A “reforma histórica” do Papa Francisco (I) – A Liturgia

Diz-nos a mídia secular que o Papa Francisco está para fazer uma “reforma histórica”. Nós bem sabemos o quão estapafúrdia é a cobertura da grande mídia em assuntos eclesiásticos; inobstante, por detrás de cada manchete mentirosa ou reportagem deturpada há sempre alguma coisa de verdade que convém escarafunchar, quer seja para desmentir os prognósticos disparatados da imprensa, quer seja para nos informarmos realmente sobre o que está acontecendo – esta que deveria ser a função da imprensa, mas que ela obviamente não cumpre e, portanto, sobra para nós corrermos atrás dos fatos por conta própria.

O que há de verdade neste burburinho que ouvimos ao nosso redor? O Papa vai fazer algumas coisas. Fato, aliás, completamente simples e banal: é lógico que o Papa está sempre fazendo coisas, pois precisa administrar uma Igreja com um bilhão de fiéis e, se nunca houvesse nada a ser feito, não seria necessário sentar um monarca plenipotenciário no Trono de São Pedro. O Papa vai tomar as decisões de governo que compete a ele como Romano Pontífice: é lógico que vai. Chamar isso de «reforma», contudo, é a primeira armadilha midiática que precisamos evitar como o diabo: «reforma» é uma palavra que traz em si um programa, indicando que as coisas vão mal e é necessário “mudar tudo” para colocá-las novamente nos eixos.

Quando a mentalidade contemporânea pensa em «reforma», ela pensa automaticamente em abandonar coisas velhas para abraçar novas coisas: dificilmente “reformar” uma casa, por exemplo, significa – como se deveria esperar pelo étimo da palavra – conduzi-la novamente ao que ela era quando foi originalmente construída. Reformar uma casa é mudá-la: é construir um outro cômodo, é substituir toda a cozinha, é levantar um outro pavimento, et cetera. Na vida da Igreja é tudo muito diferente: a reforma do Carmelo, por exemplo, é o retorno à espiritualidade carmelita original. Ora, se é a mídia quem está falando em «reforma», convém entender a expressão no sentido corriqueiro do termo. O que a imprensa está aventando é que o Papa vai fazer «coisas novas» na Igreja.

Eu infelizmente não acredito que o Papa Francisco vá fazer uma «reforma» no sentido teresiano. Precisamos rezar, e muito, pelas decisões de governo que ele vem tomando e está na iminência de tomar, porque antevejo incontáveis mudanças plausíveis que ele poderia introduzir na Igreja, e das quais eu sinceramente não consigo enxergar o bem que poderia advir.

Por exemplo, com relação à Sagrada Liturgia. É bem sabido que o Papa Francisco distancia-se bastante do estilo de Bento XVI; para ficar apenas em dois exemplos que são de partir o coração, ele colocou uma mesa na Capela Sistina no dia em que foi eleito para não precisar celebrar versus Deum, e adotou o italiano nas liturgias pontifícias em abandono ao latim que o seu predecessor restaurara. Possui igualmente uma estética litúrgica à qual eu me permito fazer um comentário: embora os paramentos que enverga tenham aquela «nobre simplicidade» que minimamente se exige no Rito Romano, é de se lamentar o virtual abandono das vestes antigas. Bento XVI – disse o «Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice» em 2010 – «apresenta[va] um modelo em suas celebrações, quando usa[va] tanto vestes de estilo moderno como, em alguma ocasião solene, as “clássicas”, também usadas por seus antecessores». Enche-me de tristeza que este «exemplo do escriba (…), comparado por Jesus com um chefe de família que tira do seu tesouro nova et vetera» não seja compartilhado pelo atual Vigário de Cristo.

Sobre o mesmo assunto, são angustiantes estas duas notícias, uma delas por enquanto apenas um rumor, mas a segunda, já um fato consumado. O fato: «os consultores da Oficina de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice foram todos – T.O.D.O.S – removidos dos seus postos». Foi uma remoção sutil, que consistiu somente na não-renovação da provisão de cinco anos que detêm todos os cargos consultivos da Cúria, mas ainda assim uma dolorosa remoção: está desfeita a retaguarda teórica que Bento XVI constituíra na Cúria Romana para zelar pelas liturgias pontifícias. O rumor: o arcebispo Piero Marini – não confundir com D. Guido Marini, [por enquanto ainda] cerimoniário pontifício do Papa Francisco – pode ser nomeado a qualquer instante «como novo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos». O “mau Marini” era cerimoniário pontifício à época de João Paulo II, e foi o responsável direto pela situação deplorável à qual por incontáveis vezes se reduziram as celebrações do Bem-Aventurado Pontífice. A se confirmar esta malfadada nomeação, será um duro golpe em todos os católicos que têm amor pela Sagrada Liturgia e que entendem a importância da «reforma da Reforma» para a solução da crise atual.

Nuvens negras se assomam no horizonte! Precisamos rezar com mais afinco, que aparentemente ainda não estamos fazendo o bastante. Como dizem estas felicíssimas palavras do padre Tim Finigan citando S. Vicente Ferrer que o Fratres recentemente traduziu, «se você discorda do Papa, a oração não é simplesmente um conforto sentimental piedoso, mas o curso de ação apropriado, uma vez que ela é um apelo ao seu superior imediato». Rezemos pelo Papa, rezemos pelo bem da Santa Madre Igreja.

Outro Papa escreve a outro ateu

À semelhança do que o Papa Francisco fez recentemente, Bento XVI também escreveu uma carta a um ateu italiano. Piergiorgio Odifreddi é matemático e escreveu um livro – Caro Papa, ti scrivo – onde expõe as suas opiniões no formato de uma missiva ao Bispo de Roma que, hoje emérito, dignou-se dirigir-lhe uma resposta. A íntegra da carta assinada por Bento XVI tem 11 páginas, algumas das quais foram publicadas pelo La Repubblica. O Marcio Campos traduziu-lhe alguns trechos e os colocou no Tubo de Ensaio. Destaco somente um:

[S]e o senhor quer substituir Deus com “a Natureza”, fica uma questão: quem, ou o que é essa Natureza. O senhor não a define em nenhum ponto; ela aparece, então, como uma divindade irracional que não explica nada. Queria, então, acima de tudo deixar claro que na sua religião da Matemática ficam de fora três temas fundamentais da existência humana: a liberdade, o amor e o mal. Eu me surpreendo com o fato de o senhor, em uma única tacada, destruir a liberdade, que foi e é um valor fundamental da época moderna. O amor, em seu livro, não aparece; e mesmo sobre o mal não há nenhuma informação. Independentemente do que as neurociências digam ou deixem de dizer sobre a liberdade, no drama real de nossa história ela está presente como realidade determinante, e deve ser levada em consideração. Mas a sua religião matemática não conhece informação alguma sobre o mal. Uma religião que despreze essas perguntas fundamentais se esvazia.

E, como eu já tive a oportunidade de dizer outras vezes no Deus lo Vult! [p.ex. aqui], simplesmente dizer que não há causas ou atribuí-las a entes indefinidos (a “Natureza”, o “Acaso”, etc.) não é explicar rigorosamente nada. É na verdade o contrário mesmo de uma explicação: é um atestado de ignorância, é se esquivar a enfrentar as perguntas para as quais, por vias complementares, Filosofia e Religião sempre se empenharam em buscar respostas. Que certas pessoas imaginem poder calar dúvidas históricas do ser humano à força de repetir «não sei» é um evidente indício de decrepitude da razão, e não de florescimento intelectual.

Mas o mais engraçado dessa história é a genial perspicácia da nossa classe jornalística, rasa como um pires barato. A foto abaixo é a abordagem que o recifense Jornal do Commercio fez hoje sobre o assunto:

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Não vou nem mencionar a obviedade estampada na manchete (raios, o que eles esperavam que o Papa dissesse?!). Destaco o seguinte trecho, já no penúltimo parágrafo: «os textos [a carta anterior do Papa Francisco e esta agora de Bento XVI] mostram que o papa e o papa emérito têm a mesma opinião sobre determinados assuntos e alimentam especulações de que estejam trabalhando em conjunto».

Em nenhum momento parece ter passado pela cabeça do autor deste período que a «opinião» de ambos sobre Deus e o ateísmo é a mesma porque, ora bolas, todos os dois são católicos. O fato de ambos seguirem uma mesma religião parece não ser suficiente para explicar o curiosíssimo fato de todos os dois pensarem a mesma coisa a respeito do ateísmo. Ao invés disso, a opinião mais provável, a dar crédito ao Jornal do Commercio, é que os dois Papas «estejam trabalhando em conjunto»!

Eis o “senso crítico” que a mídia anda formando. A expressão não poderia ser mais exata: o senso adquirido por quem se acostuma a ler essas coisas é «crítico» como o estado de quem se encontra com uma doença terminal. Talvez já tenha até morrido há muito tempo e ainda não saiba. Que tempos…!

PGR não sabe a diferença entre um quartel e um motel

Apenas um ligeiro comentário sobre o «fim de criminalização de prática sexual em área militar» (!) pleiteado pela Procuradoria Geral da República.

Na tentativa de promover a todo custo o “gay-way-of-life”, as instituições públicas advogam em favor das maiores barbaridades e se expõem cada vez mais ao escárnio e ao descrédito. Ora, o Art. 235 do Código Penal Militar, que os excelentíssimos Procuradores-Gerais parecem não ter mais o que fazer do que buscar revogar, diz textualmente o seguinte:

Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com êle se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar:

Pena – detenção, de seis meses a um ano.

O ato aqui tipificado como crime não é a «pederastia» simplesmente, é qualquer ato libidinoso. E é bastante óbvio para qualquer pessoa que mantenha algum resquício de senso moral que não há nada de errado com isso, muito pelo contrário: trata-se de uma regra mínima de decência e de civilidade. Se o militar quer praticar atos libidinosos, que o faça em sua própria casa, ora bolas, ou num motel, e não dentro de instalações públicas militares! Era só o que faltava mesmo: transformar dependências das Forças Armadas em motéis custeados pelo Poder Público!

É verdadeiramente espantoso que uma notícias dessas possa ser publicada no site do Supremo Tribunal Federal. É tagarelice vazia em cima de tagarelice vazia:

A PGR afirma que, a partir da Constituição Federal de 1988, não há fundamento “que sustente a permanência do crime de pederastia no ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista que é nitidamente discriminatório ao se dirigir e buscar punir identidades específicas, sem qualquer razão fática ou lógica para tal distinção”. O crime estaria inserido num contexto histórico de “criminalização da homossexualidade enquanto prática imoral, socialmente indesejável e atentatória contra os bons costumes”, visão que “não mais se sustenta internacionalmente”.

[…]

Além do aspecto discriminatório, a Procuradoria aponta que a norma tem o objetivo de limitar a liberdade sexual dos militares. (…) O que seria passível de punição, assim, seria o assédio sexual, de acordo com a PGR. “Não pode haver criminalização do exercício pleno da sexualidade consensual entre dois adultos, ainda mais quando os indivíduos não estejam exercendo qualquer função”.

Primeiro, o crime não é de «pederastia», e sim de «ato libidinoso».

Segundo, não há nada de “discriminatório” aqui, uma vez que qualquer espécie de ato libidinoso cometido por militares dentro de dependências militares – independente do sexo dos envolvidos – é punido com o mesmíssimo artigo do Código Penal Militar.

Terceiro, é óbvio que instalações militares não são lugares adequados para a prática de «atos libidinosos», quaisquer que sejam eles.

Quarto, o homossexualismo ser uma «prática imoral, socialmente indesejável e atentatória contra os bons costumes» não está sequer insinuado aqui, uma vez que o dispositivo regulamenta a decência e a moralidade de um espaço público independente das preferências sexuais dos envolvidos.

Quinto, que ninguém tem «liberdade sexual» para praticar atos libidinosos em dependências públicas, e proibir estes últimos não tem nada a ver com criminalizar as opções sexuais de ninguém.

Sexto, que o assédio sexual já é crime no Brasil (Art. 216-A do Código Penal), e é uma coisa completamente distinta da utilização de dependências militares para satisfazer o baixo-ventre, donde a exigência de tipos penais distintos para coibir práticas distintas.

Sétimo, que o «exercício pleno da sexualidade consensual entre dois adultos», para existir, não precisa ser realizado dentro de lugar sujeito a administração militar – aliás, não o pode ser, porque uma dependência militar não é motel e nem a casa privada de nenhum dos dois «adultos» para que eles se julguem no direito de praticarem atos libidinosos lá.

Oitavo, que não faz nenhuma diferença se os indivíduos estão ou não exercendo funções, o que interessa é que todo mundo – em serviço ou não – precisa obedecer a regras mínimas de moralidade e convivência em espaços públicos.

Nono, por fim, que se engana quem pensa que o chão é o limite. Nós já passamos do chão faz tempo. O limite é o inferno, e os nossos governantes parecem realmente empenhados em fazer com que cheguemos cada vez mais perto de lá. É vergonhoso.

Convite: 1ª Caminhada pela Vida – Rio de Janeiro

Aos amigos cariocas e a todos os que estiverem no Rio de Janeiro no próximo dia 05 de outubro, convido para esta «Caminhada em defesa da vida» que está sendo realizada pelo Brasil Sem Aborto e que conta com o apoio da Arquidiocese do Rio de Janeiro, particularmente de Dom Antônio Augusto Duarte.

“Eu conto com todos vocês e peço que difundam esse convite aos seus familiares e amigos. Essa caminhada é uma resposta que queremos dar a tantas pessoas que não veem na vida, um tesouro que Deus nos concedeu”, sublinhou Dom Antônio.

O cartaz segue abaixo. A concentração se dará às 9h00 do dia 05 de outubro, na Candelária, de onde a caminhada seguirá em direção à Cinelândia. Todos estão convidados. Levem as famílias.

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A «carta aos que não crêem» do Papa Francisco

O Papa Francisco escreveu uma curiosa «carta aos que não crêem», da qual é possível encontrar uma tradução em espanhol aqui. Não se trata de nenhum documento magisterial, mas simplesmente de uma carta pessoal do Papa Francisco ao Eugenio Scalfari, fundador do jornal La Repubblica, 89 anos, laicista ferrenho, promotor do aborto e do divórcio na Itália. É interessante a preocupação com os ateus que o Papa demonstra: não é a primeira vez que o Sumo Pontífice se refere diretamente a eles. Se não perdi as contas, é a terceira.

A primeira vez foi ainda em maio, e comentei sobre o assunto aqui. Na ocasião, o Papa falou que Cristo havia derramado o Seu Preciosíssimo Sangue também pelos ateus, e que também estes tinham o dever de fazer o bem. Foi numa de suas homilias improvisadas na capela da Domus Sanctae Marthae, cujo texto em italiano se encontra aqui.

A segunda vez foi na Carta Encíclica Lumen Fidei, e quando eu li tive a clara impressão de que o Papa se referia à sua meditação de 22 de maio que provocara alguma perplexidade entre crentes e não crentes. Esclarecendo agora de modo sistemático o que dissera de improviso em uma missa ferial, o Papa afirmou o seguinte:

Configurando-se como caminho, a fé tem a ver também com a vida dos homens que, apesar de não acreditar, desejam-no fazer e não cessam de procurar. Na medida em que se abrem, de coração sincero, ao amor e se põem a caminho com a luz que conseguem captar, já vivem — sem o saber — no caminho para a fé: procuram agir como se Deus existisse, seja porque reconhecem a sua importância para encontrar directrizes firmes na vida comum, seja porque sentem o desejo de luz no meio da escuridão, seja ainda porque, notando como é grande e bela a vida, intuem que a presença de Deus ainda a tornaria maior. Santo Ireneu de Lião refere que Abraão, antes de ouvir a voz de Deus, já O procurava «com o desejo ardente do seu coração» e «percorria todo o mundo, perguntando-se onde pudesse estar Deus», até que «Deus teve piedade daquele que, sozinho, O procurava no silêncio». Quem se põe a caminho para praticar o bem, já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor [LF 35].

A terceira vez, por fim, foi nesta recente carta ao Scalfari, sobre a qual ZENIT publicou também um interessante artigo (em espanhol) aqui. Não obstante ela valha uma leitura na íntegra, há duas passagens dignas de menção nesta carta; primeiro, quando o Papa afirma que «[e]l pecado, aún para los que no tienen fe, existe cuando se va contra la conciencia»; segundo, quando ele diz que «no hablaría, ni siquiera para quien cree, de una verdad «absoluta», en el sentido de que absoluto es aquello que está desatado, es decir, que sin ningún tipo de relación».

Quanto à primeira, é importante salientar, sim, que é pecado agir contra a própria consciência, e este é o fundamento para a possibilidade de salvação dos não-católicos que, em estado de ignorância invencível, seguem aquilo que, em consciência, parece-lhes correto. É isso, em suma: peca quem age contra aquilo em que acredita, mesmo que acredite em mentiras.

Sempre tive sinceras dúvidas quanto à possibilidade de existir uma consciência inculpavelmente mal-formada a ponto de ser incapaz de reconhecer a Deus; no entanto, a existência de fato desta peculiaridade é bem pouco importante para o estabelecimento dos princípios. Estes dizem que todo mundo tem a obrigação de seguir os ditames da Lei Natural, nos quais está incluído o dever de buscar e servir a Deus. Agir contra a Lei Divina é sempre objetivamente pecaminoso, por óbvio, mas a responsabilidade moral subjetiva de quem viola um preceito específico desta Lei pode ser atenuada dependendo da sua capacidade de reconhecê-la como o que ela é. Portanto, a descrença é desculpável se e somente se o descrente não tiver condições de crer. Ela me parece claramente desculpável nos loucos que não possuem o uso da razão; e em pessoas inteligentes e supostamente instruídas, é possível que o seja? Não sei e isso, graças a Deus, cabe a Deus julgar e não a mim. Sobre isto, basta o que a Igreja já disse: «quem será tão arrogante que seja capaz de assinalar os limites desta ignorância, conforme a razão e a variedade de povos, regiões, caracteres e de tantas outras e tão numerosas circunstâncias? (Pio IX, Alocução Singulari Quadam, 1854, Denzinger, 1647, apud Montfort)».

Quanto à segunda, vale lembrar que «verdade», segundo a definição dada por Santo Tomás (Summa, Prima Pars, Q. 16, A. 1, resp.) é a adequação entre objeto e entendimento, ou seja, entre o que a coisa é de fato e o que eu considero que a coisa é. Portanto, a verdade é uma relação, exatamente como diz o Papa Francisco. Com isso ele certamente não quer advogar um relativismo no qual cada um possui a sua própria “verdade” – ao contrário, ele diz expressamente que «[e]sto no quiere decir que la verdad es subjetiva y variable, ni mucho menos» -, mas ao contrário: quer colocar a Verdade ao alcance do homem, quer pontuar o homem como “capaz” da Verdade. Porque, afinal de contas, se Ela fosse «sin ningún tipo de relación», o homem não poderia relacionar-se com Ela, não poderia encontrá-La. A Verdade é o Amor, «Deus é Amor» e portanto Deus é a Verdade, e assim a possibilidade do homem encontrar a Deus precisa ser estabelecida como um pré-requisito para qualquer diálogo com aqueles que não crêem. É isso o que o Papa Francisco procura fazer.

O Papa preocupa-se com os ateus sim, sem dúvidas, porque também eles são destinatários do amor de Deus, e a vida é difícil e sem sentido para aqueles que não crêem. É o amor ao Evangelho que move o Papa a aproximar-se dos que estão longe do redil do Senhor; oxalá ele consiga arrastar uns quantos incrédulos à liberdade da Fé! Por este santo propósito, nós rezamos com toda a Igreja: «Oremos pelos que não crêem em Deus, para que, pela rectidão e sinceridade da sua vida, cheguem ao conhecimento do verdadeiro Deus». Ou na antiga fórmula latina:

Orémus et pro iis qui Deum non agnóscunt,
ut, quæ recta sunt sincéro corde sectántes,
ad ipsum Deum perveníre mereántur.

Omnípotens sempitérne Deus, qui cunctos hómines condidísti, ut te semper desiderándo quærerent et inveniéndo quiéscerent, præsta, quæsumus, ut inter nóxia quæque obstácula omnes, tuæ signa pietátis et in te credéntium testimónium bonórum óperum percipiéntes, te solum verum Deum nostríque géneris Patrem gáudeant confitéri. Per Christum Dóminum nostrum.
R. Amen.

Diário d’O Grito dos/as Excluídos/as 2013

– Chego à Praça Oswaldo Cruz bem cedo, pouco antes das 09h00 da manhã para a qual estava marcada a concentração.

– Só há um punhado de gatos pingados. Todos ou quase todos de vermelho. Bandeiras do MST; vejo dois ônibus, que – imagino – devem ter sido utilizados para transportar os militantes. Aguardo.

– Dois mini-trios e um carro de som. Ao lado do maior daqueles, umas meninas tocando alfaias cantam versões próprias de músicas populares. Por exemplo, «ô Eduardo, Eduardo ó! / Não é só por dez centavos, / nossa luta é maior!» (ao som de “Cirandeiro”).

– Vejo uma senhora de hábito. Encontro o pe. Reginaldo Veloso. Vejo outro sacerdote, à paisana, que desaparece e durante a marcha não o torno a encontrar. Um ou dois padres de clergyman (ou coisa parecida com isso). Não vejo religiosos de hábito.

– Panfletos são distribuídos, e continuarão sendo ao longo de todo o percurso d’O Grito. Um se diz contra o Estatuto do Nascituro; outro, alardeia «[t]odo apoio às ocupações dos terrenos urbanos no Recife por parte dos Trabalhadores Sem-Teto». Entre outras coisas afins.

– Chega o pessoal da ONG Gay Leões do Norte. O imenso bandeirão multi-colorido é estendido numa das pontas da praça.

– Encontro os ciclistas nus. São só meia dúzia, e não estão propriamente nus: vestem roupas de banho. Preparam-se para sair à frente d’O Grito.

– Procuro o Arcebispo e não o encontro. Dou graças a Deus.

– Em um dos mini-trios, o rapaz que estava em cima pede que as pessoas que vão falar pelos movimentos sociais se aproximem. Pela “juventude”, fulana, pela “saúde”, sicrano, pela Arquidiocese de Olinda e Recife, Fernando. Estremeço. Penso com os meus botões quem raios é Fernando.

–  Neste mesmo mini-trio, em baixo, perto das escadas, está afixado um cartaz. Leio-o. O Fernando é, sim, Dom Fernando Saburido. Ele é chamado por diversas vezes ao longo da caminhada. Não aparece.

– Em respeito à diversidade de gênero, agora o nome do evento mudou. É “Grito dos/as Excluídos/as”. Nos trios, por diversas vezes, é citado o seu nome completo: “Grito dos Excluídos e das Excluídas”.

– A marcha sai às ruas. Começa a chover. À frente, o carro de som, seguido pelo pessoal do Levante Popular da Juventude. Mais algumas pessoas, e o enorme bandeirão gay. Depois, o pessoal do MST com outras diversas bandeiras vermelhas, por “direito à saúde”, “respeito à diversidade sexual” e outras coisas do tipo. Em seguida o mini-trio, atrás o pessoal da Frente de Luta pelo Transporte Público, e o segundo mini-trio no fim. A chuva dá uma trégua.

– Duas bandeiras se destacam n’O Grito. Em número, as bandeiras vermelhas do MST. Em tamanho, a bandeira de arco-íris da Leões do Norte. Há outras menores: CUT, PCB, PSTU. Algumas pessoas protestavam por melhores salários, contra a corrupção, contra Eduardo Campos, contra um sem-número de coisas.

– Penso em ir pra casa. Mas tomo a sério o espírito penitencial: vou até o fim.

– Já no final da Conde da Boa Vista, um dos mini-trios quebra. Olho para o pequeno cartaz, que se transformara num checklist: Dom Fernando ainda não aparecera. Seguem o carro de som e o segundo mini-trio para a grande apoteose no Carmo.

– Chego no Carmo. Mais uma vez, o Festival das Flores montado defronte à Basílica – Deo Gratias – impede que o espaço seja usado para desfraldar a bandeira de Baal, como aconteceu em 2010.

– O pessoal da Leões do Norte esconde a bandeira e some. Não os vejo mais.

– O Arcebispo, Dom Fernando, está no Pátio do Carmo. Sorri e cumprimenta os presentes. Bate fotos.

– Chamam Dom Fernando para falar. Ele fala. Parabeniza os participantes. Fala sobre o dia de jejum e oração que o Papa Francisco convocou. Disse que planejou chegar ao Grito justamente na sua conclusão, e que o tema do Grito era muito «necessário» e muito «profético». Disse que o Grito dos Excluídos só vinha «reforçar este apelo» do Papa, e que era «bonito essa unidade», com «todos voltados para o mesmo objetivo, a mesma meta». O vídeo está abaixo:

– Depois que ele fala, o rapaz diz que vai haver um momento de “mística”. Penso que é alguma oração, ou coisa do tipo.

– Ele chama o pessoal das pastorais da Juventude. A “mística”, na verdade, é uma encenação. Uma menina começa a gritar as palavras de ordem que estavam nas bandeiras vermelhas (neste momento abertas no chão). Fala, no microfone, em alto e bom som: «nós, juventude popular, gritamos pelo respeito à diversidade sexual». O Arcebispo saíra de fininho pouco antes, e estava por detrás do carro de som, falando com alguém.

– Começa uma ciranda. Começa a chuviscar. Volto pra casa. Abaixo, algumas fotos do evento, na ordem em que eu as tirei (e, por conseguinte, na ordem do desenrolar do próprio evento, da praça Oswaldo Cruz ao pátio do Carmo).

Comento: O Grito dos Excluídos não é um evento popular em prol do povo sofredor. É um evento revolucionário e elitista (como o são todos os eventos revolucionários), onde militantes enganados ou comprados, munidos de uma ideologia fracassada, vão às ruas lutar pelas mesmas velhas carcomidas bandeiras do Príncipe deste mundo: o comunismo, a sexualidade livre, a luta de classes, o homossexualismo e toda uma caterva de imoralidades que escravizam e em tudo são contrárias ao Evangelho da Liberdade. O Papa Francisco certamente jamais apoiou e nem apoiaria uma passeata pró-comunismo ou a favor do vício contra a natureza, e portanto não é correto que se diga que este evento veio ao encontro dos pedidos do Romano Pontífice – aliás, “não ser correto” é pouco: trata-se de um escândalo e de uma blasfêmia. Não precisamos de mais pessoas para aplaudir os pecados e louvar a defesa dos vícios – essas, nós já temos de sobra. O verdadeiro profetismo sempre consistiu em denunciar as mazelas do mundo; mazelas que contavam com fervorosos sequazes nas ruas da cidade do Recife esta manhã, sem ninguém que as contradissesse – muito pelo contrário, aliás. Há algo de muito errado em nossa Arquidiocese. Não me consta que ser profeta tenha jamais significado fazer um conluio espúrio com inimigos declarados de Deus Nosso Senhor.

Grito dos Excluídos e apoio eclesiástico ao deboche público às leis de Deus

Amanhã, sete de setembro, nós da Arquidiocese de Olinda e Recife podemos aproveitar o dia de jejum e oração convocado pelo Santo Padre para nos cobrirmos de cinzas e fazermos penitência por um triste aniversário: amanhã, sete de setembro, faz três anos que esta Igreja Particular foi envergonhada no mundo inteiro pela presença do Arcebispo Metropolitano em um evento onde se fazia lobby pró-aborto, pró-homossexualismo, pró-socialismo e outras aberrações em tudo contrárias ao Evangelho de Jesus Cristo.

Ouvi esta semana na CBN que o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, iria (mais uma vez) participar do nefasto “Grito dos Excluídos” para protestar contra o uso de máscaras nas manifestações de rua. Não sei qual a fonte da notícia. No site da Arquidiocese, pela primeira vez em muitos anos, graças ao bom Deus, não existe nenhuma referência ao evento revolucionário. O mesmo se diga do perfil de D. Fernando no Facebook e do da Arquidiocese de Olinda e Recife. Merecem mais crédito os órgãos oficiais de comunicação da Mitra do que as falas ligeiras de locutores de rádio em centrais de notícias seculares. Este ano, a Sé de Dom Vital não está apoiando – ao menos não publicamente – o malfadado berro dos auto-excluídos do Reino de Deus. Deo Gratias.

Não obstante, foi com tristeza e perplexidade que eu vi o site “Jovens Conectados” dizer que o «Grito dos Excluídos 2013 convoca jovens ao protagonismo social». Isto é uma vergonha e um escândalo. Ao invés de dizer laconicamente que o evento é um espaço «sempre aberto e plural», a honestidade intelectual mais comezinha exigiria que se dissesse aquilo que o evento é: um espaço aberto para as manifestações mais imorais, da defesa escancarada do aborto, da apologia à invasão de terras e bens imóveis de terceiros, da promoção despudorada e a céu aberto da sodomia e de tantas outras mazelas sociais responsáveis pelo estado lastimável em que se encontra a nossa Terra de Santa Cruz. Graças ao site ligado à “Comissão para a Juventude da CNBB”, muitos católicos de boa fé engrossarão amanhã as fileiras dos inimigos de Cristo, dos que zombam da Fé Cristã e escarnecem da Igreja Santa de Deus. Miserere, Domine.

Volto ao meu Recife, à mídia secular. O portal NE10, ao falar do Grito, diz que «grupos religiosos progressistas» sairão às ruas. Não sei que grupos são estes; só posso dizer que eles traem a religião que dizem professar e envergonham a instituição à qual pertencem, ao participarem desta esbórnia a dia claro em que já há muito tempo se transformou o Grito dos Excluídos. Amanhã, dia de jejum e de oração, supliquemos a Deus que Se compadeça de Olinda e Recife. Se a Mitra jamais veio a público condenar esses «grupos religiosos progressistas» que se aproveitam da Fé para fazer a mais debochada apologia do vício e do crime, que ao menos ela não lhes ofereça nem mesmo aparência de apoio, como desgraçadamente já fez em anos passados.

Amanhã é dia de jejum e de oração. Que os católicos não saiam mais uma vez às ruas para “caminhar” lado-a-lado com os inimigos de Deus e da Igreja.

Amanhã, 07 de setembro, «dia de jejum e de oração pela paz na Síria»

O Santo Padre, o Papa Francisco, convocou no Angelus do último domingo toda a Igreja Católica para um dia de jejum e de oração pela paz na Síria e no mundo inteiro. As suas exatas palavras foram as seguintes:

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

A convocação suscitou algumas dúvidas. Duas delas me parecem as mais importantes.

Primeiro, importa esclarecer que o dia não é de jejum e abstinência, como a Sexta-Feira Santa e a Quarta-Feira de Cinzas. É uma dia de jejum e oração. A carne, portanto, está liberada, com a parcimônia que se exige de um dia de jejum, é lógico, mas ainda assim liberada.

Segundo, algumas pessoas quiseram saber se elas estão obrigadas sob pena de pecado mortal a atenderem a este pedido do Papa. Vejam, existe a obrigação, sim, inclusive sub grave, de obedecer aos Mandamentos da Igreja. O Direito Canônico diz que «[t]odos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência», e que os «dias de penitência» são prescritos para que os fiéis possam vivê-los «cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência» (CIC, Cân. 1249). Isto, no entanto, vale, de acordo com o mesmo cânon, «segundo as normas dos cânones seguintes». E os cânones seguintes (1250-1253) tratam dos dias de jejum e penitência ordinários da Igreja: as sextas-feiras, a Quarta de Cinzas e a Sexta da Paixão. Não fala nada sobre um dia de penitência convocado extraordinariamente (como é o caso atual) e, portanto, não permite ser extrapolado para impôr a este as mesmas obrigações decorrentes daqueles.

O Papa fez um convite que exige séria consideração, sem dúvidas, uma vez que é um convite do próprio Romano Pontífice, mas que não tem a mesma natureza dos dias de penitência ordinariamente prescritos para toda a Igreja. Portanto, deixar de fazer jejum e oração amanhã não é de per si um pecado grave. Esta é opinião de alguns sacerdotes nos quais confio, e é a opinião do pe. Z. exposta em seu blog no início desta semana.

No entanto, é importante que nos unamos sim, cada qual na medida das suas capacidades, a esta louvável inciativa à qual nos chama o Vigário de Cristo. Se pudermos fazer jejum amanhã, não deixemos de fazer: não percamos esta oportunidade de unir as nossas penitências às de toda a Igreja, sob o convite expresso do Papa Francisco, pela paz na Síria e no mundo. E, se por alguma razão o jejum nos for muito penoso ou impossível (sei lá, se já havíamos marcado um churrasco de aniversário, ou coisa parecida), não descuidemos da oração: elevemos particulares súplicas ao Todo-Poderoso, em união com toda a Igreja, a fim de que Ele nos conceda a paz de que o mundo tanto precisa e não tem condições de a obter por conta própria.

Elevemos estas preces a Deus principalmente no momento em que o Papa estiver rezando especificamente para este fim. Segundo ele, no «dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo». Daqui para Roma são cinco horas de fuso-horário; então, aqui no Brasil isso será das duas da tarde às sete da noite. Reservemos estas horas, ou ao menos alguma(s) destas horas, para nos unir ao Papa em oração. Que o Todo-Poderoso nos ouça. Que o Príncipe da Paz venha em nosso socorro. Que Ele nos consiga o que está para além do nosso alcance.

Aborto: Globo mostra ficção e esconde a realidade

A respeito de certa cena pró-aborto que a Globo recentemente transmitiu em uma sua novela, está primoroso este artigo da Dra. Elizabeth Kipman publicado na Gazeta do Povo. Antes de aparecerem por aí com comentários disparatados, melhor fariam as pessoas em se inteirarem devidamente a respeito do que é verdadeiro e do que é falso no que aparece “na telinha”. Para que não juntem à sua imoralidade já suficientemente repugnante a mais abjeta desonestidade intelectual.

Porém, consideremos: uma pessoa que quiser amputar sua própria mão sem ser por motivo de saúde não pode ser auxiliada pelo médico, que sofrerá severa punição se o fizer – apesar do risco que esta pessoa corre se insistir em fazer o ato de forma insegura. Mas, quando existe a ameaça da realização de um aborto provocado, o médico seria obrigado a fazê-lo?

Não existe um único médico católico no mundo que se recuse a fornecer cuidados básicos para uma mulher que tenha sofrido complicações por conta de um aborto provocado. Como não existe nenhum médico católico no mundo que se recuse, por exemplo, a ministrar os primeiros socorros a um ladrão que tenha sido ferido num tiroteio com a polícia. Isto não está sequer em discussão, e é verdadeiramente calhorda a empulhação que foi ao ar numa novela da Globo. Inventando uma história totalmente sem pé nem cabeça, a emissora apresenta as coisas como se a culpa das mulheres que morrem em conseqüência de abortos provocados fosse não delas próprias, que tentaram mutilar o próprio corpo a fim de matar o filho inocente que carregavam no ventre, mas sim da ficção totalmente inexistente de médicos religiosos se recusando a lhes prestar socorro uma vez que elas chegam nas emergências dos hospitais!

É uma lástima que mulheres morram na prática de abortos clandestinos? Sim, é, sem dúvidas. Mas se o governo se importasse realmente com estas mulheres, deveria fornecer-lhes todo o suporte possível (psicológico e financeiro) para que elas não precisassem matar os próprios filhos. No entanto, as pobres mulheres em situação de vulnerabilidade que – num momento de desespero – desejam recorrer ou recorrem ao aborto são utilizadas pelo Governo brasileiro como bucha de canhão para o avanço da agenda abortista no país. Depois disso, são descartadas.

Se a mesma quantidade de recursos e energia gastos para empurrar o aborto no Brasil fosse aplicada no auxílio verdadeiro a mulheres grávidas que não têm condições de ter os seus filhos, o (aliás já baixo) número de mulheres mortas por conta de abortos provocados no nosso país ia cair para zero. Para que se veja o quão hipócrita é a política governamental de “apoio” às mulheres grávidas, veja-se este artigo (com um vídeo) que o pe. Lodi publicou há algumas semanas no seu site. O testemunho é impressionante. Regiane foi estuprada e ficou grávida. Procurou fazer um aborto, e foi tratada a pão-de-ló pelos órgãos oficiais e oficiosos de “defesa da mulher”. Antes de fazê-lo, contudo, desistiu; e, por conta disso, o Governo rapidamente perdeu o interesse nela. Para ajudá-la a criar o seu filho, não apareceu ninguém que movesse uma palha em seu favor. Ouçamos o que ela diz:

Vim pra falar que Secretaria de Política para Mulheres não defende as mulheres, procurei o CEDIM no Rio de Janeiro [e] escutei delas que, por não optar pelo aborto, que eu tinha problemas porque eu queria. Porque meus problemas poderiam ter sido resolvidos. Como eu optei pela gravidez, eu estava com problemas por livre e espontânea vontade.

Isso, sim, é a realidade das mulheres brasileiras, isso deveria estar em horário nobre na televisão, para que os brasileiros de bem se indignassem com a patifaria que o Governo realiza com o dinheiro dos nossos impostos, empregando-o para assassinar crianças e deixando mães passarem necessidades. Isso é o que precisa ser mostrado. Não a ficção mentirosa que a Globo coloca nas suas novelas para, mentindo e enganando, minar a sã aversão que o povo brasileiro tem ao crime horrendo do aborto.

4ª Campanha Nacional de Consagrações à Santíssima Virgem

À semelhança do que já ocorre há alguns anos, o «Consagra-te!» lançou agora a 4ª Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria. Trata-se, como a maior parte dos meus leitores já deve saber, da «Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem» à qual São Luís de Montfort consagrou o seu Tratado.

Recomendo vivamente que todos ao menos conheçam essa santa devoção. E aos que se sentirem inspirados a fazê-la, eu digo sem medo de errar: sejam generosos em se entregar a Nosso Senhor por meio das mãos imaculadas da SSma. Virgem Maria! Acho que foi Bento XVI quem disse certa feita aos jovens que eles fossem generosos para com Deus, porque Ele não tira nada, ao contrário: dá tudo. O mesmo posso dizer eu com relação à santa escravidão de amor. Se a idéia de entregar completa e irrevogavelmente os próprios méritos à Virgem Santíssima pode parecer assustadora para alguns, eu digo que é ao contrário: é libertador.

Ao contrário do que possa parecer à nossa experiência materialista mais imediata, depositar todas as graças aos pés da Mãe de Deus nos torna muito mais agraciados do que quando as retínhamos para nós. Ou porventura alguém acha que pode vencer a Santíssima Virgem em generosidade? Ou algum filho da Igreja realmente acredita ser capaz de entregar à Virgem Santíssima mais do que Ela própria é capaz de lhe alcançar?

Na lógica do Evangelho, nós temos mais quando mais damos. Isso vale também (e talvez até principalmente) para tesouros espirituais: seremos tanto mais ricos quanto mais entregarmos tudo a Nossa Senhora. Ou poderia ser diferente? Ou algum servo da Rainha dos Anjos poderia ser mais pobre do que antes de dedicar-se integralmente aos serviços d’Ela? É Boa a Senhora de quem nos fazemos escravos! Alguém realmente A conhece tão pouco a ponto de imaginar que Ela seria capaz de deixar os Seus servos na indigência?

Aproveitemos esta oportunidade. Informações detalhadas podem ser encontradas no «Consagra-te!» (não deixem de acessar), incluindo dicas para a organização de grupos de estudo e materiais de apoio (como o próprio Tratado). Como nos outros anos, o dia escolhido para a Consagração é o 08 de Dezembro, solenidade da Imaculada Conceição. Preparemo-nos para este grande dia. Digamos com coragem que somos todos d’Ela, e que tudo o que possuímos é d’Ela. E veja-se se não seremos mais felizes. Veja-se se a nossa vida espiritual não será muito mais rica do que era até então.