Vejam as imagens

1. Bispos brasileiros celebrando versus Deum em Roma. C’est vraiment incroyable, mas há fotos. O Fratres in Unum também noticiou. Pelo que ouvi dizer, o Cardeal Odilo Scherer não celebrou…

2. Está na hora de reconsiderar o uso da Tiara Papal? A pergunta é pertinente. Afinal de contas, trata-se de uma questão ecumênica: todos os Patriarcas ortodoxos usam suas coroas. Como disse o pe. Clécio: “por razões ecumênicas lamento que o Bispo de Roma, o primus inter dispares, seja o único patriarca da cristandade sem coroa”.

3. Agressão a católicos que rezavam um rosário pela vida: já está virando praxis. Após Neuquén e Tucumán, agora é a vez de Bordeaux. “Mesmo importunados por uivos, xingamentos, ironias, e claro, muitas blasfêmias ao megafone, os intrépidos católicos terminaram seu rosário, para a maior glória de Deus e honra da Santíssima Virgem!” – serão recompensados. E até quando será tolerado todo tipo de agressão aos católicos?

“Sobre a suposta discrepância entre os Evangelhos com respeito à genealogia de Nosso Senhor” – Eusébio de Cesaréia

Sobre a suposta discrepância entre os Evangelhos com respeito à genealogia de Nosso Senhor

Uma vez que a genealogia de Cristo nos é dada de diferentes maneiras por Mateus e Lucas, supondo-se em geral que estejam em desacordo em suas afirmações; e uma vez que todo crente, pelo desejo de conhecer a verdade, tem sido levado a empreender alguma investigação para explicar as passagens, podemos também acrescentar o relato que nos chegou. Referimo-nos à história sobre essas passagens com respeito à harmonia da genealogia dos Evangelhos que nos foi transmitida por Africano numa epístola a Aristides. Depois de ter refutado as opiniões dos outros, considerando-as forçadas e fictícias, apresenta o relato, por ele mesmo certificado, com as seguintes palavras: “Era costumeiro em Israel calcular os nomes das gerações, ou de acordo com a natureza ou de acordo com a lei: de acordo com a natureza, pela sucessão de filhos legítimos; de acordo com a lei, quando outro criava filhos em nome de um irmão que houvesse morrido sem deixar filhos. Pois uma vez que a esperança de uma ressurreição ainda não fora claramente dada, imitavam a promessa que se cumpriria por um tipo de ressurreição mortal, com vistas a perpetuar o nome da pessoa que morrera. Portanto, alguns dos que estão inseridos nesse quadro genealógico sucedem-se uns aos outros na ordem natural de pai e filho; alguns, repetindo, nasceram de outros, tendo sido atribuídos a outro pai por nome, tendo sido registrados tanto os pais reais quanto os atribuídos. Assim também, os Evangelhos não fizeram declarações falsas, quer calculando pela ordem da natureza, quer de acordo com a lei. Visto que as famílias descendentes de Salomão e de Natã foram de tal maneira misturadas por substituições em lugar dos que haviam morrido sem filhos, de acordo com casamentos e perpetuação de descendência, as mesmas pessoas são devidamente consideradas em um aspecto pertencente a uma delas e em outro aspecto à outra. Assim é que ambos os relatos são verdadeiros, ou seja, dos que foram considerados pais, e dos que realmente foram pais, e chegam a José com considerável complexidade, é verdade, mas com grande precisão. Para que isso, contudo, possa tornar-se evidente, vou estabelecer as séries das gerações. Calculando (na genealogia de Mateus) as gerações desde Davi, passando por Salomão, descobre-se que o terceiro de trás para frente é Matã, que gerou Jacó, pai de José. Mas calculando, como Lucas, desde Natã, o filho de Davi, descobrir-se-á que o terceiro é Melqui, cujo filho era Eli, o pai de José. Sendo José, portanto, nosso objeto proposto, vamos mostrar como aconteceu de cada um ser registrado como seu pai: Jacó, conforme se deduz de Salomão, e Eli, de Natã; também, como aconteceu de esses dois, Jacó e Eli, serem irmãos; e, além disso, como se comprova que os pais dele, Matã e Melqui, sendo de famílias diferentes, são avôs de José.

Matã e Melqui, tendo se casado em sucessão com a mesma mulher, tiveram filhos irmãos pela mesma mãe, pois a lei não proibia a uma mulher que tivesse perdido o marido, quer por divórcio, quer pela morte dele, casar-se de novo. Matã, portanto, que remonta sua linhagem a Salomão, primeiro teve Jacó, por meio de Esta, pois é esse o seu nome conforme transmitido pela tradição. Com a morte de Matã, Melqui, que remonta sua descendência a Natã, casou-se com ela, pois era da mesma tribo, ainda que de outra família, e, conforme se disse, teve o filho Eli. Assim, portanto, vamos encontrar duas famílias diferentes, Jacó e Eli, irmãos pela mesma mãe. Um desses, Jacó, pela morte do irmão, casou-se com a viúva, tornou-se pai de um terceiro, ou seja, José, seu filho tanto pela natureza como por atribuição. Assim, está escrito: Jacó gerou José. Mas de acordo com a lei, era filho de Eli, pois Jacó sendo seu irmão, deu-lhe descendência. Desse modo, a genealogia traçada também por intermédio dele não será considerada imprecisa, sendo, de acordo com Mateus, dada da seguinte maneira: “mas Jacó gerou a José”. Mas Lucas, por outro lado, afirma: “que era o filho, conforme se supunha [pois isso também ele acrescenta], o filho de José, o filho de Eli, o filho de Melqui”. Visto que não era possível expressar a genealogia legal de modo mais distinto, ele omite por completo a expressão “ele gerou”, numa genealogia como essa, até o fim; tendo chegado a Adão, “que era filho de Deus”, resolve toda a série referindo-se a Deus. Isso também não é impossível de provar nem conjectura vã. Pois os parentes de Nosso Senhor, de acordo com a carne, seja para apresentar as próprias origens ilustres, seja para simplesmente mostrar o fato, mas de qualquer maneira apegados estritamente à verdade, também transmitiram os seguintes relatos: Salteadores da Iduméia, em ataque a Asquelom, cidade da Palestina, levaram Antípatro cativo junto com outras pessoas, do templo de Apolo, construído perto das muralhas. Ele era filho de um Herodes, ministro do templo. O sacerdote, entretanto, não foi capaz de pagar o resgate pelo filho. Antípatro foi instruído nas práticas dos idumeus e, mais tarde, amparado por Hircano, o sumo sacerdote da Judéia. Ele foi subseqüentemente enviado por Hircano numa embaixada a Pompeu e, tendo restaurado a ele o reino, que tinha sido invadido por Aristóbulo, o irmão deste último, teve a sorte de ser nomeado procurador da Palestina. Antípatro, porém, tendo sido traiçoeiramente morto pelos que invejavam sua sorte, foi sucedido pelo filho Herodes que foi mais tarde nomeado rei dos judeus, por decreto do senado sob Antônio e Augusto. Seus filhos foram Herodes e os outros tetrarcas. Esses relatos dos judeus também coincidem com os dos gregos. Mas, como as genealogias dos hebreus tinham sido regularmente mantidas nos arquivos até então, e também as que se referiam aos antigos prosélitos, como por exemplo, o amonita Aquior e a moabita Rute, e aos que se misturaram aos israelitas na saída do Egito, e como a linhagem dos israelitas nada tinha de vantajoso para a linhagem de Herodes, ele foi incitado pela consciência de sua descendência desprezível e destinou todos os registros das famílias deles às chamas, pensando que ele mesmo poderia parecer de nobre origem, pelo fato de ninguém mais ser capaz de traçar sua linhagem pelos registros públicos, ligando-o aos patriarcas ou aos prosélitos e àqueles estrangeiros chamados georae. Uns poucos, porém, dos cuidadosos, quer pela lembrança dos nomes, quer por terem em seu poder de alguma outra maneira, por meio de cópias, registros particulares próprios, gloriavam-se na idéia de preservar a memória de sua nobre descendência. Entre esses estavam as pessoas acima mencionadas, chamadas desposyni por conta de sua afinidade com a família de nosso Salvador. Os que saíram de Nazaré e Koshba, vilas da Judéia, para outras partes do mundo, explicaram que a mencionada genealogia retirada do livro de registros diários era tão fidedigna quanto possível. Desse modo, quer o seja quer não, como eu ou qualquer juiz imparcial diria, certamente ninguém poderia descobrir explicação mais óbvia. E isso, então, deve bastar nesse assunto, pois, ainda que não seja sustentado por testemunhos, nada temos a apresentar que seja melhor ou mais coerente com a verdade. O evangelho, em seu todo, declara a verdade”. Ao final da mesma epístola, esse escritor (Africano), acrescenta o seguinte: “Matã, cuja descendência remonta a Salomão, gerou a Jacó, com a morte de Matã, Melqui, cuja linhagem vem de Natã, ao se casar com a viúva daquele, teve Eli. Assim, Eli e Jacó eram irmãos pela mesma mãe. Morrendo Eli sem filhos, Jacó lhe deu descendência, sendo José pertencente a si de acordo com a natureza, mas a Eli de acordo com a lei. Desse modo, José era filho de ambos”. Até aqui, Africano. Uma vez assim traçada a linhagem de José, há, ao mesmo tempo, possíveis indícios de que Maria também era da mesma tribo, já que, pela lei mosaica, não se permitiam casamentos entre tribos diferentes. Pois a ordem era casar-se com um do mesmo povo e da mesma família, de modo que a herança não fosse transferida de uma tribo para outra. E isso deve bastar no presente ponto.

Eusébio de Cesaréia, “História Eclesiástica”
Livro I, Capítulo VII
CPAD – 1ª Edição
Rio de Janeiro, 1999
pp. 31-34

P.S.: O livro está disponível no scribd.

P.P.S.: A explicação de Africano está imprecisa, porque São Lucas diz-nos que o terceiro a partir de Nosso Senhor é Matthat (cf. Lc 3, 24), e não Melchi (este é o quinto). Uma nota de rodapé no livro do scribd diz simplesmente “nesta passagem Africanus comete um erro”. O mais provável é que, por Melchi, Africano esteja se referindo a Matthat todas as vezes que nomeia aquele. De todo modo, o objetivo do historiador é explicar o motivo da suposta discrepância, e não “retraçar” a genealogia de todos os ascendentes de Nosso Senhor até Adão – um erro de cópia de um nome não compromete a explicação.

Leituras apressadas

Estudante mineira pode ser beatificada. “Isabel Cristina lutou até o fim da vida pela virgindade. Ela resistiu ao estupro, mesmo depois de ser golpeada na cabeça com uma cadeira e de ser amordaçada”.

12 razões pelas quais crucifixo não viola liberdade. “A parede branca também é uma declaração ideológica, especialmente se nos primeiros séculos não podia estar vazia”.

Itália: “Esta é a resposta ao Juiz turco de Estrasburgo!”. Leiam, é fantástico! “O prefeito de Assis sugeriu que além dos crucifixos fossem colocados também presépios nas salas de aula. O prefeito da cidade de Trieste esclareceu que tudo permaneceria do jeito que está. A Câmara de Comércio romana pediu que as lojas pendurassem crucifixos […] O prefeito de Galzignano Terme na província de Pádua, Riccardo Roman, ordenou colocação imediata de cruzes em todos os edifícios públicos – não somente escolas, mas também na Prefeitura e museus”.

Apagão em Brasilia foi pior que restante do Brasil: No senado “mordaça Gay” foi aprovada. Na foto: “a Bíblia é homofóbica? E agora, vão rasgar a bíblia?”. No texto: “o projeto fora para votação sem ser comunicado na pauta normal do dia. Foi realmente uma jogada suja, tão suja quanto os que projetaram essa vergonha”.

Alguns pontos sobre a Anglicanorum Coetibus

1. A iniciativa do retorno dos anglicanos à comunhão com a Igreja Católica partiu dos próprios anglicanos – “Nestes últimos anos, o Espírito Santo conduziu grupos de anglicanos a pedir repetida e insistentemente para serem recebidos na plena comunhão católica individual e coletivamente” (AC, preâmbulo).

2. A ereção dos Ordinariatos Pessoais estará sob a responsabilidade da Congregação para a Doutrina da Fé (AC I §1), e eles estão sujeitos a este Dicastério (NC 1); exatamente para que seja feito um acompanhamento mais próximo dos possíveis desvios doutrinários nos quais podem incorrer aqueles recém-saídos da heresia.

3. Estes grupos de anglicanos professam a Fé Católica, expressa no Catecismo da Igreja Católica (AC I §5), o qual foi assinado pelos convertidos como sinal de profissão de Fé e abjuração dos erros passados.

4. Só é possível aos fiéis anglicanos fazerem parte destes Ordinariatos “após ter[em] feito sua Profissão de Fé e recebido os Sacramentos da Iniciação” (NC 5 §1). Aqueles que foram batizados como católicos só podem fazer parte de um destes Ordinariatos se forem “membros de uma família que pertença ao Ordinariato” (id. ibid.).

5. Os ministros anglicanos serão ordenados sacerdotes católicos após uma análise caso a caso. Somente aqueles “que cumprem os requisitos estabelecidos pelo direito canônico e não estão impedidos por irregularidades ou outros impedimentos” poderão ser admitidos “como candidatos às Ordens Sagradas na Igreja Católica” – o grifo é meu (AC VI §1).

6. Os ministros anglicanos não-casados deverão abraçar o celibato (AC VI §1).

7. Apesar de poder celebrar “segundo os livros litúrgicos próprios da tradição anglicana aprovados pela Santa Sé”, o Ordinariato não pode “excluir as celebrações litúrgicas segundo o Rito Romano” (AC III).

8. Os sacerdotes católicos que tenham abandonado a Fé e abraçado a heresia, caso retornem à Igreja, “não podem exercer o ministério sagrado no Ordinariato” (NC 6 §2).

9. Os seminaristas do Ordinariato estudarão junto com os seminaristas católicos da diocese, “especialmente nas áreas de formação doutrinal e pastoral” (AC VI §5); exatamente para garantir que a formação teológica destes futuros sacerdotes seja católica, afastando-se do anglicanismo.

10. A formação dos seminaristas do Ordinariato “naqueles aspectos do patrimônio anglicano que são de particular valor” deve ser feita “em completa harmonia com a tradição católica” (NC 10 §1).

Anglicanorum Coetibus

Saiu a esperada Constituição Apostólica que estabelece as normas jurídicas sobre as quais está edificado o retorno da Comunhão Anglicana Tradicional à Igreja de Nosso Senhor. Anglicanorum Coetibus é o nome do documento. Veio em “duas partes”: a constituição em si e um conjunto de normas complementares.

O original dos textos pode ser encontrado no site do Vaticano:

Apostolic Constitution Anglicanorum coetibus providing for Personal Ordinariates for Anglicans Entering into Full Communion with the Catholic Church, Benedict XVI.

Complementary Norms for the Apostolic Constitution Anglicanorum coetibus.

O pe. Clécio, do Oblatvs, fez o grande favor de traduzi-los para o português. Que a Virgem Santíssima continua a abençoá-lo. Os textos traduzidos estão disponíveis nos seguintes links:

Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus

Normas Complementares à Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus

Detalhes: o documento foi publicado hoje,  Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, “mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade de Roma e de toda a terra”, e foi assinado “em 4 de novembro de 2009, Memória de São Carlos Borromeu”…

Vale a pena ler também: Interpretação autorizada da CA “Anglicanorum coetibus” do Padre Ghirlanda.

Resposta da Pastoral da AIDS

[Recebi hoje uma resposta do “Assessor Pastoral da AIDS” ao email “sobre moral sexual e campanha contra a AIDS”, que publiquei aqui, e havia também enviado uma cópia para a supracitada Pastoral. Reproduzo-o abaixo na íntegra.

Data venia, não convence. Ele não o afirma com todas as letras, mas deixa claramente entrever que a “informação clara, completa e oportuna” à qual se refere inclui, sim, o incentivo e/ou apoio, ainda que indireto, ao uso dos preservativos. Perguntei-lhe se ele possuía algum material utilizado pela Pastoral para divulgação; caso receba alguma resposta, publicá-la-ei aqui.

Lembro-me das minhas conversas sobre casuística com um sacerdote zeloso meu amigo. “Padre, se eu tenho um amigo não-católico, que vai sair esta noite para o motel com a namorada, e que a forçaria a abortar caso ela engravidasse, eu posso dar-lhe um pacote de camisinhas?”; “Não”. A consulta foi casual, e não sei se há casos equivalentes nos manuais de teologia moral ou nos documentos da Pro Doctrina Fidei, mas a resposta pareceu-me extremamente razoável. Dúvida: o mesmo vale para o caso de contágio com AIDS? IMMO, sim; mas há algum parecer mais abalizado do que o meu?]

Paz e Bem!

Prezado Jorge,

Segue alguns pontos de esclarecimento sobre seus questionamentos das declarações na imprensa sobre a Pastoral da Aids.

1. O discurso da Pastoral da DST/AIDS da CNBB segue o discurso católico, ou é “mais moderado” do que este?

A Pastoral da Aids é um serviço da igreja Católica que atua em sintonia com a CNBB, pois tem como Presidente Dom Eugênio Rixem, e trabalha em respeitando e planejando suas ações de acordo com as diretrizes e definições das dioceses locais. Creio que o discurso e a prática da Pastoral segue a mesma linha evangélica e profetica das diretrizez da CNBB e dos documentos dos bispos elaborados em Aparecida.

“Consideramos de grande prioridade fomentar uma pastoral com pessoas que vivem com HIV/aids, em seu amplo contexto e em seus significados pastorais: que promova o acompanhamento integral, misericordioso e a defesa dos direitos das pessoas infectadas; que implemente a informação, promova a educação e a prevenção, com critérios éticos, principalmente entre as novas gerações, para que desperte a consciência de todos para o controle desta pandemia. Desde a V Conferencia pedimos aos governos o acesso universal dos medicamentos para a aids nas doses necessárias” (DA 421).

2. Caso seja “mais moderado”, é moralmente lícito incentivar (ainda que indiretamente) o uso do preservativo como um “mal menor” no combate à AIDS?

A Pastoral da Aids e o contexto de onde o senhor teve as dúvidas é um contexto e uma discussão de resposta a uma epidemia que passa por via sexual, está no campo de uma doença sexualmente transmissível. Nós atingimos pessoas cristãs, católicas e não católicas, por isso a Pastoral procura em seu trabalho oferecer “informação clara, completa e oportuna” conforme orientou Nosso Papa João Paulo II em documento específico.

3. Ainda, caso seja “mais moderado”, é lícito a um organismo ligado à CNBB ser “mais moderado” do que a Igreja à qual ele, supostamente, serve?

Caro Jorge, o esforço feito pelos cristãos agentes da Pastoral da Aids neste grande desafio de seguir os ensinamentos de Jesus de acolher, ser misericordioso e defender a vida onde ela esteja mais ameaçada é muito grande. Há em todo o agente Pastoral um grande amor a Jesus, um forte respeito a Igreja e um amor misericordioso com o sofrimento e a dor das pessoas. São profetas que agem seguindo fielmente o chamado de Jesus e mantendo a comunhão com a Igreja.

4. Caso as supracitadas informações sejam falsas e a Pastoral da DST/AIDS esteja em perfeita sintonia com o ensino moral da Igreja Católica, a CNBB não vai publicar uma nota desmentindo as informações que estão sendo veiculadas na mídia secular?

Prezado irmão, concordamos com teu pensamento, porém sabemos que parte da mídia tem interesse em polêmicas para que possa vender e de que nada vai mudar pois o motivo das materias é exatamente para criar polêmica, confundir e na maioria das vezes impedir que as pessoas vejam os gestos e trabalho maravilhoso que a Igreja está fazendo a partir dos agentes das Pastorais. É melhor gastar tempo com o trabalho prático e deixar que Deus cuide do resto. Ele sabe o que realmente acontece e seguramente dará força para que como Igreja saibamos continuar corajosos na nossa missão de acolher e acompanhar o doente que sofre.

Cordialmente

Frei Lunardi

Duas de ZENIT

Presidente da CNBB destaca vitalidade da Igreja no Brasil. “Dom Geraldo recordou que Bento XVI, ‘em um encontro que tivemos recentemente’, disse que ‘a Igreja no Brasil possui uma extraordinária vitalidade, e por isso nós louvamos a Deus'”.

Não sei o que o Papa disse, nem quando, nem onde. Não sei a quê, exatamente, o Sumo Pontífice se referia. No entanto, as declarações feitas pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil simplesmente não condizem com a realidade brasileira ou, quando condizem, não são sinais de “vitalidade”, senão de decrepitude.

Tal vitalidade estaria expressa “na multiplicidade de iniciativas das pastorais específicas, dos movimentos eclesiais, do vigor de nossas dioceses, da riqueza de nossas comunidades”. Que pastorais? A CPT que apóia vândalos? O CIMI que é conivente com o infanticídio indígena? A da DST/AIDS, que é “mais tolerante” em matéria sexual do que o Vaticano? “Multiplicidade”, sem dúvidas, mas isso sozinho não significa qualidade; um corpo cheio de múltiplas doenças não possui vigor nem vitalidade.

E mais: este “vigor” da Igreja no Brasil seria fruto “do esforço imenso de integração e de unidade pastoral que representa a CNBB” e da “credibilidade de que goza a Igreja Católica no Brasil”! De que a CNBB se esforça, não há dúvidas. Que tais esforços sejam realmente direcionados para a maior glória de Deus, a salvação das almas e a exaltação da Santa Madre Igreja, é extremamente discutível, para dizer o mínimo. Quanto à Sua “credibilidade”, basta ver como os poderes públicos e a imprensa tratam a Igreja. Basta ver a consideração com a qual foi recebida a posição católica no caso das CTEHs, ou no do aborto da menina de Alagoinha…

Após esta notícia nonsense, no entanto, leio uma que é muito boa: foram encontrados filmes que revelam a ajuda de Pio XII às vítimas da II Guerra Mundial. Excelente! Quero-os no youtube.

É possível ver “a residência de Castel Gandolfo, aberta aos refugiados”; “como o Papa converteu as grandes salas do palácio apostólico em dormitórios para mulheres e crianças refugiados”; “as imagens da Praça de São Pedro e da Basílica de São João de Latrão, onde por indicação do Papa se criaram refeitórios para dar de comer à população que atravessava a penúria da guerra”. Os anti-clericais fazem um tremendo estardalhaço histérico quando exibem fotos de prelados saudando Hitler. Gostaria muitíssimo de saber o que vão fazer quando virem a casa do Papa cheia de refugiados de guerra.

El Martes me fusilan – homenagem aos Cristeros

Letra [recebi por email, do Carlos, a quem agradeço]

El martes me fusilan

El martes me fusilan
A las 6 de la mañana.
Por creer en Dios eterno
Y en la gran Guadalupana.
 
Me encontraron una estampa
De Jesús en el sombrero.
Por eso me sentenciaron
Porque yo soy un cristero.
 
Es por eso me fusilan
El martes por la mañana.
Matarán mi cuerpo inútil
Pero nunca, nunca mi alma.
 
Yo les digo a mis verdugos
Que quiero me crucifiquen
Y una vez crucificado
Entonces usen sus rifles.
 
Adiós sierras de Jalisco,
Michoacán y Guanajuato.
Donde combatí al Gobierno
Que siempre salió corriendo.
 
Me agarraron, de rodillas,
Adorando a Jesucristo.
Sabían que no había defensa
En ese santo recinto.
 
Soy labriego por herencia,
Jalisciense de naciencia.
No tengo más Dios que Cristo
Por que me dio la existencia.
 
Con matarme no se acaba
La creencia en Dios eterno.
Muchos quedan en la lucha
Y otros que vienen naciendo.
 
Es por eso me fusilan
El martes por la mañana.
 
Peloton, prepareeen, apunteeen
Viva Cristo Rey y fuego.

Poliana às avessas

“Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja” (Unitatis Redintegratio, 1), que é “a única grei de Deus” (UR, 2). E todos devem fazer parte desta Igreja se quiserem a salvação, porque “não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar” (Lumen Gentium, 14). Importa que as almas sejam salvas; importa que aquelas pessoas pelas quais Nosso Senhor derramou o Seu Divino Sangue no Calvário façam parte da Igreja por Ele fundada, fora da qual não há nem salvação e nem santidade.

A notícia da semana é sem dúvidas a volta da Comunhão Tradicional Anglicana à Igreja fundada por Nosso Senhor. Os nossos irmãos separados abandonam – finalmente! – o caminho da heresia para adentrar no caminho da salvação: sejam muitíssimo bem vindos. Estamos falando do retorno de entre 30 e 50 bispos e centenas de fiéis à Casa Paterna; estamos falando do fim de um cisma de cinco séculos! Aleluia!

A Congregação para a Doutrina da Fé emitiu uma nota (em italiano; em tradução não-oficial pelo Fratres in Unum) sobre a situação. Os “padres” anglicanos casados (as aspas são porque protestantes não têm sacramentos verdadeiros, à exceção do Batismo e do Matrimônio) serão ordenados verdadeiros sacerdotes do Deus Altíssimo, ainda que casados; os “bispos” anglicanos casados não serão ordenados bispos católicos, posto que, para o episcopado, não há exceção à disciplina do celibato – serão ordenados padres. E a supracitada nota trouxe à baila a figura jurídica mágica: Ordinariatos Pessoais.

Após a Administração Apostólica Pessoal (de Campos) e a Prelazia Pessoal (do Opus Dei), vem agora o Ordinariato Pessoal. Talvez sirva para a FSSPX, embora eu não saiba precisar a diferença entre as três figuras canônicas. Segundo a nota da CDF, a Constituição Apostólica (sobre o assunto, que deve sair nas próximas semanas) apresentará “um único modelo canônico para a Igreja universal que é adaptável a várias situações locais”. O que permanece para os que retornam? “[E]lementos do distintivo patrimônio espiritual e litúrgico Anglicano”. Provavelmente algumas orações e devoções próprias, quiçá um rito próprio; esperemos o documento assinado pelo Papa. E demos graças a Deus, pelo fim do cisma.

No entanto, o que é verdadeiramente cômico – ou trágico – é encontrar na mídia um enfoque totalmente nonsense. Não estão interessados nos bons frutos do [verdadeiro] Ecumenismo, não estão interessados no fim de um cisma de quinhentos anos, não estão interessados nos esforços feitos por Roma para acomodar os recém-chegados da melhor forma possível, não estão interessados nas mudanças do Código de Direito Canônico, não estão interessados em absolutamente nada, exceto no fato de Roma “aceitar [a] conversão de padres anglicanos casados”. Como se a Igreja fosse “negar a conversão” – seja lá o que isso signifique – de quem deseja estar cum Petro et sub Petro.

E a estupidez chega às raias do surreal quando “muitos analistas” vêm dizer que a volta dos anglicanos “aumenta expectativa de fim do celibato”. Ora, foi precisamente por não suportarem mais a babel modernista protestante que estes anglicanos retornaram à comunhão com a Igreja; voltarem-se para Roma exatamente por Roma ser “anti-progressista” – e alguns pretendem que este mesmo retorno seja a introdução do progressismo na Igreja! É incrível como eles conseguem. Poliana conseguia encontrar coisas boas até mesmo nas piores situações com as quais se deparava. Nos nossos dias, deparamo-nos por [muitas] vezes com uma espécie curiosa de Poliana às avessas: conseguem tirar coisas ruins até mesmo das melhores notícias que nos chegam.

a/c CNBB: Sobre Moral Sexual e Campanha contra a AIDS

Sua Excelência Reverendíssima Dom Geraldo Lyrio Rocha,
Arcebispo de Mariana e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

Sua Excelência Reverendíssima Dom Luiz Soares Vieira,
Arcebispo de Manaus e Vice-Presidente da CNBB,

Sua Excelência Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa,
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-Geral da CNBB,

Pax!

Foi recentemente noticiado na mídia que a CNBB lançou uma campanha para deter a AIDS – cf. Zero Hora -, iniciativa que é em si muito louvável e que merece aplausos. No entanto, e infelizmente, a mesma matéria insinua haver uma discrepância entre a Pastoral da DST/AIDS e os ensinamentos morais da Igreja Católica, coisa que é muito de se lamentar.

Na supracitada matéria, é possível ler que tal campanha “traz visibilidade a um setor do clero católico mais tolerante com o comportamento sexual dos fiéis do que o Vaticano”, a qual “é interpretada como uma tentativa da igreja de assumir uma postura mais ‘realista’ diante da epidemia e menos calcada nos preceitos morais que ainda condenam o uso de preservativos”. Pode-se ler ainda que “os religiosos que estão na ponta, atendendo diretamente às pessoas, são mais tolerantes do que o discurso oficial da igreja”, que o seu “discurso [é] mais moderado em comparação à tradicional aversão do Vaticano à camisinha” e que se valoriza “a decisão dos próprios fiéis em lugar de qualquer determinação clerical prévia”.

Queiram V. Exas. Revmas. atentar para a seriedade deste assunto: segundo noticia a mídia, existe uma pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que não se coaduna com os preceitos morais da Igreja Católica. São enormes o escândalo e a confusão do povo fiel que este tipo de comportamento pode provocar, se não for esclarecido com a veemência que a gravidade da situação exige.

Isto posto, pergunto:

1. O discurso da Pastoral da DST/AIDS da CNBB segue o discurso católico, ou é “mais moderado” do que este?

2. Caso seja “mais moderado”, é moralmente lícito incentivar (ainda que indiretamente) e/ou tolerar o uso do preservativo como um “mal menor” no combate à AIDS?

3. Ainda, caso seja “mais moderado”, é lícito a um organismo ligado à CNBB ser “mais moderado” do que a Igreja à qual ele, supostamente, serve?

4. Caso as supracitadas informações sejam falsas e a Pastoral da DST/AIDS esteja em perfeita sintonia com o ensino moral da Igreja Católica, a CNBB não vai publicar uma nota desmentindo as informações que estão sendo veiculadas na mídia secular?

Com os meus votos de estima e apreço,
e rezando pelos Sucessores dos Apóstolos nesta Terra de Santa Cruz,
subscrevo-me,
em Cristo,

Jorge Ferraz
Leigo Católico
Recife, PE

P.S.: Material Complementar: Los valores de la familia contra el sexo seguro, do Pontifício Conselho para a Família.