Uma nova leva de jovens cruzados

O meu Crisma foi há muitos anos. Faz já mais de uma década que eu recebi na fronte a cruz perfumada com a qual o Espírito Santo consuma nos Filhos de Deus a graça do Santo Batismo. O tempo passa: já são mais de dez anos nas hostes do Senhor dos Exércitos…

É dever de todo crismado espalhar o doce odor de Cristo pelo mundo. Desde muito cedo dediquei-me a espalhar a fragrância do bálsamo sagrado por outras frontes; desde o início da minha «plenitude do Espírito» quis preparar outras almas para também receberem a unção do Santo Crisma. E ontem fechou-se mais um ciclo. Ontem, uma nova leva de jovens cruzados sentaram praça nos batalhões do Deus Verdadeiro.

Foram apresentados ao Bispo. Fizeram a sua solene tríplice renúncia: ao pecado, à desunião e a Satanás. Professaram majestosamente a Fé da Igreja. Receberam a imposição das mãos de um Sucessor dos Apóstolos. Depois, a Cruz traçada na testa, e estavam crismados! Até o final da noite, espalharam o perfume do bálsamo que rescendia de suas frontes lustrosas; permita Deus que, até o final da vida, espalhem pelo mundo inteiro o perfume do Evangelho exalado de suas almas indelevelmente marcadas com o caráter crismal.

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Foram meses de preparação para a noite de ontem. Que digo? Para a noite de ontem, não; para o resto da vida de cada um deles, ontem à noite iniciada. Toda cerimônia de Crisma é o final de um ciclo de catequese, mas precisa ser também e principalmente o início de uma caminhada de maturidade na Fé para aqueles que o bispo unge com o óleo sagrado. Senão não faz sentido. Senão, não vale a pena.

Ontem, por assim dizer já tomaram as rédeas de sua vida espiritual. Se até o último sábado tinham semanalmente as palestras e os coordenadores a conduzir-lhes pela mão rumo ao conhecimento das coisas sagradas, hoje já não têm mais. Hoje precisam caminhar sozinhos. É uma honra e uma responsabilidade; e, justamente por isso, é mais digno e mais meritório. Estão preparados para esta jornada, é certo: com a substância da catequese e principalmente a graça do Sacramento, estão aptos a darem abundantes frutos de santidade para a glória de Deus e da Santa Igreja. Rezo para que o façam. E torno a dizer, ousando falar em nome de toda a equipe: quando precisarem, nós estamos aqui!

Estão prontos para seguirem os passos de Cristo, em meio a este mundo a Ele tão hostil. Estão prontos para O confessarem publicamente, «como em virtude dum encargo oficial (quasi ex officio)» – como diz Santo Tomás citado no Catecismo (§1305). É uma missão sublime: rezo para que a desempenhem com desenvoltura e galhardia. Como Deus os chama a desempenhá-la.

Aos novos soldados de Cristo, meus agradecimentos e minhas congratulações. Obrigado por terem perseverado, a despeito de nossas muitas fraquezas. Parabéns pelo caminho que já ontem começaram a trilhar. Se lhes posso dizer uma última coisa, é que não se afastem dessa santa estrada aberta pelos passos ensanguentados do Divino Salvador. Conservem até o final da vida as boas disposições com as quais, ontem, receberam o Espírito Santo de Deus. E sejam bem-vindos! O futuro reserva maravilhas, não duvidem nunca disso. Uma vida nova e fascinante apenas se inicia.

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Ontem foi o fechamento do Ano da Fé, junto com a celebração da Missa de Cristo Rei. Em Roma, o Papa Francisco fez uma coisa extraordinária: rezou a Profissão de Fé tendo nas mãos a urna com os restos de São Pedro Apóstolo, os quais foram depois expostos à veneração dos fiéis. Mais fotos podem ser encontradas no Facebook.

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As relíquias de São Pedro, nas mãos do seu sucessor, enquanto ele professava o Credo! Se estamos em tempos onde uma boa imagem vale mais do que mil palavras, foquemo-nos nesta imagem assombrosa: um Papa prestando vassalagem ao primeiro que ocupou o sólio pontifício; invocando o Príncipe dos Apóstolos por testemunha, o Bispo de Roma fazendo a sua solene Profissão de Fé. Passado longínquo e presente unem-se, assim, neste grandioso quadro, e o elemento que une o primeiro século aos dias de hoje é justamente a Fé. A Fé dos Apóstolos, a Fé da qual a Igreja é Mestra e Guardiã Infalível, a Fé que não muda e que é a mesma enquanto o mundo dá voltas. Papa Francisco e São Pedro Apóstolo, unidos na mesma Profissão de Fé. Que o mundo perceba a força dessa imagem e entenda essa verdade.

Novos horários de Blood Money em Recife

Atenção aos que moram em Recife ou redondezas: o Cine Rosa e Silva já confirmou que Blood Money vai entrar na sua segunda semana de exibição.

Teremos sessões (pelo menos) até o próximo dia 28/11. O cartaz com os horários – francamente melhores do que os da pré-estréia – segue abaixo:

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Agora, quem estuda somente pela manhã pode assistir tranquilamente ao filme na sessão das dez para as três da tarde. Quem trabalha nos dois expedientes, pode com facilidade se dirigir ao Rosa e Silva às nove horas da noite. E, principalmente, temos mais um final de semana para marcar com os amigos e assistir ao documentário.

Quem não sabe do que se trata ou ainda está em dúvidas se vale a pena ir ao cinema, leia a resenha que escrevi e analise a coletiva de imprensa dada pelo produtor do filme. Vamos ao cinema! Importa conhecer esta verdade inconveniente e fazê-la cada vez mais conhecida. Assista ao filme, discuta-o e o divulgue. O mal cresce no mundo enquanto insistimos em lhe dar as costas. Importa encará-lo de frente. Importa impôr-lhe limites. Já é muito o estrago feito até agora. Já é vergonha demais para nós.

“Aborto: Direito ou Crime?”

É incrível: Elba Ramalho, Lenise Garcia, Luiz Bassuma, Fátima Pelaes (deputada federal), Simone Garuti (repórter) e Sara Winter discutindo sobre o aborto no Superpop da Luciana Gimenez! O programa foi ao ar ontem. Pode ser encontrado (acredito que na íntegra) nos seguintes links:

  1. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373113,entretenimento,redetvi-entretenimento,superpop-debate-a-polemica-do-aborto-1
  2. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373112,entretenimento,redetvi-entretenimento,entenda-como-a-legislacao-brasileira-encara-o-aborto-2
  3. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373117,entretenimento,redetvi-entretenimento,arrependida-elba-ramalho-luta-contra-o-aborto-3
  4. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373116,entretenimento,redetvi-entretenimento,elba-ramalho-explica-razoes-que-a-levaram-ao-aborto-4
  5. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373131,entretenimento,redetvi-entretenimento,publico-opina-sobre-a-legalizacao-do-aborto-5
  6. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373126,entretenimento,redetvi-entretenimento,mae-de-bebe-com-anencefalia-rejeitou-aborto-6
  7. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373125,entretenimento,redetvi-entretenimento,elba-ramalho-canta-sucesso-no-palco-do-superpop-7
  8. http://www.redetv.com.br/Video.aspx?39,9,373124,entretenimento,redetvi-entretenimento,gimenez-orienta-a-procurar-ajuda-antes-de-decisao-por-aborto-8

Vale a pena assistir!

Documentário sobre aborto ganha destaque na mídia recifense

O portal NE10 (Jornal do Commercio) colocou uma chamada de primeira capa para uma resenha do filme Blood Money:

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A matéria, somente publicada hoje à tarde, chegou a entrar no ranking das mais lidas do dia:

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Abaixo, alguns trechos da crítica. Para lê-la na íntegra, acessem aqui.

  • «Sem levantar bandeiras religiosas e com argumentos científicos de que “a vida humana inicia no momento da concepção” e “mãe e feto são dois indivíduos independentes e distintos”, o documentário não condena as mulheres que praticaram o aborto, mas, ao contrário, considera que elas também são vítimas de uma indústria milionária».
  • «O documentário é narrado pela cientista e ativista de movimentos negros dos EUA, Alveda C. King, sobrinha do pacifista Martin Luther King e envolvida em discussões sobre o mecanismo de controle racial nos EUA».
  • «Segundo Luís Eduardo Girão, diretor da Estação Luz Filmes, que junto com a Europa Filmes lança a produção no Brasil, esta é a primeira vez que o cinema tira o aborto da invisibilidade».

Conferência com prof. De Mattei no Círculo Católico de Pernambuco: inscreva-se já!

O Círculo Católico de Pernambuco receberá, no próximo dia 09 de dezembro, às 19h, o prestigioso professor Roberto de Mattei, que irá proferir uma Conferência sobre os bastidores do Concílio Vaticano II.

O professor de Mattei é um renomado historiador italiano, catedrático da Università Europea di Roma, autor de livros traduzidos para diversos idiomas e colaborador de jornais e revistas na Itália e fora dela.

O evento em Recife é gratuito, mas as vagas são limitadas. Para se inscrever, clique aqui ou na imagem abaixo.

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Sessões de Blood Money em Recife: comprem os ingressos

Seguem as datas e horários das exibições de Blood Money que até agora estão confirmadas para Recife. Os ingressos já podem ser adquiridos na bilheteria do Cine Rosa e Silva.

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Tem sido bastante difícil conseguir salas de cinema para que as pessoas possam assistir a este filme. E, na verdade, temos ainda bem poucas exibições: apenas sete, a maior parte delas com horários bem inconvenientes (dez horas da manhã, really?!). Mas estas «sessões especiais» com certeza servirão como termômetro para o cinema decidir se deixa o filme em cartaz por mais tempo. Por isso, é importante irmos ao cinema.

Há uma certa má vontade com a exibição do filme: muitos donos de cinema pensam que documentários não dão bilheteria. E, de fato, não costumam dar: mas este documentário específico é importante e deve ser visto pelo maior número possível de pessoas. Para que isso ocorra, ele precisa ficar em cartaz por algum tempo – pelo maior tempo possível. E isso só acontecerá se o filme estiver dando uma boa bilheteria.

Os cinemas não vão fazer caridade e nem militância pró-vida. Eles querem lucro, e precisamos dar-lhes lucro se quisermos manter o filme em cartaz. Não basta telefonar, compartilhar nas redes sociais, divulgar o filme: é preciso ir vê-lo nas salas de cinema. Sem isso, nada adianta.

Temos já sete sessões: o melhor seria se as lotássemos antes mesmo da sexta-feira. Quem puder comprar antecipadamente os seus ingressos, que o faça: já estão sendo vendidos desde ontem. Assim o cinema vai perceber que a procura pelo filme está grande. Assim faremos algo concreto para informar a sociedade brasileira sobre os males que a indústria do aborto está espalhando pelo mundo.

Pe. Paulo Ricardo no Círculo Católico de Pernambuco

Na última sexta-feira, à noite, houve uma palestra do Revmo. Pe. Paulo Ricardo no auditório do Círculo Católico de Pernambuco. O sacerdote estava de passagem por sua terra natal – sim, ele é meu conterrâneo, para orgulho desta Veneza Brasileira -, a caminho de Fortaleza, e dignou-se proferir algumas palavras para um auditório improvisado.

“Não houve divulgação!”, ouvi alguns amigos reclamarem depois. De fato, não houve. Não havia estrutura preparada para um evento com o Pe. Paulo Ricardo. O encontro foi organizado à moda antiga, boca a boca, via telefonemas, conversas de viva voz, mensagens de celular. Nada de mass media. Algumas exceções se justificaram: os seminaristas foram informados pelo reitor (ou por um dos Vigários Episcopais, agora não lembro ao certo), a diretoria do Círculo foi previamente comunicada, etc. Mas divulgação pública, estritamente falando, não houve mesmo e nem poderia ter havido.

Se o maior auditório do qual dispúnhamos já estava abarrotado de gente sem que divulgássemos nada, onde acomodaríamos os outros que viriam por conta da divulgação? Não havia condições. Recife ainda aguarda um verdadeiro evento com a presença do pe. Paulo. Na última sexta-feira, tivemos apenas um pequeno regalo oferecido pelo sacerdote que estava de passagem. Precioso, mas restrito.

Quisera ter a palestra completa para a disponibilizar aqui; talvez a consiga em breve. Por enquanto, cito de memória algumas das coisas mais interessantes que retive daquele pequeno encontro da sexta-feira ao qual tive a graça de estar presente.

O Pe. Paulo começou falando sobre a moderna concepção de “Família”, e como este novo conceito em tudo se opõe ao que é ensinado e vivido pela Igreja Católica. Citou desde o começo: de como as idéias de Marx consignadas no “A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado” de Engels influenciaram o pensamento sociológico posterior. Afirmou que esta revolução, pelo menos no que toca à dissociação entre ato sexual e reprodução, está plenamente estabelecida mesmo entre bons católicos, e o demonstrou com três simples perguntas:

– Levantem a mão aqueles cujo pai ou cuja mãe, qualquer um dos dois, tem perto de 10 irmãos. Muitos levantaram a mão. – Agora levante a mão quem tem perto de 10 irmãos. Somente meia dúzia de pessoas, no máximo, a levantaram. – Agora, a pergunta matadora: quem de vocês tem 10 filhos? Absolutamente ninguém ergueu o braço.

E se nós, católicos de escol, estamos assim tão distantes do que era comum e corriqueiro no catolicismo mediano da época de nossos avós, é porque existe algo de muito errado com o mundo. E esta prodigiosa mudança se operou no transcurso de poucas décadas, em apenas duas gerações! O trabalho realizado pelos inimigos da Civilização foi muito bem feito, de uma eficácia estarrecedora. Os seus maus intentos foram perfeitamente atingidos, e suas idéias estapafúrdias hoje gozam da mais absoluta hegemonia social.

Depois, o padre falou sobre o virtual abandono das defesas da Igreja Católica, devido a uma onda de otimismo que contagiou o mundo por volta da década de 60 do século passado. Pessoas do mais incontestável amor à Igreja – afirmou o Pe. Paulo – estavam sinceramente convencidas de que as multidões acorreriam rapidamente ao grêmio da Santa Madre se a mensagem evangélica fosse apresentada de modo mais positivo, de uma maneira que os homens fossem capazes de compreender. Como se o problema estivesse somente numa compreensão equivocada do ensino da Igreja. Como se a má vontade não pudesse oferecer resistência à graça divina, ou como se não houvesse espíritos malignos voando pelo mundo para perder as almas dos filhos de Deus.

Hoje, olhando para o passado, é-nos possível dizer que o resultado deste método – universalmente adotado nas últimas décadas – foi uma incontestável catástrofe completa. Não ocorreu a primavera que era esperada, e a boa vontade dos homens não foi capaz de sobrepujar o tradicional ranço anti-católico que é um reflexo daquela inimizade estabelecida por Deus entre os Seus filhos e os filhos da Serpente após o Pecado Original. No entanto, os Bispos que possuímos hoje são exatamente aqueles que estavam no seminário àquela época! E como as posições da juventude são difíceis de se abandonar, aquele otimismo (que hoje se nos afigura a nós completamente sem fundamento) ainda domina os corações da maior parte dos nossos prelados.

E não podemos bater de frente com eles. Não é católico e não é inteligente combater os nossos bispos, ainda que eles não nos compreendam. Não podemos nos indispôr com eles, pois isso só nos tolherá as (já exíguas) possibilidades de ação dentro da Igreja: seremos um católico a menos. E hoje, talvez mais do que nunca, é preciso perseverar. Porque a primavera não veio, e ainda estamos no mais tenebroso inverno.

E o inverno não é época de florescer. No inverno, a Natureza gasta todas as suas energias para sobreviver, e é isso o que deve ser feito por nós. Não adianta esperarmos coisas grandiosas ou idealizarmos empreitadas primaveris: precisamos guardar a Fé e esperar que o inverno passe – ele há de passar. Precisamos sobreviver e, conosco, fazer sobreviver a chama da Fé Católica: isto está ao nosso alcance fazer. O inverno há de passar. E daqui a alguns anos – cinqüenta, cem, duzentos anos, não sei – a Primavera finalmente virá. E os nossos descendentes, os católicos do futuro, olharão para trás com um sentimento de profunda gratidão por nós, e nos chamarão de Bem-Aventurados, porque sobrevivemos. E nos dirão: “se hoje nós estamos aqui, é porque vós fostes fiéis; se hoje nós cremos, é porque vós um dia crestes”. E esta será a nossa honra e a nossa glória.

Abaixo, algumas fotos que consegui tirar do evento.

P.S.: Para quem ainda não ouviu, esta palestra foi ao ar pela Radio Vox e pode ser ouvida aqui.

O questionário preparatório para a Assembléia do Sínodo dos Bispos sobre a Família

Em preparação para a Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos – que acontecerá no próximo ano e abordará o urgente tema da Família -, foi recentemente tornado público um questionário que o Papa preparara para supostamente ser respondido por todos os católicos do mundo. O citado questionário trazia perguntas sobre casais de fato, casais em segunda união, duplas gays e a doutrina da Humanae Vitae, entre outras coisas.

Vi primeiro a notícia no Facebook, ainda na semana passada, e a idéia de se consultar todos os católicos do mundo sobre o tema me pareceu duplamente absurda. Primeiro pela (evidente) virtual impossibilidade logística de uma consulta desta magnitude, e segundo porque semelhante “democracia direta” era obviamente estranha à constituição da Igreja.

Depois, vi a notícia no Infovaticana. O absurdo escopo da pesquisa continuava presente:

O Papa Francisco preparou uma pesquisa mundial para todos os católicos do mundo [sic: a todos los católicos del mundo] que, segundo o Annuarium Statisticum, são no total 1,214 bilhão [1214 millones].

Ora, a notícia fazia questão de informar o número de católicos atualmente existentes no mundo, o que era um indicativo bastante claro de que seriam todos estes, afinal de contas, os destinatários da pesquisa! O que continuava me parecendo totalmente nonsense.

Fui procurar. Na verdade, trata-se de um procedimento absolutamente normal para a preparação das assembléias do Sínodo dos Bispos: estas reuniões são precedidas por um Instrumentum Laboris elaborado a partir de – entre outras coisas – consultas enviadas às Conferências Episcopais a respeito do tema sobre o qual o Sínodo se vai debruçar. Por exemplo, o último Sínodo dos Bispos, de 2012, dizia o seguinte em seu Instrumentum Laboris (grifos meus):

[1.] Com o intuito de facilitar a preparação específica deste evento foram preparados os Lineamenta. Aos Lineamenta e aos questionários responderam as Conferências Episcopais, os Sínodos dos Bispos das Igrejas Católicas Orientais sui iuris, os Dicastérios da Cúria romana e da União dos Superiores Gerais. Acresce também as observações de Bispos, sacerdotes, membros de institutos de vida consagrada, leigos, associações e movimentos eclesiais. Um processo de preparação muito participado que confirma quanto este tema escolhido pelo Santo Padre está no coração dos cristãos e da Igreja hodierna. Todos os pareceres e as reflexões alcançadas foram recolhidas e sintetizadas neste Instrumentum laboris.

Ou seja, não se trata de nenhum “questionário inédito”, uma vez que este é o procedimento padrão universalmente adotado na preparação das Assembléias do Sínodo dos Bispos. A menos, é claro, que o “ineditismo” aqui se refira ao conteúdo da pesquisa – afirmação que é uma verdadeira platitude, uma vez que as perguntas são tão “inéditas” quanto é a primeira vez que o Sínodo se reúne pra tratar deste tema específico…

O documento de preparação pode ser encontrado em português aqui. Ele consta de uma introdução e do questionário. São diversas perguntas, algumas das quais muito interessantes, como por exemplo:

  • Em que medida – e em particular sob que aspectos – este ensinamento [da Bíblia, da “Gaudium et spes”, da “Familiaris consortio” e de outros documentos do Magistério pós-conciliar sobre o valor da família segundo a Igreja católica] é realmente conhecido, aceite, rejeitado e/ou criticado nos ambientes extra-eclesiais? Quais são os fatores culturais que impedem a plena aceitação do ensinamento da Igreja sobre a família?
  • Como é contestada, na prática e na teoria, a lei natural sobre a união entre o homem e a mulher, em vista da formação de uma família? Como é proposta e aprofundada nos organismos civis e eclesiais?
  • Em todos estes casos [convivência ad experimentum; uniões livres de facto, sem o reconhecimento religioso nem civil; os separados e os divorciados recasados]: como vivem os batizados a sua irregularidade? Estão conscientes da mesma? Simplesmente manifestam indiferença? Sentem-se marginalizados e vivem com sofrimento a impossibilidade de receber os sacramentos?
  • Que atenção pastoral é possível prestar às pessoas que escolheram viver em conformidade com este tipo de união [homossexual]?
  • No caso de uniões de pessoas do mesmo sexo que adotaram crianças, como é necessário comportar-se pastoralmente, em vista da transmissão da fé?
  • Qual é o conhecimento real que os cristãos têm da doutrina da Humanae vitae a respeito da paternidade responsável? Que consciência têm da avaliação moral dos diferentes métodos de regulação dos nascimentos? Que aprofundamentos poderiam ser sugeridos a respeito desta matéria, sob o ponto de vista pastoral?
  • Como promover uma mentalidade mais aberta à natalidade? Como favorecer o aumento dos nascimentos?
  • Em que medida as crises de fé, pelas quais as pessoas podem atravessar, incidem sobre a vida familiar?

Trata-se de perguntas pertinentes e incômodas; fico imaginando a cara de certos prelados brasileiros quando, por exemplo, forem responder sobre «[c]omo favorecer o aumento dos nascimentos» em suas dioceses…

São perguntas que delineiam de forma bastante clara a tônica das discussões das quais será palco a Cidade Eterna no ano que vem. Muito bem elaboradas, cirúrgicas até, sem dar margens para tergiversações. Excelentes.

No entanto, como não poderia deixar de ser, há os espíritos de porco. Por exemplo, o Janer Cristaldo expôs sobre o assunto esta boçalíssima análise:

É a Igreja sondando seus bispos para ver se pode ampliar o rebanho sem causar muitos estragos na instituição. A interdição ao homossexualismo não é dogma. Dogmas só tratam de questões de fé. Ocorre que faz parte da doutrina da Igreja, uma doutrina tão sólida quanto os dogmas. Não seria de espantar que, num esforço insólito de “aggiornamento” – e de ampliação de mercado – a Santa Madre desse o salto inesperado.

“Esqueceu-se” apenas o articulista de que a Igreja é infalível em Fé e em Moral e, portanto, a interdição aos atos de homossexualismo é tão irreformável quanto a crença «na ressurreição do Cristo, na virgindade de Maria e no deus três-em-um». Simplesmente não há “aggiornamento” possível aqui, e nem se pode compreender sob qual lógica uma pergunta sobre «atenção pastoral» aos homossexuais poderia indicar uma “abertura” da Igreja ao homossexualismo que não fosse imediatamente fechada por outra pergunta sobre o aprofundamento da «lei natural sobre a união entre o homem e a mulher (…) nos organismos civis e eclesiais». A superficialidade desta análise seletiva do Cristaldo chega a ser deprimente.

Se ainda fosse possível haver alguma dúvida sobre o objetivo deste documento preparatório, a sua apresentação feita pelo Cardeal Erdö exorcizaria definitivamente qualquer espírito de confusão. O prelado explica com todas as letras; nele,

a família aparece como uma realidade que desce da vontade do Criador e constitui uma realidade social. Portanto, não é uma mera invenção da sociedade humana, muito menos de qualquer poder puramente humano, mas sim uma realidade natural, que foi elevada por Cristo Nosso Senhor no contexto da Graça divina… O documento, assim como a própria Igreja, une estritamente a problemática da Família com a do Matrimônio.

E o arcebispo Bruno Forte arremata, citando João XXIII:

Não se trata, em definitivo, de debater assuntos de doutrina, em outras partes já explicados pelo Magistério recente… O convite que se faz a toda a Igreja é o de escutar os problemas e expectativas que estão vivendo hoje em dia tantas famílias, mostrar-se próxima delas e oferecer-lhes de forma crível a misericórdia de Deus e a beleza da resposta ao Seu chamado.

É este e não outro o caminho da Igreja de todos os séculos, é este e não outro o caminho da Igreja de hoje. Rezemos pela próxima Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos! Que ela possa ajudar a luz de Cristo a resplandecer com renovado fulgor; que possa fazer a beleza da resposta ao chamado de Deus ser apresentada aos homens modernos em toda a sua formosura.

Apoio Episcopal ao filme «Blood Money»: Dom Fernando Saburido

O Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, está empenhado na divulgação do documentário «Blood Money» sobre o qual já falamos aqui. Sua Excelência enviou uma circular a toda a Arquidiocese informando sobre o filme e instruindo os leigos a «motivar o povo de Deus a assistir ao filme e divulgá-lo». Não deixemos de fazer a nossa parte para que esta produção chegue ao conhecimento do maior número possível de pessoas.

O documento segue abaixo (clique nele – ou aqui – para fazer o download de sua versão em .pdf).

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