Niterói parece ser “território de missão”. Conheço alguns católicos de verdade que lá moram, entre leigos e sacerdotes; conheço poucos, porque não são muitas, infelizmente, as pessoas que conheço na cidade. Já estive em Niterói duas vezes, a última em novembro do ano passado; à época, não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Dom Alano, que estava em viagem. É uma pena, porque gostaria de ter tido a chance de me prostrar diante dele e pedir-lhe a bênção, agradecendo-lhe pela fidelidade ao seu ministério episcopal.
É no meio das adversidades que nós encontramos o heroísmo, porque é no fogo que se prova o ouro. Foi, então, com um misto de tristeza e alegria que eu recebi uma notícia segundo a qual Dom Alano pedia uma retratação de alguns fiéis da Arquidiocese.
Tristeza, porque a situação é obviamente absurda. Um grupo de sujeitos – cerca de duzentos – dar as costas à celebração da Santa Missa é um tremendo sacrilégio, uma completa falta de noção do que sejam as coisas santas. Afinal, o que essas pessoas faziam na Missa até então? Será possível que eles não tenham aprendido nada? Porque alguém ter a capacidade de dar as costas para o Santo Sacrifício da Missa é uma falta de respeito e uma irreverência tão grandes que… eu nem sei dizer.
E isto é muito preocupante. Se são os próprios católicos a darem as costas à Missa, que tipo de catequese esta gente anda recebendo? Ninguém lhes ensinou que Deus está presente no altar, em Corpo e Sangue, Alma e Divindade, após a Consagração do Pão e do Vinho? Ninguém lhes disse que, no Altar da Santa Missa, Cristo é imolado em propiciação pelos nossos pecados? Ninguém lhes avisou que o Altar da Missa e o Altar do Calvário eram um único Altar, onde Jesus, Sumo Sacerdote, oferece-Se a Deus Pai por nós? Ninguém lhes disse que é uma tremenda falta de respeito virar as costas para Deus, e pior ainda no preciso momento em que o Sacrifício da Cruz Se faz presente?!
É de partir o coração ouvir uma senhora dizer na reportagem:
Selma do Nascimento Silva, 55 anos, conta que há um mês abandonou a Igreja Evangélica Em Nome de Jesus, onde foi pastora por 25 anos, para “seguir os ensinamentos do padre”. “Conheci padre Dutra na hora certa. Ele me salvou”, disse Selma. Ela pretende voltar a ser evangélica e pôs à venda sua casa, próxima à paróquia.
Quais eram “os ensinamentos do padre” que a dona Selma estava seguindo? Será mesmo que o padre estava ensinando os seus paroquianos a darem as costas para a celebração do Santo Sacrifício da Missa? Não é natural que os padres ensinem aquilo que a Igreja ensina – e, portanto, o que dona Selma deveria fazer era seguir os ensinamentos da Igreja? Ver os paroquianos darem as costas à Santa Missa é o testemunho mais eloqüente que se poderia imaginar em favor da Arquidiocese: claro está que um pastor que deixe as ovelhas neste estado precisava ser afastado, para o bem dos fiéis.
Sandro Marraschi, um dos líderes dos protestos, contestou a Arquidiocese. “Não houve desrespeito. O protesto, pacífico, foi do lado de fora da igreja. Infelizmente, mais uma vez, é o bispo que se coloca de costas para os fiéis, sem nos dar explicações transparentes sobre a expulsão de padre Dutra”, rebateu.
É mesmo? Dar as costas à Santa Missa não é desrespeito? Onde foi que estes sujeitos aprenderam catecismo, pelo amor de Deus? Estas pessoas perderam completamente o senso do sagrado – é terrível! E ainda tentam cobrar do senhor Arcebispo “explicações transparentes” – como se Sua Excelência lhes devesse alguma coisa e não tivesse autonomia para administrar a sua Arquidiocese como melhor lhe parecer. Acaso querem implantar a democracia na Igreja Católica?
Há, no entanto, ao lado deste absurdo sem tamanhos, o brilho da atitude exemplar de Dom Alano Maria Pena. “De acordo com o assessor de imprensa da Arquidiocese, padre Leandro Freire, Dom Alano exige uma “retratação por escrito” dos cerca de 200 católicos” que participaram do protesto infame. Oferecemos os nossos mais sinceros parabéns a Sua Excelência Reverendíssima, que mais uma vez optou pela fidelidade à Igreja de Cristo, provavelmente em detrimento da sua própria imagem passada aos (in)fiéis da Paróquia de Santo Antônio. E rezemos, em desagravo ao Santíssimo Sacramento do Altar.