Feliz desfecho na Venezuela

O secretário da Conferência Episcopal Venezuelana, Dom Jesús González de Zárate, informou a ZENIT nesta terça-feira que o Governo de Hugo Chávez permitiu que os bispos venezuelanos fizessem a viagem ad limina apostolorum. Como foi aqui dito ontem, havia doze bispos cujos passaportes não estavam regularizados e que, por conta disso e da morosidade das autoridades em atender aos seus pedidos, corriam o risco de não terem os seus documentos preparados a tempo de fazerem a viagem.

Como disse Dom Jesús, “graças à colaboração do Ministério das Relações Exteriores, os prelados puderam obter o documento a tempo e todos conseguiram viajar para Roma”. Deo Gratias.

O que havia acontecido era o seguinte: “por uma determinação do governo venezuelano, em janeiro passado, negou-se aos bispos a renovação do passaporte diplomático, um documento especial de viagem que se dá a certos cidadãos e que facilita sua mobilização em território estrangeiro” e, por conta disso, “12 dos bispos venezuelanos, que tinham seu passaporte vencido, tiveram de tramitar sua renovação como qualquer cidadão. Por políticas do Estado, na Venezuela o trâmite de renovação do passaporte se realiza de maneira lenta. Por esta razão, os bispos corriam o risco de não viajar a Roma”.

Agradeçamos a Deus pelo feliz desfecho do conflito entre o ditador comunista e a Igreja de Nosso Senhor, e continuemos em oração à Virgem Santíssima para que Ela Se compadeça da Venezuela.

Chávez impede bispos de fazerem visita ad limina

Reproduzo notícia que – até onde eu saiba – não saiu na mídia brasileira: o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou o visto a doze bispos que iam se encontrar com o Papa na visita ad limina:

02/06/09 O ditador mais famoso da América Hispânica, Hugo Chávez, que tem nas mãos o destino de mais de 30 milhões de pessoas há quase 10 anos, alcançou de novo a imprensa internacional por sua negação de conceder o visto a 12 bispos que iam encontrar-se com o Papa Bento XVI por ocasião de sua visita ad limina. Os esforços do Núncio de Sua Santidade na Venezuela foram em vão, já que a petição dirigida ao Vice-Ministro do Interior do país foi completamente ignorada pelas autoridades do regime bolivariano revolucionário comunista.

SECTOR CATÓLICO une-se às petições internacionais enviadas a Caracas nestes dias, para que o ditador recobre o juízo e permita a estes prelados da Igreja exercerem seu ministério com plenas garantias; e [para que] respeite, de uma vez por todas, a liberdade religiosa do seu povo e da Igreja, cujo dever máximo é o de anunciar o Evangelho a todos os povos e nações. E, de quebra, fazemos também a ele um pedido: que abandone o poder e vá para sua casa.

Entendam bem o que está acontecendo: a visita ad limina Apostolorum é uma obrigação dos bispos católicos de, a cada cinco anos, visitarem o Papa e prestarem contas de suas Dioceses. O fato, portanto, é que Hugo Chávez está pondo empecilhos ao encontro de bispos católicos com o Papa!

Radio Cristiandad fala que Chávez negou “el pasaporte necesario para que salgan del país”. O Periodista Digital fala que, a estes doze bispos, “el Gobierno no les ha otorgado/renovado/prolongado su pasaporte”. E depois há os que dizem que estamos exagerando quando falamos em perseguição religiosa na Venezuela! Que Deus tenha piedade desta Terra de Santa Cruz e não permita que sigamos os passos do ditador venezuelano. E que a Virgem Santíssima interceda pela Igreja na ditadura chavista.

O convite e a recusa

“Cantora gospel é impedida de se apresentar em Igreja Católica”, diz uma notícia que recebi hoje. O corpo da manchete, no entanto, dá margens a dúvidas sobre o quê, exatamente, aconteceu.

A primeira frase da reportagem diz o seguinte: “A cantora gospel Nery  Nascimento, foi impedida  pelo ministério de sua Igreja, de aceitar o convite para participar do culto de louvor e adoração na Igreja Católica Carismática de sua cidade”. O grifo é meu. Daí fica a pergunta: “Igreja Católica Carismática” refere-se a um grupo da Renovação Carismática que faz parte de uma paróquia católica apostólica romana, ou refere-se a este cisma de Belém? A manchete induz o leitor a pensar na primeira possibilidade; a primeira frase, na segunda.

De qualquer modo, todo o texto [seguido dos comentários] à exceção da frase supracitada parece considerar que são católicos apostólicos romanos, mesmo. Questiono considerando esta possibilidade:

1. O que vem a ser um “culto de louvor e adoração”?

2. Qual era o propósito de semelhante convite? Aproximar a cantora herege [e/ou a sua “comunidade eclesial”] da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, ou alguma outra coisa?

3. A exposição ao “show-pregação” de uma cantora gospel não é colocar a própria Fé em risco sem justificativa proporcionada? Todas as pessoas que iriam participar do tal “culto de louvor e adoração” tinham uma Fé madura o suficiente para não se deixar seduzir pelos enganos da cantora?

4. Qual a prudência de se convidar um herege protestante para um evento ecumênico (ainda concedendo, para ser benedicente, que o intuito dos responsáveis pelo convite fosse verdadeira e propriamente ecumênico) sem saber antes se ele é dócil ou hostil ao convite? Nunca leram nos Evangelhos que não se deve jogar pérolas aos porcos?

As perguntas são pertinentes. Entre os comentários feitos à notícia, um deles fala de um padre que, certa vez, convidou um diácono para fazer a homilia dominical e, após a fala do herege, este “converteu o padre e quase metade dos que ouviam a pregação”. O que significa que arrastou os católicos para longe da Igreja de Nosso Senhor.

Não sei se a história é verdadeira e, aliás, acredito que não seja; mas é óbvio que existe sempre a possibilidade de que um fiel católico seja seduzido pelas falácias protestantes, de modo que não convém expô-lo desnecessariamente ao risco de perder a própria Fé.

Costumo ver com apreensão a aproximação de católicos – e agora não falo mais deste caso da sra. Nery  Nascimento, e sim de coisas que vejo no meu quotidiano – a cantores protestantes, sob a justificativa de que as músicas são religiosas e não contém heresias. Ainda sendo verdade que a maioria das músicas protestantes não contenha expressamente heresias, o problema não é só esse. Músicas protestantes são omissas em temas centrais da Fé Cristã, de modo que são sempre incompletas. Músicas protestantes podem induzir ao relativismo religioso, porque “se fulaninho que é protestante faz músicas tão lindas de louvor ao Senhor, é porque o Espírito Santo age através dele”. Músicas protestantes podem pôr gradativamente a alma em contato com a “cultura” herética protestante e, assim, levar o fiel católico a perder a Fé. Et cetera.

De modo que fico feliz pela sra. Nery ter recusado o convite dos carismáticos, só pela possibilidade de que talvez tenham sido católicos; a recusa da herege privou talvez fiéis católicos de serem expostos a situações perniciosas e danosas às suas almas. Só fico pensando onde é que estão os pastores responsáveis por esta gente: porque ser necessário o lobo afastar-se voluntariamente das ovelhas ante a inércia dos legítimos pastores do rebanho do Senhor é vergonhoso.

The Politics of Tiller’s Death

[Publico tradução de comunicado que recebi da Catholic League, sobre o assassinato do dr. Tiller – Tiller the Killer, como era conhecido – ocorrido domingo passado (ontem). O dr. Tiller era abortista famoso, conhecido por realizar abortos em qualquer circunstância ou estado da gravidez. Sobre o assunto, leiam a reportagem da BBC (em português) ou este artigo (em inglês) onde abortistas culpam os pró-vida pelo assassinato do famoso defensor do “direito” das mulheres de matarem os próprios filhos. Leiam também o que o Murat já escreveu ontem sobre o assunto.

Não sei quem foi o responsável por este assassinato, mas o fato é que prestou um grande desserviço à causa pró-vida, que já está servindo de bode expiatório para o assassinato do médico. Acredito que seja desnecessário lembrar que os fins não justificam os meios, sendo portanto ilícito “fazer justiça pelas próprias mãos”, ainda que o assassinado seja um assassino. Que o dr. Tiller tenha se arrependido de seus crimes na hora da sua morte, é o que peço à Virgem Santíssima.]

O presidente da Liga Católica, Bill Donohue, comentou [o seguinte] sobre a morte do dr. George Tiller:

A Liga Católica condena inequivocamente o assassinato do serial killer Dr George Tiller. Como eu falei no CBS Evening News, “nós temos que divulgar a mensagem [get the message out] segundo a qual vida significa que nós temos que respeitar toda a vida, inclusive a de alguém tão mau quanto era o Dr. Tiller”. Infelizmente, sua morte já provocou uma grande resposta política dos seus aliados.

Do que nós sabemos sobre o suspeito, Scott Roeder, o ex-condenado se enquadra no perfil de um homem demente [deranged]. Ainda assim, há alguns que já estão tentando pôr a culpa nos outros. Andrew Sullivan e o Daily Kos acusaram [have fingered] Bill O’Reilly e estão passando um vídeo das denúncias passadas de Tiller [feitas por] O’Reilly. Pior do que esta acusação irresponsável é a hipocrisia do Daily Kos: acima do vídeo de O’Reilly está um aviso de uma entrevista próxima [upcoming interview] à C-Span2 com Bill Ayers, o terrorista urbano que é um herói em alguns círculos de esquerda.

Outros estão ocupados coletivizando a culpa. Kim Gandy, presidente da National Organization for Women, refere-se “àqueles que estão por trás deste assassinato”, insinuando que isto é parte de uma conspiração pró-vida [pro-life cabal]. Vicki Saporta, presidente da National Abortion Federation, também culpou “indivíduos” pela morte de Tiller. Do mesmo modo, o Dr. Warren Hern, um abortista de gravidezes avançadas [late-term abortionist] do Colorado, falou que a morte de Tiller foi o resultado de um “movimento fascista neste país”.

Talvez a última politização seja a decisão tomado pelo procurador dos Estados Unidos, Eric Holder, de ordenar às autoridades federais [federal marshals] que protejam “outras pessoas e instalações apropriadas ao redor da Nação”. Então, Holder alimenta o frenesi da indústria pró-aborto [dizendo] que o que aconteceu com Tiller é trabalho da comunidade pró-vida. Nós vamos acompanhar de perto o desenrolar destes acontecimentos.

A pior das escolhas

O padre Alberto Cutié – aqui citado no início do mês como um exemplo de por que é importante um criterioso discernimento vocacional – anunciou a sua saída da Igreja Católica e a sua passagem para a Igreja Episcopal. Abandonou a Barca de Pedro para se unir à primeira seita herética que o aceitou; rompeu a unidade com a Igreja de Nosso Senhor para fazer parte da primeira “qualquer coisa” que aceitasse um sacerdote que não foi capaz de cumprir as promessas feitas no dia de sua ordenação.

“[Q]ue aceitasse um sacerdote que não foi capaz de cumprir as promessas feitas no dia de sua ordenação” – digo mal. O pe. Cutié não queria uma Igreja que aceitasse um padre pecador penitente, pois pecadores somos todos, e os sacerdotes não estão excluídos da maldição dos filhos de Adão. A Igreja que aceita os pecadores penitentes é a Igreja Católica que está sempre – sempre! – de braços abertos para acolher os Seus filhos que voltam arrependidos. O que o pe. Cutié quer é a primeira igrejola que não chame o seu pecado de pecado, que passe a mão na sua cabeça e diga que está tudo muito bem, que ele não precisa se preocupar nem fazer violência contra si próprio para ganhar o Reino dos Céus.

Ninguém disse que a vida sacerdotal seria uma coisa fácil. Ao contrário, as palavras de Nosso Senhor são muito duras quando Ele diz que, se alguém quiser segui-Lo, deve renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz todo dia. Acredito que o padre Cutié tenha lido esta passagem por diversas vezes. No entanto, após ser flagrado em uma praia aos beijos com uma mulher, após virar capa de revista de fofoca, após provocar escândalo entre o povo fiel e envergonhar a Igreja Católica no mundo inteiro, parece que Sua Reverendíssima não está nem um pouco arrependido!

Ainda pior do que o desrespeito ao celibato e o escândalo do povo de Deus é a impenitência. Ainda pior do que um pecador público é um pecador empedernido. Muito pior, portanto, para o pe. Cutié do que ter sido flagrado em Miami Beach foi ter abandonado a Esposa de Cristo para ficar, ao mesmo tempo, com a amante e o [exercício ilícito do] ministério sacerdotal. Muito pior do que ter quebrado a promessa de guardar a continência perfeita até o fim da vida foi não ter sido capaz de dobrar os joelhos no chão, chorar amargamente e dirigir-se a Deus dizendo “meu Senhor, eu pequei, tende misericórdia de mim”.

Desgraçadamente, o pe. Cutié não parece ter noção da gravidade de sua falta, porque a despeito de ter publicado uma nota pedindo “perdão caso suas ações tenham provocado dor e tristeza” quando o escândalo aconteceu, não quer deixar a amante para se dedicar a uma vida penitente e santa de sacerdote católico, e nem quer pedir dispensa do sacerdócio para se dedicar a uma vida penitente e santa de pai de família. Entre a amante e o sacerdócio, ele faz a pior das escolhas: larga a Igreja! Que Deus tenha misericórdia dele.

Quem está de pé, cuide para que não caia, diz São Paulo. São Luís de Montfort queixa-se, no seu Tratado da Verdadeira Devoção, dizendo: “[a]h, quantos cedros do Líbano, quantas estrelas do firmamento se têm visto cair miseravelmente, perdendo em pouco tempo toda a sua altivez e claridade” [T.V.D. 88]. O lamentável desfecho do caso do padre Alberto Cutié vem ser mais um triste e eloqüente exemplo da extensão da miséria e da ingratidão humanas. Que a Virgem Santíssima interceda por este sacerdote! E que Ela nos guarde a todos nós, a fim de que perseveremos até o fim; porque, menos do que isso, não adianta nada…

P.S.: Pe. Cutié abandonou seus fiéis, mas a Igreja não os abandona.

“O Papa pode estar certo” – Edward C. Green

[Original: Washington Post
Tradução: SOVA
]

O PAPA PODE ESTAR CERTO

por Edward C. Green
publicado no The Washington Post
em 29 de março de 2009, pg A15

Quando o Papa Bento XVI disse, recentemente, que a distribuição de camisinhas não está resolvendo, e pode até estar piorando, o alastramento do HIV/AIDS na África, ele detonou uma explosão de protestos. A maioria dos comentários não-católicos foi altamente crítica em relação ao Papa. Uma charge do Philadelphia Inquirer, reimpressa no The Post, mostrou o Papa como um vampiro pregando a uma multidão de doentes e moribundos africanos dizendo: “Bem-aventurados os doentes, pois eles não usaram camisinhas”.

No entanto, a verdade é que as evidências empíricas atualmente disponíveis concordam com as palavras do Papa.

Nós, liberais que trabalhamos nos campos da HIV/AIDS e do planejamento familiar em âmbito global, correríamos um terrível risco em termos profissionais se nos puséssemos ao lado do Papa num assunto tão polêmico quanto este. A camisinha se transformou num símbolo da liberdade e – junto com a contracepção –  da emancipação feminina, de tal forma que aqueles que questionam a “ortodoxia do preservativo” são acusados de serem contra aquelas causas. Meus comentários são somente sobre a questão dos preservativos funcionarem como meio de alastramento da epidemia generalizada de AIDS na África – nada mais que isso.

Em 2003, Normam Hearst e Sanny Chen, da Universidade da Califórnia, conduziram um estudo sobre a efetividade da camisinha para o Programa das Nações Unidas para a AIDS e não encontraram nenhuma evidência de que as camisinhas estivessem funcionando como medida de prevenção da AIDS na África. A UNAIDS discretamente renegou o estudo. (Os autores depois negociaram para publicar seus achados na edição trimestral da Studies in Family Planning). Desde então, os principais artigos publicados em outras publicações com peer revisions, tais como Lancet, Science e BMJ, confirmaram  que a camisinha não funcionou como uma intervenção primária [primary intervention] nas populações que sofrem com grandes epidemias dessa doença na África. Em um artigo de 2008 intitulado “Reassessing HIV prevention”, dez peritos em prevenção à AIDS concluiram que “mesmo após muitos anos de promoção generalizada e frequentemente agressiva, o uso consistente de camisinha não alcançou uma diminuição mensurável de novas infecções da epidemia na África subsaariana”.

Permita-me rapidamente acrescentar que a promoção do uso de camisinha funcionou em países como a Tailândia e Cambodja, onde a principal causa de transmissão do HIV é o sexo comercial e onde foi possível forçar uma política de uso em 100% dos prostíbulos (mas não fora deles). Em teoria, a promoção do uso da camisinha deveria funcionar em qualquer lugar. E, intuitivamente, algum uso da camisinha deveria ser melhor do que o não uso. Mas não é o que mostram as pesquisas na África.

E por que não?

Uma razão é a chamada “compensação de riscos”. Isto é, quando as pessoas pensam que estão mais seguras porque usam camisinhas ao menos uma parte das vezes, então elas acabam por praticar um sexo mais “arriscado” [engage in riskier sex].

Outro fator é que as pessoas raramente usam camisinhas em relacionamentos estáveis porque fazer isso implicaria numa falta de confiança. (E se a taxa de uso da camisinha sobe é possível que estejamos assistindo a um aumento do sexo casual ou comercial). Contudo, são essas relações sexuais que levam à piora da epidemia na África. Lá, a maior parte das infecções se dá na população em geral e não nos “grupos de alto risco”, como os “trabalhadores do sexo”, homens gays ou usuários de drogas injetáveis. E em significante proporção da população africana, as pessoas têm dois ou mais parceiros sexuais regulares ao mesmo tempo [who overlap in time]. Em Botswana, que tem um dos maiores índices de incidência de HIV, 43% dos homens e 17% das mulheres pesquisados tinham dois ou mais parceiros sexuais regulares no ano anterior.

Essa múltipla concomitância de parceiros sexuais se assemelha a uma gigantesca rede invisível de relacionamentos através da qual o HIV/AIDS se espalha. Um estudo em Malawi conclui que mesmo se o número médio de parceiros for levemente superior a dois, praticamente dois terços dessa população foi interconectada através dessa rede de relacionamentos sexuais.

Então, o que funcionou na África? Estratégias que quebraram essa rede de relacionamentos sexuais múltiplos concomitantes – ou, numa linguagem coloquial, mútua fidelidade monogâmica ou, ao menos, redução no número de parceiros, especialmente concomitantes. Celibato [closed] ou fidelidade poligâmica também podem funcionar.

No programa de prevenção lançado em Uganda, que começou em 1986, o foco foi Sticking to One Partner [“aderindo a um parceiro”] ou Zero Grazing (que significa  permanecer fiel dentro de um casamento poligâmico) e Loving Faithfully [“amar com fidelidade”]. Estas simples mensagens funcionaram. Mais recentemente, dois países com os maiores índices de infecção, Suazilândia e Botswana, lançaram campanhas que desencorajam as pessoas terem múltiplos e concomitantes parceiros sexuais.

Não me entendam mal: eu não sou anti-camisinha. Todas as pessoas deveriam ter pleno acesso à camisinha e ela deve sempre ser uma estratégia substituta para aqueles que não querem ou não conseguem permanecer em uma relação de mútua fidelidade. Este foi o ponto-chave no “Consenso de 2004” publicado e endossado por mais de 150 peritos em AIDS, incluindo representantes das Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde e Banco Mundial. Estes peritos também afirmaram que para os adultos sexualmente ativos, a primeira prioridade deveria ser promover a mútua fidelidade. Além disso, liberais e conservadores concordaram que a camisinha não podem vencer os desafios que permanecem críticos na África, tais como o sexo entre gerações, a desigualdade de gênero e o fim da violência doméstica, estupro e coerção sexual.

Certamente é hora de se começar a prover uma prevenção da AIDS na África baseada mais em evidências.

O autor é pesquisador senior na Harvard School of Public Health.

Bispo, pajé, xamã… ?

O respeito devido aos sacerdotes é particularmente difícil nos nossos dias. Quando as próprias autoridades religiosas não se dão ao respeito e parecem querer uma excessiva “mundanidade”, o que é que nós podemos fazer?

Foto: Maria Luiza Silveira
Foto: Maria Luiza Silveira

Soube hoje que o bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) foi ordenado com um cocar. Foi o próprio Dom Edson Damian que escolheu ser “ordenado em meio aos indígenas”, numa cerimônia aberta pelo pajé que “entrou balançando o Yaigê” [uma “grande lança ritual”] que serve para afastar “qualquer resquício de malefício”, na presença de “dezenas de padres, além de 11 bispos de vários locais do Brasil”.

A matéria não diz se também foi Sua Excelência que escolheu ser “coroado” com um cocar; mas diz que este foi “[u]m dos pontos altos da cerimônia”. Depende do ponto de vista, digo eu. Desconheço se Satanás já chegou outra vez tão alto no seu propósito de ridicularizar a Igreja de Deus. E, sob outra ótica, desconheço se uma cerimônia de sagração episcopal já foi tão rebaixada assim em outra época da história.

Um cocar! Vejam só, é ridículo. Para afastar os maus espíritos, Sua Excelência parece preferir o Yaigê às orações católicas; para ser coroado no dia de sua sagração, Sua Excelência parece preferir um cocar indígena a uma mitra católica. Parece preferir o paganismo ao Evangelho. E um sucessor dos Apóstolos recém-sagrado!

E não me venham com balelas de “inculturação”. Se os índios da época do descobrimento não precisaram de Yaigês para entenderem o que era a Santa Missa, por que os de hoje precisariam? Se os índios foram evangelizados ao longo de vários séculos sem que ninguém precisasse paganizar a Santa Missa, por que isso hoje seria necessário? Ademais, a inculturação (além de ser um processo orgânico e não artificial como este escândalo) pressupõe a purificação da cultura, e a superstição besta de afastar “qualquer resquício de malefício ou impedimentos” balançando umas sementes está longe de ser um elemento purificado, está longe de ser compatível com a Doutrina Católica.

Dom Damian quer ser bispo católico para levar o Evangelho da Salvação aos índios, ou quer brincar de ser pajé ou xamã no século XXI para ficar fazendo parte de rituais pagãos sobre os quais há muito tempo já imperou a Cruz de Cristo? Não há meio termo possível. Está nas Escrituras Sagradas que não existe união alguma entre Cristo e Belial. E acrescento eu: tampouco entre Cristo e Tupã.

A Irlanda e a difamação (ou “A endemia abusiva irlandesa”)

Um amigo falou-me de manhã sobre a Irlanda. Disse que tinha visto a reportagem do Jornal Nacional de ontem à noite, sobre os casos de abusos infantis lá ocorridos. Questionou a forma como a notícia fora apresentada no horário nobre da Globo, e trouxe a notícia reproduzida pela Folha de São Paulo (que encontrei online no Diário do Noroeste) sobre o mesmo assunto. Permito-me reproduzir aqui em linhas gerais os seus principais questionamentos, salientando que não assisti ao Jornal Nacional e pedindo a quem o fez que possa confirmar ou negar as seguintes informações:

1. O período ao longo do qual ocorreram os abusos foi superior a 60 anos (da década de 30 até os anos 90), coisa que não teria ficado claro nas reportagens televisivas.

2. Tampouco havia ficado claro na televisão que não se tratavam de escolas “normais”, e sim de espécies de “reformatórios”.

3. Os abusos não eram de natureza exclusivamente sexual, coisa que – mais uma vez – não fora deixada clara na Globo.

Passo, agora, aos meus comentários.

Prato cheio para os inimigos da Igreja de todas as matizes! Uma endemia de maus tratos infantis e de abusos sexuais de crianças perpetrados por padres e freiras, ao longo de seis décadas! Sim, é doloroso, e ninguém o nega. É revoltante, sem sombra de dúvidas. No entanto, são também revoltantes as atitudes de uma certa mídia sensacionalista e descomprometida com a exatidão dos fatos, manipulando as tragédias alheias para semear o ódio e a revolta contra a Igreja de Nosso Senhor.

Repito que os inimigos da Igreja não conseguirão jamais ter uma idéia da dimensão da gravidade dos erros dos sacerdotes do Deus Altíssimo. Lembro-me de que um padre meu amigo mostrava-me, outro dia, um antigo livrinho de meditações para sacerdotes, e a parte que ele lia falava exatamente sobre isso. Citando de memória, era alguma coisa como “repara naquelas atitudes que nos outros são apenas pequenas falhas mas, em ti, são pecados gravíssimos”. Ora, se as pequenas coisas – que podem ser feitas pelas pessoas “normais” sem que isso lhes acarrete grande culpas – mancham gravemente os sacerdotes, quanto mais não os mancharão aquelas coisas que até mesmo entre pessoas sem fé são gravíssimas?

A pedofilia entre os sacerdotes é uma coisa gravíssima, e os não-católicos não têm dimensão do quanto o é. Mas não encontro justificativa para que se manipulem os fatos a ponto de que eles pareçam piores do que já são. Tomo a manchete da notícia para ilustrar o que eu digo: Irlanda teve “abuso endêmico” cometido por padres e freiras, diz comissão. Note-se que a reportagem não traz números (a não ser 200 instituições que teriam recebido 30.000 pessoas durante as seis décadas e meia). Note-se também que há um “detalhe” citado bem en passant na reportagem, que diz que “[q]uando autoridades [do Estado] eram alertadas sobre os problemas, ‘mantinham-se em silêncio'”. Por que motivo a manchete não é alguma coisa como “Governo Irlandês acoberta durante sessenta anos casos de pedofilia”? Note-se também que a reportagem critica os superiores eclesiásticos que transferiam os acusados para outros locais, mas não diz qual seria a outra alternativa já que o Estado, segundo a mesmíssima reportagem, “mantinha-se em silêncio” quando era acionado. Note-se ainda que a reportagem não cita as situações dos outros reformatórios que não eram administrados pelas ordens religiosas, para que seja possível uma comparação.

Enfim, há tanta coisa a ser notada, mas não vou continuar. Para os católicos não importa tanto, porque nada disso tira a gravidade dos fatos e o mal provocado a toda a Igreja por estes membros do clero; nada disso justifica os maus procedimentos de sacerdotes do Deus Altíssimo ou de religiosos consagrados à via da perfeição. Nada justifica. Choremos aos pés da Virgem pelas iniqüidades dos sacerdotes do Seu Filho. Ofereçamos a Deus orações e mortificações em reparação pelos pecados do clero. Que Ele tenha misericórdia de nós todos, e digne-Se conceder-nos santos sacerdotes.

A Escola Litúrgica da CAJU

Um amigo enviou-me por email uma pequena nota publicada no Sector Católico, sobre uma tal escola de liturgia brasileira “de Caju”, cujo conteúdo era o seguinte:

La Escola Litúrgica de Caju

Hoy SECTOR CATÓLICO publica un vídeo con nuevos abusos litúrgicos que se están produciendo en Brasil, en una mal llamada “escuela litúrgica” de Caju. Lamentable, pues, seguir permitiendo que sean los laicos los que, a su antojo, puedan decidir cambios en la estructura fundamental de la celebración sacramental de la Iglesia.

De seguir así las cosas, los fieles ya no podremos reconocer o diferenciar nuestra liturgia católica de otras que no lo son, y que, por tanto, no son capaces de transmitir el don de Dios, como canales ordinarios de la gracia divina que son.

Ya está bien. Los católicos nos merecemos algo mejor. Y por eso, recomendamos denunciar a las autoridades eclesiásticas este tipo de comportamientos, con el fin de que sean ellas las encargadas de actuar de oficio y poner orden en casa.

Juan Miguel Comas

Sem fazer a mínima idéia do que se tratava, ao chegar em casa vi que outro amigo havia encontrado o tal vídeo no youtube. Ei-lo:

Foi então que parte do mistério foi resolvido. Descobri no youtube que a tal escola litúrgica “da CAJU” era a  “Escola de Liturgia da Casa da Juventude Pe. Burnier, Goiânia/GO”. Procurando um pouco mais na internet, descobri no site da Casa da Juventude o convite para a “Escola de Liturgia para Jovens” de 2009! Em pleno século XXI, encontrar uma assombração dessas, fantasma das trevas libertacionárias, chega a ser frustrante.

O escândalo atravessou o oceano e chegou à Espanha. Os nossos irmãos católicos do outro lado do Atlântico recomendaram denunciar às autoridades eclesiásticas este tipo de comportamento, a fim de que elas ponham ordem na casa. Faço coro ao pedido. Coisas como “uma forma celebrativa de rosto orante, jovem e inculturada”, “vivência do Laboratório Litúrgico”, “[a]ssembléia celebrante”, “dança na liturgia” e afins que se encontram na programação da tal escola são injustificáveis. Não precisamos de outra liturgia que não a da Santa Igreja. Para vencermos o caos litúrgico hoje reinante, é fundamental que sejamos diligentes em apagar os focos de incêndio. O email de Sua Excelência Reverendíssima Dom Washington Cruz disponível no site da CNBB é dwcruz@uol.com.br e, o da cúria, curia@arquidiocesedegoiania.org.br. Sinceramente, não merecemos isso. Os jovens têm muito mais a oferecer.

E os padres pedófilos?

Um corajoso anônimo resolveu abrir a Boca do Inferno para tentar denegrir a imagem da Igreja Católica por meio da exposição das dolorosas faltas – graves! – daqueles que deviam ser os seus mais sinceros e intransigentes seguidores: os sacerdotes. Após o Joe falar na pedofilia entre o clero, recebi quatro comentários do falecido poeta barroco trazendo notícias sobre sacerdotes que haviam sido condenados por crimes de pedofilia.

Não há sentido algum em se discutir os problemas morais de uma parte do clero com pessoas cujo único intuito é atacar a Santa Igreja por meio da ignorância deliberada e sistemática de Seus incontáveis membros santos, ao mesmo tempo em que lançam cínicos holofotes sobre meia dúzia de gatos pingados que não souberam honrar a vocação que receberam. No entanto, uma coisa dá para fazer: desmascarar o expediente cretino e encerrar de vez as tantas alusões aos “padres pedófilos” que são feitas em discussões sobre temas quaisquer que sejam, como se a Igreja fosse composta por pedófilos ou como se os erros de uns tantos privassem a todos do direito de falar o que é certo.

Já devo ter dito isso antes aqui, mas repito. Chesterton dizia que um ser humano nunca age como um animal: ou age muito melhor do que ele, quando se comporta como homem, ou muito pior, quando “se esquece” da sua humanidade e passa a agir como se fosse bicho. Da mesma forma, um sacerdote do Deus Altíssimo nunca age como um homem normal: ou age de maneira muito superior, quando se esforça para viver o seu sacerdócio, ou de maneira muito pior, quando se esquece daquilo que é para se comportar como se não fosse consagrado ao Todo-Poderoso. Quanto mais, então, quando resolve cometer gravíssimos pecados contra a pureza, como é o caso da pedofilia!

Os pecados dos membros do clero são uma dolorosa chaga, sem dúvidas. É uma ferida pela qual toda a Igreja oferece sem cessar as Suas súplicas ao Altíssimo, a fim de que tenha misericórdia de todos os envolvidos em tão grave pecado, e que possa conceder – no que for possível – paz aos agredidos e conversão aos agressores. Correndo o risco de fazer o discurso do óbvio, enfatizo que pedófilos não podem ser sacerdotes, sendo uma traição à Igreja e um ultraje a Nosso Senhor que membros do clero cometam falhas morais desta magnitude. Um único caso de pedofilia no clero já seria de uma gravidade que os anti-clericais nem sequer são capazes de imaginar. No entanto, o Sacramento da Ordem mantém a natureza humana dos sacerdotes, natureza passível de erros que, embora – claro – não justifique, ao menos explica como é possível que a Igreja Santa carregue em Seu seio membros pecadores. Fazemos parte de uma Igreja indefectivelmente Santa, e não de uma Igreja de santos indefectíveis. É fundamental não confundir as duas coisas.

Sem entrar em absolutamente nenhuma discussão sobre as causas desta infâmia, as formas de saná-la, a potestade de jurisdição da Igreja sobre os Seus sacerdotes e tantos outros temas a ela relacionados, tenciono aqui simplesmente pôr a descoberto o expediente desonesto (já acima mencionado) da aplicação de lentes de aumento – às vezes, de microscópios de varredura eletrônica… – aos pecados do clero, passando assim a falsa impressão de que o problema apresenta uma magnitude que está infinitamente além da real. O método vai ser muito simples: coleta de notícias sobre sacerdotes condenados [acusados não vale] por pedofilia no Brasil nos últimos dez anos, para que, ao final, fique clara qual a proporção que estes ocupam entre tantos sacerdotes que, em maior ou menor medida, esforçam-se por serem fiéis ao ministério para o qual foram escolhidos.

O sr. “Gregório de Matos” trouxe três (as datas são da notícia, e não da condenação e nem do crime):

  1. pe. Geraldo da Consolação Machado, 2005 – homossexual.
  2. pe. Edson Alves dos Santos, 2008 – homossexual.
  3. pe. Avelino Backes, 2008.
  4. pe. Alfieri Eduardo Bompani, 2004 – homossexual.
  5. frei Tarcísio Tadeu Spricigo, 2005 – homossexual.
  6. pe. Félix Barbosa Carreiro, 2008 [cabe recurso] – homossexual.
  7. pe. Ângelo Schiarelli, 2009 [flagrante].

Temos até agora [atualizado em 23 de junho de 2009], portanto, sete casos. Vamos ver quantos mais os vândalos que não sabem fazer outra coisa a não ser aludir aos “padres pedófilos” vão conseguir trazer.

E que a Virgem Santíssima, Refúgio dos Pecadores, possa interceder pelos sacerdotes do Seu Filho que se mancharam de maneira tão grave.