Maria Clara: geneticamente selecionada para curar a irmã

Não posso deixar de registrar a excelente cobertura que a Gazeta do Povo, de Curitiba, deu ao caso da menina gerada por meio de fecundação artificial e que foi geneticamente selecionada para salvar a irmã de uma doença (aliás, há um filme de 2009 – My Sister’s Keeper – com a mesma temática).

Irmãos feitos para salvar irmãos, por Salmo Raskin: “Há o risco de a criança que veio ao mundo para salvar seu irmão se sinta diferente quando compreender o que motivou o seu nascimento. Traz à tona o temor de que possa estar mais próximo o dia em que também será aceita a seleção de embriões por fatores não ligados a doenças, ou até a manipulação de material genético de embriões”.

Bebê-medicamento é uma solução?, por Lenise Garcia: “Sorte de Maria Clara, que, por ser saudável e compatível, sobreviveu. Mas ela saberá, ao longo de sua vida, que não foi escolhida por ela mesma, mas apenas por alguns de seus genes. E Maria Vitória saberá que teve mais sorte ainda, por ter sido concebida naturalmente, pois se ela fosse fruto de uma fertilização in vitro teria ido para o ralo”.

Os limites da Genética, por Gazeta do Povo (Editorial): “[E]mbriões, saudáveis ou não, acabam indefinidamente congelados ou são simplesmente descartados – a “solução” mais comum, nas palavras do próprio médico que atendeu os pais de Maria Clara. São seres humanos cujo único “defeito” foi não ter os genes corretos – ou também apresentariam talassemia ou, mesmo sendo saudáveis, não tinham as características exigidas para proporcionar a cura de Maria Vitória. Deve-se ressaltar que eugenia é eugenia independentemente de ocorrer no útero, em laboratório ou mesmo após o parto, e também independe do objetivo da seleção; do contrário, acaba-se legitimando o pensamento de que os fins justificam quaisquer meios”.

São opiniões excelentes que carregam ainda o mérito de serem exceções honrosas: tomadas de posição assim não são facilmente encontradas na grande mídia nacional. O serviço que o jornal paranaense presta à sociedade brasileira é inestimável. Não deixem de escrever para o jornal (clicando aqui (para o terceiro texto), ou por meio do email: leitor@gazetadopovo.com.br) parabenizando-o pela linha editorial que vem adotando, e que está – na contramão de parte esmagadora da imprensa brasileira – em sintonia com os princípios e valores do povo brasileiro.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

5 comentários em “Maria Clara: geneticamente selecionada para curar a irmã”

  1. Tão comum é um irmão se sentir menor do que o outro!  Mas num caso desses, do post, o caçula poderá justificadamente dar atenção ao fato de que — desde a concepção — é, na consideração dos homens, algo menor do que seu irmão. Este foi nada mais nada menos do que “a razão” de sua existência, ao menos para todos aqueles que decidiram trazê-lo à existência sob essas condições.

    Seres humanos foram coisificados; um sobreviveu.

    Nota: eu sou filho mais velho dentre três, e meu irmão caçula teve “razões históricas” suficientes para sentir-se menor do que eu. Porém, nada tão indiscutível como isso dessas duas irmãs. Nem de longe eu posso ser tido como razão da existência do meu irmão, para ninguém!

  2. A extrema realidade dos fatos não se conhece.  O que se conhece é o que a mídia divulga. Na suposição de que a mídia tenha esgotado as razões da decisão familiar e que esta tenha procriado exclusivamente para servir de remédio para outro membro familiar, o que eu duvido, então sim há um erro ético na decisão da família. Mas este é um juízo sobre uma informação e não sobre pessoas. De qualquer modo, mesmo que eu tivesse sido criado exclusivamente para curar meu irmão, eu pessoalmente me sentiria justificado plenamente e agradecido aos meus pais por dar tamanho significado á minha existência ainda que ela seja maior que esse significado específico.

  3. Agora que eu li a matéria e vi que houve seleção de embriões. Hummmmmm. Que abacaxi! A ética do caso não está na procriação programada, mas na seleção de embriões. O que se fez com os embriões rejeitados, e que aliás apresentavam o mesmo defeito genético por isso foram rejeitados? Cruzes! Que encrenca!

  4. Eis a hipocrisia do INFERNO, catequistas do mundo inteiro que pregam o ABORTO, LIVRE, TOTAL E IRRESTRITO, estão gritando ao mundo inteiro que EMBRIÃO HUMANO, nem ao menos é ser humano, usam todo tipo de discurso contra o embrião, o chaman de tudo, PARASITA DO HOSPEDEIRO MULHER, NÃO-HUMANO, AMONTOADO DE CÉLULAS, ETC…. Mas veja, SE O EMBRIÃO FOR BATIZADO DE MARIA CLARA AINDA NO VENTRE, ENQUANTO OS QUE FICARAM NO LIMBO DE ALGUM TUBO DE ENSAIO JAMAIS TERÃO UM NOME, Este embrião sim, COMO ELE SERVE AOS MEUS INTERESSES EGOÍSTAS, ele automaticamente, VIRA PESSOA, SER HUMANO, BEBÊ, MARIA CLARA, LHE É CONCEDIDA A CONDIÇÃO EMÉRITA, HONORIS CAUSA E OUTRAS HIPOCRISIAS, Bem já aqueles nove embriões que não me servem para nada, ESSES NÃO TEM MÉRITO NENHUM, eles são batizados sim, mas de PARASITAS, NÃO-HUMANOS, PUNHADO DE CÉLULAS QUE PODEM SER PATENTEADAS E VENDIDAS NO MERCADO CIENTÍFICO DA MEDICINA INFERNAL.

    TE SUPLICO MEU JESUS, VENHA LOGO, COM URGÊNCIA SENHOR !!!!

Os comentários estão fechados.