Caritas in Veritate

Foi hoje publicada a terceira carta encíclica do papa Bento XVI, Caritas in Veritate. Ainda não tive tempo de ler e espero ter oportunidade de trazer comentários mais aprofundados sobre ela mais adiante. Aproveito, no entanto, para desde já deixar o link onde o documento está disponível no site do Vaticano. Também para pôr a estrutura do documento:

Título: Caritas in Veritate

Destinatários: Bispos, presbíteros, diáconos, pessoas consagradas, fiéis leigos e todos os homens de boa vontade.

Assunto: Sobre o desenvolvimento humano integral na Caridade e na Verdade.

Estrutura:

  1. Introdução
  2. Capítulo I – A mensagem da Populorum Progressio
  3. Capítulo II – O desenvolvimento humano no nosso tempo
  4. Capítulo III – Fraternidade, desenvolvimento econômico e sociedade civil
  5. Capítulo IV – Desenvolvimento dos povos, direitos e deveres, ambiente
  6. Capítulo V – A colaboração da família humana
  7. Capítulo VI – O desenvolvimento dos povos e a técnica
  8. Conclusão

E, na introdução – que foi até onde eu li a Encíclica até o presente momento -, existe uma passagem que é fantástica e bem merecia ser afixada nas nossas paróquias e enviada a certos prelados e Conferências Episcopais (itálico no original):

Só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida. (…) Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente.

Bento XVI, Caritas in Veritate, 3.

USP, greve, estudantes e PMs

Recebi um email sobre a “violência da PM” no recente caso da greve da USP, em uma lista de emails católica (isso é relevante), onde em uníssono todos demonstravam a sua solidariedade aos alunos agredidos e o seu mais completo repúdio à atitude das autoridades (chegaram a citar Foucault!). O seguinte vídeo foi-me enviado, para mostrar a truculência dos policiais militares contra os indefesos estudantes:

Confesso não estar completamente a par do que acontece na Universidade de São Paulo. Mas vi o vídeo, onde os estudantes gritavam contra os policiais, tentavam expulsá-los do campus, faziam algazarra e debochavam da PM. E não pude deixar de questionar sobre o quê, exatamente, estava acontecendo em São Paulo.

Uma garota me respondeu rispidamente que eu lesse sobre o “direito à greve” na Constituição Federal. Retribuí dizendo-lhe que ela lesse sobre o direito à greve no Compêndio de Doutrina Social da Igreja. Sob a ótica católica, julgo ser este documento, e não o primeiro, que deva ser levado em consideração.

Sobre o caso específico da USP, ao que me conste, os estudantes ocuparam o prédio da reitoria [P.S.: esta ocupação ocorreu no final do mês passado, e não tem relação direta com o vídeo acima reproduzido; quando houve o conflito com a PM, terça feira passada, os policiais estavam no campus “para evitar que funcionários, em greve desde 5 de maio, [bloqueassem] a entrada de prédios”, e os estudantes estavam realizando um “protesto em frente à reitoria”.] e o final do vídeo mostra exatamente as “estratégias” adotadas por eles para “defenderem” a sua ocupação. Só duas perguntas sobre isso:

1) A ocupação de um prédio que não lhe pertence, à força, montando piquetes, impedindo a entrada dos funcionários, não caracteriza um pecado contra o sétimo mandamento?

2) A Constituição Federal citada legitima também o direito à ocupação violenta de patrimônio público?

O Estado de São Paulo publicou uma opinião sobre o assunto que considero relevante reproduzir:

Ao adotar medidas preventivas, pedindo à Justiça que autorizasse a Polícia Militar a dissolver piquetes nos prédios das principais coordenadorias e unidades de ensino da USP na Cidade Universitária, a reitora mostrou ter aprendido a lição da greve de 2007. Na ocasião, ela contemporizou com os líderes dos servidores e dos alunos e acabou tendo seu gabinete invadido por baderneiros que quebraram móveis, vidros e telefones, roubaram computadores e rasgaram documentos – inclusive os relativos a processos administrativos abertos contra funcionários. Os prejuízos foram estimados em R$ 346 mil. Desde o início da greve deste ano, em 5 de maio, a PM já teve de atuar duas vezes para impedir piquetes e coibir depredações. A última tentativa da invasão do prédio da Reitoria, ocorrida na semana passada, causou prejuízos de R$ 10 mil.

Até quando será que vamos ter que aturar a empulhação esquerdista da luta de classes, onde as autoridades são sempre “do mal” e os proletários [no presente caso, os “estudantes”] são a mais nobre expressão de elevados valores morais – mesmo que sejam vândalos baderneiros? Até quando esta praga vai se infiltrar até mesmo na juventude católica? É por causa desta picaretagem que o nível das universidades públicas cai a cada dia. Quando é que os jovens vão acordar e perceber que eles foram feitos para coisas muito mais elevadas do que isso?

Patriotismo

Leiam: Estou velho. Lembrei-me do que escrevi aqui há algum tempo, sobre a Pátria Amada. E lembrei-me também do artigo de Dom Rifan sobre Jesus Cristo Patriota. Patriotismo sadio, sem Teologia da Libertação, sem ecologismos vazios, sem cacoetes de anti-americanismo, sem marxismo cultural. O patriotismo de uma Santa Joana d’Arc, por exemplo…

Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado.

Pensei… Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes?

Pensei mais… Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?

Que Nossa Senhora Aparecida abençoe o Brasil.

CNBB e redução da maioridade penal

Hoje eu não estou com muita paciência… A CNBB emitiu uma nota na qual reafirma posição contrária à redução da maioridade penal. Incrivelmente, um documento desta natureza é divulgado até em ZENIT! Cabe fazer algumas perguntas:

1. Onde a Igreja ensina que é errado ser a favor da redução da maioridade penal? Não encontrei tal informação nem no Catecismo da Igreja Católica, nem no Compêndio de Doutrina Social, e nem no site do Vaticano. Pode ser que eu não tenha procurado direito e, portanto, se alguém tiver essa informação, será de grande valia.

2. Se “[a] pena tem como primeiro objetivo reparar a desordem introduzida pela culpa” (CIC 2266), qual a justificativa para que fiquem isentos de pena os menores de 18 anos [quando eles, aliás, já podem dirigir, votar, casar-se…]?

3. Se “[c]rianças, adolescentes e jovens precisam ser reconhecidos como sujeitos na sociedade e, portanto, merecedores de  cuidado, respeito, acolhida e principalmente oportunidades” (nota da CNBB citada), por que a esses sujeitos não pode ser reconhecida a responsabilidade por seus atos?

4. Caso este tema esteja entre aqueles sobre os quais é lícito aos católicos terem uma posição ou outra, por que motivo uma Conferência Episcopal – que, teoricamente, em um certo sentido representa todos os católicos – toma posição pública por uma solução em detrimento da outra? Acaso a Conferência não fala pelos católicos e não deve defender as posições católicas? Ou ela pode dividir o rebanho tomando posição pública sobre temas diante dos quais o fiel católico é livre para optar por caminhos distintos?

5. Se os católicos podem ser a favor da redução da maioridade penal, não percebe a Conferência Episcopal que, emitindo um documento público como o que ela emitiu, de certo modo obriga os católicos que discordam da nota a também tomarem posição pública contra a própria Conferência? Acaso isso é prudente?

6. A tomada de posição pública sobre temas que não são obrigatórios para todos os católicos [como a redução da maioridade penal], obrigando por conseguinte alguns católicos a se colocarem contra a Conferência, acaso não enfraquece as manifestações públicas sobre posições que – estas sim – são obrigatórias e absolutamente indiscutíveis, como o aborto? Acaso não enseja a comentários do tipo “ah, se quando a CNBB fala sobre a redução da maioridade penal eu não sou obrigado a concordar, então quando ela fala sobre aborto eu também não sou obrigado a fazê-lo”?

7. Qual é a relevância deste tema – e da abordagem que sobre ele foi feita – para a maior glória de Deus, a salvação das almas e a exaltação da Santa Madre Igreja? Ou por acaso são outros – e não estes – os fins que almeja a CNBB?

Escolas infectadas de Marxismo

Recebi o texto abaixo por email; por se tratar de um tema da mais alta relevância – a educação – e por não ter conseguido encontrá-lo na internet, reproduzo-o aqui integralmente. Versa sobre a doutrinação ideológica à qual são submetidas a infância e a adolescência brasileiras. Recomendo a leitura.

P.S.: Após contactar o autor do texto, fui informado de que o mesmo foi originalmente publicado na revista Catolicismo de novembro de 2008. Eis, portanto, a referência correta.

* * *

Escolas infectadas de marxismo

No Brasil, é obrigatória a freqüência dos adolescentes às escolas reconhecidas pelo Estado. Entretanto, nelas está sendo imposta uma educação de tipo socialista.

Cid Alencastro

Os regimes comunistas e assemelhados sempre tiveram empenho em transformar a mentalidade das novas gerações, a fim de que estas assimilem os princípios, doutrinas e práticas marxistas. E o lugar privilegiado para esse fim têm sido as escolas, nas quais professores esquerdistas ministram uma educação de acordo com os interesses do regime. Cuba é disso um exemplo na América Latina.

Tal programa de ação comunista desfigura evidentemente a natureza do ensino, porque a educação deve visar a reta formação do caráter e o desabrochar da personalidade do jovem, com vistas a que ele possa cumprir sua missão específica na sociedade e diante de Deus; e não impingir-lhe idéias deformantes, como as marxistas, que levam o adolescente a transformar-se num robô das planificações socialistas e a ter uma visão falseada e sectária da realidade.

Impasse marxista

Mas, de outro lado, os esquerdistas estão diante de um problema quase insolúvel para realizar seus péssimos objetivos: as doutrinas socialistas em geral são profundamente contrárias à natureza humana, constituem uma camisa de força para o homem e a sociedade. Igualitarismo, propriedade comunitária, sociedade sem classes são fenômenos sociais monstruosos. Daí o empenho obsessivo dos regimes de esquerda numa antinatural “educação para o socialismo”.

Numa ordem religiosa, ao renunciar ao casamento e aos bens materiais por amor de Deus, as pessoas desapegam-se também de vantagens da natureza. Pode-se conceber desta forma o voto de pobreza voluntário e a renúncia a exercer algumas de suas qualidades naturais. Aí se forma uma tal ou qual igualdade, mas em vista de um bem superior, de ordem sobrenatural.

Querer impor a todos os homens de uma nação, por lei ou pela força policial, a renúncia a ter propriedade, a constituir família, queimando no altar do igualitarismo a possibilidade de desenvolver suas aptidões, é suma injustiça. Além de negar a cada um o que é seu, impede-se qualquer progresso social ou humano legítimo. É uma fábrica de revoltados e medíocres.

Reportagem elucidativa

Mostra uma reportagem da revista “Veja” (20-8-08) que, no Brasil, muitos professores e seus compêndios, com a justificativa de “incentivar a cidadania”, incutem nos alunos ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas.

Numa aula de História no Colégio Anchieta, de Porto Alegre, o professor Paulo Fioravanti pergunta: “Quem provoca o desemprego dos trabalhadores?”. Respondem os alunos: “A máquina”. Indaga, mais uma vez, o professor: “Quem são os donos das máquinas?”. E os estudantes: “Os empresários!”. É a deixa para Fioravanti encerrar com a lição de casa: “Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso”.

Há uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular. É algo que os professores levam mais a sério do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por “Veja”. Pobres alunos…

O advogado Miguel Nagib fundou há quatro anos, em Brasília, a ONG Escola Sem Partido, com o objetivo de chamar atenção para a ideologização do ensino na sala de aula. Nagib se incomodou com os sintomas do problema na escola particular de sua filha, então com 15 anos, onde o professor de História gostava de comparar Che Guevara a São Francisco de Assis… Foi ao colégio reclamar. Diz Nagib: “As escolas precisam ficar sabendo que muitos pais não concordam com essa visão”.

Estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio provocando miséria, assassinatos e injustiças durante o século passado. É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras, diz “Veja”.

A pesquisa

A pesquisa CNT/Sensus ouviu 3000 pessoas de 24 estados brasileiros entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças, e acham que isso é sua missão principal — algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática. Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido.

Muitos professores brasileiros se encantam com personagens como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras; e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização.

“Eu e todos os meus colegas professores temos, sim, uma visão de esquerda — e seria impossível isso não aparecer em nossos livros. Faço esforço para mostrar o outro lado”, diz a geógrafa Sonia Castellar, que há 20 anos dá aulas na faculdade de pedagogia da Universidade de São Paulo (USP). “Reconheço o viés esquerdista nos livros e apostilas, fruto da formação marxista dos professores”, diz Miguel Cerezo, responsável pelo conteúdo publicado nas apostilas do COC (antigo “Curso Oswaldo Cruz”).

O sucesso do homeschooling

O Estado arvorar-se em educador único da juventude é imoral, uma vez que, segundo ensina a doutrina católica, a educação das crianças compete à família e à Igreja, e só subsidiariamente ao Estado. Ou seja, na melhor das hipóteses o Estado deve ser um auxiliar da família e da Igreja, quando necessário e requisitado para tal.

A infeliz situação atual do Brasil tem seu precedente na Revolução Francesa, durante a qual o sanguinário Robespierre defendia que “a pátria tem o direito de educar seus filhos; ela não pode confiar essa função ao orgulho das famílias nem aos preconceitos dos particulares” (Hippolite Taine, apud Le Livre Noir de la Révolution Française, Cerf, Paris, 2008 p. 851).

É muito salutar a prática que vem sendo adotada em vários países, de promover ou ao menos permitir a existência da chamada homeschool (algo como escola da família), em que famílias se organizam e criam suas próprias escolas para dar uma educação adequada a seus filhos. Ou então os colocam em estabelecimentos de ensino de pequenas proporções, criados para esse fim por associações nas quais os pais confiam.

De modo geral, os alunos das homeschools têm estado entre os primeiros classificados nos exames vestibulares das universidades. Exemplo característico é, nos Estados Unidos, a Saint Louis de Montfort Academy, patrocinada pela TFP norte-americana.

E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br

O elogio da censura

– Ora, tu sabes que, em qualquer empreendimento, o mais trabalhoso é o começo, sobretudo para quem for novo e tenro? Pois é sobretudo nessa altura que se é moldado, e se enterra a matriz que alguém queira imprimir numa pessoa?
– Absolutamente.
– Então, havemos de consentir sem mais que as crianças escutem fábulas fabricadas ao acaso por quem calhar, e recolham na sua alma opiniões na sua maior parte contrárias às que, quando crescerem, entendemos que deverão ter?
– Não consentiremos de nenhuma maneira.
– Logo, devemos começar por vigiar os autores de fábulas, e selecionar as que forem boas e proscrever as más. As que forem escolhidas, persuadiremos as amas e as mães a contá-las às crianças, e a moldar as suas almas por meio das fábulas, com muito mais cuidado do que os corpos com as mãos.
[Platão, “A República”, Livro II (377a-e); Editora Martin Claret, São Paulo, 2006, pp. 65-66]

Há um princípio fundamental e basilar, não só da Doutrina Católica como também da Lei Natural, segundo o qual o erro não tem direitos. Pode e deve, portanto, ser coibido, principalmente se houver pessoas que, indefesas contra o erro, puderem ser por ele gravemente prejudicadas. Isso tem uma particular validade quando se trata de crianças, seres humanos em formação e que, mais que ninguém, são indefesas diante dos estímulos externos e grandemente influenciáveis por eles.

Platão já tinha percebido isso há mais de dois milênios! N’A República, ele expõe – pela boca de Sócrates – os princípios que, na concepção dele, deveriam nortear a construção – virtualmente ex nihil – de uma cidade. Embora seja verdade que o projeto ao qual se lança o filósofo grego é repleto de abstrações e de sugestões impraticáveis, muitos dos princípios apresentados são verdadeiros. Como, por exemplo, o trecho em epígrafe, que trata sobre a educação das crianças (no caso particular da obra, das crianças que serão soldados, mas é válido para a educação das crianças no geral), e diz que, neste particular de extrema importância, nem tudo é conveniente e algumas coisas podem e devem ser proibidas. Censuradas.

A palavra “censura” é capaz de provocar horror diante de alguns paladinos dos (supostos) direitos humanos modernos, fazendo-os rasgarem as vestes e soltarem gritos histéricos de repulsa. Associam-na imediatamente (talvez porque rime) com outra palavra à qual eles têm horror absoluto, que é “ditadura”. Não pretendo tratar dos dois assuntos, que – ao contrário do que muitos podem querer fazer acreditar – são bastante diversos. Apenas lembro que a histeria supramencionada é particularmente ativa em uma espécie de gente que, em maior ou menor grau, do flerte ao concubinato, é simpática às idéias esquerdistas; o que não deixa de ser cômico, porque o marxismo, não somente em suas manifestações históricas (URSS, China, Cuba) como também em seus princípios, é abertamente ditatorial ([a] purificação da sociedade dos males feudais só é possível se o proletariado, liberto das influências dos partidos burgueses, for capaz de se colocar à frente do campesinato e estabelecer sua ditadura revolucionária. Marx & Engels, “Manifesto do Partido Comunista”). Para essa gente, as mesmas coisas são, ao mesmo tempo, enorme virtude ou pecado abominável, dependendo somente se são aplicadas por elas ou contra elas. É um impressionante cinismo.

Embora todas as ditaduras comunistas apliquem descaradamente a censura (ao mesmo tempo em que todos os esquerdistas repudiam completamente quer a censura, quer as ditaduras), é preciso deixar claro que a censura, como inúmeras outras coisas, não é uma coisa má em si. Ela pode ser má ou boa, infame ou virtuosa, dependendo daquilo que é censurado e do porquê da censura. Um regime assassino censurar a pregação do Evangelho é evidentemente uma coisa má; mas os pais censurarem as coisas que os filhos vêem na internet é uma coisa boa, justa e necessária até. Repetimos o que foi dito acima: o erro não tem direitos. O que a Igreja condenou não foi a censura, e sim – ao contrário – a “liberdade absoluta”: a liberdade de pensar e publicar os próprios pensamentos, subtraída a toda regra, não é por si um bem de que a sociedade tenha que se felicitar; mas é antes a fonte e a origem de muitos males (Leão XIII, Immortale Dei, 38).

Digamos, pois, ousadamente, que a censura é necessária, sim; não censura da Verdade (como nos países comunistas), mas censura dos erros e dos vícios, dentros dos justos limites: porque é verdade que há as liberdades individuais, mas há também o bem comum que precisa ser especialmente considerado. Em particular, os pais têm o direito de educarem os seus filhos na Lei de Deus e, por conseguinte, têm o direito de não quererem expôr as suas crianças aos erros e aos vícios. A bandeira da “liberdade absoluta” ostentada por esquerdistas e filo-esquerdistas é falsa em si (já que a liberdade absoluta é um grande mal) e cínica considerando os que a levantam (já que não há liberdade nos países comunistas). O espantalho não nos assusta. Há um Deus, há uma Verdade e, por conseguinte, há coisas dignas de louvor e coisas dignas de repreensão, não sendo justo que ambas tenham o mesmo tratamento – certas coisas podem e devem ser censuradas. Afinal, as coisas justas são dignas de serem incentivadas e, as ímpias, de serem reprimidas, se quisermos que os nossos jovens “sejam tementes aos deuses e semelhantes a eles, na máxima medida em que isto for possível ao ser humano” (Platão, op. cit., p. 73).

“A Freira e seu mundo” – prof. Luiz Delgado

O Estado, por exemplo, passa a assumir serviços que, anteriormente, eram realizados somente pela inspiração da caridade cristã [José Luiz Delgado].

Encontrei um texto do professor Luiz Delgado, único colunista digno deste nome que ainda escreve no Jornal do Commercio. Vai em anexo. Fala sobre a verdadeira obra caritativa da Igreja, a verdadeira opção evangélica pelos pobres, a verdadeira obra social que tem verdadeiro valor. Fala sobre “um tempo em que a Igreja, com seu eterno senso do social e do fraterno, antecipava-se ao Estado para a criação de escolas populares”. Hoje, fala-se muito em “educação” como uma condição fundamental para o desenvolvimento do país; sem dúvidas, não é nenhuma novidade, pois a Igreja sempre deu valor à educação. Fundou escolas paroquiais, fundou as Universidades na Idade Média, fundou inúmeras escolas dirigidas pelos membros de Suas ordens religiosas ao longo dos séculos.

O problema, hoje, é que a educação é deixada nas mãos do Estado. Transforma-se em instrumento de doutrinação ideológica. Não é mais obra de caridade que a Igreja toma para Si, e sim interesse estatal em formar os seus cidadãos desta ou daquela maneira. Não é mais serviço desinteressado, realizado sem retribuições, por pessoas que se entregaram completamente a Deus, e sim trabalho remunerado, sujeito às leis econômicas do mercado. Ora, se o Estado tem obrigação de fornecer educação para os seus súditos, então para quê as ordens religiosas vão perder tempo erigindo escolas?

O problema atual não é que o Estado não oferece educação, é precisamente o contrário: o Estado oferece educação e não deixa os demais (p.ex., a família; p.ex., a Igreja) fazerem aquilo que sempre fizeram ao longo dos séculos. O problema para a crise educacional não será jamais resolvido pelo Estado, e até mesmo supôr isto é já uma demonstração de que não se entende a natureza do problema. É necessário voltar à caridade cristã, aos exemplos das freiras de Recife e da “Casa do Pobre”; exemplos dos quais a desgraçada Teologia da Libertação, com o seu discurso comunista, só é capaz de produzir caricaturas.

* * *

Anexo: Jornal do Commercio de 28/10/2008

A freira e seu mundo
Publicado em 28.10.2008

José Luiz Delgado
jlmdelgado@terra.com.br

A rua fazia parte do caminho das maxambombas para Olinda. Quando fizeram a estrada nova, na frente, reta, vindo de Santo Amaro, e não mais da Encruzilhada, a rua ficou um tanto à margem. E mais à margem ainda ficaria quando construíram, do outro lado, atrás, a continuação do complexo Salgadinho, no rumo de Paulista. Entre uma e outra, entre as vias modernas, aquele arruado ficou como perdido fora do tempo e do espaço.

Nele, naquele pequeno mundo, o Padre Sidrônio Wanderley (sobre quem o padre José Aragão publicou expressivo depoimento) plantou importante obra social – uma escola para meninos de famílias de baixa renda, a “Casa do Pobre”, cujo sentido já estava no próprio nome. Depois, ao lado, edificou uma capela simpática e de singelo bom gosto. Era outro tempo – um tempo em que a Igreja, com seu eterno senso do social e do fraterno, antecipava-se ao Estado para a criação de escolas populares. Assim como o padre Airton Guedes fazia em Peixinhos, com a Escola Dom Bosco, e tantos outros, em variados arrabaldes.

Na obra da Casa do Pobre, o cônego Sidrônio contou com a ajuda da irmã freira, que conseguiu encaminhar algumas religiosas para se instalarem permanentemente na instituição. Várias delas vinham e se iam. Duas vieram e ficaram definitivamente. Nas minhas mais remotas lembranças da infância lá estão sempre aquelas duas – madre Redentor e irmã Filomena. Além de dirigir a “Casa”, a primeira se dedicava também aos filhos das famílias de classe média, ensinando-lhes (era outro tempo…) datilografia. A segunda gostava de artesanato, sobretudo de frutas de cera, que ensinava aos meninos e vendia em quermesses de fim de ano.

O arruado de famílias antigas, tradicionais, com um grande descampado no meio das casas e uma pequena lagoa atrás, ficou marcado pela presença daquelas religiosas. A madre Redentor faleceu há 6 anos. A irmã Filomena se foi agora, no último dia 6 – com seu sorriso permanente, sua doçura, sua suavidade, seu jeito sempre discreto e modesto. Poucos saberiam das dificuldades financeiras em que a instituição e as freiras sempre se debateram. Viviam um real voto de pobreza e de obediência. Não a pobreza literária, fácil, de pura retórica. A lição silenciosa e profunda do cônego Sidrônio, tão bem salientada no opúsculo do padre Aragão, perpetuava-se na dedicação das duas freiras. Na vida humilde que levaram, são exemplos de milhares de outras moças que renunciaram ao mundo e se consagraram à vida religiosa, vida ao mesmo tempo de oração e de intenso serviço aos pobres. Foram integralmente fiéis, não se seduzindo pelas atrações da moda, nem se perturbando com as defecções e as levianas infidelidades em torno. Mesmo quando o padre Sidrônio morreu, elas continuaram na instituição, mantendo a sua obra, sob a orientação dos novos diretores que os Arcebispos dom Helder e dom Cardoso nomearam.

Era um outro mundo e um outro tempo. As obras humanas têm muitas vezes existência igual à dos homens, raramente sobrevivem aos seus criadores. Dói, tantas vezes, vê-las decair, assim como dói a partida definitiva de um amigo. Mas não é importante que as obras fiquem como tais, para sempre. As coisas mudam, o tempo e o mundo se modificam, instituem-se novas práticas e novos valores. O Estado, por exemplo, passa a assumir serviços que, anteriormente, eram realizados somente pela inspiração da caridade cristã. Importante é que cada pessoa responda aos problemas do seu tempo e do seu meio da melhor forma que puder. Fecunde o mundo em que lhe foi dado viver. Corresponda às angústias e aos clamores dos anos que passar na terra. E foi isso mesmo que aquelas duas freiras fizeram – integralmente dedicadas a Deus, à Igreja, aos pobres, segundo a lição admirável do cônego Sidrônio.

A mínima justiça que se poderia fazer a elas, sinal da gratidão de toda a comunidade daquele modesto arruado, seria simplesmente dar à praça, que a prefeitura há pouco construiu no meio, acabando com o lamaçal que ali havia, o nome de irmã Filomena.

» José Luiz Delgado é professor universitário

Equador: os direitos da Igreja de falar

No Equador, a terra tremeu – também literalmente – quando os sucessores dos Apóstolos levantaram-se em uníssono para defender os direitos da Igreja de fazer juízos morais sobre situações políticas concretas. Pelo menos meia dúzia de portais transmitiram a notícia [El Universo, Yahoo, Chron, Terra, ACIPrensa e AOL], pela qual merecem aplausos os bispos reunidos em Quito.

Encerrou-se ontem [domingo] o Terceiro Congresso Americano Missionário, no qual Dom Antonio Arregui foi aplaudido efusivamente pelos presentes, e o cardeal Nicolás de Jesús López – enviado especial do Santo Padre ao evento – disse, na homilia da missa de encerramento, a frase que virou manchete mundo afora:

No necesita la iglesia privilegios en el orden civil sino el espacio para anunciar sin cortapisas su fe y su doctrina moral acerca de la vida personal, familiar y social, emitiendo, cuando sea oportuno y necesario, su juicio moral sobre las diversas situaciones que pongan en juego los derechos humanos.
[El Universo]

Também se rezou “para que se respete el derecho de la Iglesia de enseñar su doctrina” (La Hora) – súplica tão necessária devido à delicada situação do Equador! Domine, Te rogamus, audi nos!

Vale a pena ler ainda:

DECLARACIÓN DE LA CONFERENCIA EPISCOPAL ECUATORIANA
CARTA ABIERTA A LOS CATÓLICOS DE GUAYAQUIL

E que a Virgem, Auxilium Christianorum, proteja o Equador.

Curtas sobre assuntos completamente diversos

Santo, Santo é,
Santo, Santo é,
Deus do Universo,
Ó Senhor Iahweh!

Sempre me incomodei com esta música cantada no Sanctus da Missa. Primeiro, pelo fato gritante do “Deus duas vezes santo” ser colocado no lugar do Deus três vezes Santo que a Igreja sempre cantou. E, segundo, por causa do “Iahweh”, que não consta em absolutamente nenhuma oração da Igreja que eu conheça.

Meu “feeling” estava correcto. Em um recente documento da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos reproduzido pelo Fratres in Unum, é dito o seguinte:

Nas celebrações litúrgicas, hinos e orações, o nome de Deus na forma do tetragrammaton YHWH não é para ser usado ou pronunciado.

Quão bom seria que ele não fosse letra morta!

* * *

Ainda mais sacrilégios: uma senhora chamada Carol Castro resolveu posar para a PLAYBOY com um terço! Disse ela que “[n]ão quis ofender ninguém e nem criar polêmica”. Concedendo que seja verdade, é simplesmente impossível que NINGUÉM (entre fotógrafos, editores, pessoal de publicidade, etc) tenha sequer cogitado que a foto seria ofensiva para a maioria da população brasileira. Esta sanha por profanações só pode ser satânica, pois não consigo encontrar outra explicação.

* * *

Excelente post n’O Possível e o Extraordinário: Laico e Católico. Recomendo enfaticamente. Quando a laicidade é cavalo de guerra dos ateus, importa que ela seja bem compreendida.

Mais leituras recomendadas:

  1. Estado Laico, Nação Católica! – Rafael Vitola Brodbeck
  2. O laico e o laicismo – D. Eugenio Sales
  3. Estado laico não é Estado ateu e pagão – Ives Gandra Martins e Antonio Carlos do Amaral
  4. Laicidade e Laicismo – Pe. Francisco Faus, Opus Dei (EM CACHE)

Antes de tudo, um forte.

O sertanejo é, antes de tudo, um forte.
(Euclides da Cunha, “Os Sertões“).

Um forte, antes de tudo: assim se expressou Euclides da Cunha, referindo-se ao sertanejo – ao nordestino! -, no seu clássico livro sobre a expedição de Canudos. De acordo com o jornalista, o que impressionava na figura do nordestino era o contraste entre a sua aparência e esta força que se revelava, de maneira súbita, tão logo fosse necessária.

O sertanejo em “Os Sertões” é “desgracioso, desengonçado, torto“. Tem uma “postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente“. É um “homem permanentemente fatigado” e “[r]eflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo“. Todavia, “toda esta aparência de cansaço ilude“:

Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros possantes aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.
(id. ibid.)

Ao ler essas linhas e descobrir a surpresa que causa no jornalista encontrar tamanha força de vontade em uma figura de onde parecia que não poderia sair nada, não consigo deixar de imaginar que surpresa, então, não teria o ilustre escritor se se debruçasse um pouco sobre a figura mais simples, mais comum e mais corriqueira que ele poderia encontrar: o cristão. Bem que escreveria, então, e o faria com muito mais propriedade, que o cristão é que é, antes de tudo, um forte.

Acusa-se muitas vezes a religião de ser uma muleta de fracos, engodo de massas, pseudo-consolo para fracas inteligências, e tantas coisas assim parecidas. De fato, o cristianismo tinha tudo para ser uma religião de derrotados. Dentre os seus preceitos, constam coisas como dar a outra face para quem lhe esbofetear e oferecer a túnica para quem lhe roubar a capa. Dentre os seus valores mais básicos, está a noção de que ganhar o mundo inteiro não tem importância nenhuma se se vier a perder a própria alma. Entre as coisas que os cristãos podem esperar, citam-se serem perseguidos e sofrerem tribulações. Até mesmo o seu Fundador – e exemplo máximo a ser seguido – é representado no ápice da derrota, morto vergonhosamente como marginal, dependurado numa Cruz.

Colocadas as coisas desta forma, poder-se-ia esperar, realmente, que o seguidor sincero dessa doutrina fosse um fracassado, um traumatizado, um masoquista, um “Zé-Ninguém”, um “mosca-morta”, um inútil. Todavia, já São Paulo nos ensinava, há dois milênios, o grande segredo que se encontra escondido nessa doutrina: “Porque, quando eu sou fraco, aí é que eu sou forte” (cf. 2Cor 12, 10).

Ao contrário do que se poderia esperar, o Cristianismo venceu o mundo. Produziu não covardes, mas mártires. Construiu não favelas, mas civilizações inteiras. Conquistou não somente os rudes e ignorantes, mas as mais finas inteligências de todos os tempos. Saindo do subterrâneo das catacumbas, elevou-se até o céu com as torres góticas das catedrais medievais. Quem poderia imaginar tudo isso, se olhasse para os Doze homens rudes da Galiléia? Esta transmutação é muito mais portentosa do que a transfiguração do sertanejo fatigado em “titã […] potente“!

O segredo desta grande força motriz do Cristianismo encontra a sua mais eloqüente expressão em dois aspectos da Doutrina Cristã, que se referem à relação do homem consigo próprio e com o seu próximo, e que, reunidos, são capazes de mudar o mundo. Refiro-me ao aperfeiçoamento pessoal e à consciência da vida em sociedade, da qual os cristãos precisam ser fermento. Se uma construção portentosa é feita com material de má qualidade, então todo o edifício irá fatalmente ruir. Se, por outro lado, os melhores materiais do mundo estão jogados no canteiro de obras, eles continuam sendo um monte de entulho sem utilidade. Somente quando os materiais são bons e estão dispostos da maneira correta é que se podem levantar as catedrais.

Para o cristão, então, não é suficiente empenhar-se para a sociedade ser perfeita: ele precisa também cuidar da própria perfeição. Ao mesmo tempo, não é suficiente acumular bens, ciência, virtude, poder: todas essas coisas precisam estar ordenadas para o bem comum. Esmagados estão, pela Doutrina da Igreja, ao mesmo tempo, quer o egoísmo do capitalismo selvagem, quer o totalitarismo do comunismo igualitário. Nem os materiais de construção têm serventia sozinhos, e nem as construções úteis e belas são feitas com um tipo só de material. O homem moderno não percebe essas coisas e, por isso, não consegue erguer catedrais.

Preocupar-se com a sociedade mesmo quando o homem poderia ter tudo, e preocupar-se com o homem mesmo quando a sociedade poderia oferecer tudo: eis a grande fraqueza do cristão e que, ao mesmo tempo, é a sua grande força. Movido por este ideal, o cristão avança ao longo da História. É perseguido, e não se desespera; vê caírem impérios, e ele não se perturba. Por importar-se tanto consigo mesmo até o ponto de desprezar as benesses estatais, e por importar-se tanto com os outros até o ponto de desprezar o sucesso próprio, alguém bem que poderia dizer: – mas, então, este sujeito não se importa com nada!

Engana-se. O cristão, na verdade, importa-se com Deus; e isso é tudo o que importa. “Buscai primeiro o Reino de Deus“, diz o Evangelho, “e tudo o mais vos será acrescentado” (cf Mt VI, 33). A história da Igreja ao longo dos séculos revela o cumprimento desta promessa do Divino Salvador. Os seguidores do Crucificado não são uns derrotados, e sim os heróis da História. Escolhendo caminhar por si próprios quando outros lhes apresentam um caminho largo e fácil de ser seguido, e escolhendo caminhar junto com os outros quando poderiam ir muito mais longe por si próprios, a aparente contradição só pode ser resolvida quando se tem os olhos fitos no Alto: na verdade, nem há paraíso terrestre que os homens possam oferecer, nem há pote de ouro no fim do arco-íris para quem chegar lá primeiro. Há somente a Cruz, e Ela é a única esperança; e, carregá-la, a única alegria verdadeira. Eis a força cristã, eis a vitória por meios adversos, eis o que causa verdadeiramente estupor. Não merece tantos elogios o sertanejo: ser cristão, ah, isso sim – isso é que produz os verdadeiros fortes.