Carta a mons. Fisichella

[Carta escrita pelo revmo. pe. Héctor Ruiz, pároco de São Lourenço da Mata, que ele, após ter obtido autorização do senhor Arcebispo, tornou pública e permitiu-me publicá-la, pelo que o agradeço imensamente.]

Olinda – PE; 17 de março de 2009

SR. ARCEBISPO
DOM RINO FISICHELLA
Presidente da Pontifícia Academia para a Vida
Cidade do Vaticano.

“Mi scusi Monsignore”!

Misericórdia! Tem razão!: Misericórdia com todos os abortistas radicais, com os médicos… , mas de maneira nenhuma com o seu irmão no arcebispado, Dom José Cardoso! Como ele se atreve a expor e a defender valentemente e com clareza absoluta a doutrina da Igreja! Misericórdia com ele, nenhuma! Bravo, Monsignore!

Quero, simplesmente dizer-lhe que o seu artigo no L’Osservatore Romano foi infeliz, confuso, “confundente” e imprudente:

Infeliz: Sai à praça pública a gritar ao mundo que o seu irmão foi precipitado. (Não era conveniente chamá-lo antes no secreto, “modo evangélico”). Isto acontece numa praça em guerra entre a Igreja e o mundo abortista. Claro, os opositores à doutrina da Igreja aplaudem e deixam arrasados aos que acreditamos na unidade da Igreja. Tanto aplaudem que proclamam: “O Vaticano desautoriza Dom José!” Bravo, Monsignore!

Confuso: Dá a entender que o senhor não conhece o caso em profundidade. Como é que proclama que seu irmão se precipitou e a Igreja não fez o que ela pode em prol da menina? Não é isso que escreveu o pároco de Alagoinha (de onde era a criança, e não de Recife, para sua informação)! Lamento que o seu pronunciamento deixa ver que a sua fonte de informação foi a imprensa anticristã! Quem falou que já no começo entrou o nosso arcebispo com o tema da excomunhão? (Não era melhor consultar o seu irmão, em vez de denunciá-lo publicamente?) É confuso porque estão muitas verdades ditas pela metade. Depois disso não sabemos se o aborto é excomunhão ou não, se a Igreja têm que pronunciar-se ou não… se o artigo é uma posição do Papa ou uma opinião pessoal… Se isso não for excomunhão, então que retirem o cânon 1398 do Código de Direito Canônico! Está confusa a sua colocação e estamos confusos nós. Bravo, Monsignore!

“Confundente”: Agora não sabemos que atitude tomar os padres, os bispos e os leigos.  Bravo, Monsignore!

Imprudente: não só pelo uso de uma má informação, nem sequer porque gritou ao mundo antes de falar com seu irmão, mas porque deu a impressão de que a Igreja Católica não têm uma doutrina certa (e sim graves divisões dentro dela) e não têm nem direito nem fundamento para dar castigos salutares… Os abortistas estão gostando muito. Bravo, Monsignore!

Misericórdia, sim! Temos que ter misericórdia, muita misericórdia!  Mas, atento, “monsignore”, muita misericórdia, sobretudo com o seu irmão no arcebispado, que já há muitos anos está sofrendo o ataque impiedoso da mídia; misericórdia com a Igreja Católica, misericórdia com nós que estamos confusos!

“Mi scusi, Monsignore!”

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Pe. Héctor M. Ruiz
Administrador paroquial de São Lourenço Mártir e
Professor de História da Filosofia no Seminário de Olinda.

Soldados de Cristo na França

Um grupo de comunistas em Paris resolveu protestar contra a Igreja, distribuindo camisinhas na frente de Notre Dame, após a Santa Missa dominical, e com cartazes onde estava escrito “Bento XVI assassino”. A notícia pode ser lida [em francês] no Le Monde. Não pude deixar de lembrar-me da defesa da Catedral

Vejam o vídeo que está no site do jornal francês [e que está disponível também no youtube]. Notem o absurdo: os comunistas e ecologistas desgraçados, que obviamente não são católicos, vão para a frente de uma Igreja, na saída de uma missa, chamar o Papa de assassino; e quando um católico, em bastante razoável e compreensível atitude de legítima defesa, toma os cartazes ofensivos ao Santo Padre, é prontamente derrubado pela polícia que veio em socorro dos pobres manifestantes!

Sinceramente, é muita canalhice. E os jornais ainda lançam sobre os católicos que nada fizeram a não ser defender-se de uma acusação gratuita a pecha de… serem de “extrema-direita”. Militants d’extrême droite! Católicos provavelmente saindo da Missa (já que os seus “cartazes” – ao contrário daqueles ostentados pelos comunistas – são evidentemente improvisados), que não gostaram de ver o Papa ser ofendido, que foram agredidos pela polícia quando tentaram tomar os cartazes ofensivos, são transformados em militantes de extrema-direita!

Touche pas à mon pape, como disseram os católicos “de extrema direita”: não toquem no meu Papa, ou deixem o meu Papa em paz! Aqui no Brasil o Estado de São Paulo disse que os terríveis católicos de extrema-direita – eram cerca de vinte – “partiram para cima” dos pobres manifestantes. Engraçado; no vídeo, eu só vejo os católicos cantando alguma música à Sainte Marie

P.S.: a despeito das lamentáveis manifestações dos bispos franceses contra Dom José Cardoso Sobrinho, parece que – graças a Deus! – há católicos na França dispostos a oferecerem um desagravo a Nosso Senhor. Na saída de Notre Dame, foi bonita a atitude dos jovens; fizeram muito mais pela Igreja do que os excelentíssimos purpurados que destilaram o seu veneno contra um seu irmão no episcopado…

Sobre as declarações do pe. Lombardi

No sábado, Lombardi esclareceu que a condenação a toda forma de aborto na África pronunciada na véspera pelo papa não inclui os abortos “indiretos” nem casos limites como o ocorrido no Recife com uma menina de 9 anos. “A moral da Igreja desde sempre aceita o aborto indireto, como quando a mãe está gravemente doente e deve ser curada e a criança pode perder a vida em conseqüência disso. Se tenta curar a mãe”, afirmou.

“O papa não falou de aborto terapêutico, o que condena é que o aborto seja introduzido como meio de controle de natalidade”, explicou Lombardi, que citou o caso da excomunhão da mãe que autorizou o aborto na filha de 9 anos, estuprada pelo padrasto, anunciada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que foi criticado até em meios católicos.

“Foi um caso limite. Foi uma excomunhão declarada apressadamente em uma situação de extrema dificuldade”, disse Lombardi.
[Jornal do Commercio, 23 de março de 2009, “Internacional”, página 12]

Esta é uma das notícias que falam sobre uma declaração do pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, referente às declarações do Santo Padre contrárias ao aborto. Não tive acesso ao original destas declarações do pe. Federico, que misteriosamente não estão (até o presente momento, ao menos) na Sala Stampa della Santa Sede. Mas estão em vários lugares além do Jornal do Commercio, como na “Renascença” portuguesa ou num artigo de Sandro Magister chamado “Minas Errantes. En África el preservativo, en Brasil el aborto”. Recomendo a leitura de ambos, e é desde último que trago as declarações do pe. Lombardi sobre o aborto.

Pe. Lombardi, apud Sandro Magister:

“Sobre esta cuestión [el episodio de la niña brasileña], son válidas las consideraciones de monseñor Rino Fisichella, quien en ‘L’Osservatore Romano’ ha lamentado la excomunión declarada demasiado rápidamente por el arzobispo de Recife. Ningún caso límite debe oscurecer el verdadero sentido del discurso del Santo Padre [hablando al cuerpo diplomático en Camerún], quien se refirió a algo diferente en extremo. […] El Papa no ha hablado en absoluto del aborto terapéutico y no ha dicho que debe ser rechazado siempre”.

Bento XVI nos Camarões, no discurso ao qual se referiu o pe. Lombardi:

Que amarga é a ironia daqueles que promovem o aborto como um dos cuidados de saúde «materna»! Como é desconcertante a tese de quantos defendem a supressão da vida como uma questão de saúde reprodutiva (cf. Protocolo de Maputo, art. 14)!

Sinceramente, estou com a incômoda sensação de que há autoridades vaticanas empenhadas em minimizar o alcance das palavras do Santo Padre, e em desacreditar as atitudes de bispos católicos fiéis à Igreja de Nosso Senhor. Sou capaz de apostar que, não fosse Bento XVI o Papa, as suas declarações nos Camarões receberiam um artigo na primeira página do Osservatore Romano dedicado a desqualificá-las…

Cumpre esclarecer alguns conceitos que não estão claros nestas declarações, não sei se por culpa do pe. Lombardi ou dos veículos de comunicação que transmitiram a notícia. Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a Igreja não aceita o aborto direto em nenhuma condição, nem mesmo se for o único meio para salvar a vida da mãe. Os grifos que dei acima são importantes.

Não existe “aborto terapêutico”! Isso é jogo de palavras dos abortistas para propagarem a sua ideologia assassina; veja-se por exemplo (a) o dossiê sobre o caso do aborto ocorrido em Recife aqui publicado (em particular, el aborto mal llamado terapéutico) e (b) este artigo do pe. Lodi sobre o assunto. Portanto, ao contrário do que parece ter dito o porta-voz do Vaticano, o Papa condenou, sim, expressamente, o aborto mal chamado “terapêutico”, porque isso não existe e é empulhação abortista para promover o assassinato de crianças no ventre de suas mães.

E ainda que existisse – o que, como já vimos, não existe – um “aborto terapêutico”, i.e., uma intervenção médica que consistisse na restauração da saúde da mãe por meio do assassinato do bebê que ela leva no ventre, tal ato seria gravemente imoral e de maneira alguma permitido. É o que o pe. Lodi explica magistralmente neste texto sobre a chamada causa de duplo efeito, que é leitura fundamental para quem deseja entender a questão sem leviandades. São palavras do reverendíssimo sacerdote: “matar diretamente um ente humano inocente é um ato intrinsecamente mau, que não pode ser justificado nem pela boa intenção, nem pelas possíveis boas conseqüências, nem sequer pelo estado de extrema necessidade. Nunca é lícito matar diretamente um inocente, nem sequer para salvar outro inocente”.

Existe, no entanto, uma outra coisa, que é tolerável, que a Igreja chama de “aborto indireto” (evitando propositalmente a expressão errônea “aborto terapêutico”) e que se resume a uma causa de duplo efeito. Uma causa de duplo efeito ocorre quando um ato em si bom produz, além do efeito bom que se almeja, um segundo efeito mau e inevitável. O pe. Lodi, no artigo citado, explica que os atos que têm dois efeitos, um bom e um mau, podem ser praticados quando se verificarem as seguintes condições:

a) que a intenção do agente seja obter o efeito bom, e não o mau;

b) que o efeito bom seja obtido diretamente da ação, e não através do efeito mau;

c) que o efeito bom seja proporcionalmente superior ou ao menos equivalente ao efeito mau;

d) que não haja outro meio de se obter tal efeito bom, a não ser praticando a ação boa que produz tal efeito secundário mau.

E dá um exemplo que ajuda a ilustrar:

Uma mulher grávida sofre de uma infecção renal. O médico prescreve-lhe um antibiótico. Há, porém, o perigo remoto de a droga causar danos ao nascituro. No entanto, não há outro antibiótico que seja menos nocivo ao bebê e nem é possível esperar o nascimento da criança para iniciar o tratamento.

Nesse caso:

a) a intenção do agente é curar a infecção renal (efeito bom) e não causar dano ao nascituro (efeito mau);

b) a cura da infecção renal (efeito bom) é obtida diretamente da ação de tomar o antibiótico, e não através do dano causado ao nascituro (efeito mau). Se, absurdamente, a mulher não tomasse o antibiótico, mas lesasse diretamente seu bebê, tal dano não iria causar a cura de sua infecção renal.

c) como a chance de lesão à criança, embora exista, é pequena, e como o tratamento é urgente, o efeito bom (a cura da infecção renal) é proporcionalmente superior ao possível efeito mau.

d) não há outro meio de se obter a cura da infecção, a não ser pela ingestão de um antibiótico. O médico poderia prescrever outro antibiótico, mas nenhum seria isento de riscos para a criança.

Logo, o ato pode legitimamente ser praticado.

O princípio da causa com duplo efeito foi descrito de maneira lapidar pela Academia de Medicina do Paraguai (1996):

“Não comete ato ilícito o médico que realize um procedimento tendente a salvar a vida da mãe durante o parto ou em curso de um tratamento médico ou cirúrgico cujo efeito cause indiretamente a morte do filho, quando não se pode evitar esse perigo por outros meios”.

Entender isso é absolutamente fundamental para se entender a Moral Católica. O aborto direto, usado como meio, não é lícito em nenhuma situação; o aborto indireto, obtido como um segundo efeito de um ato em si bom, é tolerado pela Igreja quando se cumprem as condições supracitadas.

Na verdade, a maior parte das pessoas entende a distinção entre um efeito mau indesejado e um meio mau utilizado para se obter um fim bom; são só alguns “intelectuais” que misturam as bolas. Por exemplo, o Hélio Schwartsman, em coluna publicada pela Folha de São Paulo em dezembro de 2007, assim confundiu as duas coisas:

Vamos ver alguns exemplos: Denise é passageira de um trem cujo maquinista desmaiou. A locomotiva desembestada vai atropelar cinco pessoas que caminham sobre a linha. Ela tem a opção de acionar um dispositivo que faz com que o comboio mude de trilhos, e, neste caso, atinja um único passante. Denise deve acionar a alavanca? Cerca de 90% dos entrevistados cederam à razão utilitária e responderam que sim. É melhor perder uma vida do que cinco.

Hauser então coloca uma variante do problema. Frank está sobre uma ponte e avista um trem desenfreado prestes a abalroar cinco alegres caminhantes. Ao lado dele está um sujeito imenso, que, se lançado sobre os trilhos, teria corpo para parar a locomotiva, salvando os cinco passantes. Frank deve atirar o gordão ponte abaixo? Aqui, a maioria (90%) responde que não, embora, em termos puramente racionais, a situação seja a mesma: sacrificar uma vida inocente em troca de cinco.

Oras, “em termos puramente racionais”, a diferença ululante entre um caso e outro é justamente a diferença entre um duplo efeito indesejado e inevitável e um meio mau utilizado na obtenção do fim bom. A situação só é “a mesma” em termos puramente matemáticos; em termos morais, a diferença é gritante, e tão evidente que 90% das pessoas a percebe até intuitivamente, já que provavelmente a maior parte delas nem mesmo ouviu jamais falar em causas de duplo efeito.

Esta, pois, é a Moral da Igreja, e não outra.

Feitos esses necessários esclarecimentos às declarações do porta-voz do Vaticano, é necessário (uma vez mais…) lamentar profundamente que o pe. Lombardi tenha preferido dar ouvidos à mídia anti-católica e referendar as declarações inoportuníssimas do Mons. Fisichella em detrimento de Dom José Cardoso Sobrinho. Parece ser orquestrado: quando as coisas parecem se acalmar e quando achamos que tudo vai voltar à normalidade, surge uma outra bomba, explode um outro escândalo, um outro alto prelado vaticano vem a público – data maxima venia – falar besteira. É frustrante.

Rezemos pelo Papa, rezemos pela Igreja; e subscrevo o Sandro Magister, no final do artigo já citado: “foi um golpe que, quase uma semana após a difusão dos ‘Esclarecimentos’ da Arquidiocese Brasileira, o porta-voz oficial da Santa Sé tenha mostrado que a ignora completamente, tanto na oposta reconstrução dos fatos quanto nas objeções de caráter doutrinal e moral”. Que Virgem Santíssima, Maria, Mãe da Igreja, rogue por nós.

Moral Católica e AIDS

Respondendo a uma pergunta sobre a posição da Igreja Católica frente ao HIV/AIDS, considerada por alguns como irrealista e ineficiente, o Papa disse:

“É minha convicção acreditar que a presença mais importante no front da batalha contra o HIV/AIDS é de fato a Igreja Católica e Suas instituições. (…) O problema do HIV/AIDS não pode ser superado com meros slogans. Se a alma está deficiente [if the soul is lacking], se os africanos não se ajudam uns aos outros, o flagelo não pode ser resolvido pela distribuição de preservativos; bem pelo contrário, nós corremos o risco de agravarmos o problema. A solução só pode vir através de um duplo compromisso: em primeiro lugar, a humanização da sexualidade – em outras palavras, uma renovação espiritual e humana que traga uma nova maneira de agir para com o outro; e, em segundo lugar, uma amizade verdadeira, sobretudo para com os que sofrem, uma prontidão – mesmo que seja através de sacrifício pessoal – para sustentar [to stand by] aqueles que sofrem”.
[Vatican Information Service]

É bem sabido que a Igreja se opõe ao uso da camisinha; não – como dizem alguns expoentes da ignorância coletiva – porque “prefere que as pesssoas peguem aids do que usem camisinha”, mas exatamente ao contrário: porque Ela sabe que não se pode combater a AIDS sem que se combata primeiro a promiscuidade. Ela sabe que não existem receitas miraculosas, nem panacéias universais para que vivamos em uma Terra sem males. Ela sabe que a insistência em um erro não pode produzir senão erros ainda maiores.

A Igreja – como disse o Papa – é a presença mais importante no front do combate contra a AIDS. E eu diria ainda mais: é a Única que não atrapalha. A Única que vai ao cerne do problema. O Papa afirma claramente que a mera distribuição de preservativos pode até mesmo agravar o problema da AIDS; por tocar na ferida do ídolo moderno, é atacado com violência (tanto que até mesmo o porta-voz da Santa Sé teve que se manifestar). Ao redor do mundo, a França diz que os comentários do Papa são “uma ameaça” e o “representante no Brasil do órgão das Nações Unidas para o combate à doença (Unaids), Pedro Chequer”, chegou a chamar o discurso do Papa de “genocida”. Permanecem, contudo, no mero jogo de palavras; a posição da Igreja – contra a qual se levantam furibundos todos os Seus inimigos – dá resultados.

Por exemplo, na Uganda, a política “ABC” de combate à AIDS (primeiro, Abstinence; depois, Be faithful e só por fim Condom – a ênfase é dada na abstinência, na fidelidade, e só em último lugar na camisinha) é a única no mundo que tem trazido resultados significativos no combate à AIDS.

Por exemplo, em Washington, o embaixador da Suazilândia incentiva a abstinência na luta contra a AIDS. Olhando para as políticas eficazes da Uganda, a Suazilândia também resolveu aplicá-las e, por isso, para a AIDS, “o contágio de pessoas infectadas caiu de 42,6 por cento em 2004 para 39, 2 por cento este ano”.

Por exemplo, o Population Research Institute, da Universidade Estadual da Pensilvânia, afirmou que “a Igreja Católica desempenha um papel essencial na contenção da epidemia de AIDS na África”. Vale citar:

A Tailândia tem aproximadamente sessenta milhões de habitantes. Lá existem fortes programas divulgados para o uso de preservativos. Em agosto de 2003 existiam no país quase 900.000 pacientes registrados com AIDS e, aproximadamente, 125.000 óbitos por AIDS.

Em 1991, a Organização Mundial de Saúde previu para esse intervalo de tempo cerca de 60 a 80.000 casos registrados de AIDs.

Essa cifra se contrapõe aos filipinos católicos com setenta milhões de habitantes. Entre os filipinos quase não existe propaganda de preservativos.

Em 30 de setembro de 2003 havia naquele país exatamente 1.946 pacientes com AIDS e 260 mortes por AIDS. Essa é uma fração dos 80 a 90.000 casos, os quais a Organização de Saúde havia previsto para as Filipinas no ano 2000.

De onde se vê que a Moral Católica não é uma coisa “irreal” e “ineficiente”. Irreal é esperar que coisas boas advenham de comportamentos morais desregrados. Ineficiente é combater a AIDS incentivando a promiscuidade.  Irresponsáveis são os lunáticos irracionais que têm verdadeira fé na salvação do gênero humano pela borracha. Em defesa das vítimas da AIDS, no entanto, existe a Igreja Católica; e, independente dos ataques que Ela sofra, vai continuar a oferecer auxílio aos que sofrem. Mais uma vez, os fatos mostram que Ela está correta; e o próprio estrebuchar dos Seus inimigos revela-o de modo insofismável.

“Abortistas: se não Fé, pelo menos honestidade” – pe. Héctor Ruiz

[Publico um artigo escrito pelo reverendíssimo pe. Héctor Ruiz, pároco de São Lourenço da Mata, município vizinho a Recife e também pertencente à Arquidiocese de Olinda e Recife. Agradeço ao sacerdote pelo envio do texto; o tom combativo do mesmo e a ênfase dada n’alguns aspectos que a grande mídia deixou de lado no caso do aborto da menina de Recife fazem com que ele seja um valioso auxílio à Igreja, neste momento em que Ela é tão duramente atacada.]

ABORTISTAS,
SE NÃO FÉ, PELO MENOS HONESTIDADE!

ASPECTOS QUE NÃO PODEMOS IGNORAR NA ANÁLISE FILOSÓFICA DO CASO DA MENINA ESTUPRADA E INDUZIDA A ABORTAR

Sabemos o caso: Uma menina pernambucana, de nove anos, é estuprada pelo padrasto, tendo ficado grávida e os fetos submetidos a aborto. Dom José Cardoso deixa claro que quem aborta e os que colaboram diretamente num aborto ficam excomungados.

Deixemos de lado a fé. Analisemos o fato só com a razão natural para entender se é realmente o “pré-conceito” da Igreja o que está criando problema neste caso, como dizem os abortistas.

1º. Dom José não excomungou ninguém. Ele mesmo explicou que quem aborta, ou colabora diretamente num aborto se excomunga automaticamente. Como é que os médios de comunicação social (a globo, a tribuna, a Record…) colocaram nas suas manchetes que “Dom José excomungou”? Eu, sem fé, posso dizer que faltou honestidade humana.

2º. Ficou claro que a guerra que estão fazendo, uma parte da imprensa e vários políticos (entre eles o nosso presidente Lula), NÃO É CONTRA DOM JOSÉ. É contra a mesma Igreja! Dom José falou o que teria falado qualquer bispo na Igreja.  Sem fé, posso dizer que falta respeito e justiça contra uma instituição humana que já demonstrou em vinte séculos ser defesa de valores humanos incontestáveis.

3º. A excomunhão consiste no fato de ficar fora da Igreja (Não comungar com o seu espírito!). Só a Igreja tem direito de dizer quem faz parte dela e quem não. Esse direito o tem qualquer associação humana. Não é o político ou o jornalista que vai dizer se a Igreja vai deixar na comunhão com o seu espírito a uma ou a outra pessoa.

Por isso, sem fé, eu posso dizer que os políticos e os jornalistas que se têm manifestado ao respeito estão cometendo duas injustiças: Uma contra Dom José, pelo que dissemos antes, e outra contra a Igreja. Nenhum deles tem autoridade nesse campo. Estão atuando indevidamente em campos que não lhes correspondem!

4º. Por que a Igreja (como instituição humana) excomunga? Porque é pecado gravíssimo matar a uma pessoa, usurpando o direito sobre a vida humana, direito que é unicamente do Criador. Isto não é de fé, é de razão. Se Deus existe (E têm que existir. Seria irracional dizer o contrário) Ele é o único que como Criador e Governador de tudo pode dar e tirar a vida. Os homens todos temos direitos iguais. Ninguém é maior que outro para dispôr da vida alheia. E, se o faz, está usurpando um direito que ninguém lhe deu.

Este pecado torna-se ainda mais grave, quando se trata do aborto: de uma pessoa indefesa, que o homem tem dever de proteger.

Eu, sem fé, posso dizer:

– Que a Igreja nesse ponto é coerente com a sua teologia (revelada, segundo ela).

Que a Igreja está defendendo princípios racionais, que uma filosofia sadia já defende. NÂO NECESITO FÉ PARA DIZER QUE EU NÃO POSSO MATAR A NINGUÉM. (Só no caso de autodefesa).

Que temos que pensar mais num nível social e não só individual. Tem coisas que o indivíduo não pode por si mesmo fazer (caso desta menina de 9 anos). Mas a sociedade, a família…, ajudando, podem conseguir fazer. É o caso de doenças, velhice… Esta menina certamente não iria conseguir sozinha levar para frente a gravidez, mas juntando as forças sociais, vamos ver que conseguimos fazer! Pode ser que termine sem conseguir o êxito total… mas a sociedade ao final sim, vai ganhar.

5º. O aborto é um homicídio, porque no momento em que é fecundado o óvulo começa um processo irreversível, independente da vida da mãe, destinado só a aperfeiçoar-se e chegar a ser um ser humano maduro e completo. Já é vida humana! Já tem dignidade! Dignidade  igual que a da mãe e que a de qualquer ser humano!

Os abortistas dizem: como a morte nós a declaramos quando param de funcionar a células cerebrais, então a vida humana, enquanto tal, começa quando se formam estas células cerebrais e começam a funcionar.

Então eles estão dizendo que se um ser humano nasce com um problema na cabeça e não se desenvolvem essas células, podemos matá-lo como qualquer animal e não importa idade que ele tenha!!!

Nenhum ser humano tem poder para determinar se a pessoa humana e a sua dignidade começa aos três ou quatro meses de vida, ou quando for…! O processo de crescimento do ser humano começa na fecundação e já aí é um ser humano. Não existe uma argumentação filosófica, convincentemente lógica, que demonstre o contrário. Sem fé, posso dizer que qualquer aborto é um homicídio!

6º. Por que a menina de 9 anos vai ter mais direito a viver, que as outras duas crianças que estão no seu seio? Só pela idade? Quem tem o direito de dizer que a menina tem que viver e os embriões não? Racionalmente não tem justificação isso!!! Se é assim, então, tiremos da constituição o princípio de que todos somos iguais!!! Sem fé posso dizer que todos os embriões têm direito à vida!

7º. O estupro, e a situação da família nessas circunstâncias, é muito lamentável!!! Ninguém está satisfeito por isso! Mas, como a vida pertence só a Deus, façamos todo o possível medicamente para que as três pessoas se salvem. As três! Os médicos se precipitaram para declarar que isso era perigo iminente de morte. Eles mesmos não podem afirmar com certeza se isso daria em morte ou em aborto natural. Não era necessário matar!!!

Por exemplo: Em São Lourenço da Mata vive um menino de dois anos de idade, que foi gerado por uma menina com deficiência mental, estuprada quando ela tinha 11 anos! Também a mãe vive bem! Graças a Deus não chegaram os abortistas para impedir a esta criança gozar do banquete da vida!

O médico que praticou o aborto dizia ser católico e que ele era quem tinha autoridade no campo da medicina, não o arcebispo.

Sem fé eu posso dizer quatro coisas:

a) A medicina não está isenta da moral. A moral, que trata de todos os atos humanos pensados e queridos permeia tudo: a medicina, a política, o esporte… O arcebispo tem direito de iluminar a vida moral de todos os seus fiéis católicos. Ele, o médico, foi amoral!

b) Como membro de uma instituição humana ele está obrigado à obediência às normas dessa instituição, que se chama Igreja. Ele foi desobediente!

c) Como médico ele fez um juramento, o de Hipócrates, jurando que dedicaria a sua profissão para cuidar da vida e não para atentar contra ela. Matando dois embriões, ele foi infiel!

d) Precipitando o ato de abortar, não dedicou as suas forças para ajudar à criança e aos fetos para se desenvolverem… Nenhum médico pode afirmar ao cem por cento que isso terminaria em morte da menina. Ele foi incompetente!

Sem fé posso dizer que um homem que é amoral, desobediente, infiel e incompetente é um perigo para a sociedade!

8º. Finalmente, temos que evidenciar que, segundo os meios de comunicação social e vários políticos (entre eles  o nosso presidente Lula, que enche a boca dizendo que é católico – manifestando o contrario com as suas opiniões), o vilão de toda esta história é o Senhor Arcebispo Dom José. Os médicos, o presidente da República, o ministro da saúde, o de meio ambiente… esses são os de bom senso.

Eu, sem fé, posso dizer: deixemos que caiam os princípios de respeito à vida humana, deixemos que uns tenham mais direitos que outros, sigamos cultivando um estilo de vida hedonista, subjetivista, consumista e laxista, favorecido por estas pessoas e instituições e certamente o gênero humano não vai brilhar pela justiça e pela harmonia social… Terminaremos nos destruindo. Eles dizem que lutam por uma menina. Como filósofo posso dizer que a Igreja luta por toda a humanidade!

O que atrapalha ao homem de hoje não é a Igreja. É a falta de princípios de reta razão!!! Falta reconhecer humildemente que falta honestidade e amor pela verdade! Vamos lutar por essas virtudes perdidas!!!

Pe. Héctor M. Ruiz

Comentando um comentário

O sr. Nelson Gomes deixou um extenso comentário aqui ontem à noite, sobre assuntos os mais diversos, mas que podem ser resumidos à eterna lenga-lenga que os filhos de Lutero não cansam de vomitar contra os filhos de Deus. Cumpre dar algumas respostas – rápidas, mais verdadeiras – ao protestante.

Estudando a Babilônia verifiquei que as raízes de certas religioões são babilônicas. Uso de velas, imagens, ramos de vegetais, adoração à vários deuses (politeismo), inimizade com os monoteistas, comunicação com os mortos ( fazer petições a quem está morto).

A despeito de não dar nome aos bois (em atitude inclusive bem covarde, diga-se de passagem), o sr. Nelson provavelmente está se referindo à Igreja Católica. Contra isso, vale dizer que

  1. quanto às velas, os próprios judeus já as utilizavam;
  2. quanto às imagens, idem;
  3. quanto aos “ramos de vegetais”, não faço idéia do que ele esteja falando;
  4. quanto à “adoração à (sic) vários deuses”, a Igreja condena o paganismo e a veneração aos santos não se confunde com o politeísmo;
  5. quanto à “inimizade com os monoteistas”, tampouco faço idéia do que ele esteja falando;
  6. quanto à comunicação com os mortos, a necromancia é proibida pela igreja, mas não os pedidos de intercessão aos santos de Deus.

Note-se que são despejadas em profusão as montanhas de calúnias baratas, de insinuações maliciosas que, sem acusar diretamente (dada a impossibilidade de se sustentar honestamente as acusações diante dos fatos), servem no entanto de rótulo negativo (gratuito, é sempre bom frisar) à Igreja Católica já no começo do comentário, predispondo o leitor a olhar com antipatia para Ela. Mas não vou perder meu tempo na refutação destes ataques que já estão caducos de tão velhos, e cujas respostas podem ser facilmente encontradas à profusão por quem tiver boa vontade. Vamos ao resto do comentário do sr. Nelson.

Veja a imagem de JESUS na cruz ensanguentado. Você teria a imagem de um ser querido seu, de um filho, um pai, uma mãe, etc. numa situação dessas?. Será que DEUS gosta? Principalmente porque ELE proibiu imagens?

Sabe quem gosta de tal imagem? Quem gosta é o diabo. Esta imagem representa o momento agradável para o diabo. quando ele viu o FILHO DE DEUS sendo humilhado e torturado numa cruz.

Já comentei aqui em outra ocasião sobre a repulsa à Cruz de Cristo. Vale, no entanto, lembrar mais uma vez que nós, católicos, “pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos – quer judeus quer gregos -, força de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1, 23-24). Vale também lembrar que a Cruz de Cristo é a nossa Glória e, à semelhança do Apóstolo, cada católico sempre se esforça para dizer também: “não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6, 14). A Cruz é o Trono de Cristo, é a Sua – e nossa! – vitória sobre o pecado e sobre a morte. O diabo tem horror à Cruz. Não é de se espantar, portanto, que os seus filhos também não suportem a imagem de Cristo Crucificado.

Nós evangélicos sabemos que JESUS está vivo e que todo poder, toda honra e toda glória foram entregues a ELE por seu PAI.

Nós, católicos, também sabemos isso, e sabemos mais e melhor do que estes que se dizem “evangélicos” mas não seguem o Evangelho de Nosso Senhor.

Por isso damos a ELE a glória merecida

Mentira, não dão. Os protestantes não têm a Santa Missa e, portanto, não oferecem a Deus o Sacrifício Perfeito do qual Ele é digno.

Não damos glórias as criaturas.

E, por isso, afastam-se de Nosso Senhor, que disse a Deus Pai: “Neles [nos Apóstolos] sou glorificado. (…) Dei-lhes a glória que me deste” (Jo 17, 10. 22). A glória dada aos santos – obras de Deus – redunda na glória a Deus, Autor das obras, em Quem os santos são santos. Na verdade, os protestantes “desconhecem os segredos de Deus, não esperam que a santidade seja recompensada, e não acreditam na glorificação das almas puras” (Sb 2, 22).

Não adoramos Maria mãe de JESUS, ela é santa, irá morar com DEUS.

Maria é Santíssima e já mora com Deus, de Quem Ela nunca Se separou.

E nós também não adoramos Maria, óbvio. Nós A veneramos.

Mentem quem diz que não amamos a Maria. Ela é nossa irmão e iremos morar com a mesma quando JESUS CRISTO vier buscar os salvos que desprezaram a idolatria e os costumes pagãos.

Aqui, está uma das maiores e mais perniciosas mentiras dos filhos de Satanás. Dizem eles que amam a Maria; acontece que se recusam a manifestar-Lhe este seu “amor”.

A Virgem Santíssima disse: “desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1, 48b). Os ditos “evangélicos” recusam-se a proclamar a bem-aventurança de Maria Santíssima, e isso é ofendê-La, pois é negar-Lhe algo que Lhe compete por direito.

A ofensa direta não é a única ofensa possível. A indiferença também é ofensa. Se tratarmos a nossa mãe, por exemplo, como tratamos qualquer outra mulher, isso é ofensivo à nossa mãe, porque ela merece ser honrada pelos seus filhos. Se chegarmos diante de uma rainha ou outra autoridade terrena qualquer e agirmos como se ela não estivesse presente, como se ela fosse “qualquer mulher”, isso também é ofendê-La. Se, diante de nossa mãe natural ou de alguma autoridade terrestre, não ousaríamos negar-lhes aquilo que lhes compete por direito, como poderemos negar à Mãe de Deus e nossa também, à Rainha dos Céus e da Terra, a veneração à qual Ela tem direito, a honra da qual Ela é digna? Como alguém pode tratar com uma solene indiferença (que esconde um secreto desprezo) a Virgem Santíssima e, mesmo assim, abrir a boca para dizer que não A ofende e, ao contrário, ama-A?

Todos os protestantes, todos, sem exceção, ofendem a Virgem Santíssima, ofendem a Mãe de Deus e, por conseguinte, ofendem o próprio Deus. Por mais que eles neguem e por mais que digam que A amam – não amam, porque as suas atitudes [e sua falta de atitudes] demonstram exatamente o contrário. Que eles abram os olhos enquanto é tempo; quanto a nós, católicos, continuemos cantando as glórias de Maria Santíssima, a fim de que Deus seja glorificado em Sua Mãe Imaculada, a fim de que os pecadores se convertam, e a fim de que eles e nós – permita-o Deus! – alcancemos um dia a bem-aventurança do convívio dos Santos na Eternidade.

“Comentário à declaração de Mons. Fisichella” – pe. Berardo Graz

[Atendendo ao pedido que recebi por email, publico os comentários do revmo. pe Berardo Graz, do clero de Guarulhos, SP, sobre o artigo de Dom Rino Fisichella que foi publicado no Osservatore Romano domingo passado.]

Acredito que Mons. Fisichella escreveu a declaração, publicada no “L’Osservatore Romano” do dia 15/03/09, a partir das notícias que chegaram até ele sobre o caso da menina estuprada e submetida a aborto de gêmeos. Se Mons. Fisichella tivesse recebido informações mais corretas e detalhadas de como se desenrolou o fato não teria escrito o que escreveu.

Cito e comento algumas passagens da mensagem de Mons. Fisichella:

1) “No caso de Carmen se confrontaram a vida e a morte” .

Não é verdade! Tanto assim que o IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco), após intervenção de Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Recife, declarou que a menina não estava correndo risco de morte e também por isso permitiu que fosse transferida. O risco se acentuaria no final da gravidez, mas é por isto que o parto, antecipado por causa dos gêmeos e precedido pelo acompanhamento do pré-natal, seria por cesariana, como acontece na grande maioria das quase 30.000 gravidezes (exatamente 27610 em 2006 pelo DATASUS), em adolescentes abaixo de 14 anos, a cada ano no Brasil.

2) “Carmen deveria ter sido em primeiro lugar defendida…”.

É o que exatamente e eficazmente Dom José fez, porque obrigou a direção do IMIP a revelar a verdade sobre o falso risco de morte da criança, mentira através da qual se quis cativar a opinião pública, na sua grande maioria contrária ao aborto, para que se tornasse favorável a este crime contra a vida. Esta mentira continua dominando a Mídia e através dela a população em geral, para que aos poucos a grande maioria concorde com o aborto na gravidez na adolescência, porque acarretaria risco de morte. Estas são as estratégias do movimento abortista que há cinquenta anos está internacionalmente influenciando todos es estados para que até 2015 o aborto seja legalizado em todas as nações e declarado e praticado como direito humano, com o aval da ONU. Este é o clima que estamos respirando no Brasil nos últimos anos, graças principalmente ao atual governo, conivente e colaborador destas estratégias.

Nada disso a declaração de Mons. Fisichella menciona, acredito por falta de informações, pois a atitude de Dom José Cardoso, desmascarando esta trama de mentiras, não somente tentou defender “Carmen”, mas também as várias “Carmens”, que estão sendo instrumentalizadas para que o aborto seja cada vez mais aceito pela população normalmente contrária. Nestes dias uma nova “Carmen”, moradora de Guaratinga na Bahia, está arriscando de cair na trama dos abortistas que querem a todo custo que aborte <i>nonostante</i> ela seja contrária.

Dom José foi corajoso e ensina a coragem de não nos calarmos, como cristãos e católicos, na frente destas tremendas injustiças e autênticas violações dos direitos humanos. A mãe da “Carmen” deu o seu consentimento ao aborto, claramente coagida pela equipe do IMIP que falsamente apresentou o caso como perigo de morte. O pai da menina nem pôde falar com os médicos, tendo o direito de expressar o seu consentimento ou não ao procedimento, direito que lhe foi negado, o que segundo a lei brasileira torna ilegal o aborto de “Carmen”.

Mons. Fisichella faz uma bonita defesa sentimental da menina mas manifesta não conhecer a trama inescrupulosa das estratégias abortistas, que ao invés Dom José enfrentou com firmeza e coerência e , quando a vida dos dois nenêns já estava perdida, truncada pela “guilhotina” do aborto, com a firmeza e a coerência do bom pastor lembrou a excomunhão de quantos colaboraram com este crime, pois a caridade não pode ser vivida fora da verdade, e é isto que dá “credibilidade” à nossa Igreja e a seus pastores.

3) “O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve envolver todos e não pode consentir chegar a um julgamento negativo sem antes considerar o conflito criado em seu íntimo”

Concordo com esta afirmação de Mons. Fisichella, mas me pergunto: que profissionalismo e que conflito viveram os médicos do IMIP que deixaram que o caso fosse gestido por uma assistente social, que não considerava os nenêns como vidas humanas a serem defendidas, mas somente a vida da “Carmen” supostamente em perigo de morte?

Que profissionalismo e que conflito viveram os médicos que nem quiseram ter contato e explicar o caso para o pai, para o pároco da menina e para o Conselho Tutelar de Alagoinhas, que cuidaram diretamente dela até levá-la ao hospital, para que fosse atendida?

Que profissionalismo e que conflito viveram estes médicos, que negando-se ao contato com os familiares, colaboraram porém para que, à revelia do pai e do advogado delegado dele, a menina com alta a pedido assinado pela mãe, analfabeta e pressionada psicologicamente pela dramaticidade do falso quadro de perigo de morte, fosse seqüestrada pelo grupo feminista Curumim, que a levou a um outro hospital sem revelar o nome (a ginecologista foi junto com a criança a e mãe para este outro hospital, identificado depois como CISAM – ou Maternidade da Encruzilhada), para que o aborto fosse realizado antes que as autoridades judiciais o impedissem?

Que profissinalismo e que conflito viveram os médicos que atuam numa instituição, seja o IMIP e depois o CISAM, que sonegaram as informaçãoes e, no caso do CISAM, sustentou  a mentira de negar a presença da menina, enquanto ela estava sendo submetida ao aborto?

Claro, Mons. Fisichella não podia estar de posse de todas estas informações! Mas se oferece agora uma boa oportunidade para que todos nós, como Igreja de Jesus Cristo, nos informemos melhor e mais profundamnte sobre toda a trama que a partir da criação do Conselho Populacional (1952), por iniciativa da fundação Rockfeller e das outras fundações norte-americanas, está divulgando a mentalidade abortista no mundo inteiro, sutentando a prática do aborto em situação ilegal, para que depois seja aceita como válida sua legalização. Tudo isto tem como finalidade o controle populacional, nova e tremenda arma do capitalismo internacional para a implantação em nível mundial da lógica do mercado, derrubando barreiras morais e religiosas que atrapalham a sua efetivação. A defesa dos direitos da mulher é só pretexto para tornar aceitável para o grande público a legalização do aborto, sendo este o procedimento mais eficaz para se controlar ou diminuir o crescimento de uma população.

O grupo Curumim assim como outras duzentas ONGs, favoráveis ao aborto, esterilização, contracepção e direitos homossexuais, estão atuando há quase vinte anos no Brasil, financiadas por dinheiro estrangeiro principalmente das fundações norte-americanas, para que o aborto seja legalizado e uma estratégia é fazer com que toda gravidez na adolescência seja considerada risco de morte e portanto, ampliando o conceito de aborto necessário ou terapêutico, não punido pelo Código Penal, seja encaminhada para a realização do aborto impropriamente chamado de “aborto legal”.

Para isto nos últimos anos se multiplicaram em todos o Brasil os serviços de “aborto legal”. Tenta-se tornar legal o aborto em caso de malformações fetais (ex. anencefalia) e é por isto que a proposta será avaliada pelo STF. Nas faculdades de medicina ensina-se aos futuros médicos para que orientem as mães, que estejam gerando um filho defeituoso, a solicitarem ao juiz a permissão paro o aborto. O Minstério da Saúde já fez convênio com o IPAS, organização internacional que divulga o aborto, para que a cada ano mil novos médicos sejam treinados sobre as técnicas de aborto.

O governo Lula desde o começo, afirmando de tratar o aborto como problema de saúde pública (afirmação mentirosa pois o número de mortes maternas não depende da  clandestinidade do aborto, mas do atendimento durante a gravidez, parto e pós parto), colabora ativamente com a agenda internacional de implantação do aborto e não mede esforços para convencer os brasileiros, em sua maioria contrários a esta prática, para que se convençam que a lei do aborto é uma coisa boa. Daí as esquizofrênicas declarações do Presidente Lula, que afirma que como cristão é contra o aborto, mas como chefe de estado deve promovê-lo para salvar vidas humanas. É o joguinho da dupla moral oportunista, pois o que interessa ao Presidente é não perder a colaboração econômica do FMI e das outras organizações internacionais, que para ajudar o terceiro mundo exigem que se adote a agenda abortista, em vista do controle populacional. Mais uma vez o Brasil está sendo vendido aos interesses internacionais.

A tática do sequestro de adolescentes grávidas para que abortem a todo custo para favorecer a agenda abortista já foi usada em 2003 na Nicarágua, na Bolívia também, e agora no Brasil e isto não acontece por acaso, mas de caso pensado. Precisamos abrir mais os olhos, nos organizarmos melhor na defesa da vida e não sermos ingénuos.

A firme tomada de posição de Dom José Cardoso Sobrinho é um sinal positivo de como a nossa Igreja, em colaboração com outras forças religiosas e sociais, pode se opôr a esta agenda de neo-paganismo que quer nos fazer engolir o aborto, a libertinagem sexual, o matrimônio gay e a eutanásia, que também faz parte da agenda do controle populacional, apelando para um falso conceito de liberdade.

Pe. Berardo Graz
sacerdote da diocese de Guarulhos SP,
membro da comissão diocesana e regional em defesa da vida,
formado em medicina e cirurgia na Itália, mas sem CRM no Brasil,
cidadão italiano e brasileiro

Regarding the article published in L’Osservatore Romano

[Tradução para o inglês da declaração da Arquidiocese de Olinda em Recife cá publicada; meus agradecimentos a LifeSiteNews.com, que a divulgou, e ao Rorate Caeli que a traduziu.]

Regarding the article entitled “Dalla parte della bambina brasiliana” [by Archbishop “Rino” Fisichella] and published in L’OSSERVATORE ROMANO on March 15, we the undersigned declare:

1. The fact [the rape of the little girl] did not happen in Recife, as the article states, but in the city of Alagoinha (Diocese of Pesqueira).

2. All of us – beginning with the parish priest of Alagoinha (undersigned) – treated the pregnant girl and her family with all charity and tenderness. The Parish priest, making use of his pastoral solicitude, when aware of the news in his residence, immediately went to the house of the family, in which he met the girl and lent her his support and presence, before the grave and difficult situation in which the girl found herself. And this attitude continued every day, from Alagoinha to Recife, where the sad event of the abortion of the two innocent [babies] took place. Therefore, it is quite evident and unequivocal that nobody thought in “excommunication” in the first place. We used all means at our disposal to avoid the abortion and thus save all THREE lives. The Parish priest personally joined the local Children’s Council in all efforts which sought the welfare of the child and of her two children. In the hospital, in daily visits, he displayed attitudes of care and attention which made clear both to the child and to her mother that they were not alone, but that the Church, represented by the local Parish priest, assured them of the necessary assistance and of the certainty that all would be done for the welfare of the girl and to save her two children.

3. After the girl was transferred to a hospital of the city of Recife, we tried to use all legal means to avoid the abortion. The Church never displayed any omission in the hospital. The girl’s parish priest made daily visits to the hospital, traveling from the city which is 230 km [140 mi] away from Recife, making every effort so that both the child and the mother felt the presence of Jesus the Good Shepherd, who seeks the sheep who need most attention. Therefore, the case was treated with all due care by the Church, and not ‘sbrigativamente’ [summarily], as the article says.

4. We do not agree [with Archbishop Fisichella] that the “decision is hard… for the moral law itself”. Our Holy Church continues to proclaim that the moral law is exceedingly clear: it is never licit to eliminate the life of an innocent person to save another life. The objective facts are these: there are doctors who explicitly declare that they perform and will continue to perform abortions, while others declare with the same firmness that they will never perform abortions. Here is the declaration written and signed by a Brazilian Catholic physician: “…As an obstetrician for 50 years, graduated in the National Medical School of the University of Brazil, and former chief of Obstetrics in the Hospital of Andarai [Rio de Janeiro], in which I served for 35 years until I retired in order to dedicate myself to the Diaconate, and having delivered 4,524 babies, many from juvenile [mothers], I never had to resort to an abortion to ‘save lives’, as well as all my colleagues, sincere and honest in their profession and faithful to their Hippocratic oath. …”

5. The affirmation [in the article] that the fact was made public in the newspapers only because the Archbishop of Olinda and Recife rushed to declare the excommunication is false. It suffices to notice that the case was made public in Alagoinha on Wednesday, February 25; the Archbishop made his pronouncement to the press on March 3; and the abortion was performed on March 4. It would be too much to imagine that the Brazilian press, before a fact of such gravity, would have silenced during the period of six days. Therefore, the news of the pregnant girl (“Carmen”) was made public in the newspapers before the consummation of the abortion. Only after that, when asked by journalists, on March 3 (Tuesday), the Archbishop mentioned canon 1398. We are convinced that the disclosure of this therapeutic penalty (the excommunication) will do much good to many Catholics, making them avoid this grievous sin. The silence of the Church would be very prejudicial, especially considering that fifty million abortions are being performed every year around the world, and in Brazil alone one million innocent lives are ended. The silence may be interpreted as collusion or complicity. If any doctor has a “perplexed conscience” [as the article says] before performing an abortion (which seems extremely improbable to us), he should – if he is a Catholic and wishes to follow the law of God – seek a spiritual director.

6. The article is, in other words, a direct attack of the defense of the lives of the three children vehemently made by Archbishop José Cardoso Sobrinho and leaves evident how much the author does not have the necessary data or information to speak on the matter, due to his utter ignorance of the facts. The text may be interpreted as an apologia of abortion, violating the Magisterium of the Church. The abortionist doctors were not in the moral crossroads mentioned by the text; on the contrary, they performed the abortion with full knowledge and coherence with what they believe and teach. The hospital in which the abortion on the little girl was performed is one of those in which this procedure is always performed in our state, under the cover of “legality”. The doctors who acted as executioners of the twins declared, and still declare in the national media, that they did what they are used to doing “with great pride”. One of them declared even that: “Then, I have been excommunicated many times”.

7. The author believed he could speak about [a situation] he did not know, and, what is worse, he did not even have the trouble of first speaking to his brother in the episcopate, and, for his imprudent attitude, he is causing great scandal among the Catholic faithful in Brazil who are believing that Archbishop José Cardoso Sobrinho was rash in his pronouncements. Instead of seeking his brother in the episcopate, he chose to believe in our openly Anti-clerical press.

Recife-PE, March 16, 2009

Fr. Cícero Ferreira de Paula
Chancellor – Archdiocese of Olinda and Recife

Mons. Edvaldo Bezerra da Silva
Vicar General – Archdiocese of Olinda e Recife

Fr Moisés Ferreira de Lima
Rector of the Archdiocesan Seminary

Dr. Márcio Miranda
Attorney for the Archdiocese of Olinda e Recife

Fr. Edson Rodrigues
Parish priest of Alagoinha-PE – Diocese of Pesqueira

Queremos Quaresma!

[Nota: em consonância com que o foi escrito aqui e aqui, publico também o vídeo produzido pela Julie sobre a Quaresma. O desabafo nele expresso é comum a todos nós católicos que não desejamos senão viver – na medida de nossas misérias e nossos pecados – o melhor possível este tempo santo que a Igreja instituiu com o propósito de nos prepararmos “para celebrar santamente a festa da Páscoa”. Só queremos ser católicos. Isso não é pedir demais. Por uma Quaresma de verdade!]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Za0W6Pj3ETA]

Tratado canônico da Revista “Algo Mais”

Encontrei no site de uma revista pernambucana uma das piores (sem brincadeira nenhuma – provavelmente é a pior de todas as) matérias sobre a recente polêmica envolvendo Dom José Cardoso que poderiam conseguir escrever. Esta matéria é tão absurda, mas tão absurda que eu chego a duvidar que alguém tenha sido capaz de produzi-la de boa fé. Em um certo sentido, chega até a ser engraçada. Vou me esquivar de responder às baboseiras que já foram ad nauseam refutadas, e me deter naquilo que a matéria da “Algo Mais” tem de original [que já é bastante coisa]. Vejam só:

O presidente da CNBB, dom Geraldo Rocha, afirmou que dom José não excomungou ninguém. Apenas advertiu que o ato praticado poderia dar margem ao anátema religioso. Anátema? Sim. Anátema. Mas só pode ser proferido pelo Papa.

Primeiro, é de causar espécie que o jornalista pareça não saber o que é “anátema”. Segundo, no caso, “anátema” e “excomunhão” são sinônimos, o que faz com que toda a aparente “surpresa” do autor da matéria não faça nenhum sentido. Terceiro, é um despautério sem tamanhos dizer que uma excomunhão só pode ser proferida pelo Papa! De onde essa besteira foi tirada?

Isso porque a excomunhão pode ser proposta por prelados que ocupam altos postos na hierarquia, mas tem que ser submetida a processos de apreciação e sancionada pelo papa, que, teoricamente, pela lei da Igreja Romana, é infalível nos atos de fé.

O desfile de besteiras aqui chega às raias do irracional. Não, não existe “proposição” de excomunhões por “prelados que ocupam altos postos na hierarquia”; não havendo a proposição, obviamente não existe tampouco a “sanção” do Papa. Ainda que houvesse, a infalibilidade do Papa “nos atos de Fé” nada tem a ver com a aplicação ou não de excomunhões, que não são atos de Fé, mas de Governo!

No caso em pauta, a excomunhão é latae sententiae, ou seja, automática. Isso significa que o bispo nem “impõe”, nem “propõe”, nem o Papa “sanciona”, nem nenhuma besteira do tipo: se ela é automática, significa exatamente que as pessoas que cometerem os delitos punidos com excomunhão automática estão… automaticamente excomungadas. Mais simples, impossível. Não sei de onde a revista “Algo Mais” foi buscar essa loucura expressa no parágrafo acima. E, no entanto, parece ser uma idéia fixa, porque o erro grosseiro é recorrente:

Tem que ser chancelada pelo papa, claro. Caso contrário, poderia ocorrer no mundo um vendaval de excomunhões, de acordo com a disposição pessoal de bispos e cardeais.

Não, não tem que ser chancelada coisa nenhuma, isso é invenção da revista. As excomunhões automáticas (como no caso presente) têm condições muito bem definidas no Direito Canônico para ocorrerem (que não tem nada a ver com “a disposição pessoal de bispos e cardeais”…). Já as excomunhões que são propriamente aplicadas como penas após um processo canônico são excomunhões verdadeiras sim; mas (e talvez tenha sido isso que o responsável por este disparate jornalístico quis dizer, mas não conseguiu) existe a possibilidade, como num processo qualquer, de apelação, e a Santa Sé é a última instância para a qual é possível apelar.

Não pode ser assim. Vejam os leitores o exemplo das leis. As leis federais, todas elas, têm que ser sancionadas pelo presidente da República. As estaduais pelos governadores e as municipais pelos prefeitos. As leis da Igreja, evidentemente, pelo papa.

Besteira monumental. Não tem nada a ver, uma excomunhão não é uma “lei”, e sim uma aplicação da lei. A analogia pertinente aqui seria com os processos judiciários do Direito Comum, onde há tribunais e onde é possível apelar; no entanto, não é o caso, porque não houve nenhum processo canônico, e sim uma pena automática na qual incorrem todos os católicos que praticam aborto, seguindo-se o efeito.

Como o papa não excomungou a mãe da menina nem os médicos, pois se assim tivesse sido a CNBB não poderia anular a excomunhão, verifica-se que foi falsa a divulgação da medida atribuída ao Vaticano.

Entenderam? Um raciocínio absurdamente nonsense, verdadeira pérola sofismática: neste caso, nenhuma das premissas é verdadeira. “O Papa precisa ratificar a excomunhão dos médicos” – falso. “A CNBB anulou a excomunhão” – falso. Como a CNBB anulou a excomunhão, então o Papa não pode tê-la ratificado e, por conseguinte, foi tudo uma mentira grosseira de Dom José desde sempre! Será possível que uma pessoa em sã consciência seja capaz de escrever involuntariamente uma asneira desse calibre? Estou boquiaberto até agora: a cada dia que passa, o mundo dá eloqüente e irrefutável testemunho de que a inteligência é sem dúvidas limitada; mas, a estupidez, não.