E, em plena segunda-feira, o Ícone de Nossa Senhora e a Cruz da Jornada Mundial da Juventude chegaram a Recife. Em plena segunda-feira, após o trabalho, mandei-me para o Marco Zero; não pude ver a chegada da Cruz e nem a Missa (que foram de tarde), nem a procissão dos símbolos da JMJ saindo da igreja do Nóbrega até a Madre de Deus (idem). Cheguei somente a tempo de ver os shows na grande praça. As pessoas estavam lá, pelo que eu entendi, desde as três horas da tarde; no entanto, estavam ainda cheias de energia. Eram onze horas da noite e era uma segunda-feira: a juventude do Papa, não obstante, estava lá, e estava firme, e estava forte.
Sim, eu sei, não é um evento de aprofundamento catequético e nem de exercícios inacianos de espiritualidade. Eu sei, não tem nada a ver com isso, porque o objetivo aqui é outro totalmente diferente: é mostrar número e força, é um evento (não exclusivamente, mas com um indiscutível aspecto) midiático para servir de eloqüente resposta pública aos que advogam pelo fim da religião ou pela sua perda de influência entre as gerações mais jovens. Contra os argumentos falam os fatos: eu fui ontem ao Marco Zero, e os jovens se fizeram – e muito – presentes. Apesar de ser segunda-feira à noite.
Vinham em grupos dos mais diversos lugares: muitos ostentavam as camisas das suas paróquias, grupos de orações ou pastorais. Outros – muitos outros – envergavam a camisa do “Bote Fé Recife”, com o lema da pré-jornada estampado em um estandarte colorido como sói serem os de nosso carnaval. Não eram pessoas que “caíram ali” do nada: eram jovens que, sem a menor sombra de dúvidas, saíram de suas casas para participar de um evento católico no centro da cidade. Não eram santos e não eram perfeitos, mas e daí? Eu tampouco o sou. Foram chamados e lá estiveram, e fizeram bonito; missão dada, missão cumprida.
No fim da noite, o show da banda Anjos de Resgate. Muitos poderão questionar acidamente o estilo musical deles e dizer que isto não é catolicismo nem conversão e que blá-blá-blá; ora, poupem-me da ladainha. Não era uma missa, era um show. Era “música de jovem”. E, no meio daquelas músicas, havia e há elementos de piedade verdadeiros. “Te amar por quem não Te ama, Te adorar por quem não Te adora” ou “a Cruz Sagrada seja a minha luz; não seja o Dragão meu guia” são orações, independente da forma como sejam proferidas. “O Céu inteiro está rezando por ti; / anjos e santos intercedem por ti” é uma consoladora verdade teológica. As músicas sobre a amizade – como “amigos, pra sempre, dois amigos que nasceram pela Fé” ou “nós somos mais que amigos, somos anjos que o Senhor enviou” -, a despeito do exagero que a gente credita à licença poética, exaltam de maneira bonita esta importante virtude natural que somos chamados a sobrenaturalizar. E (embora não tenham cantado, é uma das minhas preferidas) narrar o diálogo entre a Virgem Santíssima e o Arcanjo Gabriel com “- Por que teus lábios tremem tanto assim? Por que não tiras teus olhos de mim? / – Há tanta graça em estar diante de Ti; e o Céu inteiro espera por Teu sim!” é uma bonita forma de proclamar as glórias da Bem-Aventurada Mãe de Deus.
Ao final, ainda tive a chance de subir no palco. E tocar na Cruz! Na Cruz que esteve comigo em Madrid – no peito eu carregava a minha pequena cruz que veio da JMJ do ano passado -, ou melhor, na Cruz que esteve acompanhando tantos jovens ao longo de tantas Jornadas Mundiais da Juventude desde 1984. Era o que dizia a inscrição assinada por João Paulo II e assim datada. As palavras do Beato praticamente ressoavam em nossos ouvidos: “não tenhais medo!”. Sim, Santidade, nós não queremos ter medo. Sim, nós queremos fazer a diferença. Sim, nós queremos viver como Cristo espera que vivamos. Estamos aqui! Que o caminho da Cruz pelo Brasil possa derramar graças por onde quer que Ela passe. E que preparemos bem a Jornada do Rio de Janeiro. Pode vir, Santo Padre! Nós o esperamos ansiosamente.
Eu como bom pernambucano gostaria também de ter visto esse momento de fé na minha terra natal. Mas fico feliz em saber que muitos estiveram lá e rezaram por mim e comigo!
Belo texto! parabéns!
O ruim é ter que escutar música protestante,(a do vídeo) cantada por uma banda católica num evento oficial católico,de resto… Viva o Santo Padre Bento XVI.
Caro Jorge, sem dúvida, para mim, um dos melhores textos que já vc redigiu. Concordo plenamente.
Música jovem? Isso é puro lixo protestante, isso sim.
Esse evento apenas mostra a triste realidade da Igreja Católica no Recife. Em que pese o símbolo do ícone de Nossa Senhora, pensaria se tratar de um evento protestante. E certamente a espiritualidade que perpassa esses jovens modernos da Igreja, é uma espiritualidade protestante.
LAMENTABILI.
Deus proteja o Papa da dita juventude católica. Trio elétrico não combina com oração, nem catolicismo.
A Igreja preocupada com número? Com força midiática? Peraí, o Silas Malafaia agora virou padre?
Santo Inácio de Loyola, que arregimentou valentes jovens, dizia que quando os jesuítas ultrapassassem de 15, a ordem estava perdida. E que ele lamentaria apenas alguns minutos pelo insucesso.
Uma alma santa vale mais do que uma multidão de gente cantando uma falsa alegria e uma falsa espiritualidade.
Essa música costumava ser tocada todos os domingos na Missa após a comunhão. E o povo cantava a plenos pulmões (inclusive o Padre).
e tem gente reclamando só porque foi tocada em um evento católico.
Muito Linda essa música do Régis Danese!
Gostei apenas de uma coisa nesse texto do Jorge!O fato de ele ter desmentido os que advogam a causa ateísta afirmando que a religião está chegando ao fim com as novas gerações!
Muito pelo contrário!!!!!!!!!!!!!!!!A força da Igreja é a juventude!
Na Igreja que eu sou membro,Assembléia de Deus,também existe essa polêmica quanto as músicas “animadas”,porém em marchas,shows…eu também penso que não tem problema desde que seja tudo com decência e ordem!
Caros,
Na verdade, “a triste realidade da Igreja Católica no Recife” é mostrada por incontáveis outras coisas, mas não por este evento. Neste, como eu disse, a juventude (com a maior boa vontade do mundo) se fez presente para fazer o que foi chamada a fazer.
A idéia subjacente à história dos “quinze jesuítas” é patentemente absurda. Por esta lógica, a Igreja começou a ficar “perdida” aos primeiros discípulos dos Doze!
A “música jovem” à qual me referi (se o texto for lido direito) foi a do show de Anjos de Resgate, e não à que toca no vídeo.
Abraços,
Jorge
Ok
É bem típico dos louvores da Canção da Nova, pra não dizer que é similar tb aos cultos protestantes, como no caso da música do vídeo.
De qualquer, considerando que não trata de Missa, em que se deve seguir todo o ritual oficial (se é que na prática isso tem ocorrido), o que abunda não prejudica, já que se trata de um louvor.
Em primeiro lugar a frase não é tão absurda assim. De fato o santo não errou. É somente reparar os jesuitas de hoje.
Em segundo lugar: os jesuítas não são e nem pretenderam ser uma Igreja. Às vezes o número prejudica.
Essa espiritualidade expressa por esses jovens é repleta da falsa alegria protestante. Parecem protestantes.
Foi e é uma
Antônio,
Você tem um problema sério. Se trate, meu caro. Acorde pra vida!
aqui em vitoria de santo antão foi uma verdadeira aberração: trio elétrico com musico fantasiados, musicas bauanas/catolicas(?), dois padres modernistas (um pediu votos para Dilma) e nada de reverencia com os símbolos.
O que salva o evento é a cruz da JMJ por que as músicas protestantes e o clima de carnaval fora de época entristecem.
Eu, particulamente acho que os “Bote Fés” deveriam ser padronizados, onde cada diocese ou arquidiocese seguiria a risca uma receita, pois deixá-las soltas organizando vira muitas vezes um desastre.