“A flor da Magnólia…”

Estas ruas são do centro da cidade do Recife – conheço-as. Passo por elas freqüentemente, pois ficam relativamente próximas do local onde trabalho. Este é o Bloco da Saudade; toca frevo de bloco, bem diferente do frevo de rua que estamos acostumados a ver nas apresentações culturais onde os passistas dançam Vassorinhas. Mas também é frevo e, por frevo, eu tenho um particular apreço.

O carnaval não precisava ser a depravação moral que nós, muitas vezes, vemos. Poderia ser uma bela festa: vejam só as fantasias que o pessoal da velha guarda usa para desfilar nas ruas do Recife! Nas mesmas ruas do mesmo carnaval onde vemos, muitas vezes, violência, depravação, drogas, excessos…

A imagem do carnaval não é muito bonita. Concedo que – como escrevi num blog antigo um dia – pode até haver uma certa razão nisso. Mas há o outro lado, o lado que me fascina e encanta: a brincadeira sadia nas ruas da cidade, ao som de músicas que têm décadas, e que a cada ano são cantadas com alegria, dando forte testemunho contra as “músicas descartáveis” que fazem sucesso estrondoso por pouquíssimo tempo nas nossas rádios. O frevo que é tradição, porque os nossos pais e avós cantavam. A festa que é o povo que faz – se o povo não saísse / não havia carnaval, como canta o Hino da Pitombeira. E o povo não precisa destruir o carnaval, sufocando-lhe com tudo o que não presta. Porque há muita coisa que presta.

Não fui às ruas de Recife nem às ladeiras de Olinda este ano, pois estava viajando no carnaval. Mas cantei frevo em Toulouse com meus dois amigos que comigo estavam. Os franceses devem ter pensado que éramos malucos, mas que importa? Frevo é muito bom, e é impossível passar o carnaval sem lembrar dele. Os comentários dos visitantes do Deus lo Vult!, hoje, trouxeram-me boas lembranças. Obrigado! :-)

Ana Clara desafia a medicina

Diante do lobby abortista para que seja aprovado o quanto antes o assassinato de crianças anencéfalas, argumentando-se que estas crianças nascem mortas ou vivem pouco após nascer, cabe perguntar: há outras doenças que, à semelhança da anencefalia, apresentam ao nascituro uma alta probabilidade de morte antes do parto ou de curta sobrevida?

O artigo a seguir, da autoria do Marcio Antonio Campos, foi publicado no Gazeta do Povo de Curitiba, em 12 de junho de 2005.

* * *

Ana Clara desafia a medicina

Bebê portador de doença rara contraria estatísticas
e família dá exemplo de amor e aprendizado

Os Alcântara têm vários motivos para comemorar o primeiro ano de uma vida que quase não existiu

Quando Antônio Carlos e Fernanda Alcântara souberam que o bebê que esperavam tinha uma doença genética, ouviram o mesmo veredito de vários médicos: a chance de a criança nascer viva era pequena; e, se nascesse, morreria logo, ou viveria como um vegetal. Na quarta-feira, Ana Clara comemora seu primeiro aniversário – apenas 1% dos portadores da síndrome de Edwards chegam a tanto. Se a risonha menina de olhos azuis soubesse o que tantos homens de branco disseram dela, teria uma razão a mais para sorrir.

Ana Clara chegou com uma surpresa atrás da outra. Antônio e Fernanda passaram anos tentando uma gravidez, sem sucesso. “Fizemos praticamente de tudo até o médico me dizer que não havia jeito”, lembra a psicóloga de 35 anos, casada há 6. O casal resolveu adotar uma menina – Maria Luíza, que chegou em setembro de 2003 e fará dois anos em agosto. Poucos meses depois, Fernanda estava grávida. “Acho que foi de felicidade de ter a Maria Luíza em casa”, arrisca.

Logo no início da gestação, houve descolamento de placenta, e a psicóloga precisou de repouso absoluto. Por causa do excesso de líquido amniótico, os exames foram intensificados e mais detalhados, até o diagnóstico: síndrome de Edwards – 9 em cada 10 bebês não chegam a sobreviver à gestação. No sexto mês de gravidez, Fernanda já sentia contrações, e o obstetra sugeriu uma micro-cesárea: o bebê tinha 630 gramas e tinha alguma chance de sobreviver. Além disso, Fernanda corria risco: seu útero frágil podia se romper, provocando hemorragia interna. O casal refletiu por dias e não aceitou a sugestão. “Para mim não havia diferença entre micro-cesárea e um aborto”, explica Antônio, que é advogado.

Com 8 meses de gravidez, Fernanda foi ao hospital Santa Brígida para o parto. Do lado de fora, uma UTI móvel do Pequeno Príncipe, onde duas salas de cirurgia diferentes esperavam o bebê: uma para o caso de hidrocefalia, e outra para problemas cardíacos, ambas conseqüências da síndrome de Edwards. Quando veio ao mundo, Ana Clara não chorou. “O silêncio era tão grande que dava para ouvir o coração de todo mundo na sala de cirurgia”, conta a mãe. Mas um dos obstetras percebeu que o cordão umbilical pulsava. Não demorou muito para o primeiro berro – e a estrutura do Pequeno Príncipe nem precisou ser usada.

Ana Clara tinha 1 quilo e 710 gramas, e foi para a UTI. Lá, teve crises de apnéia (paradas respiratórias durante o sono), paradas cardíacas e suspeita de meningite. Chegou a pesar 1,3 quilo. Durante dois meses, Fernanda e Antônio só podiam ver a filha por 1 hora e meia diária. “E nem podíamos pegar, ela estava na incubadora”, recorda a mãe. Foi quando apareceu um dos anjos da guarda da família, a pediatra Cristina Okamoto. “Eu perguntei como a Ana Clara estava, e ela respondeu ‘está bem hoje’. Como ela ia ficar no dia seguinte, não sabíamos. Mas o que importava era que, naquele momento, ela estava bem. A dra. Cristina nos ensinou a viver um dia de cada vez”, resume Fernanda. Quando Ana Clara finalmente foi para casa, Fernanda teve uma semana infernal: “eu só ficava com ela no colo, o tempo todo. Se engasgava, corria para o hospital. Estava pirando, dizendo bobagens.” Em seu auxílio veio o socorro de toda mãe iniciante: a avó de Ana Clara.

Depois da segunda internação na UTI, o casal conseguiu, depois de muita briga com o plano de saúde, um serviço de home care, com enfermeiras em casa por 24 horas. “O plano não queria: alegaram que não era preciso; que nossa filha tinha doença preexistente; e, quando cederam, chegaram a dizer que ofereciam o home care para a Ana Clara poder morrer em casa e não no hospital”, conta Antônio. Ainda houve uma terceira passagem pela UTI, da qual o bebê saiu em fevereiro – em um ano de vida, quase metade no hospital.

Hoje, Ana Clara tem 5 quilos e 52 centímetros – o tamanho de um bebê de dois meses. Um de seus rins não funciona e ela tem dois pequenos furos no coração, que a fazem se cansar mais rapidamente, além de uma lesão cerebral grave cujas conseqüências ainda não são conhecidas. Dependendo das áreas afetadas, ela pode não aprender a falar, ou andar. A pediatra Cristina conta que atualmente o bebê toma 10 remédios. Um aparelho monitora batimentos cardíacos e a respiração, e Fernanda sabe como agir em caso de apnéia.

A alimentação é feita com uma sonda que vai direto a seu estômago, mas aos 10 meses Ana Clara também começou a receber papinhas, depois de aprender o reflexo de deglutição. “Eu passei uma semana só dizendo ‘gente, minha filha come de colher!’ Com ela saboreamos cada vitória como essa”, diz Fernanda. A fisioterapia conseguiu fazê-la abrir as mãos e bater palmas. Nos primeiros meses, a pele sensível transformava qualquer toque em agressão. A solução foi encher o bebê de beijos sempre que possível – as “chuvas de beijos” são um jeito seguro de fazer Ana Clara sorrir. “Ela é movida a amor”, resume a mãe.

O riso de Ana Clara não esconde uma realidade que pode até passar despercebida nos melhores dias da criança: ela tem uma doença grave e crônica. A pediatra Cristina explica: “quando o bebê é recém-nascido e está lutando para viver, o pai sabe do risco e está pronto para aceitar o destino. Mas, depois da primeira vitória, ele se acostuma, até cair a ficha de novo de que ele pode perder o filho.” Para lidar com isso, o casal procurou um psicólogo. “Se eu a perdesse com um dia de vida, nosso vínculo ainda teria muito de fantasia, de como eu gostaria que tivesse sido. Mas perdê-la com um ano é totalmente diferente. Agora Ana Clara é real, e um terço do meu coração seria jogado fora”, conta a mãe.

Uma outra pergunta também passou pela cabeça dos pais. “Durante uma das internações, até nós nos perguntamos se não estávamos fazendo nossa filha sofrer demais”, lembra Antônio. A resposta veio em um papel que um amigo recebeu na igreja. “Dizia que felicidade é fazer bem o que a gente tem de fazer”, define Fernanda, que acredita estar seguindo a receita desde o começo. Ela trabalha com mulheres que fizeram aborto: “a culpa as persegue pelo resto da vida, mesmo tendo outros filhos depois”, explica.

Em um ano, Fernanda diz ter aprendido muitas lições: “não se pode ser professor de Deus. Engravidei, descobrimos o problema e me disseram que não havia perspectiva. Minha filha nasceu viva, e disseram que morreria logo. E veja só, ela nos reconhece, brinca com a Maria Luíza, tem uma boneca favorita, gargalha quando chega em casa.” Para comemorar, o casal dará “uma super-mega-festa para seis pessoas”– não é possível reunir tanta gente em casa em torno de uma criança tão frágil. Nas lembrancinhas, uma frase: “eu só existo porque você me ama.”

Marcio Antonio Campos

*******

Em 90% dos casos, bebês não chegam a nascer

O geneticista Salmo Raskin, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) e membro do projeto Genoma Humano, define a síndrome de Edwards como “acidente genético”, já que ela não tem características hereditárias. A doença é provocada pela chamada “trissomia do 18”: cada célula humana tem normalmente 23 pares de cromossomos (em cada par, um cromossomo vem do pai e outro da mãe), mas em alguns casos um par pode receber um cromossomo a mais, a chamada trissomia – se ela for observada no par 21, por exemplo, o resultado é a síndrome de Down.

A síndrome de Edwards recebeu o nome do médico inglês John Edwards, o primeiro a descrever a doença, em 1960. As chances de um bebê ter a síndrome são de uma em 8 mil (dez vezes mais que a síndrome de Down), mas Raskin explica que não se vêem muitas crianças com Edwards porque 90% delas morrem antes do parto. As que chegam a nascer raramente passam do primeiro ano de vida. Em 5% dos casos, observa-se o “mosaicismo”, uma variedade mais leve em que apenas parte das células tem o cromossomo a mais, enquanto as outras são normais – não é o que acontece com Ana Clara, que tem todas as células com a trissomia. Enquanto se conhecem alguns poucos pacientes com mosaicismo que chegaram até a adolescência, uma situação como a de Ana Clara foi definida por Raskin como “raríssima”.

O geneticista descreve algumas das conseqüências da síndrome: atraso no desenvolvimento, problemas cardíacos, respiratórios e renais, lesões cerebrais. Nas mãos, alguns dedos fecham-se sobre os outros, e os pés têm pontas arqueadas. “É uma qualidade de vida muito baixa”, observa Raskin. Para a psicóloga Rosa Mariotto, especialista em psicologia do desenvolvimento, uma ligação afetiva forte entre pais e o bebê pode prolongar sua vida. “O modo como os pais reagem interfere na criança, para bem e para mal. Isso não está escrito em DNA nenhum”, explica. A troca de olhares entre mãe e filho constitui um dos vínculos mais fortes. “Mesmo de forma frágil, a criança responde aos estímulos”, afirma a professora do curso de Psicologia da PUCPR.

********

STF ainda não decidiu sobre aborto de anencéfalo

A polêmica judicial sobre a autorização para o aborto em fetos com anencefalia deve chegar a um ano sem solução definitiva. Em 2004, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saúde entrou com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, e em 1.º de julho o ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar que permitia o aborto em caso de anencefalia. O plenário do STF derrubou a liminar em outubro, mas ainda deve se reunir para uma decisão final sobre o assunto. Durante a vigência da liminar, 58 mulheres fizeram abortos amparadas pela medida.

Em 9 de março deste ano, o Conselho Nacional de Saúde aprovou o aborto em caso de anencefalia. No entanto, o órgão não tem poder legal de autorizar definitivamente o procedimento no país. Enquanto isso, o aborto continua considerado crime em todos os casos, mas, de acordo com o artigo 182 do Código Penal, não tem punição nas situações de gravidez decorrente de estupro ou que ameace a vida da mãe – algumas correntes defendem que, ao extinguir a pena, o Código Penal também permitiria a interpretação de que o aborto nestes dois casos é permitido pela lei. O governo federal criou um grupo de trabalho com o objetivo de encontrar formas de legalizar o aborto no Brasil.

Everything

Eu não morro de amores por vídeos. Recebi este por email, deixei esquecido na caixa de entrada… abri por acaso, em um momento de fraqueza. Quando vi os dois jovens dançando, tive impulso de fechá-lo; mas a curiosidade foi mais forte. E valeu a pena, porque a apresentação dos garotos é primorosa!

You’re all I want,
You’re all I need,
You’re everything,
You’re everything!

Lifehouse não é uma banda cristã, mas alguns dos seus integrantes são cristãos. Esta música fala de Jesus Cristo. E a menina deu show no vídeo.