parece transmitir que os santos, mesmo que seja para glorificar a justiça de Deus, se alegram com a desgraça dos outros.
Francisco, concordo com praticamente tudo e faço apenas dois comentários:
1. Se por “eles [os bem-aventurados] não veem mais os que foram filhos, pais e mães como se ainda fossem seus filhos” você está querendo dizer que não existem mais os afetos e sentimentos humanos desordenados, então sim, é isso mesmo. Está correcto.
2. A “alegria da bem-aventurança eterna” é a posse de Deus, que inclui Deus Inteiro, Amor e Justiça e, portanto, inclui (embora obviamente não se limite a isto) a manifestação da Justiça Divina na punição dos maus. Como eu já disse, não tem nada a ver com sadismo nem com uma mesquinharia do tipo “tá vendo, bem feito, seu miserável” – estas coisas, você pode ter certeza de que não existem no Céu.
Abraços,
Jorge
Caro Francisco.
Quem vai para o inferno??
Apenas vai para o inferno quem odeia e rejeita o bem e aceita e ama o mal.
O que nos entristece não é a pena ou castigo aplicado, mas a penetração que o mal fez na alma de nossos amados.
Não nos cabe julgar a Deus, mas confiantes estarmos felizes e tranquilos com o julgamento justo que devemos ter, estaremos felizes por estar sob o julgamento de Deus e ficarmos felizes por sabermos que todos os vereditos são justos e perfeitos.
Enquanto estamos nesta vida e nosso amor pode ser útil na salvação de quem nos está próximo, esforcemo-nos. Depois, quando em nada pudemos ajudar, se sobrar algum sentimentalismo humano, é quase certo que para nada servirá.
A verdade dita de forma direta dói e machuca nossa sensibilidade.
Mesmo que Santa Catarina de Sena não tivesse dito estas palavras e ainda procurássemos minimizar o mal que está na alma de quem vai para o inferno, por ser nosso próximo, ficamos felizes com todo julgamento que vem de Deus.
Mas facilitando. Ficamos felizes com as Decisões de Deus, sobre o destino de cada alma, sabemos nenhuma irá para onde não deve ir.
“você está querendo dizer que não existem mais os afetos e sentimentos humanos desordenados, então sim, é isso mesmo. Está correcto.”
Isto mesmo Jorge. Foi apenas neste sentido.
Muito me espantou tantos comentários de pessoas que não entendem que no Céu ficaremos felizes porque os inimigos de Deus foram subjugados e que o mal definitivamente foi derrotado.
Antes do Céu e do Inferno teremos o Juízo Final, onde cada falta de cada pessoa, assim como suas conseqüências, serão expostas a todo o Universo. Ninguém irá para o Inferno sem que todos saibam que mereceu(e, portanto, que foi BOM, JUSTO e BELO que ele fosse) para lá.
Os inimigos de Deus(portanto também nossos) estarão lá. Começando pelo Inimigo de toda a espécie humana, mas incluindo todos os seus asseclas e imitadores. Isso é razão de júbilo e de louvor a Deus pelo seu Poder e Justiça imensos.
Como o amor de alguém por um seu parente pode ser maior que o amor desse mesmo alguém por Deus?
No Apocalipse não clamam os santos para que Deus apresse a sua Justiça e vingue logo os pecados cometidos contra eles?
Acho que as pessoas que se escandalizaram com as palavras de Nosso Senhor a Santa Catarina não devem ter passado muito tempo meditando sobre as realidades eternas.
Desde antes de eu ser católico, e ainda muito antes de eu saber que Santa Catarina de Sena existia ou o que ela tinha escrito, apenas baseado na Bíblia eu já havia chegado às mesmas conclusões que Santa Catarina de Sena expõe.
Não há nada nesse texto dela que não seja atingível pela Razão baseada na Revelação.
Aproveitando o tópico interessantíssimo, três dúvidas:
Quando morremos não vamos diretamente para o Céu ou para o Inferno, certo? Esperamos o Juizo Final, certo? Mas… onde?
E se esperamos: como aquele ladrão que foi crucificado ao lado de Jesus e se arrependeu antes de morrer pode ter um encontro com Cristo no Paraiso “ainda hoje”?
E por último, uma que sempre me afligiu: a religião sempre falou onde vamos depois de morrer… mas nunca fala DE ONDE VIEMOS? Do “nada”? Diretamente de Deus? Deus cria a cada dia milhões de novas almas?
Vamos apenas em espírito ao Céu ou ao Inferno. Apenas iremos completamente para lá no Fim dos Tempos, após a ressurreição.
Então, em vista do que eu disse anteriormente, seria possível argumentar que, estando apenas em espírito e não tendo ainda passado pelo Julgamento Final, não se saberiam ainda todas as faltas e, por isso, não se teria toda a certeza da maldade dos que estão no Inferno ao ponto de alegrar-se pela punição.
Mas eu duvido que, estando diante de Deus, na visão beatífica, alguém possa duvidar da Sua Justiça.
Ele estaria em espírito no Céu ainda hoje.
OU, estaria ainda hoje em corpo e espírito, se você for levar em consideração as teorias de que o Juízo Final acontece logo após a morte estando na eternidade e, portanto, fora do tempo. Mas se não me engano o Cardeal Ratzinger rebateu essas teorias, pelo menos em parte.
Cria almas novas todo dia. Assim como criou o Universo todo DO NADA(ex nihilo), cria ainda mais almas DO NADA.
O Catecismo da Igreja Católica fala isso, as versões anteriores já falavam isso e vários Doutores da Igreja também falaram isso, se não me engano.
—
Hoje, pensando no tema, me lembrei de duas coisas:
1- São Mateus, X, 34-36
A palavra de Deus separa os homens e volta-os contra a sua família. Só entrará no Céu quem amar mais a Deus que aos homens, sejam estranhos, conhecidos, familiares ou(e principalmente) nós mesmos. Não há espaço para respeito humano onde não há respeito a Deus.
2- E logo em seguida, lembrei-me de Santa Mônica, que não abandonou seu filho Agostinho, mas passou a vida vertendo lágrimas e implorando a sua conversão.
a)Não se deve odiar o pecador, mas o seu pecado.
b)Enquanto vivemos há sempre chance de conversão(e Deus nos dá todas as chances necessárias).
c)Santa Mônica não se escandalizava com os sofrimentos dos quais seu filho padeceria no Inferno mas aceitava-os e aceitava que eram Justos e Bons. Não rezava pedindo para que Deus não o punisse sendo ele pecador, mas, amando mais a Deus que seu filho, pedia que Agostinho abandonasse o mal e também passasse a amar a Deus, livrando-se assim das penas eternas por estar junto de Deus.
E, por fim:
Ou seja, se eles “até se alegram” quer dizer que essa alegria é menor e secundária. O principal é a falta de perturbação. Os santos não ficam observando avidamente os tormentos infernais, senão quase os ignoram, sabendo, com alegria, que são frutos da Justiça Divina e portanto Bons e merecidos.
Guilherme, diante dos meus últimos comentários, é claro que não concordo com quase nenhuma das suas explicações, melhor dizendo, elas não satisfazem meus questionamentos e são totalmente dissociadas de lógica, pelo menos para mim. Até concordo em parte no sentido de que as almas “salvas” compreendem e se alegram com a Justiça Divina, embora, no meu modo de pensar, ela não tenha nada a ver com danação eterna.
Em todo caso, fiquei com uma dúvida: como os católicos entendem o fato de haver um Juízo Final e essa questão de ir temporariamente (não sei se foi isso que vc quis dizer), em espírito, para o céu ou inferno? E qual o sentido, para os católicos, de se ir ao Céu também em corpo físico? Sei que todos vocês amam a doutrina da Igreja Católica e a seguem de forma coerente, mas é que é muito estranho para mim entender boa parte disso tudo.
Se puder responder, agradeço.
Mariana, infelizmente esse assunto eu ainda preciso estudar mais. =P
Além do mais não sei exatamente qual a tua dúvida.
Mas o sentido de ir para o céu em corpo físico glorificado é a promessa de Cristo da ressurreição dos corpos no Fim dos Tempos.
—
Eu é que te pergunto: por que você pensa que a Justiça Divina não tem nada a ver com a danação eterna?
Fui reler teu primeiro comentário, Mariana, e não tenho como concordar com nada que o Dr. Bezerra de Menezes diz ali.
“não creio em PENAS ETERNAS porque Deus é Pai.”
Não vejo porque um Pai não possa ser Justo e punir quem merece.
O inacreditavel é o amor de Deus, que nos possibilita a reconciliação e a entrada no Céu; o Inferno e suas penas são a conseqüência lógica das ofensas que a Ele fazemos aqui.
“Não creio que o mal possa vencer o bem eternizando-se como este no reino de Satanás, não creio que o espírito criado pelo senhor possa fazer lhe frente resistir-lhe e destruir os planos e ver que o senhor permita isso, servindo-se do rebelde para castigar o rebelde por que nesse caso Deus não criou o homem para o bem e felicidade.”
Aqui o erro dele me parece ser achar que a eternidade Inferno é o triunfo do mal, e que o Inferno é como um quintal onde o maioral é o Diabo(como nos desenhos infantis).
Obviamente não é assim, a eternidade do Inferno é a derrota irreversível do mal e o Diabo deve ser o mais atormentado de todos os seres que existem lá.
E o “Reino de Satanás”, se existe, é o mundo físico onde vivemos, tanto que Jesus Cristo se refere ao Diabo como o “príncipe deste mundo”. Ou, mais precisamente, o Reino de Satanás era o mundo físico antes da Redenção proporcionada por Cristo; o Diabo, após a morte e ressurreição de Nosso Senhor, já está mais do que derrotado.
Mariana,
Haverá um Juízo Final para que a Justiça possa ser completa, e todas as obras boas e todas as obras más de todas as pessoas possam ser conhecidas por todos.
Na (terrível!) hora da morte, há um juízo particular – entre a pessoa e Deus somente – na qual é proferida a sentença divina e a pessoa vai para o Céu ou para o Inferno (ou para o Purgatório, para se purificar para o Céu – todos os que estão no Purgatório vão para o Céu).
Sim, o que tem? É mais ou menos isso mesmo: as almas estão temporariamente separadas dos corpos, entre a morte e a Ressurreição Final.
O sentido é
1] o homem é composto de corpo material e alma espiritual como um binômio matéria-forma. A alma humana existe como forma do corpo (e deste corpo específico; de onde, aliás, mais uma vez a doutrina espírita mostra-se totalmente incompatível com a filosofia clássica, uma vez que pressupõe que a mesma alma possa animar corpos distintos, o que é um absurdo filosófico) porque foi criada assim por Deus e, portanto, é assim – do jeito “original” que Deus criou – que ela deve gozar a sua bem-aventurança eterna ou padecer o seu eterno castigo.
2] o pecado original atingiu não somente a alma (privando-a do céu) como também o corpo (sujeitando-o a doenças, à morte, à concupiscência, etc.). Ora, a graça é maior do que o pecado porque o Bem é maior do que o mal; como o pecado estragou também o corpo, é mister que a graça resgate o corpo também, sob pena do pecado ser maior do que a redenção [= o pecado ter corrompido algo que a Graça não é capaz de redimir].
Abraços,
Jorge
Uma pessoa muito amiga minha, de família muito católica, me disse que lhe haviam mostrado que a doutrina espírita era mais ligada à razão, respondia melhor suas necessidades, devia ser mais verdadeira.
Fiz uma leitura rápida do livro dos espíritos, e apenas copiei alguns trechos referentes à razão. Nem sei se algo ficou fora de contexto, mas para minha amiga foi suficiente, para manter-se católica.
A Razão sustenta o Espiritismo”
Jorge, acho que entendi um pouco, apesar de ainda discordar, pois, para mim, não faz sentido senão por obediência que os católicos devem ter à sua Doutrina. A sua última frase, porém, encaixa-se, em parte, com o que eu penso sobre tudo isso: “[= o pecado ter corrompido algo que a Graça não é capaz de redimir]”. É por isso que eu acho que, mesmo que haja uma longa punição para as almas degeneradas (muito pecadoras e que não encontraram o arrependimento), mesmo que essa possa durar séculos, o que representa, em termos de duração, bem mais que a nossa vida corporal, não creio que haja uma punição eterna, pois, como na sua frase (embora eu a esteja aplicando em um outro raciocínio), não acredito que haja qualquer falha que não possa ser redimida pela Graça e Misericórdia Divinas. Vi que você escreveu que como o atingido é Deus e que este é infinito, o resgate, por isso mesmo, seria infinito, convertendo-se, no casos dos condenados, em penas eternas. Mas a infinitude de Deus, para mim, é, sobretudo, de AMOR e, quem ama, perdoa. Tá legal, eu também sei que é uma infinitude de Justiça e, por isso mesmo, mais uma vez, não acredito em pena eterna., pois fere o conceito que eu tenho de justiça achar que uma pessoa que viveiu 80 anos, sendo estes em sua quase maioria, de pecado e, por estes, vá pagar por uma eternidade. Não é proporcional, não é justo. Na minha concepção, se este pecador arrepender-se sinceramente e apresentar desejo de mudança e de aceitar a graça divina, ainda que isso só ocorra depois de um longo tempo de sofrimento pós-morte, Deus lhe estenderá a mão. Mas sei que pensamos de forma diametralmente opostas, não quero esquentar discussões vãs (no sentido de que não vamos nos convencer a mudar de religião).
Agora, Jorge, tire-me, por gentileza, mais uma dúvida, aliás, são algumas:
1) Que tipo de pessoas, em tese, vão para o Purgatório? Digo em tese, porque só Deus o sabe de fato;
2) Se são pessoas ainda com falhas e que terão uma nova chance de se arrepender em um lugar que não é o Céu, isso não anularia, de certo modo, a vida? Não é, para você, um pouco de incoerência?
3) O limbo existe para a Igreja Católica? Se sim, o que significa exatamente? É como um purgatório para crianças?
Grata pelas informações.
Mariana
Mariana,
A infinitude de Deus é sem limites e não tem “uma infinitude maior do que a outra”. Tanto o Amor quanto a Justiça são infinitos.
Pessoas que morrem em estado de Graça [= tendo confessado os pecados mortais], mas ainda com penas temporais a pagar.
“Pena temporal” é uma pena devida ao pecado (mesmo aos já perdoados quanto à culpa). Todo pecado tem uma culpa e uma pena. A culpa leva ao Inferno e é perdoada no Sacramento da Confissão (ou então por um ato de contrição perfeito na impossibilidade de confessar-se, ou pela Graça Santificante no caso dos pecados leves), e a pena precisa ser paga (ou neste mundo, ou no Purgatório) ou então pode ser indulgenciada (pelas indulgências).
Não, ninguém tem “nova chance” de se arrepender em lugar nenhum. O Purgatório é, como explicado, um lugar para as pessoas que já estão arrependidas mas ainda não pagaram as penas temporais devidos pelo pecado.
Todo mundo que está no Purgatório vai ao Céu, passado o tempo de purificação.
Sim.
Não, o limbo é o “lugar” onde ficam as pessoas que não têm culpas próprias (e, portanto, não podem ir ao Inferno) mas também não têm a Graça Santificante por não terem sido batizadas (e, portanto, não podem ir para o Céu).
É o lugar onde ficavam os justos do Antigo Testamento, até a morte de Cristo.
É também o lugar – aqui, não é dogma, e sim hipótese teológica – onde ficam as almas das crianças mortas sem batismo.
E, pelo menos em princípio, pode ser também o lugar onde ficam as pessoas que não têm pecados mas também não têm batismo nem sequer de desejo (se é que existem estas pessoas – mas o exemplo é útil porque serve para explicar o conceito).
Abraços,
Jorge
Entendi. Obrigada pela sua boa vontade em responder.
É difícil mensurarmos o quão responsáveis somos pelo destino eterno da alma de outros. Santanás não sai do inferno também por ser responsável na queda de outros. As palavras introdutórias deste post parecem desconsiderar isso. Tentar é pecado!
Eu não devo simplesmente achar-me a caminho do Céu se “apenas desejar” o Céu a outros, sem suficiente esforço para impedir que eu mesmo seja responsável pela queda deles. Se caem por minha causa, consequentemente caio junto com eles, na medida em que sou consciente disso.
Jorge Ferraz comentou:
Em toda essa discussão, parece que têm sido confundidos estados de alma terrenos (temporários) e estados definitivos (no Céu, ou no Inferno).
Quando Jorge fala de bons e maus, acima, acredito que ele esteja se referindo a bem-aventurados e condenados. Certamente, ele não está usando parâmetros terrenos. Enquanto vivemos esta vida, somos maus todas as vezes que pecamos, e bons quando não pecamos.
Jorge Ferraz comentou:
Apesar de que os bem-aventurados não se tornam oniscientes…
É bom esclarecer o seguinte: o fim último de todas as coisas – e de todas as pessoas – é a glória de Deus. Assim, todos, querendo ou não, darão glória a Deus. Os que se salvam dão glória a Deus por sua infinita misericórdia. Os condenados também glorificam a Deus, contra a própria vontade, porque revelam a sua infinita Justiça. O triunfo final, portanto, é sempre e só do Bem (Deus), que é Justiça e Caridade.