Gayzismo e saúde pública

Três notícias sobre o assunto merecem a nossa atenção:

1. A (já antiga) denúncia, do início do ano, de que a prática conhecida como “barebacking” está crescendo no Brasil.

2. A denúncia do Julio Severo de que Projeto de Lei 3960/2008, referente ao Ministério da Pesca e Aquicultura, está servindo, subrepticiamente, à causa gayzista no Brasil.

3. A excelente entrevista com o Cardeal Janis Pujats, arcebispo de Riga (Letônia), na qual Sua Eminência Reverendíssima afirma (entre outras coisas excelentes) que “a perversão sexual não pode ser tolerada na esfera pública”.

O que essas coisas têm a ver umas com as outras? A primeira notícia é uma denúncia de um fato já existente – feita aliás com uma coragem admirável e digna de menção, dada a Ditatura Gay na qual nós praticamente já vivemos – e o destemor de classificá-lo como “caso de saúde pública”. A segunda, é uma denúncia de manobras políticas escusas, imbuídas de ideologia gayzista, que propiciam o surgimento, a manutenção e a multiplicação de fatos como os denunciados na primeira notícia. Por fim, a terceira delas é uma denúncia da ideologia gayzista em si, que motiva as manobras políticas escusas às quais se refere a segunda notícia. Têm tudo a ver, portanto, as três coisas: condicionam-se uma à outra, encaixam-se à semelhança de uma cadeia de causa-efeito, são como que as diversas fases de um único processo cujos produtos finais  não podem ser senão trágicos.

Alguém poderia contra-argumentar, dizendo que o homossexualismo não tem nada a ver com o “barebacking”, visto que nem todos os homossexuais são adeptos desta prática e, igualmente, nem todos os adeptos desta prática são homossexuais – e, assim, todos os encadeamentos que eu estou fazendo aqui não passam de sofismas baratos. Negativo. A ausência de uma relação biunívoca entre os dois conjuntos (dos homossexuais e dos “barebackers”) não muda o fato de que eles são muito afins. Ademais, o foco do problema não é tanto esse; o cerne da questão pode ser sintetizado naquilo que disse o cardeal Pujats em sua entrevista: “não é permitido extirpar o limite entre o bem e o mal, entre o que é permitido e o que é proibido, claramente estabelecido pela Lei divina”.

A promoção do homossexualismo na esfera pública é, de per si, a afirmação de que a Lei Natural não tem importância, e isto é precisamente a destruição dos limites entre o bem e o mal. E a abolição destes limites é, sem dúvidas, causa de incontáveis males para a sociedade: afinal, se está “tudo bem” com o homossexualismo, qual o problema com a promiscuidade, contanto que seja consentida? Qual o problema com as orgias como as narradas (de maneira tão repugnante!) pela reportagem do Jornal do Brasil? Qual o problema com o barebacking? Em uma palavra: se a sociedade esforça-se para demolir o fundamento moral do certo e do errado… como pode ela esperar conter os “casos de saúde pública” que sejam conseqüência direta desta demolição? Não dá para criar o monstro e vir depois lamentar a destruição por ele causada, prometendo ao mesmo tempo acabar com esta e preservar aquele.

Em suma, não adianta simplesmente resolver os casos específicos: é necessário cortar o problema pela raiz. É impossível tolerar as perversões morais e, ao mesmo tempo, desejar resolver os problemas decorrentes desta tolerância: isso não faz o menor sentido. É necessário combater – e não promover! – as depravações; é necessário que a discussão seja feita no nível conceitual, sem sentimentalismos baratos, sem a patrulha da Gaystapo, sem a ditadura do relativismo, sem os preconceitos contra a Igreja. E, de nossa parte – católicos! – é necessário que não nos calemos. “Para debelar as trevas, é necessária a luz”, como disse o Arcebispo de Riga, que disse também: “O fato é que o silêncio foi um erro nos países onde o homossexualismo já obtivera direitos”. Afirmemos corajosamente a Fé Católica e Apostólica, defendamos a Moral da Igreja. E termino com mais uma citação da (excelente!) entrevista concedida por Sua Eminência:

Devemos dizer que a perversão sexual não pode ser tolerada na esfera pública, para que tal desordem não se transforme em um mau exemplo para toda a sociedade. Se alguém tem inclinações para o vício, este deve ser disciplinado e tratado. Não se pode legalizá-lo ou protegê-lo, invocando a noção erroneamente aplicada de direitos humanos. O homossexualismo não é uma orientação sexual, mas uma perversão sexual.

Inventando oposições

Sobre um comentário que foi aqui feito, referente a algumas declarações da CNBB, cumpre dizer quanto segue:

1. A notícia foi publicada, entre outros lugares, no Diário de Pernambuco (CNBB desautoriza excomunhão), na Folha de São Paulo (Para CNBB, excomunhão não vale para mãe de menina estuprada por padrasto) e em G1 (Para CNBB, ninguém foi excomungado em caso de aborto de menina de 9 anos).

2. A notícia que realmente interessa, no entanto, é aquela que foi publicada no próprio site da CNBB (CNBB fala sobre o caso a menina violentada em Alagoinha).

3. Basta dar uma simples olhada nos links acima citados para se ver que as notícias reproduzidas pela mídia secular não têm nada a ver com o que a CNBB efetivamente disse. Qualquer pessoa com mais de dois neurônios consegue ver perfeitamente isso.

4. As reportagens foram cretinamente distorcidas pela mídia; o Marcio Antonio já fez comentários muito pertinentes sobre o assunto no seu “Eles não sabem o que escrevem”.

5. A notícia veiculada no site da CNBB – ao contrário das que saíram na mídia – afirma categoricamente que a excomunhão “precisa, sim, ser tratada”; portanto, contrariando frontalmente as notícias publicadas pela mídia secular, a CNBB não “desautorizou” excomunhão alguma, nem afirmou que “ninguém foi excomungado”, nem nada parecido.

6. É importante registrarmos aqui o nosso repúdio à má fé na manipulação das informações, feita por uma mídia que deseja dar a entender que a CNBB estaria dizendo uma coisa diferente daquela que foi dita por Dom José Cardoso e, assim, semear, aos olhos do público, uma discórdia inexistente no seio da Igreja.

7. Que a excomunhão automática dependa de alguns componentes subjetivos é uma obviedade que nunca foi negada por ninguém. Aliás, nunca houve, por parte do Arcebispo de Olinda e Recife, uma declaração canônica contendo os nomes dos excomungados; tudo o que fez Sua Excelência foi, sempre, afirmar que “quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae” – o que é uma citação literal do Código de Direito Canônico (tampouco negada pela CNBB).

8. De onde se evidencia, pela segunda vez, que estão inventando oposições entre as declarações de Dom José Cardoso e as da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com o intuito de desacreditar a Igreja Católica ante a opinião pública.

9. Quanto às declarações do Secretário-Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, segundo as quais (em G1): “[n]ão sabemos quem tinha consciência ou não” e “[a]té mesmo na equipe médica, depende do grau de consciência”, isso, como dito acima (n. 7), é verdade; no entanto, e data venia, esta declaração assim feita é inconveniente e desnecessária, porque (1) enseja distorções por parte da mídia anti-católica (como as mencionadas acima), por não deixar claro que não há oposição entre isso e o que declarou Dom José Cardoso; (2) pode confundir os fiéis, fazendo-os pensar, p.ex., que, se a “consciência” do abortista faz com que ele “não ache errado” o aborto que faz, ele não incorre na pena canônica, o que é falso; e (3) se o raciocínio de que as excomunhões não podem ser declaradas porque elas dependem de fatores subjetivos for levado às últimas conseqüências, vamos chegar à absurda conclusão de que nenhuma excomunhão pode nunca ser declarada, dado que os fatores subjetivos por definição escapam ao julgamento objetivo.

10. Por fim, é de se lamentar profundamente a confusão provocada pela forma como as notícias foram veiculadas; reafirmamos tanto quanto dissemos aqui ao longo dos últimos dias, e oferecemos – mais uma vez – o nosso apoio ao Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, de novo vítima das insídias de uma mídia que está determinada a crucificá-lo em praça pública pelo simples fato de ter sido Sua Excelência – até o fim – fiel à Igreja de Nosso Senhor.

Declaração da Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Olinda e Recife

logocuriaarquidioceseolindarecife

Arquidiocese de Olinda e Recife
Cúria Metropolitana

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DECLARAÇÃO DA CÚRIA METROPOLITANA
DA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE

Considerando a ampla divulgação do caso recente, ocorrido nesta cidade de Recife, de uma menina de apenas 9 anos de idade que foi submetida a um aborto, esta Cúria Metropolitana declara:

  1. Todos os esforços desta Arquidiocese foram no sentido de salvar a vida das TRÊS crianças.
  2. Nossa Santa Igreja Católica sempre condenou todas as violações graves da lei de Deus (p. ex. injustiças, homicídios, pedofilia, estupro, etc.) mas colocou em evidência quais são as violações mais graves, sobretudo o aborto que é a supressão de uma vida de um ser humano inocente e indefeso. Para cumprir mais eficazmente sua missão de convencer os fiéis a observarem esta lei de Deus, a Igreja estabeleceu a penalidade medicinal da excomunhão latae sententiae, isto é, que se incorre automaticamente pelo simples fato de cometer o delito.
  3. Não foi, portanto, o Arcebispo Dom José Cardoso que excomungou  alguém. Depois do fato consumado, o Arcebispo simplesmente mencionou a lei vigente que se encontra no Cân. 1398 do Código de Direito Canônico: “Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae”.
  4. Esta excomunhão, aplicada, automaticamente, aos adultos, – portanto, não à menina de 9 anos –  tem como finalidade a conversão de quem praticou o aborto, pois é missão da Igreja levar todos à salvação, já realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, não é uma exclusão definitiva da nossa Santa Igreja Católica, desde que os envolvidos se arrependam de seus atos.
  5. Esta disciplina foi estabelecida pela nossa Santa Igreja em todos os tempos. Recordamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica no nº 2271 (promulgado oficialmente pelo Papa João Paulo II): “Desde o século I, a Igreja afirmou a maldade moral de todo  aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Continua invariável. O aborto direto, quer dizer querido como um fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral”.
    O Papa cita em seguida as palavras do documento DIDACHÉ do I século: “Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido”.
    Em seguida, o Catecismo da Igreja Católica cita as seguintes palavras do Concílio Vaticano II: “Deus, Senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida, para ser exercido de maneira condigna ao  homem. Por isso a vida deve ser protegida com o máximo cuidado  desde a concepção. O aborto e o infanticídio são crimes nefandos”. E acrescenta: “O inalienável direito à vida de todo indivíduo humano inocente é um elemento constitutivo da sociedade civil e de sua legislação”.
    Recordemos enfim as palavras dirigidas pelo Papa Bento XVI no passado  dia  9  de  fevereiro ao novo Embaixador do Brasil junto à Santa Sé: “Desejo reiterar aqui a esperança de que, em conformidade com os princípios que zelam pela dignidade humana, dos quais o Brasil sempre se fez paladino, se continuem a fomentar e divulgar os valores humanos fundamentais, sobretudo quando se trata de reconhecer de maneira explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do nascituro, desde o momento da sua concepção até o seu termo natural. Pari passu, no que diz respeito às experiências biológicas, a Santa Sé vem promovendo incontinênti a defesa de uma ética que não deturpe e proteja a existência do embrião e o seu direito de nascer”.

Recife, 10 de março de 2009
assinaturapadrecicero

Pe. Cícero Ferreira de Paula
Chanceler  e Professor de Direito Canônico

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Quatro textos

Quatro textos, ainda não citados aqui, sobre o tsunami que, nos últimos dias, precipitou-se sobre a Igreja Católica na figura do Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, que teve a coragem de afirmar bem alto, para todo mundo ouvir, que todos os que cooperam materialmente com o assassinato de crianças no ventre de suas mães incorrem em excomunhão automática [e correlatos]:

1. Heitor de Paola:

Os meus milhões (!) de leitores sabem que não sou católico, mas me identifico com a Igreja em função da minha profissão, pasmem, pois sendo psicanalista deveria atacar as religiões porque segundo Freud, um Mestre na clínica dos distúrbios mentais, mas que também tinha sua empáfia de se meter em tudo, disse que a religião é apenas uma neurose obssessivo-compulsiva coletiva e “provou” que Moisés não era judeu, mas egípcio. Minha identificação com a Igreja é porque também sou considerado um dinossauro por continuar fazendo psicanálise e não esta mixórdia em que se transformou minha Especialidade – com E maiúsculo mesmo e sem aspas – em função da “modernidade”.

2. Olavo de Carvalho:

A presença de um pai é, hoje como sempre, a maior garantia de segurança física para as crianças. Aqueles que removeram esse pai, entregando as crianças à mercê dos amantes de suas mães, são diretamente culpados pela epidemia crescente de violência contra crianças, e são eles mesmos que tiram proveito dela, arrogando-se cada vez mais autoridade para solapar a da família constituída e colocar um número cada vez maior de crianças sob a guarda de assistentes sociais politicamente corretos.

3. William Murat:

A única diferença entre os bebês filhos de um pai normal e os que são filhos de um estuprador, como é o padrasto da menina de Lagoinhas, é que estes últimos não foram amados. Ao invés de um mundo que estivesse alegre com a expectativa de sua vinda, o que tiveram foi uma turba que lhes desejava a morte. Ao invés de roupinhas quando do nascimento, um saco plástico quando do aborto, do “expelimento”.

4. Luiz Mortágua:

Muito mais do que apoiar a “opção” pelo aborto, essa repórter parece defender que tal procedimento deve ser obrigatório em casos como esse. O problema é que no ímpeto cego de defender tal coisa, a repórter se esqueceu até de manter a coerência entre o título e o texto de sua matéria.

A excomunhão dos abortistas

[Recebi por email mais um excelente poema do Fernando Nascimento, que reproduzo aqui com muito prazer.

Infelizmente, recebi também um email de uma certa senhora contendo um cordel irreverente e blasfemo: “A excomunhão da vítima”, vergonha para a poesia nordestina. Que os versos do Fernando possam redimir a literatura de cordel; e que mais esta homenagem católica à fiel atitude de Dom José Cardoso venha se juntar ao batalhão dos filhos da Igreja, que sabem reconhecer a voz do Pastor onde quer que ela ecoe – mesmo que o inferno inteiro levante-se para a abafar.

P.S.: Ler também este cordel para o caso de Alagoinha, da autoria de Angélica dos Santos. Excelente!]

A EXCOMUNHÃO DOS ABORTISTAS
Autor: Fernando Nascimento

À Igreja, Jesus disse:
“quem vos ouve, a mim ouve …”
aí vem um cachaceiro
que não vale um pé de couve
tirar vida em gestação,
contestar excomunhão,
eita que o mundo danou-se.

Vou pedir a intercessão
do católico Zé Limeira,
pra banir da internet
um poeta de rabeira,
pago pelo presidente
para matar inocente
no bucho de mãe solteira.

Disse o Dom José Cardoso
ao presidente um dia,
“peça pro seu assessor
lhe ensinar teologia”.
Vida não é parafuso
pra mecânico barbudo
ficar falando heresia.

Esses do “bolsa família”
vivem em contradição,
dão remédio pras buchudas
e matam o embrião.
É que embrião não vota,
pra eles, é idiota
não vota nessa gestão.

Ta na Bíblia, é Mandamento
a frase “Não Matarás”,
não é um sapo barbudo
que nem pra escola vai,
criador do mensalão,
faltando um dedo da mão
que vai ser maior que o Pai.
http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom.aspx?uid=12890883198981372372&pid=1236626678341&aid=1$pid=1236626678341

Eles pra matar criança
citam a inquisição.
A Igreja não matava
e a muitos deu perdão,
a Igreja é pela vida,
já esses hereges não.
Ficam distorcendo fatos
pra ver se acham razão.

São 47 Bulas
no tempo da Inquisição
implorando pela vida
dos que tem condenação.
Aí vem os assassinos,
carrascos de pequeninos
propalar enganação.
http://caiafarsa.wordpress.com/inquisicao-matanca-geral-%E2%80%93-fernando/

No tempo da inquisição
bruxa matava criança,
oferecia a Satã
em meio a fogo e dança.
Hoje os netos dessas tais
com instintos bestiais
continuam a matança.

Os abortos de crianças
por ano é 1 milhão,
somente aqui no Brasil
veja que aberração.
Aí vem os linguareiros
pago pelos mensaleiros
contestar excomunhão.

Foi Jesus que decretou
pro rebelde excomunhão,
equivale a “publicano”,
ser chamado de “pagão”. …………………….(Mt 18,17)
se não ouvir a Igreja
não importa a fé que esteja
ta fora da salvação.

É bom saber, Dom José
não excomungou ninguém,
isso já é automático
pra quem aborta o neném,
estendido a quem ajuda,
pois, esse é pior que Judas
que mata sem ver a quem.

Luladrão e Temporão
são dois carrascos nazistas,
matadores de crianças
até se perder de vista.
cada um diz ser “cristão”,
com Cristo é “Sim, Sim, Não, Não.”,
não tem vez relativista.
http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom.aspx?uid=12890883198981372372&pid=1232724713300&aid=1$pid=1232724713300

Tinham três inquisições
no tempo da bruxaria:
a dos reis, a protestante
e outra que absorvia,
essa era a da Igreja
caluniada por inveja
pelos filhos da anarquia.

Benedict Carpzov,
matou 25 mil,
ele era protestante,
Temporão faz que não viu,
mas, cita a inquisição
com pilhéria, gozação
para matar no Brasil.

Distribuem camisinha
dizendo “sexo seguro”,
é mentira, 30 em 100
que usar vai morrer duro.
A borracha não segura
o vírus HIV,
quem confia em Temporão
muito cedo vai morrer.
http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=MORAL&id=mor0116

A mídia já foi comprada
no horário comercial.
Propaganda do Governo
virou mensalão “legal”,
apoiando o que ele diz
o dinheiro é chafariz
na TV, rádio e jornal.

Promovem libidinagens,
só pra ganhar comissão
na venda de camisinha
pros otários de plantão.
Os laboratórios sérios
alertam que os cemitérios
vão encher com Temporão.
http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=NOVIDADE2&id=ni21164

É a cultura da morte
que eles querem instalar,
abortam pra não nascer,
vão te ‘eutanasiar’,
se ocupas hospitais,
e estais velho demais
eles vão te exterminar.

Os adultos que ceifaram
a vida de inocentes
não são médicos, são monstros.
Deus vai cobrar dessa gente,
Pois, quebraram o juramento
do dia da formatura,
de jamais tirar a vida,
mandando pra sepultura.

Inventaram que a menina
corria risco de morte,
sabendo que para o povo
isso soaria forte.
Enganaram a mãe e o pai
com lábia de satanás,
duas vidas teve corte.
http://www.arquicascavel.org.br/doc/aborto_recife_outras-palavras.doc

Lina tinha cinco anos
e deu a luz um bebê,
que viveu, ficou adulto
e ela o viu crescer.
Outra tinha nove anos
deu a luz lá no Xingu,
já outra também de nove,
teve um filho no Peru.
http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020911/vid_mat_110902_36.htm
http://diario.iol.pt/noticia.html?id=704881&div_id=4071
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/12/02/ult34u169397.jhtm

Todo aquele que nasce,
mas, não quer deixar nascer,
antes de bater as botas
vai ter que se arrepender,
como fez Paulo e Voltaire
que olhando para os ares
Deus, acabou por temer.

Quando a justiça do homem
quer ser maior que a de Deus,
a do homem vale nada,
vira lei de fariseu.
Nem ministro ou presidente
tem direito a matar gente
que um ventre concebeu.

Chacotaram a igreja
por uns padres desviados
como se ela fosse isso,
mesmo os tendo afastado. http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020425/pri_Rel_250402_275.htm
Mas, esqueceram dos crentes
que tão casando veados,
sessenta e quatro por cento
dos pastores são tarados.
http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?id=853

O estuprador não foi
excomungado porquê
não matou a inocente,
na justiça vai sofrer.
Mas, os da excomunhão
tiram a vida de quem não
sabe nem se defender.

É mentira que o bispo
não levou estuprador
para ser o seu sacristão,
mas, eu digo ao senhor,
que Javé levou Moisés
e Paulo, viveu aos pés
de Jesus, o Salvador.

Sabemos, Moisés e Paulo
foram ambos matadores,
diferente desses médicos,
Deus ouviu os seus clamores,
e no arrependimento,
na hora do julgamento
no fogo não teve dores.

FIM.

Liberdade de uma opção só

A mídia é capaz de fazer coisas fantásticas e inacreditáveis. Hoje, por exemplo, encontrei uma mesma notícia, contada de formas tão escandalosamente diferentes que parecem até duas: Menina de 11 anos dá à luz no RS (Gazeta do Povo) e Burocracia pode ter condenado menina de 11 anos estuprada em Iraí, no RS, a levar gravidez adiante (O Globo).

[Quanto a este último, aliás, comentei en passant aqui há uns dias uma outra matéria do mesmo jornal que, de tão igual à de hoje, pareceu-me até a mesma… fui olhar. A que comentei então é do dia 06 de março, assinada por Cleide Carvalho e Fabiana Parajara; a que comento hoje é do dia 05 de março, assinada pela Cleide Carvalho sozinha, e claramente serviu de base para a redação do texto do dia seguinte.]

Diz a matéria da Gazeta que “[a] menina parece feliz com a maternidade, já pegou o bebê no colo”; perfeito. Existe correspondência entre o corpo da matéria e o seu título. Na matéria d’O Globo, contudo, nada que esteja no corpo da matéria justifica o título, pois naquele é dito claramente que “não houve sequer discussão sobre a possibilidade de a criança ser submetida a um aborto porque não houve pedido por parte dos responsáveis legais”.

Oras, se a menina não queria abortar, se a família da menina não queria abortar, se ninguém em momento algum falou sobre aborto, então onde raios entra a “burocracia” do título da reportagem?! Por que motivo a menina foi “condenada”?! Um semelhante título – que dá a entender ter havido uma batalha judicial (burocraticamente estendida até além do período de gestação da menor) entre os que queriam o aborto da menina e os que não o queriam – para um semelhante caso é totalmente incompreensível.

Ou, se pensarmos com mais cuidado, é bastante compreensível: os abortistas queriam que a menina abortasse. Os que fazem lobby em defesa do assassinato de crianças querem impôr o aborto a todo custo, não importa o que a menor ou os responsáveis por ela desejem. Eles, que defendem o aborto por qualquer motivo ou até mesmo sem motivo algum, simplesmente não conseguem suportar a idéia de que existam pessoas que, tendo “motivos” para abortar, optem por não o fazer. Uma belíssima contradição dos defensores do “direito” de escolha! Na verdade, para esta gente, a única escolha que se tem direito de fazer é aquela que esteja de acordo com a agenda abortista. O resto, é “negligência” dos pais, é “burocracia”, é “desinformação” e tantas coisas mais… Que coisa bonita, não?

OFF: Eu não conhecia Umbert, the Unborn. Excelente!

Carta de Bento XVI aos bispos – sobre a remissão da excomunhão aos bispos da FSSPX

[Fonte: Vaticano]

CARTA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
A PROPÓSITO DA REMISSÃO DA EXCOMUNHÃO
AOS QUATRO BISPO CONSAGRADOS
PELO ARCEBISPO LEFEBVRE

Amados Irmãos no ministério episcopal!

A remissão da excomunhão aos quatro Bispos, consagrados no ano de 1988 pelo Arcebispo Lefebvre sem mandato da Santa Sé, por variadas razões suscitou, dentro e fora da Igreja Católica, uma discussão de tal veemência como desde há muito tempo não se tinha experiência. Muitos Bispos sentiram-se perplexos perante um facto que se verificou inesperadamente e era difícil de enquadrar positivamente nas questões e nas tarefas actuais da Igreja. Embora muitos Bispos e fiéis estivessem, em linha de princípio, dispostos a considerar positivamente a decisão do Papa pela reconciliação, contra isso levantava-se a questão acerca da conveniência de semelhante gesto quando comparado com as verdadeiras urgências duma vida de fé no nosso tempo. Ao contrário, alguns grupos acusavam abertamente o Papa de querer voltar atrás, para antes do Concílio: desencadeou-se assim um avalanche de protestos, cujo azedume revelava feridas que remontavam mais além do momento. Por isso senti-me impelido a dirigir-vos, amados Irmãos, uma palavra esclarecedora, que pretende ajudar a compreender as intenções que me guiaram a mim e aos órgãos competentes da Santa Sé ao dar este passo. Espero deste modo contribuir para a paz na Igreja.

Uma contrariedade que eu não podia prever foi o facto de o caso Williamson se ter sobreposto à remissão da excomunhão. O gesto discreto de misericórdia para com quatro Bispos, ordenados válida mas não legitimamente, de improviso apareceu como algo completamente diverso: como um desmentido da reconciliação entre cristãos e judeus e, consequentemente, como a revogação de quanto, nesta matéria, o Concílio tinha deixado claro para o caminho da Igreja. E assim o convite à reconciliação com um grupo eclesial implicado num processo de separação transformou-se no seu contrário: uma aparente inversão de marcha relativamente a todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus feitos a partir do Concílio – passos esses cuja adopção e promoção tinham sido, desde o início, um objectivo do meu trabalho teológico pessoal. O facto de que esta sobreposição de dois processos contrapostos se tenha verificado e que durante algum tempo tenha perturbado a paz entre cristãos e judeus e mesmo a paz no seio da Igreja, posso apenas deplorá-lo profundamente. Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. Fiquei triste pelo facto de inclusive católicos, que no fundo poderiam saber melhor como tudo se desenrola, se sentirem no dever de atacar-me e com uma virulência de lança em riste. Por isso mesmo sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança que, durante todo o período do meu pontificado – tal como no tempo do Papa João Paulo II –, existiu e, graças a Deus, continua a existir.

Outro erro, que lamento sinceramente, consiste no facto de não terem sido ilustrados de modo suficientemente claro, no momento da publicação, o alcance e os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. A excomunhão atinge pessoas, não instituições. Um ordenação episcopal sem o mandato pontifício significa o perigo de um cisma, porque põe em questão a unidade do colégio episcopal com o Papa. Por isso a Igreja tem de reagir com a punição mais severa, a excomunhão, a fim de chamar as pessoas assim punidas ao arrependimento e ao regresso à unidade. Passados vinte anos daquelas ordenações, tal objectivo infelizmente ainda não foi alcançado. A remissão da excomunhão tem em vista a mesma finalidade que pretende a punição: convidar uma vez mais os quatro Bispos ao regresso. Este gesto tornara-se possível depois que os interessados exprimiram o seu reconhecimento, em linha de princípio, do Papa e da sua potestade de Pastor, embora com reservas em matéria de obediência à sua autoridade doutrinal e à do Concílio. E isto traz-me de volta à distinção entre pessoa e instituição. A remissão da excomunhão era um provimento no âmbito da disciplina eclesiástica: as pessoas ficavam libertas do peso de consciência constituído pela punição eclesiástica mais grave. É preciso distinguir este nível disciplinar do âmbito doutrinal. O facto de a Fraternidade São Pio X não possuir uma posição canónica na Igreja não se baseia, ao fim e ao cabo, em razões disciplinares mas doutrinais. Enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também os seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja. Por conseguinte, é necessário distinguir o nível disciplinar, que diz respeito às pessoas enquanto tais, do nível doutrinal em que estão em questão o ministério e a instituição. Especificando uma vez mais: enquanto as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico na Igreja, e os seus ministros – embora tenham sido libertos da punição eclesiástica – não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja.

À luz desta situação, é minha intenção unir, futuramente, a Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei» – instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa – à Congregação para a Doutrina da Fé. Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas. Os organismos colegiais pelos quais a Congregação estuda as questões que se lhe apresentam (especialmente a habitual reunião dos Cardeais às quartas-feiras e a Plenária anual ou bienal) garantem o envolvimento dos Prefeitos de várias Congregações romanas e dos representantes do episcopado mundial nas decisões a tomar. Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas, a alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore.

Dito isto, espero, amados Irmãos, que tenham ficado claros tanto o significado positivo como os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. Mas resta a questão: Tal provimento era necessário? Constituía verdadeiramente uma prioridade? Não há porventura coisas muito mais importantes? Certamente existem coisas mais importantes e mais urgentes. Penso ter evidenciado as prioridades do meu Pontificado nos discursos que pronunciei nos seus primórdios. Aquilo que disse então permanece inalteradamente a minha linha orientadora. A primeira prioridade para o Sucessor de Pedro foi fixada pelo Senhor, no Cenáculo, de maneira inequivocável: «Tu (…) confirma os teus irmãos» (Lc 22, 32). O próprio Pedro formulou, de um modo novo, esta prioridade na sua primeira Carta: «Estai sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar a razão da esperança que está em vós» (1 Ped 3, 15). No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O verdadeiro problema neste momento da nossa história é que Deus possa desaparecer do horizonte dos homens e que, com o apagar-se da luz vinda de Deus, a humanidade seja surpreendida pela falta de orientação, cujos efeitos destrutivos se manifestam cada vez mais.

Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo. Segue-se daqui, como consequência lógica, que devemos ter a peito a unidade dos crentes. De facto, a sua desunião, a sua contraposição interna põe em dúvida a credibilidade do seu falar de Deus. Por isso, o esforço em prol do testemunho comum de fé dos cristãos – em prol do ecumenismo – está incluído na prioridade suprema. A isto vem juntar-se a necessidade de que todos aqueles que crêem em Deus procurem juntos a paz, tentem aproximar-se uns dos outros a fim de caminharem juntos – embora na diversidade das suas imagens de Deus – para a fonte da Luz: é isto o diálogo inter-religioso. Quem anuncia Deus como Amor levado «até ao extremo» deve dar testemunho do amor: dedicar-se com amor aos doentes, afastar o ódio e a inimizade, tal é a dimensão social da fé cristã, de que falei na Encíclica Deus caritas est.

Em conclusão, se o árduo empenho em prol da fé, da esperança e do amor no mundo constitui neste momento (e, de formas diversas, sempre) a verdadeira prioridade para a Igreja, então fazem parte dele também as pequenas e médias reconciliações. O facto que o gesto submisso duma mão estendida tenha dado origem a um grande rumor, transformando-se precisamente assim no contrário duma reconciliação é um dado que devemos registar. Mas eu pergunto agora: Verdadeiramente era e é errado ir, mesmo neste caso, ao encontro do irmão que «tem alguma coisa contra ti» (cf. Mt 5, 23s) e procurar a reconciliação? Não deve porventura a própria sociedade civil tentar prevenir as radicalizações e reintegrar os seus eventuais aderentes – na medida do possível – nas grandes forças que plasmam a vida social, para evitar a segregação deles com todas as suas consequências? Poderá ser totalmente errado o facto de se empenhar na dissolução de endurecimentos e de restrições, de modo a dar espaço a quanto nisso haja de positivo e de recuperável para o conjunto? Eu mesmo constatei, nos anos posteriores a 1988, como, graças ao seu regresso, se modificara o clima interno de comunidades antes separadas de Roma; como o regresso na grande e ampla Igreja comum fizera de tal modo superar posições unilaterais e abrandar inflexibilidades que depois resultaram forças positivas para o conjunto. Poderá deixar-nos totalmente indiferentes uma comunidade onde se encontram 491 sacerdotes, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 irmãos, 164 irmãs e milhares de fiéis? Verdadeiramente devemos com toda a tranquilidade deixá-los andar à deriva longe da Igreja? Penso, por exemplo, nos 491 sacerdotes: não podemos conhecer toda a trama das suas motivações; mas penso que não se teriam decidido pelo sacerdócio, se, a par de diversos elementos vesgos e combalidos, não tivesse havido o amor por Cristo e a vontade de anunciá-Lo e, com Ele, o Deus vivo. Poderemos nós simplesmente excluí-los, enquanto representantes de um grupo marginal radical, da busca da reconciliação e da unidade? E depois que será deles?

É certo que, desde há muito tempo e novamente nesta ocasião concreta, ouvimos da boca de representantes daquela comunidade muitas coisas dissonantes: sobranceria e presunção, fixação em pontos unilaterais, etc. Em abono da verdade, devo acrescentar que também recebi uma série de comoventes testemunhos de gratidão, nos quais se vislumbrava uma abertura dos corações. Mas não deveria a grande Igreja permitir-se também de ser generosa, ciente da concepção ampla e fecunda que possui, ciente da promessa que lhe foi feita? Não deveremos nós, como bons educadores, ser capazes também de não reparar em diversas coisas não boas e diligenciar por arrastar para fora de mesquinhices? E não deveremos porventura admitir que, em ambientes da Igreja, também surgiu qualquer dissonância? Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra o qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão. E se alguém ousa aproximar-se do mesmo – do Papa, neste caso – perde também o direito à tolerância e pode de igual modo ser tratado com aversão sem temor nem decência.

Amados Irmãos, nos dias em que me veio à mente escrever-vos esta carta, deu-se o caso de, no Seminário Romano, ter de interpretar e comentar o texto de Gal 5, 13-15. Notei com surpresa o carácter imediato com que estas frases nos falam do momento actual: «Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros, porque toda a lei se resume nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tomai cuidado em não vos destruirdes uns aos outros». Sempre tive a propensão de considerar esta frase como um daqueles exageros retóricos que às vezes se encontram em São Paulo. E, sob certos aspectos, pode ser assim. Mas, infelizmente, este «morder e devorar» existe também hoje na Igreja como expressão duma liberdade mal interpretada. Porventura será motivo de surpresa saber que nós também não somos melhores do que os Gálatas? Que pelo menos estamos ameaçados pelas mesmas tentações? Que temos de aprender sempre de novo o recto uso da liberdade? E que devemos aprender sem cessar a prioridade suprema: o amor? No dia em que falei disto no Seminário Maior, celebrava-se em Roma a festa de Nossa Senhora da Confiança. De facto, Maria ensina-nos a confiança. Conduz-nos ao Filho, de Quem todos nós podemos fiar-nos. Ele guiar-nos-á, mesmo em tempos turbulentos. Deste modo quero agradecer de coração aos numerosos Bispos que, neste período, me deram comoventes provas de confiança e afecto, e sobretudo me asseguraram a sua oração. Este agradecimento vale também para todos os fiéis que, neste tempo, testemunharam a sua inalterável fidelidade para com o Sucessor de São Pedro. O Senhor nos proteja a todos nós e nos conduza pelo caminho da paz. Tais são os votos que espontaneamente me brotam do coração neste início da Quaresma, tempo litúrgico particularmente favorável à purificação interior, que nos convida a todos a olhar com renovada esperança para a meta luminosa da Páscoa.

Com uma especial Bênção Apostólica, me confirmo

Vosso no Senhor

BENEDICTUS PP. XVI

Vaticano, 10 de Março de 2009.

O desabafo de Bento XVI

O Santo Padre vai tornar pública amanhã uma carta na qual esclarece os motivos pelos quais decidiu revogar as excomunhões que pesavam sobre os quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X – leio no Último Segundo. Como não poderia deixar de ser, o Fratres in Unum traz informações melhores, e traduz os trechos da carta que já foram publicados por fontes de notícias italianas. Leiam.

Apesar da carta reproduzir o óbvio – que nós estamos cansados de defender aqui contra os que julgam ser capazes de ensinar Teologia ao Sagrado Magistério da Igreja Católica (por exemplo, que os sacerdotes da FSSPX ainda “não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja”, e que “[n]ão se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja no ano de 1962 – isso deve ser bem claro para a Fraternidade”) -, não é exatamente sobre este ponto que eu desejo me deter agora, nessas linhas. Quero falar um pouco sobre o Santo Padre.

O Vigário de Cristo trava uma batalha descomunal e absurdamente ingrata nos nossos dias; trava-a sozinho, consciente de seu papel como Sucessor de Pedro, consciente de que precisa consumir-se em defesa da unidade da Igreja de Nosso Senhor e da integridade da Sã Doutrina da Salvação. É atacado por todos os lados e, mesmo assim, avança resolutamente. Sofre e não desanima; é contrariado e não desiste.

Mas é humano e, como ser humano que é, às vezes desabafa – e esta carta me pareceu um desabafo do Santo Padre, como que as queixas de um Pai amoroso que quase não recebe senão ingratidão dos filhos pelos quais se consome. Sabe o Papa – sabe-o, porque é católico, porque tem graça de estado para bem exercer o governo da Igreja, porque é o Vigário de Nosso Senhor – o que deve fazer para o bem dos fiéis católicos; percebe no entanto o Papa que estes mesmos fiéis – por cujo bem ele trabalha sem descanso – não raro voltam-se contra ele.

A crise da Igreja chegou a um tal ponto que, hoje, podemos infelizmente constatar – e creio ser exatamente esta a percepção do Santo Padre, que motivou a sua carta – que muitos fiéis católicos, provavelmente a maioria deles, estão distantes do Vigário de Cristo. Grande parte deles, arrasados pela crise de Fé que se alastrou como praga pela Igreja, não faz a mínima idéia de quem seja o Papa. Outra parte bem considerável [que até sabe relativamente quem ele é] gostaria que ele fosse diferente (quer em uma direção, quer na outra direção oposta). O Papa permanece assim praticamente sozinho, abandonado pelos que não o conhecem, abandonado pelos que, conhecendo-o, não o aceitam: e, no entanto, é precisamente destes que ele é Pai, e são precisamente estas ovelhas que ele precisa pastorear – esta é a sua missão – e levar aos prados verdejantes da Eternidade, onde o Bom Pastor as aguarda.

O Papa é chefe da Igreja, não de uma “igreja” imaginária, não da “igreja espiritual” que querem os modernistas nem da “igreja obscurecida pela Outra” que querem alguns “tradicionalistas”, mas sim da Igreja que existe, da Igreja Católica e Apostólica, fundada por Nosso Senhor e que existirá neste mundo – sempre a mesma! – até a consumação dos séculos; e é também Pastor dos cordeiros e das ovelhas que Jesus Cristo mandou que ele apascentasse. Mas os homens que fazem parte da Igreja não são sempre os mesmos; o grau de fidelidade deles à Igreja à qual pertencem pode sempre ser maior ou menor – mistérios da liberdade humana! – e, no entanto, são estes os homens, imperfeitos e pecadores, que a Igreja precisa salvar, são estas as ovelhas, preguiçosas e sarnentas, que o Papa precisa conduzir.

E, no entanto, elas não querem ser conduzidas…! Queixa-se o Santo Padre; a Cruz talvez afigura-se-lhe pesada demais, o cálice quiçá descortina-se-lhe amargo em demasia, mas ao humano queixume segue-se a divina resolução – como outrora no Jardim das Oliveiras – e, a despeito do quanto seja difícil, é como se desse para ouvir o Santo Padre dizer ao Todo-Poderoso: non sicut ego volo sed sicut tu. O Cálice é amargo, a Cruz é terrível, mas o Papa está disposto a entorná-lo até o fim, a sangrar dependurado até a morte, para ser fiel ao ministério petrino que o Senhor lhe mandou exercer.

Non sicut ego volo sed sicut tu – bem que as ovelhas poderiam fazer esta mesma oração, dirigidas ao Sucessor de Pedro, ao Doce Cristo na Terra: Santo Padre, que seja feito não como nós queremos, mas como Tu queres! Bem que as ovelhas poderiam tornar menos penosos os sofrimentos de Bento XVI. Bem que elas poderiam deixar-se conduzir com maior docilidade. Acaso sonho alto demais…? Não creio. Que os desabafos do Vigário de Cristo possam tocar os fiéis católicos; e que estes se esforcem, cada um naquilo que lhe compete, para que possam realmente cerrar fileiras em torno do Papa, para que, sob o Seu cajado, possam ser enfim conduzidos à Bem-Aventurança Eterna onde são aguardados. Oremus pro Pontifice nostro Benedicto; Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius. Amen.

“Estupro, Aborto e Valores Distorcidos” – por Carlos Ramalhete

[Fonte: Gazeta do Povo]

Estupro, Aborto e Valores Distorcidos

Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de Olinda e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das duas crianças geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que ele fez foi apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão automática dos responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem lesse as reações à comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma vida apenas em risco, e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso. A vida dela estava, sim, em um certo grau de risco, não maior nem menor que o de muitas mulheres grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já chegaram a um final feliz.

Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal – o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de crianças geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe, exatamente como não prevê punição para o furto cometido por um filho contra o pai – grupos de pressão interessados na legalização do aborto apressaram-se, contra a vontade da mãe e de seus responsáveis legais, a matar o quanto antes as crianças que cometeram o crime de terem sido concebidas no transcurso de um repulsivo estupro. Os filhos são punidos com pena de morte pelo crime do pai.

A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra claramente o alcance – em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma pseudoética apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na equação, não são consideradas. O próprio estupro só é mencionado de passagem. O risco de vida para a mãe é transformado em uma certeza de sua morte. São saudados como heróis salvadores os carniceiros que arrancaram do ventre da mãe duas crianças perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres em uma cesta de lixo, onde provavelmente estava uma cópia mofada do juramento de Hipócrates que fizeram quando se formaram médicos.

Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si, para os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria valor seria o resultado final de uma equação que tem como componentes o bem-estar da pessoa e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas não têm valor para a sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não merecem menção. A única criança digna de menção é a mãe, e olhe lá.

Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de lado. Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro, provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve os filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo tratada apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a abortar.

É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência.

O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança indefesa é um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de morte (não percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações pró-aborto à declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida ao estuprador a pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em sua vítima apenas um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco e indefeso, logo acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da vítima: ela não merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que é feito com seu corpo.

A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada sobre seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela primeira vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus próprios filhos – a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da violência – pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida humana, algum valor. Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, ela pode rastejar de volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz a campanha pró-aborto.

Carlos Ramalhete é professor e filósofo. carlosgazeta@hsjonline.com