CAMBIO – O PT e as FARCs

Registrando a bomba:

Lembram da operação do Governo Colombiano que resultou na morte de Raúl Reyes após um acampamento das FARCs ter sido bombardeado no Equador no início do ano? Lembram que um notebook pertencente ao guerrilheiro foi então capturado pelas tropas colombianas?

Pois bem. Uma revista da Colômbia revela [LEIAM!] que – segundo análise do material capturado – o governo brasileiro tinha envolvimento com os terroristas colombianos. Segundo a reportagem, que foi chamada de “O dossiê brasileiro”,

[a] juzgar por el contenido de los mensajes, la presencia de las Farc en Brasil llegó hasta las más altas esferas del gobierno de Lula, el Partido de los Trabajadores, PT -el partido del Presidente-, la dirigencia política y la administración de Justicia.

E ainda:

La expansión de las Farc en América Latina no solo incluyó a funcionarios de los gobiernos de Venezuela y Ecuador, sino que también comprometió a destacados dirigentes, políticos y altos miembros del Partido de los Trabajadores, al que pertenece el presidente Luis Inácio ‘Lula’ Da Silva. Además el grupo guerrillero mantuvo contactos con procuradores y jueces de Brasil.

– José Dirceu, ministro de la Presidencia.
– Roberto Amaral, ex ministro de Ciencia.
– Erika Kokay, diputada.
– Gilberto Carvalho, jefe de Gabinete.
– Celso Amorín, canciller.
– Marco A. García, asesor Asuntos Internacionales.
– Perly Cipriano, subsecretario Promoción DD.HH.
– Paulo Vanucci, ministro Secretaría de DD.HH.
– Selvino Heck, asesor presidencial.

Isso não é novidade, porque o FORO DE SÃO PAULOjá denunciado há séculos mas sistematicamente ignorado – foi fundado pelo atual presidente brasileiro e congregava partidos de esquerda e terroristas narcotraficantes na mais perfeita harmonia. A grande mídia, entretanto sempre fez questão de ocultar o fato da população brasileira, ficando o assunto restrito a poucos órgãos de informação alternativos (exemplo) que não têm poder de penetração popular.

E o procedimento operacional padrão se repete. Já saiu no ESTADÃO: Governo brasileiro nega ter ‘cooperado’ com as Farc. A FOLHA disse o mesmo: Assessor especial da Presidência nega relação entre governo brasileiro e as Farc. G1 repetiu: Governo brasileiro volta a negar contatos com as Farc. Oras, falar é muito fácil; e quanto à farta documentação comprometedora que existe, à qual a cada dia é acrescida mais sujeira? Até quando acham que as pessoas vão aguentar ouvir simples negações?

Agradecimentos pela reportagem da revista CAMBIO ao Fabrício.

A grande mudança vai continuar!

Engraçado o cenário político recifense! Para concorrer à prefeitura este ano, temos [acho que] seis candidatos. O candidato do PT – um ilustre desconhecido que, aparentemente, nem programa de governo tem – é apoiado pela coligação “Frente de Recife”, formada por nada menos do que DEZESSEIS PARTIDOS (PT / PSB / PTB / PDT / PC do B / PR / PMN / PHS / PTN / PRB / PT do B / PSL / PRTB / PRP / PGT / PSDC)!

E ainda há quem acredite na seriedade da política brasileira…

* * *

Nova idéia “genial” do Governo do Estado para intimidar os assaltantes recifenses [que estão pintando a miséria e ninguém faz nada]: maletas “explosivas” para transportar dinheiro. O dispositivo é acionado duas vezes: uma no ponto de origem e outra no de destino. Se o tempo entre ambos ultrapassar um certo limite, a maleta destrói parcialmente o seu conteúdo [as cédulas], e o valor é ressarcido pela seguradora.

Segundo um delegado entrevistado pelo jornal, “[o] malote vai desestimular os criminosos, [e] eles vão partir para outra modalidade criminosa”. Ou seja: enquanto não inventarem as “carteiras explosivas”, nós seremos a “outra modalidade” à qual os meliantes serão empurrados pelo desestímulo do Governo. Que maravilha, não?

Só espero que a companhia de seguros cubra o valor perdido, por exemplo, se o transporte for feito pela Conde da Boa Vista (Corredor Leste-Oeste – a grande obra é cuidar das pessoas!) às seis horas da noite…

Enquanto isso, no Canadá

Que exemplo: Romena dá à luz o seu 18º filho! Firme posição contra os antinatalistas, eloqüente testemunho de vida familiar do qual o mundo tem tanta necessidade. Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras; a foto a seguir basta para refutar os editoriais londrinos et caterva:


[Foto: AP apud G1]

E ela tem só 44 anos. Não parecem ser muçulmanos… ainda há esperança no mundo!

“Nós agradecemos a Deus por todos eles serem saudáveis e felizes.” [Alexandru Ionce, pai da menina]

Sim, felizes. Afinal, há coisa mais feliz do que uma família grande e unida? :-)

Uma luz no fim do túnel

Escrevi ontem que uma revista britânica – a British Medical Journal – havia se levantado contra a Humanae Vitae, publicando, no quadragésimo aniversário do documento de Paulo VI, um editorial que era a anti-encíclica, até mesmo pelas expressões utilizadas. O G1 fez o papel do “retransmissor” tupiniquim do besteirol.

Por outro lado, a edição de 30 de julho da VEJA (que já estava em circulação na sexta-feira, 25 de julho) traz uma matéria de capa gratificante, abordando o mesmíssimo assunto, mas (a julgar pela capa, pois ainda não li a matéria) sem a cegueira voluntária do especialista britânico. Ei-la:

No blog do Reinaldo Azevedo, todavia, contrariando explicitamente o que se poderia julgar pela capa da VEJA, encontra-se um texto que parece até ter sido escrito pelo sr. Guillebaund. Imagino que haja outros artigos na revista que sirvam de contraponto e possam dar uma visão mais razoável da questão. Eis o trecho apud Reinaldo Azevedo:

A quantidade de crianças que as mulheres dão à luz tem impacto direto na economia e na sociedade de uma nação. São muitas as razões que levam os casais de países ricos a ser mais propensos a formar famílias pequenas. A adesão das mulheres à competitividade no trabalho ou na vida acadêmica é certamente uma delas. O certo é que, hoje, só as nações muito pobres, como as da África Subsaariana e o Afeganistão, com renda per capita miserável, apresentam altas taxas de fecundidade e de crescimento populacional.

Também em editorial da Folha de São Paulo de ontem, dia 28 de julho, podem-se ler as seguintes palavras sensatas:

A fase de bônus da transição demográfica já vem com data para acabar.  O rápido envelhecimento da população logo produzirá significativos impactos sobre os sistemas de saúde e de previdência. É fundamental que o Estado e as famílias se preparem desde já.

Coisas assim alimentam a esperança de que o povo brasileiro, enfim, não seja mais ludibriado pelo bombardeio maciço e constante de somente um dos lados da moeda. Que tais esperanças não sejam infundadas, e que a luz que desponta no fim do túnel seja o sol a brilhar no campo aberto, é o que pedimos a Deus.

Ainda o catastrofismo antinatalista

“Deixai vir a Mim as criancinhas e não as impeçais” (Lc 18, 16).

Na última sexta-feira, a carta encíclica Humanae Vitae, de Paulo VI, completou 40 anos. Com uma clarividência impressionante, o papa apontava os problemas nos quais a humanidade afundaria caso continuasse com a política (então nascente) de controle de natalidade, condenada pela Igreja como contrária ao plano de Deus (pois “[o] matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor (…) [onde os esposos colaboram] com Deus na geração e educação de novas vidas” – HV 8; cf. HV 13) e degradante da natureza humana (cf. HV 17).

Desgraçadamente, as pessoas não ouviram a Igreja. E, quando as pessoas não ouvem a Igreja, inevitavelmente acontecem tragédias. Tudo o que o Papa falou quarenta anos atrás é, hoje, uma triste realidade:

  • “o caminho amplo e fácil” aberto – “[a]os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto” – “à infïdelidade conjugal e à degradação da moralidade”;
  • a perda do “respeito pela mulher” e a sua consideração “como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como (…) companheira, respeitada e amada”;
  • a existência de governos que favorecem ou impõem “às suas populações (…) o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz”.

Os homens, entretanto, parecem que não aprendem. Mesmo quando a Rússia cria um feriado para incentivar a natalidade, quando há incentivos estatais para que os casais tenham filhos em países da Europa, quando a população européia envelhece a olhos vistos, quando a queda da taxa de natalidade brasileira só perde para a da China, quando o relatório Kissinger já foi desmascarado, mesmo assim, aparece na sexta-feira – dia 25 de julho, lembrem-se, aniversário da Humanae Vitae! – uma reportagem no G1 na qual um especialista em contracepção sugere menos filhos para salvar o planeta! É difícil imaginar em que mundo viva este indivíduo; mas é muito fácil imaginar qual é o propósito da reportagem. Pois vejam (todos os grifos meus):

Para Guillebaund, “algo precisa ser feito para separar o sexo da concepção – ou seja, a contracepção”. [G1]

Esta doutrina, muitas vezes exposta pelo Magistério, está fundada sobre a conexão inseparável que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador. [HV 12]

Percebam que a intervenção do “especialista” – publicada numa revista britânica da sexta-feira 25 de julho – é tão nonsense que nem mesmo os governos europeus engolem mais. Mas ela merece ser publicada “cum jubilo”, porque é a anti Humanae Vitae.  Contradi-la explicitamente, utilizando as mesmas expressões que a Igreja utiliza com relação às duas faculdades do ato conjugal. O objetivo da reportagem britânica e, por conseguinte, do G1, é contradizer o ensino da Igreja, e não outro.

Quando eu vejo certas coisas, a primeira imagem que me vem ao pensamento é a de um adolescente mimado e orgulhoso, “teimando” n’alguma coisa só para não reconhecer que estava errado quando alguém mais velho o disse antes. Lembro-me do exemplo (que se encaixa perfeitamente) dos “cientistas” que querem destruir embriões humanos a todo custo. E vejo a mesma coisa nesta reportagem que faz a apologia do controle de natalidade: é uma vontade irracional de contrariar, somente pelo “prazer” de fazer diferente. O mundo precisa acordar! Uma família é uma coisa séria demais para ficar à mercê das infantilidades dos adolescentes birrentos.

Há uma daquelas “frases de efeito” que diz o seguinte: nunca vá pelo caminho já aberto, pois ele só te leva até onde já estiveram outros antes de ti. Uma frase muito bonita, e muito errada. Um solene incentivo à imprudência, um orgulhoso desprezo pelo trabalho daqueles que nos precederam. Newton dizia que enxergava mais longe por estar sobre os ombros de gigantes; os egoístas que não querem nunca ir pelo “caminho já aberto”, só poderão dar com si próprios n’água, e precipitarem-se no abismo junto com os que lhes derem ouvidos. É o caso deste especialista inglês, que repete sandices – já historicamente demonstradas como tais – contradizendo o Vigário de Jesus Cristo. Não permita Deus que a desgraça antinatalista, após devastar o Primeiro Mundo, venha fazer vítimas aqui do lado de baixo de Equador. Que o povo católico escute a voz do Papa, que ecoa a voz de Cristo. Que os católicos deixem as criancinhas virem ao mundo, pois somente assim é possível deixá-las ir a Cristo, como Ele pediu. Nunca nos esqueçamos de que filhos são bênçãos, a despeito do que digam, porque atestam assim as Escrituras Sagradas que têm como autor Aquele que não pode enganar-Se e nem nos enganar:

O Senhor se lembra de nós e nos dará a sua bênção; abençoará a casa de Israel, abençoará a casa de Aarão, (…) O Senhor há de vos multiplicar, vós e vossos filhos  (Sl 113, 20. 22).

Assuntos diversos

É uma pena que demore tanto para aprovar uma pesquisa importante como essa. Poderia mudar a vida de muita gente.
[Carlos Couri, endocrinologista e pesquisador que trabalha com células-tronco… adultas!]

Saiu na Gazeta de Ribeirão: Pesquisa embargada. O fato? Há uma pesquisa com células-tronco adultas em curso na USP, para o tratamento de diabetes do tipo 1, que está parada há dois anos à espera de um parecer da Comissão de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde. Créditos pela notícia: Wagner Moura e Rodrigo Pedroso.

A pergunta que não quer calar: por que raios uma pesquisa que pode curar pessoas estava embargada ao mesmo tempo em que a mídia fazia lobby para aprovar a destruição de embriões humanos em pesquisas que não têm futuro promissor?

Ideologia faz mal ao cérebro!

* * *

Só 14% dos americanos acreditam numa teoria da evolução que prescinda completamente de Deus, comenta o Sílvio Meira no seu BLOG. O sistema educacional americano é – o próprio Sílvio reconhece – muito superior à média do brasil. Conclusão óbvia ululante: educação não substitui Deus. Conclusão de Sílvio Meira: é preciso ampliar muito a quantidade e qualidade do ensino de lógica e ciências e da argumentação científica em geral. no mundo inteiro. Vai entender…

* * *

Alguém lembra da tese do Freakonomics de que a legalização do aborto nos U.S.A. contribuiu para a queda da criminalidade cerca de 20 anos depois? “Efeito” contrário na China: aborto contribui para aumentar a criminalidade, pelos mesmos autores do livro. O homem é sempre o homem: não cabe dentro de modelos matemáticos. Não há determinismo estatístico que consiga enjaular a – palavra (…) [que não há] ninguém que não entenda! – liberdade humana.

Ah, EJC! Ah, EJC!

Shalom – Sou estrangeiro aqui

Neste final de semana, dias 19 e 20 de julho, aconteceu o XI EJC Torre. A paróquia da Torre é a minha paróquia; passei os dois dias trabalhando para tentar fazer com que os cerca de 80 jovens que participaram do evento conhecessem um pouco mais a Cristo Jesus.

Foram meses de preparação, de muito stress, muito tempo empregado, muita correria… tudo isso consumido em dois dias, que passam depressa como um relâmpago. Vale a pena?

Vale. Porque eu (ainda) sou jovem, e sei do que eles são capazes. Porque – como rezamos na missa antiga – o altar que subimos é do Deus que alegra a nossa juventude (cf Sl 42, 4). Porque os jovens são fortes, a palavra de Deus permanece neles, e eles venceram o Maligno (cf 1Jo 2, 14). Porque os jovens são – como disse o Papa Bento XVI quando esteve no Brasil e eu ouvi lá – não apenas o futuro da Igreja, mas sim o presente da Igreja.

Cansado. Muito cansado. Mas a sensação de dever cumprido. Ó Virgem Santíssima, Maria, Mãe da Igreja, rogai por eles!

Comentando o adeus do Arcebispo – 10

10 – E agora, dom José? & À espera da entrevista que não houve

Por fim, chegamos à última página do especial do JC. Uma grande foto de mais de meia folha do rosto de Dom José, mitrado, entre de perfil e de costas. Ele não olha para a câmera. A mensagem implícita – já devidamente explicitada ao longo das páginas anteriores – é clara: o Arcebispo nem sequer olha para o povo. Não se importa com ele. É-lhe indiferente. Dá-lhe as costas. O título, em letras garrafais, parafraseando o poema de Drummond, é a coroação apoteótica da imagem de Dom José pintada pelo jornal: um fracassado, como o José do poeta.

O jornal já não diz mais quase nada; apenas regozija-se com a “vitória” sobre o inimigo. A enxurrada difamatória varreu do senso crítico do leitor qualquer possibilidade de não ter ojeriza por esta figura que personifica o atraso da Arquidiocese. O trabalho sujo foi feito, e tudo está consumado. Há festa na roda dos escarnecedores.

É, todavia, muito fácil ganhar a batalha quando se está lutando sozinho contra um boneco de palha pré-fabricado. No texto seguinte, o jornal vai “se defender” dizendo que Dom José não quis dar entrevistas; mas é claro que não. Qual pessoa iria, em seu juízo perfeito, perder tempo com palavras que seriam distorcidas ou, na melhor das hipóteses, sufocadas pela avalanche de ataques contrários? Foi mostrado aqui, neste BLOG, qual a linha do Jornal do Commercio e quais os pontos abordados pelo seu caderno especial. Com qual propósito o Arcebispo iria dar entrevistas? Diante de Herodes, Jesus também se calou – Iesus autem tacebat. Diante da intimação do Governo para que se defendesse, Dom Vital fez o mesmo. Diante do Jornal do Commercio, então, que é muitíssimo mais irrelevante do que o Governo Imperial ou do que o Rei Herodes, por que deveria um Sucessor dos Apóstolos falar?

Uma última alfinetada irônica – dom José garante ser um homem de diálogo – e pronto: agem os responsáveis pelo jornal como se tivessem cumprido candidamente a sua missão jornalística. Todavia, como foi mostrado aqui nos últimos quinze dias, a missão do JC é deformativa, e não informativa. Calou-se Dom José, e o Jornal do Commercio, na ânsia de sujar a imagem do Arcebispo, resfolegou-se na lama, e saiu sujo. Sujo pela gritante parcialidade com a qual redigiu o seu caderno especial. Sujo com a falta de honestidade na exposição dos fatos. Sujo pelas insinuações ofensivas feitas ao longo das oito páginas. Sujo pela falta de profissionalismo dos seus jornalistas, que deveriam informar, e não apresentar um espantalho aos seus leitores como se fosse o responsável pela Arquidiocese de Olinda e Recife nas últimas duas décadas. Sujo pelo vergonhoso espetáculo que representou.

Dom José não vai ficar em Recife, é a informação passada pelo Jornal do Commercio. Ao menos, reconhece o jornal que a sua partida não tem ainda data definida:

Está nas mãos do papa Bento XVI decidir quando exatamente dom José deve arrumar as malas. (…) Poderá demorar meses e até anos.

A informação está corretíssima. Logo depois, o jornal tenta polarizar a discussão sobre o “perfil” do sucessor de Dom José (provavelmente, quem escreveu esta página não leu o artigo do prof. Delgado na página anterior). Falando em linha dura, em perfil mais moderado e em Igreja libertária e mais progressista, o jornal deixa clara a sua posição: contra Dom José, e contra qualquer bispo que seja “da mesma linha” dele, ou seja, contra qualquer bispo católico que o seja de fato. O texto termina (de novo…) com a fala de uma fulana qualquer do “Igreja Nova”, que expressa em poucas e elegantes palavras a sua apostasia:

Não estamos procurando alguém para seguir, mas alguém que siga com a gente[.]

Mas, no final, nada disso tem relevância, porque a nomeação dos bispos para as dioceses é uma prerrogativa da Igreja de Roma, e tentativas de se fazer “lobby” contra ou a favor um ou outro “candidato” é extrapolação de competência. Nem mesmo os fiéis católicos podem influenciar na escolha dos seus bispos – quanto mais aqueles que, se são católicos, não são fiéis e, se são fiéis, não são católicos! A Igreja não é uma democracia; esperemos o Sucessor de Pedro volver os olhos para o nordeste brasileiro e confiar este rebanho a um outro Arcebispo. Quem quer que seja ele, será o Bispo legítimo, cabeça desta Igreja Particular, a quem os fiéis católicos estarão – sem dúvida alguma – unidos, pois sabem que, separados dele, não podem pretender estar em comunhão com a Igreja de Cristo, que têm como Mãe, e fora da qual não se podem salvar.

* * *

Anexo 1 – .O adeus do arcebispo

O ADEUS DO ARCEBISPO
E agora, dom José?
Publicado em 04.07.2008

No dia em que fez 75 anos, data-limite para o cargo, o arcebispo garantiu que deixará o Recife para garantir liberdade ao sucessor

[A ]sombra do arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Hélder Câmara, acompanha dom José Cardoso até na hora de traçar os seus planos para o futuro. E, por mais que tenha tentado fugir das comparações, quem resgata a lembrança do antecessor é o próprio dom José. “Posso garantir uma coisa: quando deixar o cargo, não vou permanecer no Recife. Acho que não convém. O meu sucessor deve ter liberdade de tomar as diretrizes como ele quiser. Eu passei por essa experiência. Você assume uma arquidiocese com plenos poderes e o seu antecessor está presente. Isso não é bom.” Uma crítica clara a dom Hélder. Mesmo na despedida, dom José olha para a frente, com os pés no passado.O arcebispo nunca aceitou o fato de dom Hélder ter continuado na arquidiocese, após a sua substituição, em abril de 1985. Ele garante que tomará um rumo diferente. “Vou me esconder num convento carmelita. Procurar uma residência e continuar servindo a Igreja. Mas será fora do território da arquidiocese.” No auge da crise com o rebanho, o incômodo com a presença de dom Hélder era tanto que dom José chegou a mandar um emissário falar com o arcebispo emérito para cobrar o seu silêncio. Coube ao então bispo auxiliar dom João Evangelista Martins Terra dar o recado.

Que dom José vai sair, isso é fato. Está determinado nas leis da Igreja, as mesmas que ele segue com devoção e fidelidade. Agora, quando isso vai acontecer, só o Vaticano sabe. A carta de renúncia, escrita em 15 minutos, segundo contou o arcebispo, foi enviada para a Nunciatura Apostólica, em Brasília, na última segunda-feira, data em que ele completou a idade-limite para continuar no cargo. Está nas mãos do papa Bento XVI decidir quando exatamente dom José deve arrumar as malas. Mesmo que a renúncia seja aceita, padres e leigos acreditam que a saída não será imediata. Poderá demorar meses e até anos.

A expectativa agora é em torno do sucessor. A questão central não é tanto o nome, mas o perfil de arcebispo que o Vaticano escolherá para substituir dom José. Pelos ventos conservadores que sopram em Roma, muitos acreditam que o próximo chefe da Igreja Católica em Pernambuco será da mesma linha dura. É quando o nome do arcebispo da Arquidiocese da Paraíba, dom Aldo Pagotto, aparece. Ele foi vigário-geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, em 1997, e é próximo a dom José. Com carreira e personalidade semelhantes à do atual arcebispo, o atual bispo de Garanhuns, dom Fernando Guimarães, também aparece na lista de apostas.

Num perfil mais moderado, padres e leigos lembram o nome do recém-nomeado arcebispo de Vitória da Conquista (BA), dom Luiz Gonzaga Silva Pepeu. Mas o sonho dos seguidores de uma Igreja libertária e mais progressista é o retorno do bispo de Sobral (CE), dom Fernando Saburido, que já atuou como bispo auxiliar de dom José Cardoso. “O que nós queremos é um bispo mais pastor e menos administrador. Que deixe a Igreja caminhar. Não estamos procurando alguém para seguir, mas alguém que siga com a gente”, afirma a bióloga Bete Barbosa, integrante do grupo de leigos Igreja Nova. Ela cita uma frase de dom Hélder para mostrar que a esperança do rebanho está renovada: “Quanto mais negra é a noite, mais carrega em si a madrugada”.

Anexo 2 – .O adeus do arcebispo

O ADEUS DO ARCEBISPO
À espera da entrevista que não houve
Publicado em 04.07.2008

Em um ponto os críticos e defensores de dom José parecem concordar: o arcebispo de Olinda e Recife é um homem coerente. Nunca voltou atrás numa decisão, por mais polêmica e desgaste que ela tenha causado. Pelo menos, não publicamente. E no trato com a imprensa não foi diferente. Dom José sempre foi avesso a repórteres e alimentou a visão de que os jornais o perseguiam. Em todos os anos de arcebispado, contam-se nos dedos da mão as entrevistas exclusivas concedidas por ele, para tratar de questões pertinentes ou não à Igreja. A postura foi a mesma desta vez. Procurado para fazer um balanço dos seus 23 anos à frente da Arquidiocese de Olinda e Recife, a resposta, repassada por sua secretária, foi curta e direta: “Dom José não dá entrevistas ao Jornal do Commercio”.De pouco adiantou argumentar, com seus assessores, que seria para um caderno especial, abordando diferentes questões da atual administração e que agora, no momento de sua saída, seria importante ele analisar tudo o que havia ocorrido em seu arcebispado. “Ele sabe disso, mas não vai falar”, encerrou a conversa a secretária. Em outras situações, a arquidiocese tinha a preocupação de indicar alguém para falar em nome do arcebispo. Desta vez, nem isso.

Mas dom José garante ser um homem de diálogo. Em novembro do ano passado, ele concedeu uma entrevista à jornalista Graça Araújo, na Rádio Jornal, e respondeu à primeira pergunta defendendo essa idéia. “Eu acredito no diálogo. Tem uma frase muito famosa de um escritor católico francês que diz que o diálogo é o encontro de dois amigos da verdade eterna. Eu gosto muito dessa definição. Quando a gente dialoga com uma pessoa, pressupõe que ela é também um amigo da verdade eterna, a verdade de nosso senhor Jesus Cristo.”

Numa última tentativa de entrevistar o arcebispo, a reportagem esteve na celebração dos seus 75 anos, realizada segunda-feira, na Cúria Metropolitana. Após a missa, ele conversou com a imprensa. Falou da sua biografia e das pessoas importantes na sua vida religiosa. Mas, na primeira pergunta sobre o modelo de Igreja que deixava na arquidiocese, a entrevista foi encerrada pelos seus assessores. “Dom José, o povo está lhe esperando.” E o arcebispo foi cortar o bolo do seu aniversário.

Jornada Mundial da Juventude 2008


[foto: Catholic Diocese of Sale]

Começou, desde a última terça-feira, a XXIII edição da Jornada Mundial da Juventude. O evento, que reúne (como o nome diz) jovens católicos do mundo inteiro com o Papa, aconteceu pela primeira vez em 1986, sendo um legado do papa João Paulo II.

O site oficial do evento é o http://www.wyd2008.org/; em português, a cobertura está sendo feita pelo http://jmjbrasil.com.br/. Neste último, aliás, há uma excelente cobertura de vídeos com atualizações constantes.

Para quem quiser acompanhar o evento, os sites acima – além, claro, do site da Santa Sé – são parada obrigatória. Não esperem para saber da Jornada pela mídia brasileira; vocês não vão saber.

Indulgência plenária, só quem recebe são os peregrinos; mas quem fica aqui longe também pode lucrar indulgência parcial, bastando para isso apenas elevar «ao menos com ânimo contrito suas orações a Deus Espírito Santo, para que impulsione os jovens à caridade e lhes dê força para anunciar o Evangelho com sua própria vida». Garantindo, então, a indulgência parcial (oração pessoal):

“Deus Espírito Santo, que transformastes os homens rudes da Galiléia em Apóstolos da Igreja após revestir-lhes com o Vosso Poder em Pentecostes, fazei com que os jovens católicos, de maneira especial os que estão unidos, em espírito ou em peregrinação, ao Santo Padre o Papa Bento XVI nesta XXIII Jornada Mundial da Juventude, sejam de tal maneira abrasados pela Vossa caridade que, à semelhança dos Doze Apóstolos, anunciem com a própria vida o Evangelho da Salvação. Por Cristo, Senhor Nosso, amém”.

Hoje, houve um encontro ecumênico na Cripta da Catedral de Sydney. Do discurso do Santo Padre:

Este sacramento [o Batismo], que é a porta de ingresso na Igreja e o «vínculo de unidade» para quantos renasceram por ele (cf. Unitatis redintegratio, 22), é consequentemente o ponto de partida de todo o movimento ecuménico. Mas não é o destino final. O caminho do Ecumenismo visa em definitivo chegar à celebração comum da Eucaristia (cf. Ut unum sint, 23-24.45), que Cristo confiou aos seus Apóstolos como o sacramento por excelência da unidade da Igreja.

Viva o Papa!

Comentando o adeus do Arcebispo – 09

9 – Um difícil arcebispado

Este é o único artigo publicado pelo Jornal do Commercio no seu especial que se presta a transmitir uma imagem positiva do Arcebispo de Olinda e Recife. Exceção honrosa, refulge o texto no meio dos ataques desferidos pelo jornal como um lírio entre os espinhos, como um oásis no deserto; parabéns ao prof. José Luiz Delgado, que já tem louváveis precedentes no mesmo Jornal do Commercio (tentem buscar no site do jc por “josé luiz delgado”).

Para que se tenha uma idéia mais clara da desproporção com a qual o jornal distingue entre os que são favoráveis ao Arcebispo e os que lhe são contrários, a foto abaixo foi retirada da versão digital do Jornal do Commercio e mostra duas das oito páginas (ou sete, se desconsiderarmos a capa) que perfazem o especial “O adeus do arcebispo”. O texto do prof. Delgado está à direita, circundado em vermelho. E é, como se pode verificar pelo que foi mostrado neste BLOG ao longo das últimas duas semanas, o único texto em todas as páginas do caderno do JC que merecia uma publicação:

Desta vez, é desnecessário fazer comentários – leiam o artigo abaixo. Deixo apenas uma frase do texto, que brilha pela sabedoria e catolicidade, e que é certamente uma paráfrase de algo que falou o próprio Dom José Cardoso na sua missa de aniversário do dia 30 de junho, à qual o articulista provavelmente esteve, como eu, presente:

Porque o importante não são os bispos, que passam, mas a Igreja, que, fundada sobre a pedra, não passa.

Boa leitura!

* * *

Anexo – .O adeus do arcebispo

ARTIGO
Um difícil arcebispado
Publicado em 04.07.2008

[S]empre pensei que uma das mais difíceis tarefas na Igreja seria suceder a dom Hélder, indiscutivelmente um dos grandes nomes da Igreja universal. Coube a dom Cardoso a árdua missão, em que qualquer um experimentaria especiais aflições. Acresce que dom Cardoso veio numa outra hora da história do catolicismo, não mais aquela fase exuberante e criativa do Concílio, mas agora o tempo de repensar as mudanças, reponderar o que estava sendo feito.Divisões entre os católicos é claro que sempre houve. Nos tempos de dom Hélder, inclusive, quando muitos havia descontentes com suas idéias e sua ação. A diferença está menos no fato da divisão do que na forma de reagir: enquanto os chamados conservadores, por mais que discordem da autoridade diocesana, contêm-se silenciosos e respeitosos, muitos dos autodenominados progressistas ousam fazer estardalhaços, agredir, injuriar, escandalizar.

O grande mérito do arcebispado de dom Cardoso, fidelíssimo seguidor das determinações da Igreja universal nesta nossa igreja particular, é a integral obediência a Roma. Quantas decisões não foram mais de Roma do que dele? Entre os vários fatores que se levantaram contra o arcebispo terá havido também uma oposição fundamental à Igreja como tal, a perseguição-geral do “mundo” (aquele mundo que é inimigo) à Igreja. No fundo, a contestação barulhenta é menos a ele do que a Roma. Não querendo se opor frontalmente ao papa, alguns se revoltam contra o representante do papa nesta nossa diocese.

Certa timidez pessoal, certa patente não-exuberância, podem ter agravado as incompreensões. As pessoas têm temperamentos diferentes e diferentes estilos e modo de ser. Nenhum papa – embora mantenha a mesma doutrina, a mesma fé – é igual a outro. Nenhum bispo, nenhum sacerdote, nenhum de nós. Dom Cardoso tem nítida personalidade: é essencialmente religioso, piedoso, com profunda consciência da própria responsabilidade, integralmente dedicado à Igreja. E há, ainda, a profunda diferença entre ser um simples padre e ser um bispo: o bispo é responsável por toda a comunidade, por todos os padres, é sacerdote, pastor e mestre. A ele cabe velar por todos os padres, como um pai faz com a própria família. E assim como o pai é obrigado, algumas vezes, a repreender e castigar o filho, do mesmo modo o bispo. Se não cumprisse essa tarefa elementar, seria um mau bispo. Creio que ao zelo que dom Cardoso tem no tocante a esse dever da missão episcopal é que se deve a pecha de “autoritário”. A mim ele não parece nem autoritário nem avesso ao diálogo.

Ao cabo, serenamente vistas as coisas, o episcopado de dom Cardoso, como todos os outros, é mais um passo importante na imensa peregrinação pela salvação das almas, que é a história da Igreja. Porque o importante não são os bispos, que passam, mas a Igreja, que, fundada sobre a pedra, não passa. A fidelidade que se requer é à Igreja, não a um bispo X ou Y. Não se pode, na Igreja católica, ser “helderista” ou “cardosista”. Parece que alguns se julgavam (e ainda se julgam) mais “helderianos” do que católicos. É uma brutal traição ao pensamento e à vida do próprio dom Hélder. Dom Hélder era o primeiro a condenar esse tipo de seguidor, ele que quis sempre ser apenas um jumentinho a serviço do Senhor, para levar o Cristo pelos caminhos do mundo. Dom Hélder era um sacerdote muito bem formado, formado à antiga. Imagino, por isso, que, nos começos do episcopado do seu sucessor, alguns “helderianos” tenham ido ao “Dom” para reclamar de atitudes e decisões de dom Cardoso e querer que aquele os liderasse numa contestação à autoridade diocesana. Com certeza, dom Hélder terá dissuadido esses pretensos insurretos recordando-lhes a necessidade de seguir a Igreja institucional, de aderir a ela, não promover divisões. Recusar a autoridade do sucessor, a autoridade legítima do bispo diocesano, é contrariar frontalmente a lição permanente do próprio dom Hélder.

» José Luiz Delgado é professor universitário