Falso(s) site(s) católico(s)

Denúncia: há um site na internet que se apresenta como “Seminário de Doutrina Católica” e que, no entanto, não tem nenhuma relação com a Igreja Católica. Não é a primeira vez que recebo um email sobre o assunto; há uns meses atrás, esta palhaçada já foi objeto de discussão numa lista da qual participo. É, contudo, frustrante que, após tanto tempo, a porcaria ainda esteja do mesmo jeito na internet para enganar os incautos.

É preciso avisar aos navegantes: o site www.seminariocatolico.com.br não é um site católico! Parece piada, mas o site oferece matrícula em cursos e promete, entre outras sandices, títulos honoríficos como “Mestre em Espiritualidade Cristã” e “Doutor em Antropologia Social”. Tentei um “Mestre em Hebraico”. Deve ser o meu dia de sorte, porque o curso está com incríveis 70% de desconto e, pela bagatela de 700 reais – “DE R$ 2.350,00 POR APENAS R$ 700,00″ -, posso obter “estudos dentro das divisões do ensino desenvolvido em etapas da docência a nível superior, acadêmico e Religioso, descrito no Decreto Administrativo conforme Controle Internacional”.

Impressionante! Eles vendem até prêmio Nobel! Na tentativa de descobrir quem é o responsável por essa brincadeira de péssimo gosto – até porque, aliás, isso não é brincadeira e sim crime -, consultei o whois do registros.br. Descobri que o domínio está registrado no nome de um senhor de Uberlândia, MG.

E, inacreditavelmente, o mesmo CNPJ usado para registrar este domínio está associado a 95 (isto mesmo, noventa e cinco) domínios do mesmo teor, como “serpadre.com.br”, ou ainda “doutoresemteologia.com.br”, e até mesmo “bispocatolico.com.br”, entre outras coisas. Qualquer um deles que o internauta digite vai abrir a mesmíssima tela, que é a barraquinha-de-diplomas à qual fiz referência acima. Isso caracteriza evidentemente má-fé e desejo de ludibriar as pessoas.

Ao que me conste, o fato já foi denunciado à CNBB; não faço idéia de como o setor jurídico da Conferência esteja tratando o problema. Um amigo meu, delegado de polícia, disse que também era possível registrar uma ocorrência em alguma DP do estado onde esteja hospedado o site (no caso, Minas Gerais). É importante divulgar, para que as pessoas não sejam enganadas por aqueles que usam indevidamente o nome da Igreja, e também para que alguém possa tomar as providências legais cabíveis.

Carta aos Amigos da Cruz – S. Luís de Montfort

Na realidade, toda a perfeição cristã consiste nisto:

1) na firme vontade de tornar-se santo: “se alguém quer vir após Mim…”

2) na conversão: “renuncie a si mesmo…”

3) na mortificação: “tome a sua cruz…”

4) na ação: “e siga-Me”.

A – “Se alguém quer vir após Mim”

Se alguém quer… Repare-se no desafio, que aparece no singular. Não está escrito “se alguns… mas se alguém”: isto para indicar que será sempre um número reduzido de cristãos que aceitarão tornar-se conformes a Jesus Cristo Crucificado e carregar a própria cruz. Será sempre um número de tal maneira reduzido que, se o conhecêssemos, morreríamos de desgosto; é um número tão minúsculo que não haverá mais do que um em cada dez mil – fazendo fé em revelações a diversos santos, tais como a S. Simeão Estilita, segundo narra o santo abade Nilo, bem como Santo Efrém, S. Basílio e outros -; enfim, é tão pequeno que se Deus quisesse reagrupá-los, lhes gritaria como fez outrora pela boca de um profeta: “E vós sereis recolhidos um a um” [Is 27, 12], um desta província, outro daquele reino.

Se alguém quer…, ou seja, se alguém tiver vontade de verdade, uma vontade total, que provém não já da natureza, da tradição, do amor próprio, do interesse ou do respeito humano, mas sim de uma graça eficaz do Espírito Santo, que não é concedida a todos: “Nem a todos é dado conhecer os mistérios do reino dos céus” [Mt 13, 11; Mc 4, 11].

O conhecimento do mistério da Cruz, na sua real experiência, é dado a pouquíssimas pessoas. Quem quiser subir ao Calvário e deixar-se pregar na Cruz com Cristo, sob o olhar de sua própria gente, deve ser um corajoso e um herói, um homem decidido e uma pessoa de fé; deverá desprezar o mundo e o inferno; não deverá preocupar-se com o próprio corpo e vontade própria; pelo contrário, deverá estar disponível a deixar tudo e a tudo empreender e tudo sofrer por Jesus Cristo.

Ficai sabendo, queridos Amigos da Cruz, que aqueles entre vós que não tiverem esta vontade firme, caminham com um só pé, voam com uma só asa, e não são dignos de estar no meio de vós, porque não satisfazem condignamente o nome dos Amigos da Cruz, daquela Cruz que, à semelhança de Jesus, é preciso amar “com um coração grande e ânimo resoluto” [2 Mac 1, 3]. Uma vontade a meias – o mesmo que uma só ovelha sarnosa – será o suficiente para contaminar todo o rebanho. Se, porventura, houvesse já no vosso rebanho uma assim, que eventualmente se tivesse infiltrado pela falsa porta que utilizam os mundanos, eu vos esconjuro – em nome de Jesus Cristo crucificado – que a expulseis de imediato, tal como se expulsa uma loba do meio das ovelhas.

[…]

[S. Luís de Montfort, “Carta aos Amigos da Cruz”, Edições Monfortinas, 1ª Ed., Maio/2005]

Curtas de fim de sexta

– Os militantes ateístas norte-americanos queriam retirar, do juramento de posse que as autoridades fazem ao assumir cargos de Governo, a referência a Deus. Se tivessem sucesso, “quando Barack Obama assumi[sse] o cargo, no próximo dia 20, talvez ele não [pudesse] repetir a expressão “So help me God” (algo como “E que Deus me ajude!”) que sempre conclui o juramento formal da posse dos presidentes dos EUA”. Mas não tiveram. Deo Gratias! O juiz Reggie Walton não acatou o pedido dos que queriam impôr o seu ateísmo particular ao país inteiro. Obama deve pedir que Deus o ajude; rezemos para que Deus o escute mesmo, pois o país vai precisar como nunca.

– O Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, deu um conselho às jovens portuguesas para que pensassem duas vezes antes de casar com um muçulmano. “Questionado por Fátima Campos Ferreira se não estava a ser intolerante perante a questão do casamento das jovens com muçulmanos, D. José Policarpo disse que não” – excelente! Respeito, sim; conluio promíscuo, jamais. Dialogar, sim; capitular, não. Conversar para converter, não para perder a Fé sem a qual é impossível agradar a Deus. A propósito do tema, vale muitíssimo a pena ler a história dos Mártires de Marrocos: Aí [em Sevilha] ficaram uma semana, finda a qual foram à mesquita, precisamente no dia em que os mouros festejavam Maomé e começaram a pregar a doutrina de Jesus e denunciando que o profeta Maomé não passava de uma idolatria. Corridos à pancada para fora da mesquita, passaram a Marrocos, onde começam a percorrer as ruas pregando o nome de Jesus e, quando vêem aproximar-se o Miramolim Aboidil, com mais ânimo continuaram a proclamar a mensagem cristã. O Miramolim mandou-os prender e ficaram numas masmorras vinte dias sem comer nem beber. (…) Com a sua ira no limite, o miramolim pegou na sua cimitarra a acabou com a vida daqueles cinco frades, rachando-lhes o crânio ao meio e depois decepando-lhes as cabeças. Era o ano de 1220. Cedo acabou a tarefa missionária daqueles cinco frades, mas a sua voz continua a ecoar por toda a terra e a sua mensagem até aos confins do mundo.

– Notícia de ZENIT: é a família que deve educar a sexualidade dos filhos. Não tem, portanto, nenhum direito o Estado de impôr a sua visão distorcida e depravada da sexualidade em pseudo-aulas de (des)educação sexual. Ao contrário, “[o]s pais têm «a obrigação moral de educar a pessoa em sua masculinidade e feminilidade, em sua dimensão afetiva e de relação: educar a sexualidade como dom de si mesmos no amor, esse amor verdadeiro que sabe custodiar a vida»”.

– Para vergonha nacional, o Ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio político a Cesare Battisti, um assassino italiano condenado por quatro homicídios – comentou o Reinaldo Azevedo. “Eis aí: o ministro que pretende rever a Lei da Anistia no Brasil transformou o estado italiano numa ditadura que persegue pessoas. E o faz para defender um assassino condenado, em duas sentenças, à prisão perpétua. Mas Tarso, claro, além de poeta, é também um humanista de mão cheia”. O professor Orlando Fedeli fez um comentário muitíssimo oportuno sobre o tema:

Tarso Genro, muito originalmente negou a extradição e colocou o assassino, que estava preso em Brasília, em liberdade, pretextando dúvida sobre a Justiça italiana, e alegando que é tradição brasileira sempre dar asilo político a quem o pede.

Essa decisão do ex-porta voz do partido Revolucionário Comunista a favor do Proletário Comunista Armado Cesare Bettisti, causou escândalo.

Pois não foi esse o critério aplicado pelo governo petista quando dois pugilistas cubanos—que não haviam matado ninguém–, fugiram de uma delegação esportiva e pediram asilo ao Brasil. Nesse caso, a ju[s]tiça petista foi célere: despachou imediatamente os dois pugilistas cubanos diretamente para as masmorras do comunista Fidel Castro.

Dois pesos e duas medidas.

Touchè.

Bush proclama dia pró-vida

[Traduzo mensagem que recebei da Catholic League. O original está aqui. Cada vez mais eu me convenço que não sei inglês – as traduções que achei mais estranhas estão, como de praxe, com o original entre colchetes – e, portanto, correções são muitíssimo bem-vindas.

Fica, aqui, o registro do reconhecimento que o povo americano – em particular, o povo católico – deve ao presidente dos Estados Unidos, George Bush. Nos dias de hoje, quando muita gente fala mal de alguém, é um forte indício de que deve ser alguém bom; o exemplo do presidente americano é muito ilustrativo disto. “O melhor amigo da comunidade pró-vida”! Tenhamos consciência do aliado que foi perdido. E rezemos pelos Estados Unidos da América, que terá agora como presidente talvez o pior inimigo da comunidade pró-vida que já se destacou no cenário político americano. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.]

16 de Janeiro de 2009

BUSH PROCLAMA DIA PRÓ-VIDA:
OBAMA IRÁ RESPEITÁ-LO?

Ontem, o presidente George W. Bush proclamou o dia 18 de janeiro como sendo o “Dia Nacional da Santidade da Vida Humana”. Ele disse que “toda vida é um dom de nosso Criador, que é sagrada, única e merece proteção”. O presidente enfatizou que “nós desejamos construir uma sociedade na qual toda criança é bem-vinda à vida e protegida pela lei”.

O presidente [Bush] foi elogiado pelo presidente da Liga Católica, Bill Donohue:

“George W. Bush será lembrado por ter feito mais na construção de uma cultura da vida do que qualquer outro presidente. Não é que o seu pai e Ronald Reagan não tenham sido também campeões da vida; a diferença é que este presidente enfrentou mais desafios, e ele cumpriu o que prometeu [make good on] em cada um deles. De pesquisas com células-tronco embrionárias e clonagem até o Ato de Proteção às Crianças Nascidas Vidas e o aborto por nascimento parcial, George W. Bush foi o melhor amigo da comunidade pró-vida”.

“Barack Obama logo será presidente. Ele é um explícito [avowed] campeão do direito ao aborto. Quando, durante a campanha, foi perguntado quando a vida começava, ele hesitou [balked], dando uma fraca [lame] resposta. Brilhante como ele é, Obama não está bem informado sobre esta questão que é a mais fundamental de todas: qual é o início da vida humana? Mas até mesmo aqueles que afirmam não ser possível a ninguém estar certo quanto a isso devem estar inclinados a oferecer proteção para aquilo que pode ser uma vida. Assumir outra coisa é um “jogo de sorte” [game of chance] que nenhuma sociedade moralmente responsável deve tolerar”.

“No dia 22 de janeiro, a Marcha pelo Direito à Vida vai acontecer em Washington. Sabemos da posição honrosa do presidente Bush [? – We know of President Bush’s honorable record]. Agora, esperamos para ver o que o presidente Obama vai dizer no 36º aniversário da infame decisão de Roe vs. Wade”.

A Novilíngua Gay

– Não vês que todo o objetivo da Novilíngua é estreitar a gama do pensamento? No fim, tornaremos a crimidéia literalmente impossível, porque não haverá palavras para expressá-la. Todos os conceitos necessários serão expressos exatamente por uma palavra, de sentido rigidamente definido e cada significado subsidiário eliminado, esquecido.

[…]

Como será possível dizer “liberdade é escravidão” se for abolido o conceito de liberdade? Todo o mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos.

[George Orwell, 1984, apud Mídia Sem Máscara]

A linguagem é evidentemente importante para o pensamento; via de regra, nós pensamos por meio de palavras, e as palavras (a rigor, as idéias significadas pelas palavras – não é trivial concebermos uma idéia sem que a associemos a uma palavra para a designar) que nós conhecemos provocam uma inegável influência nos raciocínios que nós somos capazes de produzir. A pior escravidão, portanto – eis o cenário surreal imaginado por Orwell – é a escravidão do pensamento que nem mesmo sabe ser escravo, pois não tem sequer consciência do significado de “escravidão”.

Era nisso que eu pensava quando li uma notícia segundo a qual a ONG Anis havia feito uma pesquisa em livros e dicionários e “descoberto” que eles eram homofóbicos (ou pelo menos “homoindiferentes”). Sem nenhuma surpresa para nós, esta baboseira foi financiada pelo Ministério da Saúde.

“Livro didático ignora diversidade sexual”; não tenho certeza de que a conclusão da pesquisa seja verdadeira. Se for, Deo gratias!, porque ainda não estamos no fundo do poço e nossas crianças ainda não estão sendo (tão) expostas à deformação nas escolas. Não existe “diversidade sexual”, de modo que os livros fazem muito bem em ignorar as coisas que não existem. A diversidade aqui é dupla: masculino e feminino, ponto. Agora, independente disso, existem as depravações comportamentais sexuais, que aí podem incluir qualquer coisa, ao gosto do freguês, desde relações entre pessoas do mesmo sexo até relações com defuntos, ou com animais, ou com carros, ou com cabeças de frango (atenção! Conteúdo textual inadequado!), et cetera, et cetera, et cetera. Não há limites. Por acaso os livros didáticos para as crianças deveriam cobrir esta gama interminável de horrores? Tal despautério absurdo só faz sentido na cabeça dos gayzistas que, financiados com dinheiro público, não desejam senão transformar o mundo numa grande Sodoma.

Não me incomodam tanto as conclusões disparatadas da tal Anis; o que me deixa realmente preocupado é o previsível passo seguinte: a substituição da linguagem. Os dicionários são homofóbicos? Que sejam reescritos na forma de apologias gayzistas! Os livros nada falam sobre os depravados? Transformem os livros em contos de pornô gay! E, assim, o sentido das palavras vai sendo perdido, e as mentalidades vão sendo (de)formadas dentro da agenda gayzista. Quando for proibido falar em “anti-natural” (aliás, palavra cujo sentido já foi, em larga escala, perdido…) para se referir às depravações sodomitas, e as pessoas acabarem de perder completamente o senso moral por não serem nem mesmo capazes de chamar o erro de erro e de conceituá-lo como aquilo que ele é, então o pesadelo de Orwell estará realizado. Acho que nem mesmo ele jamais acreditou que tal situação absurda pudesse existir fora dos seus escritos.

Lavagem das escadarias e bênção sacerdotal

A Igreja Católica tributa um sincero respeito em relação aos cultos afro-brasileiros, mas considera nocivo o relativismo concreto de uma prática entre ambos ou de uma mistura entre eles, como se tivessem o mesmo valor, pondo em perigo a identidade da fé cristã católica. Ela sente-se no dever de afirmar que o sincretismo é danoso ali onde a verdade do rito cristão e a expressão da fé podem facilmente ser comprometidas aos olhos do fiéis, em detrimento de uma autêntica evangelização.
[João Paulo II, Ad Limina Bispos do Brasil, 1995]

De acordo com esta notícia publicada em UOL, na Bahia, “pela primeira vez, em mais de 250 anos, um padre abençoou o cortejo formado em sua maioria por adeptos do candomblé”. Um sacerdote do Deus Altíssimo abençoando macumbeiros! Se isto não for um típico caso de sincretismo que ameaça a verdade da Fé Cristã, não sei mais o que é.

“Tenho uma grande admiração pelas manifestações populares, a festa do Senhor do Bonfim resume muito bem a religiosidade e a crença do nosso povo. Achei que ficava um vazio sem a bênção e pedi permissão para a Arquidiocese”, disse o padre.

Resta saber (1) o que foi, exatamente, que o padre pediu à Arquidiocese; (2) qual foi, exatamente, a resposta da Arquidiocese; e (3) o que foi, exatamente, que aconteceu durante a lavagem das escadarias da igreja de Nosso Senhor do Bonfim. Para entrar em contato com a Arquidiocese de Salvador, é só clicar aqui.

Entre a Lua e a Estrela

Dentre uma infinidade de outras coisas que eu recebo no meu email, vez por outra vem um texto do PSOL. Tenho por hábito não apagar absolutamente nada antes de, ao menos, passar a vista por cima da mensagem (por isso que minha caixa de entrada sempre tem centenas – literalmente – de emails não lidos…); foi o que me levou a abrir o email do Partido Socialista e descobrir este texto pró-palestina escrito pela Executiva Nacional do partido.

O PSOL exige que o governo brasileiro mude sua atitude e assuma uma posição ativa de apoio a causa palestina, seguindo no campo diplomático os passos da Venezuela – diz o texto. Penso cá com os meus botões; quem é o PSOL para exigir alguma coisa? Qual a necessidade de que o Governo Brasileiro aja com a mesma insensatez da ditadura venezuelana? Hoje em dia, parece que qualquer um se sente no direito e no dever de fazer exigências passionais, baseando-se em qualquer coisa ou mesmo em nada, e esperando que sua histeria seja sinceramente levada em consideração!

Não tenho conhecimento de causa suficiente para tecer considerações aprofundadas sobre o conflito no Oriente Médio. Outros já o fizeram; em particular, há vários textos do Reinaldo Azevedo no seu blog sobre o assunto nos últimos dias, que podem e devem ser lidos e levados em consideração. Pra ficar em um só exemplo de vários que poderiam ser dados, há um post do dia 05 de janeiro que diz o seguinte:

É dever de todo governo defender o seu território e a sua gente. Mas, curiosamente (ou nem tanto), pretende-se cassar de Israel o direito à reação. Por quê? O que grita na censura aos israelenses é a voz tenebrosa de um silêncio: essa gente é contra a existência do estado de Israel e acredita que só se obteria a paz no Oriente Médio com a sua extinção. Mas falta a essa canalha coragem para dizer claramente o que pretende. Nesse estrito sentido, um expoente do fascismo islâmico como Mahamoud Ahmadinejad, presidente do Irã, é mais honesto do que boa parte dos hipócritas europeus ou brasileiros. Ele não esconde o que pretende. Aliás, o Hamas também não: o fim da Israel é o segundo item do seu programa, sem o qual o grupo terrorista julga não cumprir adequadamente o primeiro: a defesa do que entende por fé islâmica.

Evidentemente, sou muitíssimo mais simpático à posição defendida pelo Reinaldo do que àquela proposta pela Executiva Nacional do PSOL. Ademais, é reconfortante saber que a condenação (virtualmente unânime na mídia nacional) a Israel não é compartilhada pelos próprios israelitas: eles estão unidos.

“Esta é uma Guerra justa, e não nos sentimos culpados quando civis que não pretendemos ferir são feridos porque nós sabemos que o Hamas usa esses civis como escudos humanos”, afirma Elliot Jager, que cuida da página editorial do Jerusalém Post.

Há todavia um outro aspecto da questão que, a meu ver, é posto um pouco de lado. Claro que, no caso presente, a condenação aos judeus repetida ad nauseam et ubique é uma estupidez; claro que Israel tem o direito de se defender, e não há desproporcionalidade alguma. No entanto, e quanto à solução definitiva? O Reinaldo reproduz Ali Kamel:

[P]ara que haja paz, os dois lados têm de ceder em questões tidas como inegociáveis, o apelo às armas têm de ser abandonado, o Estado Palestino deve ser criado ao lado de Israel, cujo direito a existir não deve ser questionado. Se isso acontecer, muitos árabes e israelenses daquela região não se amarão, terão antipatias mútuas, mas viverão lado a lado.

E eu não consigo ver as coisas com esta simplicidade toda, porque existem questões religiosas em jogo, e estas são sempre inegociáveis. Como vão dividir Jerusalém? Como vão distribuir entre as duas partes litigiosas o Monte Sião? A resposta definitiva ao problema, que sempre apontam como se fosse a criação de dois estados – um israelita, um palestino -, é tão absurda que me causa repugnância. O aspecto religioso – o predominante nesta confusão toda – é simplesmente descartado, e querem oferecer soluções “na canetada” que não o levem em consideração. É estúpido.

Então, como se resolve o problema de uma vez por todas? Eu não sei e, sinceramente, não consigo ver nenhuma solução humanamente possível. Não me sinto à vontade para tomar partido entre os infiéis e os pérfidos judeus – ou, para dizer as coisas de outra maneira, entre os descendentes de Ismael e os nossos “irmãos mais velhos” (os descendentes de Esaú), entre árabes e judeus. Não há solução definitiva nestes moldes; há males menores e maiores, mas sempre condicionados a diversos fatores, sempre contingentes.

Não me parece correto dizer, simpliciter, que “a Terra Santa pertence aos judeus”, simplesmente porque – como Esaú – a Sinagoga perdeu a primogenitura, e o verdadeiro povo de Deus é, hoje, a Igreja Católica e Apostólica. Incomoda-me um pouco um certo entusiasmo exagerado pró-judaísmo que eu encontro por aí: afinal, ainda sendo justa a reação israelita atual (e isso é ponto pacífico), não muda o fato de que os judeus não são o lado branco da Força. No entanto, ainda falando sob uma ótica humana, creio ser importante lembrar que, historicamente, há uma diferença muito grande entre os dois povos. Basta olhar para a Guerra da Reconquista, ou para a degradação promovida pelos filhos de Maomé em países que eram prósperos antes das cimitarras chegarem…

Qual é, portanto, a verdadeira solução? Só consigo ver uma, expressa magnificamente nas orações que a Igreja faz na Sexta-Feira Santa: oremus et pro Iudaeis e oremus et pro paganis. É somente quando Cristo vencer, que poderá haver paz no Oriente Médio; e é somente sob o signo da Cruz – não da Lua Crescente, nem da Estrela de David – que a terra onde foi derramado o Sangue do Salvador poderá enfim ter aquilo que lhe compete por direito.

Obama e Maçonaria

Nunca acreditei nas “listas de maçons famosos” que circulam pela internet, por uma razão bastante óbvia: se a sociedade é secreta, imagina-se que, por definição, ela preze pela não-divulgação das pessoas que fazem parte dos seus quadros. Mais ainda quando estas pessoas são públicas e ocupam cargos importantes no cenário político mundial.

Este site, cujo responsável eu não faço idéia de quem seja, diz que o presidente abortista dos Estados Unidos – Barack Obama – é Maçom. Mais precisamente, que ele é um Sublime Príncipe do Real Segredo, Grau 32 do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), de Obediência pertencente à Maçonaria Prince Hall – seja lá o que isso signifique. Tendo a não acreditar. Se eu participasse de uma sociedade secreta, obviamente não iria sair divulgando isso aos quatro ventos.

Lembro-me de que, no Freakonomics, tem um capítulo em que os autores contam a história de um fulano – cujo nome eu esqueci agora – que desorganizou a Ku Klux Klan simplesmente revelando os seus “segredos”. À época, a sociedade secreta era séria, tinha os seus costumes, os seus códigos, suas senhas e contra-senhas, e tudo o mais que os seus membros – e só os seus membros – conheciam e utilizavam entre si. Quando este fulano – “infiltrado” na organização – começou a revelar os procedimentos internos da KKK, e eles foram parar em paródias de programas (de rádio, salvo engano) infantis, e os seus membros começaram a ver os seus segredos utilizados por crianças em plena luz do dia, em tom jocoso, muitos deixaram de fazer parte dela. Afinal, poderia ainda se dizer “secreta” uma sociedade cujas práticas todas eram por todos conhecidas? Utilizadas em brincadeiras de crianças?

Penso o mesmo relativamente à Maçonaria; as coisas que são divulgadas, na minha opinião, são puro teatro. Preservar o segredo é uma questão de sobrevivência para uma sociedade secreta. Pode ser verdade que Obama é maçom? Poder, pode; mas acho que essa informação, em sendo verdade, pelo fato mesmo de ter sido revelada, tem bem pouca importância. Há coisas que, ao invés de especulações, são fatos e são bem dignas de preocupação.

Por exemplo, o Freedom of Choice Act que já foi por diversas vezes citado aqui (aliás, para quem lê inglês: What FOCA really does; também Abortion and the Obama Presidency). Por exemplo, o convite a um bispo anglicano homossexual para fazer a prece de abertura das festividades da posse de Obama. Por exemplo (aqui, não sei se são fatos, mas são pelo menos denúncias sérias), as irregularidades todas do sr. Hussein, que o Olavo de Carvalho vem repetidamente denunciando. Et cetera. Com tantas coisas palpáveis com as quais nos preocuparmos, acho sinceramente que “denunciar” e “desmascarar” uma suposta ligação do presidente dos Estados Unidos com a Maçonaria não merece tanto assim os nossos esforços. Quer Obama seja Maçom, quer não, há muito com o que se preocupar.

Devem as pessoas ser protegidas?

Diversas vezes me deparei com pessoas que me confrontaram e tentaram se desvencilhar dizendo coisas do tipo: “Bem, você teve sorte!”. Pode ter certeza de que minha sobrevivência não tem nada a ver com sorte. O fato de eu estar viva hoje tem a ver com as escolhas feitas pela nossa sociedade: pessoas que lutaram para que o aborto fosse ilegal em Michigan naquela época — mesmo em casos de estupro —, pessoas que lutaram para proteger a minha vida e pessoas que votaram a favor da vida. Eu não tive sorte. Fui protegida. E vocês realmente acham que nossos irmãos e irmãs que estão sendo abortados todos os dias simplesmente são “azarados”?

Esta é a história de uma garota chamada Rebecca Kiessling, uma americana que foi concebida em um estupro e cuja mãe não pôde abortá-la. Ela tem um site pró-vida na internet, em inglês; o trecho da sua história em epígrafe (os grifos são meus) foi obtido no blog do Julio Severo, e vale muito a leitura completa.

“Eu não tive sorte. Fui protegida” – que força têm estas palavras! Nos dias de hoje – em que as pessoas têm sérias dificuldades em fazer abstrações – é muitíssimo eloqüente que um “exemplo vivo” daquilo sobre o qual estamos falando venha a público para dar o seu testemunho. O pai desta garota é um estuprador serial que violentou a sua mãe: ela é fruto de um estupro. Acaso não seria digna de viver por causa disso?

É tremendamente desumano acreditar que a vida ou a morte das pessoas dependam simplesmente de “sorte”, e que nós não devemos fazer nada para protegê-las. “É escolha da mulher”… então, a vida de um ser humano está ao arbítrio da mulher? No fundo, a pergunta fundamental a ser respondida nas discussões sobre a descriminalização do aborto não têm nada a ver com os direitos das mulheres, nem com os direitos ao próprio corpo, nem com os direitos sexuais e reprodutivos, mas sim com esta questão capital: as pessoas devem ser protegidas ou não? É o direito à vida que está em jogo! Tergiversar para longe desta questão é falsear o que se está discutindo e procurar “vencer pelo cansaço”, afogando as questões relevantes num oceano de sofismas e futilidades.

Quando se defende a inviolabilidade da vida humana, quando se afirma insofismavelmente que crianças inocentes não podem ser assassinadas – independente da situação -, então podemos ter a nossa consciência tranqüila, na certeza de que o nosso discurso é coerente. Mas, quando nós começamos a abrir exceções, e dizemos que, em certos casos, certas vidas não merecem proteção… então, onde vamos parar? Se uma vida pode ser descartada, então por que outra também não poderia ser? Se alguns inocentes podem ser assassinados, por que outros não o poderiam? Ora, se a vida não é defendida em sua integridade, então ela não é defendida. A diferença entre uma clínica de abortos onde se matam crianças e um campo de concentração onde se matam judeus não é de essência e sim de grau. Não dá para, racionalmente, condenar o segundo e defender a primeira: tal aberração lógica, mais dia menos dia, vai fatalmente ruir.

Os limites da tolerância

Hoje, a senhora Sandra Nunes – velha conhecida de tantos quanto estão acostumados a passear por este blog – foi colocada sob moderação. Os motivos são mais do que evidentes, e estão no comment acima linkado. Não foi sem relutância que tomei esta decisão; todos sabem – eu próprio já frisei aqui por outras vezes – o caráter combativo do Deus lo Vult!, que não apenas prevê mas também (e principalmente) pressupõe as intervenções dos leitores.

Já há algum tempo há moderação neste blog; desde o tristemente célebre ataque dos ateus estrebuchantes que eu percebi não ser possível manter as coisas completamente abertas. No entanto, sempre é de se lamentar quando um debate (ou um debatedor) ultrapassa a fronteira do razoável e passa a ser contraproducente.

A supracitada senhora – alguns poderão dizer – já há muito tempo (talvez até desde sempre) ultrapassou esta fronteira. Eu não discutiria contra esta afirmação. No entanto, se até o presente momento eu julguei ser possível aplicar uma política de tolerância, após sérias reflexões decidi tomar a decisão – não trivial – de suspender o beneplácito.

Tolera-se, por definição, aquilo que é um mal. Em qualquer âmbito da vida, um mal pode ser tolerado caso se tenha em vista um bem maior a ser obtido. Na lógica dos debates de internet, a exposição das posições errôneas é, evidentemente, tolerada para que as suas refutações possam brilhar, e o argumento vencedor possa, se não convencer o debatedor vencido, ao menos fortalecer a convicção dos espectadores. Nem sempre Deus concede a graça de que o inimigo vencido na arena se levante como irmão do vencedor; no entanto, o esplendor da verdade que irradia do argumento bem construído e bem aplicado é menos raro e, geralmente, compensa o mal que se tolera.

Digo apenas “geralmente”, porque há vezes em que o estertor desesperado daquele que não é capaz de manter racionalmente as suas posições termina por obscurecer aquilo que é realmente relevante. E, se isso pode ser tolerado uma, duas, cinco ou dez vezes, chega um ponto em que a tolerância indefinida já pouco ou nada traz de útil; os bens advindos são menores do que os males que estão gozando da tolerância. Aí, é chegada a hora de intervir… Não é o debate em si que se busca cercear, óbvio, porque este, se verdadeiro, não pode senão servir para a defesa da Verdade, de Deus, de Sua Santa Igreja. O que se corta e lança fora é uma deturpação do debate, um seu abuso, uma espécie de caricatura que se instala no lugar onde as pessoas deveriam debater e as impede de o fazerem. E eu não poderia, em consciência, permitir que este espaço por mim idealizado e construído a duras penas fosse de tal maneira pervertido a ponto de não ser mais possível que, nele, se fizesse aquilo mesmo a que ele se propõe. Tolerância tem limites.

Não foi uma atitude fácil nem incontroversa, mas estou convencido de que foi uma atitude necessária. É lamentável, mas não menos necessário. Que a Virgem Santíssima, Sedes Sapientiae, possa interceder por todos nós, e de maneira especial pela sra. Sandra Nunes, a quem – até além de onde foi possível – esforcei-me por manter aqui. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.