Reinaldo e o celibato – será possível, DE NOVO!?

O Reinaldo Azevedo, mais uma vez, teve a gentileza de prestar um grande desserviço à Igreja Católica que ele diz servir, dobrando os joelhos diante de Satanás, dando munição aos anti-clericais de todos os naipes e engrossando as hostes dos inimigos da Igreja que contra Ela se lançam com virulência. De novo, Reinaldo, de novo! E com os mesmos argumentos gagás de sempre. Em um texto verdadeiramente péssimo, que não traz nada de novo, onde o articulista da Veja só faz destilar o seu ranço contra o Celibato Eclesiástico.

“Ou a Igreja acaba com o celibato ou o celibato acaba com a Igreja” – é o nome da estupidez que o sr. Reinaldo teve a pachorra de escrever. E não é a primeira vez; portanto, este senhor precisa ser tratado como o inimigo da Igreja que é. Com vaticínios aterradores (que espécie de católico, aliás, teria capacidade de profetizar o fim da Igreja?), o Reinaldo Azevedo afirma que “o celibato tem que acabar”. Em uma crise de megalomania, julgando-se mais católico do que o Papa, o Reinaldo – de novo – demoniza a disciplina do celibato eclesiástico. A troco de quê? Qual a real motivação do articulista da Veja?

Se velhas e caducas são as “argumentações” do Reinaldo Azevedo, permito-me reproduzir velhas refutações. O texto abaixo foi escrito no “antecessor” do Deus lo Vult!, em 2007. Serve perfeitamente para responder às sandices ditas pelo Reinaldo hoje, porque a vitrola arranhada é a mesma, e a cantilena rançosa não mudou absolutamente nada de dois anos e meio para cá. Impressionante como tem gente que não aprende nunca.

* * *

Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda. (São Mateus XIX, 12)

Encontrei, por acaso, no blog do Reinaldo Azevedo, um conjunto de posts [intitulados Se o bispo não puxa a sua orelha, puxe a orelha dele (i), Igreja não é armário (ii) e O desastre do celibato: São Pedro tinha sogra! (iii)], nos quais o conhecido articulista tece críticas (por vezes demasiadamente ásperas) à disciplina do celibato sacerdotal, em vigor no rito latino da Igreja Católica. Tal fenômeno é curioso e merece algumas linhas de consideração.

Em primeiro lugar, causa espécie uma afirmação estapafúrdia presente no endereço acima: “Não sou da hierarquia católica, apenas um católico. Como tal, não só posso como devo debater o que não for matéria dogmática” (i). Esta afirmação é – ouso dizer – o ponto nevrálgico de toda essa discussão, o erro original do qual decorrem todos os demais deslizes do autor. Mas, como? Agora os leigos não só podem como devem debater o que não for matéria dogmática?! De onde foi tirado esse despautério?

É bem sabido de todos, mas, dadas as atuais circunstâncias, nunca é demais repetir, que a Igreja possui, ao lado da Autoridade Suprema de Ensino, a Sua Autoridade Suprema de Governo. E tudo o que é “matéria dogmática” pertence, por excelência, à esfera do Ensino da Igreja. Em Sua Autoridade de Governo, a Igreja pode muito bem dispôr de princípios dogmáticos infalíveis e, em si mesmos, irreformáveis, para legislar; mas isso, absolutamente, não é uma necessidade! Em particular, para ficarmos só num exemplo óbvio, o Código de Direito Canônico é direito positivo eclesiástico e, por conseguinte, não é matéria dogmática; estaria então o Reinaldo dizendo que todo católico “não só pode como deve” debater o Direito Canônico? O mundo enlouqueceu! Com uma visão “dualista” do mundo, segundo a qual as únicas opções diante de um pronunciamento da Igreja são ou a adesão divina exigida à Verdade Revelada ou o debate (democrático?), o ilustre articulista, simplesmente, escamoteia a Autoridade Suprema de Governo da Igreja [que, lembremos, segundo o mesmo, “não só pode como deve” ser debatida]!

Na verdade, há aqui uma grande confusão entre matéria, digamos, “magisterial” [por falta de um termo melhor] e matéria disciplinar, seguida de uma confusão ainda maior quanto ao papel do católico diante de uma decisão não-irreformável em si mesma. Uma coisa é uma “questão aberta”, um assunto sobre o qual os católicos são livres para adotarem uma posição ou outra: por exemplo, se Nossa Senhora morreu ou não antes de ser assunta aos Céus. Isso é um ponto [propositalmente] omisso na promulgação do dogma: a Igreja entende que tal particularidade em nada afeta a adesão integral ao Depósito da Fé no tocante à Assunção da Virgem Santíssima, que se realiza plenamente quando se diz que Maria foi elevada em corpo e alma aos Céus no final de sua vida terrestre, independentemente do que tenha acontecido a Ela neste “final da vida terrestre” (se Ela morreu e ressuscitou, ou se não chegou nem mesmo a morrer).

Uma outra coisa completamente diferente é a promulgação de uma norma de direito eclesiástico, que (obviamente) não é matéria dogmática, mas que foi efetivamente promulgada e, portanto, está em vigor, como é o caso do celibato sacerdotal. Dizer que “o celibato não é dogma” não é, nem de longe, a mesma coisa que dizer “a existência do Limbo não é dogma”. Neste último caso, estamos tratando de uma hipótese teológica cujo grau de adesão exigido, de fato, enfraquece-se quando se diz que ela não é um dogma; mas, para uma questão disciplinar, não faz sentido em se falar em “adesão” de Fé, porque – evidentemente – a uma disciplina não se adere com Fé, mas se lhe obedece. E o fato (aliás auto-evidente) de que uma disciplina “não é dogma” em nada muda as obrigações que o católico tem para com ela.

E a segunda confusão do Reinaldo é sobre a posição que o católico deve tomar frente a uma exposição da Igreja sobre matéria não-irreformável em si mesma. Já vimos que há uma diferença grande entre uma matéria magisterial não-infalível (e que, portanto, só não obriga a Fé por, digamos, insuficiência do ato promulgativo do Magistério da Igreja) e uma matéria disciplinar (que é, em si mesma, não infalível e reformável). Acontece que em nenhum dos dois casos o católico tem o dever de sair debatendo sobre ele. Isso é um nonsense sem tamanhos. Nenhum católico tem o “dever de debater” a existência do Limbo [embora seja interessante que os teólogos o façam; todavia, nem estes estão obrigados a fazê-lo]. Nenhum católico tem o “dever de debater” a idade de 75 anos em que os bispos precisam apresentar o seu pedido de renúncia à Diocese que governam. E nenhum católico tem o “dever de debater” o celibato sacerdotal.

Na verdade, o católico somente pode (o que é bem diferente de deve) debater o celibato sacerdotal. Mas, para fazê-lo, ele precisa ter pelo menos três coisas, e os posts do Reinaldo Azevedo falham em todas elas.

A primeira coisa que se exige de um católico que queira debater uma matéria disciplinar da Igreja é o “sentir” com a Igreja, é a docilidade com a qual se deve submeter à autoridade de Governo da Igreja, ainda que não se concorde integralmente. E, ainda este ano, o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, na sua exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”, reafirmou o valor do celibato para os sacerdotes da Igreja Latina:

“Em sintonia com a grande tradição eclesial, com o Concílio Vaticano II e com os Sumos Pontífices meus predecessores, corroboro a beleza e a importância duma vida sacerdotal vivida no celibato como sinal expressivo de dedicação total e exclusiva a Cristo, à Igreja e ao Reino de Deus, e, consequentemente, confirmo a sua obrigatoriedade para a tradição latina.” (SC 24)

Sinceramente, contradizer abertamente uma posição do Sumo Pontífice e querer “debater” uma coisa cuja obrigatoriedade foi reafirmada há menos de um ano por aquele que detém a autoridade máxima para obrigar ou desobrigar as questões disciplinares da Igreja Católica é o cúmulo da teimosia. É uma tremenda extrapolação dos direitos que o católico tem em relação àquilo que não é dogmático. O Papa dizer uma coisa, e então um católico procurar “debater” em defesa da posição contrária, para o Papa reafirmar a mesma coisa, e o tal católico insistir ainda no contrário, e assim ad aeternum, não é direito de católico nenhum. Isso é um completo desrespeito às autoridades da Igreja, que são quem, em última instância, detêm a autoridade final para responder a essas questões.

A segunda coisa exigida para se debater questões disciplinares é prudência. Ninguém deve chegar defendendo a sua posição – contrária à posição vigente – como se fosse a última coca-cola do deserto, a única solução para os problemas que a Igreja atravessa. Ao contrário, deve-se expôr as próprias convicções de maneira humilde, sabendo das próprias limitações e com sinceras disposições de acatar às determinações das autoridades da Igreja, confiante na assistência prudencial do Espírito Santo que, embora não com infalibilidade certa, todavia sempre guiará a Igreja no tocante à salvação das almas. Ninguém deve utilizar os meios de comunicação em massa para tratar de assuntos internos da Igreja e que somente dentro da Igreja podem ser resolvidos, se quiser realmente que eles sejam levados a sério – e não utilizados como instrumento de descrédito da Igreja e de munição para os inimigos de Cristo. Ninguém deve achar que provocar clamor popular é uma maneira correta de se provocar mudanças na Igreja – afinal, ao contrário do que se imagina hoje em dia, todo poder vem de Deus, e não do povo.

E, finalmente, a terceira coisa exigida para se debater questões disciplinares é a qualidade dos argumentos. E é esta a parte mais lamentável dos posts do Reinaldo Azevedo: parece até que ele saiu copiando-e-colando bobagens de sites protestantes. Francamente! Entre um sem-número de outras bobagens, pode-se ler no blog supracitado:

“Um tanto provocativo, lembrei que São Pedro tinha sogra. Aí me dizem: “Mas era viúvo”. Era? Onde está escrito? Em que passagem?” (i)

O primeiro erro aqui é a mentalidade protestante: “onde está escrito?”. Oras, essa visão reducionista do Evangelho aos Quatro Livros canônicos é o que pode haver de mais estranho ao catolicismo.

O segundo erro aqui é a visão simplista da questão: não faz nenhuma diferença se Pedro era casado ou não. O que interessa, no Novo Testamento, é que está mais do que evidente a superioridade da vida una ou indivisa – que, aliás, foi o estado de vida escolhido por Cristo. Pedro ter sido casado ou não é um detalhe de pouca importância [tanto que os Evangelhos silenciam completamente sobre a mulher de Pedro], e que não pode ser usado como critério para desabonar o celibato sacerdotal. É evidente que há passagens que enaltecem o casamento – claro, pois o casamento é uma coisa boa! -, mas é igualmente evidente que não há nenhuma passagem escriturística que permita ter dúvidas sobre a perfeição maior do celibato. E a Igreja tem o direito de exigir perfeição dos que querem ser sacerdotes do Deus Altíssimo – a mais perfeita vocação à qual é chamado o homem.

“Não é preciso ser muito agudo para perceber que os padres vivem uma realidade que absolutamente os aparta da vida real.” (ii)

O que é a “vida real”, para Reinaldo Azevedo? Vida real é sexo? As pessoas que não praticam sexo vivem uma, digamos, “vida virtual”? Mais: as pessoas precisam praticar sexo para viverem “realmente” a sua vida? Não é preciso ser muito perspicaz para enxergar a insensatez dessa crítica velada.

Até se entende que um católico em particular não se sinta atraído por um estado específico de vida – no caso, o celibato. Mas, daí a debochar dele, daí a dizer que quem o abraça vive “aparta[do] da vida real”, daí a dizer que o celibato é “fonte de perturbação e de desmoralização” (ii), daí a dizer que ele é “um óbvio mal-estar” (ii), vai uma grande distância. Que o autor não transforme a sua opinião pessoal sobre o celibato na verdade absoluta sobre ele!

“O celibato sacerdotal na Igreja Católica foi instituído no ano 390” (iii)

No ano 390 aconteceu o Concílio de Cartago, que prescreveu o celibato para todos os que servem os Santos Mistérios. Mas isso não quer dizer que ele só tenha sido “instituído no ano 390”! Então a Imaculada Conceição da Virgem, para ficar só num exemplo, foi instituída somente no século XIX? É de espantar a ignorância do articulista!

Em particular, o primeiro Concílio de Nicéia já proibia os cléricos de introduzirem mulheres em sua casa (Concílio de Nicéia [325], can. 3). E é o mesmo Concílio de Cartago citado que, ao prescrever o celibato, afirma estar se referindo a um costume que foi ensinado pelos Apóstolos e observado pelos Antigos – portanto, não tem nada a ver com uma “invenção” do século IV. Os católicos deveriam ter um mínimo de conhecimento sobre os Concílios da Igreja, antes de tecerem comentários despropositados com base neles.

E não é necessário entrar em mais detalhes. Todas as “argumentações” dos citados textos do Reinaldo Azevedo resumem-se a conclusões sem sentido e a interpretações pessoais de textos escriturísticos sobrepondo-se às interpretações que a Igreja sempre teve. No fundo, o problema central aqui é aquele que foi exposto no início: a idéia de que o católico “deve” debater aquilo que não é dogmático na Igreja dá ao católico, qualquer que seja ele, carta branca para discordar publicamente do que prescreve a Hierarquia Católica, baseado em nada que não seja a própria visão limitada e distorcida dos fatos – assim, ele está no estrito cumprimento do seu dever.

Esperamos que tenha ficado clara o quão perniciosa é essa mentalidade. E esperamos também que os católicos sejam mais cuidadosos quando forem se arvorar em especialistas de assuntos sobre os quais têm pouco ou nenhum conhecimento. Para encerrar, ficam as palavras do Santo Padre Paulo VI, na sua encíclica Sacerdotalis Caelibatus:

A verdadeira e profunda razão do celibato é, como já dissemos, a escolha duma relação pessoal mais íntima e completa com o mistério de Cristo e da Igreja, em prol da humanidade inteira. Nesta escolha há lugar, sem dúvida, para a expressão dos valores supremos e humanos no grau mais elevado. (SC 54).

Que a Virgem Castíssima nos conceda sempre santos sacerdotes, dispostos a tudo largar por Cristo – com a confiança de que os seus sacrifícios não serão em vão – e que sejam sinal verdadeiro de luz e de Salvação para os homens.

CNBB divulga evento abortista!

[P.S.: Após este post e as cartas enviadas à CNBB, os responsáveis pelo site da Conferência retiraram do ar a divulgação do evento satânico. Deo Gratias.]

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É estarrecedor, mas é verdade. Está na página principal do site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: Marcha Mundial das Mulheres organiza 3ª edição da Ação Internacional no Brasil. Na matéria, uma foto do cartaz da marcha, que ocorrerá de 8 a 18 de março. No texto da CNBB, é dito que “a marcha pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras”.

A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) é um evento organizado pela Sempreviva Organização Feminista. Na página principal do site da Marcha, a segunda notícia é sobre a legalização do aborto na Espanha inclusive para adolescentes. Na coluna da direita, logo abaixo do cartaz da “Ação 2010” que a CNBB divulgou, tem uma música pela legalização do aborto que pode ser baixada e cuja letra é a seguinte (trecho):

Já comecei a entender
o que ninguém ousa dizer:
o silêncio e a hipocrisia
causam minha hemorragia.
E, se o homem engravidasse,
o aborto legal seria…

Mas não vou me intimidar,
por meus direitos vou lutar.
Me juntar às mulheres
e com elas gritar:

Direito ao nosso corpo!
Legalizar o aborto!

Qualquer busca no Google revela isso. Eu não levei nem cinco minutos. Aliás, qualquer pessoa que tivesse um mínimo de senso de realidade desconfiaria do nome “Marcha Mundial das Mulheres”. E qualquer pessoa que tivesse um mínimo de responsabilidade checaria os objetivos de um tal evento antes de divulgá-lo em um site de uma Conferência de Bispos Católicos. Qualquer pessoa que tivesse um mínimo de decência não divulgaria um evento abortista num site católico.

Isso mostra que, dentro da CNBB, há pessoas que (i) ou são estúpidas e irresponsáveis o suficiente a ponto de divulgarem um evento sem saber que ele é abortista, ou (ii) são cretinas mancomunadas com Satanás empenhadas em defender o aborto a partir de dentro da CNBB. Terceira opção não existe. E, em qualquer dos dois casos, é simplesmente inadmissível que os responsáveis por esta infâmia continuem impunemente escarnecendo da Igreja Católica, defendendo “de dentro da Igreja” a sua ideologia assassina e anti-cristã e entronizando Lúcifer para ser adorado nos salões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Mais curtas, fechando à tarde

Muita coisa para comentar, pouco tempo para fazer…

Enfatizando: hoje é dia de luto. Há exatamente um ano eram assassinados os gêmeos de Alagoinha. E pouca coisa mudou desde então. Recentemente, foi tornada pública uma declaração sobre a presidência da Pontifícia Academia para a Vida (leia-se Dom Rino Fisichella), subscrita por membros da própria Academia. Nesta declaração, pode-se ler: “Longe de criar a unidade e a genuína harmonia na Academia, o discurso do Arcebispo Fisichella em 11 de fevereiro teve por efeito confirmar nas mentes de muitos Acadêmicos a impressão de que nós estamos sendo conduzidos por um clérigo que não compreende o que envolve o respeito absoluto pela vida humana”.

* * *

– Dom Aloísio Oppermann na CNBB: a criatura contra o seu Criador. São apenas dois parágrafos, leiam. “O que me causa espécie, é constatar que, apesar das evidências, malgrado as palavras claras do governo, em que pese a audácia dos dirigentes políticos, a maioria das pessoas (adormecidas pela propaganda?), acham o malfadado programa [PNDH-3], um progresso. Aí incluo clérigos ingênuos, alguns formadores de opinião, vários líderes de outras denominações cristãs”.

* * *

– Enquanto isso, no Zero Hora, desgraçadamente em sentido contrário, Dom Friedrich Heimler também escreve os seus dois parágrafos. Menores que o de Dom Oppermann, e muito piores. “A CNBB realmente não é a Igreja Católica, mas a Conferência Nacional do Bispos do Brasil representa e fala pela Igreja Católica no Brasil. […] A CF-2010, preparada pela terceira vez em nível ecumênico, é uma campanha com os pés no chão, para até o povo entender”. Sou obrigado a concordar: pés no chão, mãos no chão, olhos no chão, coração no chão, tudo no chão. E nada no Céu, nada no Alto. E, exatamente por isso, estéril.

* * *

– Sobre a mesma campanha: Carta à Congregação para a Doutrina da Fé, pelo Percival Puggina. “É preciso atentar para a gravidade da situação. A totalidade da opinião pública e da imprensa brasileira confunde a CNBB com ‘a’ Igreja. Quando alguém se manifesta nessa organização, seja o presidente, seja um assessor, as manchetes falam em manifestação ‘da’ Igreja. A Campanha da Fraternidade é ‘da’ Igreja. Seus temas e seus lemas também são vistos assim. Jamais, alguém da estrutura da organização faz a necessária distinção e esclarecimento, estimulando uma fusão e uma confusão que, ao que se infere, bem lhes convém”.

* * *

Rei espanhol assina lei abortista – lamentável! A poucos dias da Marcha pela Vida 2010! Que Deus tenha misericórdia da Espanha. Sobre o gesto do Rei da Espanha, diz o pe. Clécio: “Enquanto não me provem o contrário, conforme determina o Código de Direito Canônico (can 1398), defendo a posição de que Su Majestad el Rey Don Juan Carlos, na condição de batizado na Igreja Católica, incorreu em excomunhão latae sententiae. Tal modalidade de excomunhão não carece da necessidade de uma declaração por parte da Autoridade Eclesiástica, exceto no caso de o rei insistir em publicamente ignorá-la. Ainda assim, em se tratando de um caso exemplar, os bispos deveriam declará-la para sanar o escândalo causado pelo ato do rei”.

Curtas

Ordo Concelebrationis et ritus servandus, initio quartae sessionis Concilii Oecumenici Vaticani II. As fotos foram feitas pelo Luís Guilherme (aqui e aqui), e a peça se encontra no Mosteiro de São Bento de São Paulo. Citando-o: “Vale a pena reparar que é, quiçá, a primeira concelebração de missa da História, e uma das raras vezes que isso foi feito segundo o missal de 1962”. Acrescento eu: à exceção das missas de ordenação presbiteral onde, mesmo com as rubricas antigas, havia concelebração (salvo engano, era esta única concelebração prevista).

* * *

Por que o comunismo seduz, apesar de tudo? Interessantíssima análise do meu quase conterrâneo, o Taiguara de Sousa, baseada em um livro (que eu não conhecia) de Theodore M. Greene. O comunismo é um “seqüestro”, uma deturpação de anseios legítimos dos homens – e, por isso, seduz. Vale a leitura.

* * *

Texto de Dom Malcolm Ranjith aos seus sacerdotes e fiéis na diocese de Colombo. Vale a leitura completa. Só destaco: “A Eucaristia é a celebração do mistério pascal por excelência dado à Igreja pelo próprio Jesus Cristo. Jesus Cristo é o princípio de toda liturgia na Igreja e por esta razão toda liturgia é essencialmente de origem divina. (…) Este sagrado mistério foi confiado aos apóstolos pelo Senhor e a Igreja cuidadosamente preservou a celebração ao longo dos séculos, dando vida à tradição sagrada e a uma teologia que não cedem à interpretação individual ou privada”.

* * *

– Do Contra o Aborto: Queremos Barrabás! “Passou-se 1 ano do aborto dos gêmeos de Alagoinha. […] Os gêmeos não tiveram voz e nem vez neste mundo. Uma turba composta de ONGs, de mídia, de idiotas úteis gritava a plenos pulmões por sua morte.  É triste ver que após tantos séculos a multidão ainda prefere Barrabás.  Descansem em paz, pequeninos”.

* * *

– Outra do Contra o Aborto: A verdade incomoda. Um outdoor feito por uma entidade pró-vida polonesa – cliquem para ver. A frase: “O aborto para mulheres polonesas foi introduzido por Hitler em 9 de março de 1943”. Parece que algumas pessoas não gostam de lembrar isso.

* * *

– Ainda estamos sofrendo com a Campanha da Fraternidade deste ano, e a CNBB já está divulgando o concurso para a música do hino da CF/2011. A letra já foi escolhida – vejam que maravilha (só excertos):

2. A terra é mãe, é criatura viva;
Também respira, se alimenta e sofre.
É de respeito que ela mais precisa!
Sem teu cuidado ela agoniza e morre.

3. Vê, nesta terra, os teus irmãos. São tantos
Que a fome mata e a miséria humilha.
Eu sonho ver um mundo mais humano,
Sem tanto lucro e muito mais partilha!

Vale salientar que o concurso pede que o caráter geral do hino tenha um “[c]aráter vibrante, vigoroso, ‘energizador'”, capaz de despertar os indivíduos e os grupos “do torpor do egoísmo e do comodismo”. Domine, miserere nobis!

Exorcistas e primazes

Guerra de exorcistas. “Dois exorcistas, ambos respeitáveis em seu ofício, divergiram publicamente nos últimos dias”. O motivo: a existência de satanistas no Vaticano.

Para o pe. Amorth: “Sacerdotes, monsenhores e também cardeais. Sei por pessoas que conheceram isso diretamente. E além do mais é uma coisa ‘confessada’ em outras ocasiões pelo mesmo demônio, sob obediência, durante os exorcismos”.

Para o pe. Fortea: “[A]gora como em todos os outros tempos, existem prelados mais espirituais e outros mais terrenos, alguns mais virtuosos e outros mais humanos. Mas a partir daí afirmar que alguns cardeais são membros de seitas satânicas é uma afirmação inaceitável”.

Sobre o pe. Amorth, creio não ser necessário falar muito. Com relação ao pe. Fortea, há mais informações em seu site e seu blog.

* * *

Que Dom André Mutien Léonard havia sido nomeado primaz da Bélgica, eu sabia. Que ele é considerado um bispo tradicional, eu também sabia. O que eu não sabia era que o nome dele não estava nas listas tríplices:

[O] nome de Léonard não constava nem na primeira, nem na segunda terna (lista de 3 nomes indicados pelo núncio, com cooperação da Conferência Episcopal), enviadas por Raube com os indicados ao posto. Bento XVI em pessoa decidiu e fez Dom Léonard primaz da Bélgica, contra a vontade do Núncio, dos bispos e inclusive do Rei.

Longa vida ao Papa!

O materialismo da Campanha da Fraternidade

Ano passado, eu escrevi um post aqui no Deus lo Vult! onde eram apresentadas algumas estatísticas sobre o texto-base da Campanha da Fraternidade de então. Este ano, agora que a CNBB disponibilizou a versão eletrônica do texto da CF/2010, eu posso fazer a mesma coisa.

As oitenta páginas do referido documento podem ser baixadas aqui, no site da CNBB. Ao contrário de certas análises de conjunturas que andam circulando internet afora, até onde me conste este é um documento oficial da Conferência, sim.

Eis aqui as estatísticas. A metodologia utilizada é trivial: a caixa de pesquisa do Acrobat Reader. Quando as expressões aparecem “puras”, é porque a busca foi feita por elas ipsis litteris; quando aparece “e derivados”, é porque consultei pelo radical (p. ex., ‘arrepend’, o que engloba tanto ‘arrependimento’ quanto as formas verbais ‘arrependei-vos’, ‘arrependi-me’, ‘arrepender’, etc.).

Os resultados são os seguintes:

  • “Jesus”: 37 ocorrências (“Nosso Senhor”, uma única ocorrência, na oração da CFE).
  • “Católica” e “católicos”: 8 ocorrências.
  • “Conversão” (e derivados): 7 ocorrências.
  • “Oração”: 5 ocorrências (sendo duas vezes no título “oração da CFE 2010”, a do índice e a da página correspondente).
  • “Caridade”: 4 ocorrências.
  • “Esmola”: 3 ocorrências.
  • “Pecado” (e derivados): 2 ocorrências.
  • “Jejum”: 2 ocorrências (e recomendo que vejam quais são!!).
  • “Virgem Maria” (a pesquisa foi feita por “Maria”): 2 ocorrências (“Nossa Senhora”, nenhuma).
  • “Arrependimento” (e derivados): 2 ocorrências.
  • “Sacramento”: 2 ocorrências.
  • “Papa”: 2 ocorrências.
  • “Magistério”: 1 ocorrência.
  • “Penitência”: nenhuma ocorrência.
  • “Eucaristia”: nenhuma ocorrência.
  • “Missa”: nenhuma ocorrência.
  • “Sacerdote”: nenhuma ocorrência.
  • “Calvário”: nenhuma ocorrência.
  • “Cruz”: nenhuma ocorrência.
  • “Trindade”: nenhuma ocorrência.
  • “Santificação”: nenhuma ocorrência (“santificar” tem duas, no comentário sobre o Pai Nosso).
  • “Redenção” (e derivados): nenhuma ocorrência (“Redentor” aparece uma única vez, numa nota de rodapé, em referência – pasmem! – a um livro sobre Martin Luther King, chamado “O Redentor Negro”! Está à página 55).
  • “Confissão” (sacramento): nenhuma ocorrência (há duas referências a “confissão”, na expressão “Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil”, com as maiúsculas por conta da CNBB).

Em contrapartida:

  • “Economia (e derivados): 142 ocorrências.
  • “Solidariedade” (e derivados): 81 ocorrências.
  • “Pobre” (e derivados): 75 ocorrências.
  • “Direito(s)”: 74 ocorrências.
  • “Terra”: 64 ocorrências.
  • “Trabalho”: 56 ocorrências.
  • “Social” (e derivados): 54 ocorrências.
  • “Política” (e derivados): 39 ocorrências.
  • “Mercado” e “Mercadoria”: 30 ocorrências.
  • “Desenvolvimento”: 29 ocorrências.
  • “Povo”: 27 ocorrências.
  • “Miséria”: 12 ocorrências.
  • “Exploração” (e derivados): 11 ocorrências.

Isto é sintomático. No segundo grupo, a palavra que menos aparece é “exploração”; mesmo assim, ela aparece mais do que todas as palavras do primeiro grupo, à exceção de “Jesus”. E até mesmo “política” aparece mais do que “Jesus” neste documento!

Coisas absolutamente fundamentais para qualquer texto que se pretenda servir para o tempo quaresmal, é inexplicável a total ausência de palavras como “Missa”, “Eucaristia” e “Confissão”. Que espécie de preparação para a Páscoa pode ser feita sem que se fale na Santa Missa? Sem que se fale em comunhão eucarística, em confissão dos pecados, em arrependimento? Sem que se fale na Virgem Santíssima? A conclusão é inevitável: este texto não serve para a Quaresma. Não pode servir, porque não trata de temas espirituais. Fica perdido no naturalismo, na horizontalidade, na materialidade estéril – e passa longe das necessidades espirituais dos fiéis católicos.

A julgar por este texto-base, parece ser opinião da CNBB que a Igreja deve, durante a Quaresma, falar mais em exploração do que em oração. Deve falar mais em miséria do que em pecado. Mais em trabalho que em conversão. Mais em política do que em Nosso Senhor.

E isto é muito triste. Se o sal perde o sabor, para quê ele servirá? Até quando suportaremos esta campanha da materialidade, que nega toda a riqueza espiritual do tempo da quaresma, soterrando a piedade católica sob uma profusão de temas naturalistas estéreis? Usquequo, Domine…?

Eles NÃO publicaram!

Comentei aqui ontem sobre a publicação de um comentário tosquíssimo no blog da CNBB, no post sobre a [anti-católica] análise de conjuntura que não é um documento oficial da Conferência mas, mesmo assim, foi veiculada por órgãos oficiais da CNBB.

O Alien perguntou se eles também publicavam comentários contrários às suas convicções. Eu não sabia, e sugeri que fizéssemos um teste. O Alien disse ter enviado um comentário, e o Carlos idem. Eu também enviei um logo no começo do dia de ontem, o qual [infelizmente] não salvei no meu computador, mas era alguma coisa contundente do tipo “que grande porcaria”, “vale lembrar que o socialismo foi condenado pela Igreja”, “o que este lixo anti-católico está fazendo em um blog supostamente ligado a uma conferência católica?” e “vocês deveriam ter pelo menos a decência de avisarem aos leitores desavisados para pegarem um saco de vômito antes de iniciar a leitura”.

Temos, pelo menos, três comentários enviados ontem, dos quais NENHUM foi publicado até o presente momento. Mas o do Vanderley foi publicado e, a julgar pela ordem dos comentários que o meu post de ontem recebeu, o dele foi o último a ser enviado. Vejam o porquê do “blog da CNBB” ter sido tão célere nesta aprovação:

* * *

vanderley disse…
Sem dúvida, a CNBB está bem moderna.
Afinal , devemos quebrar todos os paradigmas.
Os dogmas antigos e ultrapassados precisam ser
esquecidos.
De fato ela atende as necessidades do povo
oprimido.
Por isso é importante dialogar com aqueles
que representam o povo sofrido.

1 de março de 2010 21:22

* * *

Sinceramente, dá para levar a sério uma palhaçada dessas?

Curtas

Oração de Pio XII pelos sacerdotes. “Concedei-lhes, oh Senhor, desprendimento de todo o interesse terreno e que só busquem a vossa maior glória. Concedei-lhes ser fieis às suas obrigações com a pura consciência até ao posterior alento”. Convém rezarmos. Que nos empenhemos em pedir ao Altíssimo pela santificação do clero.

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– Sobre o feriado nacional muçulmano-cristão libanês, no IHU e na Canção Nova. O texto é o mesmo. A parte referente ao Papa: “Recebido em audiência pelo Papa Bento XVI em 21 de fevereiro, logo depois do decreto de criação da festa islamo-cristã, o primeiro-ministro aproveitou seu compromisso a favor da coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos. Os dois chefes de Estado fizeram votos para que ‘através da coexistência exemplar das diversas comunidades religiosas que compõem o Líbano, o país continue a ser uma mensagem para a região do Oriente Médio e para o mundo inteiro'”.

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O Tigre confessa, do João Pereira Coutinho. “A privacidade; a existência de um espaço meu e dos meus, onde a multidão não entra, é talvez a maior conquista da civilização judaico-cristã. Destruir essa barreira sempre foi e sempre será o princípio da tirania”.

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El coma andante gosta mesmo é da Nike, sobre a hipocrisia cubana. “A Nike, não custa lembrar, representa um ícone do ‘imperialismo ianque’, segundo os perfeitos idiotas latino-americanos. Quer dizer então que o ditador pode usar símbolos do capitalismo americano numa boa? Além disso, não há um embargo econômico dos Estados Unidos à ilha-presídio? Onde foi que Fidel comprou este uniforme? Será que o povão cubano, o gado bovino de propriedade dos irmãos Castro, pode comprar um desses também?”. E o Lula lá. Ao lado do ditador. Enquanto um cubano morria após quase três meses de greve de fome.

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“Alcides morreu porque era um negro”. Data maxima venia, senhores sacerdotes, NÃO. Não morreu porque era negro. Não são só os negros que morrem injustamente. Este assassinato específico não teve nada a ver com racismo. Não foi este o porquê da sua morte. Por favor, não desonrem a  memória do meu conterrâneo transformando a tragédia em uma versão racista imbecil da luta de classes socialista.

Alcides morreu por causa do descaso das autoridades públicas com a segurança, porque o Brasil é um país violento, onde os marginais não são punidos como deveriam e onde a população de bem não pode se proteger e nem tem quem a proteja. Aliás, dos dois criminosos que assassinaram Alcides, um é ex-presidiário e o outro, por ser de menor, vai para uma unidade da “Fundação de Atendimento Socioeducativo” – nem sei por quanto tempo, provavelmente por um ou dois anos, e depois vai voltar às ruas. Este é o problema, senhores sacerdotes, e não a cor da pele do meu amigo.

Eles publicaram!

Aquela maledetta análise de conjuntura da CNBB foi publicada no blog da Conferência, com o mesmo disclaimer tosco, como se justificasse, de que “o texto não é um documento oficial da CNBB”.

O Zé Comunista (que não sou eu) fez um comentário muito bom que foi publicado. Vou reproduzir aqui, para não correr o risco de que apaguem depois.

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Zé Comunista disse…
Caríssimos companheiros de caminhada da CNBB,

Fiquei extremamente orgulhoso ao ler uma analise de conjuntura tão engajada e comprometida com os ideais do evangelho e da justiça social, sem deixar de lado as sempre tão atuais orientações do exímio filósofo alemão, Karl Marx, que sempre nortearam o trabalho da CNBB desde os tempos mais remotos.

Fico realmente orgulhoso com a clareza e a coragem profética da referida análise, mostrando o mal onde ele realmente se encontra: no capitalismo e nas ideias imperialistas e neoliberais; e mostrando o bem onde ele se encontra: no socialismo que é representado atualimente pelo Partido dos Trabalhadores, que a CNBB ajudou a fundar depois de muita luta pela democracia aos moldes de Cuba.

Tenho plena convicção que juntos chegaremos a uma terra sem males, sem classes, sem diferenças entre as pessoas, onde todos são respeitados independentemente do que pensam. E confio plenamente nisso em grande parte graças a CNBB, que ao longo dos anos vem colaborando com a causa socialista através de seus documentos altamente engajados.

Esse é o verdadeiro socialismo católico, erroneamente condenado pelo Papa Pio XI!

Obrigado CNBB!

26 de fevereiro de 2010 23:52

No II Domingo da Quaresma…

[São duas coisas díspares. Uma homilia e um artigo de jornal, um sacerdote e um leigo, uma meditação da Liturgia de hoje e uma denúncia contra a Campanha da Fraternidade. Só as coloquei juntas porque, afinal, ambas falam sobre a Quaresma, embora sob aspectos distintos (e, no meu entender, perfeitamente complementares): a parte “positiva” de bem viver a Quaresma, e a parte “negativa” de se combater tudo o que dificulta o aproveitamento deste tempo favorável.]

1. Pe. Antoine Coelho, LC: “A nós, Deus ofereceu-nos um sinal incomparavelmente mais explícito de que cumpriu e continuará a cumprir as suas promessas. Chama-me muito a atenção o facto de que São João evangelista mencione, no seu relato da Paixão de Cristo, que os soldados romperam as pernas dos dois ladrões crucificados com Ele. ‘Mas ao chegarem a Jesus, como o viram já morto, não lhe romperam as pernas […] E tudo isso sucedeu para que se cumprira a Escritura: não lhe quebrará nenhum osso’. Porquê falta de romper ou não romper pernas, quando o Senhor está já morto? Não é detalhe insignificante a estas alturas? Mas é que ao Senhor, não lhe podia suceder o mesmo que aos animais cortados no sacrifício de Abraão. Com isso a Escritura mostra-nos que, em Cristo crucificado, Deus cumpriu as promessas. Cumpriu o que prometera a Abraão quando passara entre os animais sob a forma do fogo! Em Aquele que está pendurado para o perdão dos nossos pecados deve residir toda a nossa fé e esperança. N’Ele torna-se evidentemente que é o amor infinito de Deus a querer levar-nos à Terra Prometida, à Jerusalém Celeste, com a condição de que como Abraão não deixemos nada em Ur dos caldeus, fiéis ao chamado de Deus que nos fala pela Igreja”.

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2. Percival Puggina: “Toda consciência bem formada se revolta com as tragédias da pobreza material, feitas de analfabetismo, baixo nível educacional e cultural, más condições habitacionais e sanitárias, abandono dos aposentados. Feitas também por corrupção, esbanjamentos, mordomias, absurdos desníveis na remuneração do serviço público e maus governos. Não é com a superação desses embaraços que venceremos a miséria e os desníveis sociais? Pois é tudo campo da política! Miséria e desníveis sociais são temas para os poderes públicos, que se apropriam de 40% do PIB nacional! As justas preocupações com partilha e solidariedade deveriam focar, principalmente, essa brutal ruptura com o Princípio da Subsidiariedade. É grave erro da campanha não dizer que os problemas do Brasil são muito mais políticos do que econômicos. Muito mais institucionais do que empresariais. Bons governos, com boas políticas, enfrentam essas dificuldades valendo-se da competente operação do setor privado”.

A nós, Deus ofereceu-nos um sinal incomparavelmente mais explícito de que cumpriu e continuará a cumprir as suas promessas. Chama-me muito a atenção o facto de que São João evangelista mencione, no seu relato da Paixão de Cristo, que os soldados romperam as p