“O Papa pode estar certo” – Edward C. Green

[Original: Washington Post
Tradução: SOVA
]

O PAPA PODE ESTAR CERTO

por Edward C. Green
publicado no The Washington Post
em 29 de março de 2009, pg A15

Quando o Papa Bento XVI disse, recentemente, que a distribuição de camisinhas não está resolvendo, e pode até estar piorando, o alastramento do HIV/AIDS na África, ele detonou uma explosão de protestos. A maioria dos comentários não-católicos foi altamente crítica em relação ao Papa. Uma charge do Philadelphia Inquirer, reimpressa no The Post, mostrou o Papa como um vampiro pregando a uma multidão de doentes e moribundos africanos dizendo: “Bem-aventurados os doentes, pois eles não usaram camisinhas”.

No entanto, a verdade é que as evidências empíricas atualmente disponíveis concordam com as palavras do Papa.

Nós, liberais que trabalhamos nos campos da HIV/AIDS e do planejamento familiar em âmbito global, correríamos um terrível risco em termos profissionais se nos puséssemos ao lado do Papa num assunto tão polêmico quanto este. A camisinha se transformou num símbolo da liberdade e – junto com a contracepção –  da emancipação feminina, de tal forma que aqueles que questionam a “ortodoxia do preservativo” são acusados de serem contra aquelas causas. Meus comentários são somente sobre a questão dos preservativos funcionarem como meio de alastramento da epidemia generalizada de AIDS na África – nada mais que isso.

Em 2003, Normam Hearst e Sanny Chen, da Universidade da Califórnia, conduziram um estudo sobre a efetividade da camisinha para o Programa das Nações Unidas para a AIDS e não encontraram nenhuma evidência de que as camisinhas estivessem funcionando como medida de prevenção da AIDS na África. A UNAIDS discretamente renegou o estudo. (Os autores depois negociaram para publicar seus achados na edição trimestral da Studies in Family Planning). Desde então, os principais artigos publicados em outras publicações com peer revisions, tais como Lancet, Science e BMJ, confirmaram  que a camisinha não funcionou como uma intervenção primária [primary intervention] nas populações que sofrem com grandes epidemias dessa doença na África. Em um artigo de 2008 intitulado “Reassessing HIV prevention”, dez peritos em prevenção à AIDS concluiram que “mesmo após muitos anos de promoção generalizada e frequentemente agressiva, o uso consistente de camisinha não alcançou uma diminuição mensurável de novas infecções da epidemia na África subsaariana”.

Permita-me rapidamente acrescentar que a promoção do uso de camisinha funcionou em países como a Tailândia e Cambodja, onde a principal causa de transmissão do HIV é o sexo comercial e onde foi possível forçar uma política de uso em 100% dos prostíbulos (mas não fora deles). Em teoria, a promoção do uso da camisinha deveria funcionar em qualquer lugar. E, intuitivamente, algum uso da camisinha deveria ser melhor do que o não uso. Mas não é o que mostram as pesquisas na África.

E por que não?

Uma razão é a chamada “compensação de riscos”. Isto é, quando as pessoas pensam que estão mais seguras porque usam camisinhas ao menos uma parte das vezes, então elas acabam por praticar um sexo mais “arriscado” [engage in riskier sex].

Outro fator é que as pessoas raramente usam camisinhas em relacionamentos estáveis porque fazer isso implicaria numa falta de confiança. (E se a taxa de uso da camisinha sobe é possível que estejamos assistindo a um aumento do sexo casual ou comercial). Contudo, são essas relações sexuais que levam à piora da epidemia na África. Lá, a maior parte das infecções se dá na população em geral e não nos “grupos de alto risco”, como os “trabalhadores do sexo”, homens gays ou usuários de drogas injetáveis. E em significante proporção da população africana, as pessoas têm dois ou mais parceiros sexuais regulares ao mesmo tempo [who overlap in time]. Em Botswana, que tem um dos maiores índices de incidência de HIV, 43% dos homens e 17% das mulheres pesquisados tinham dois ou mais parceiros sexuais regulares no ano anterior.

Essa múltipla concomitância de parceiros sexuais se assemelha a uma gigantesca rede invisível de relacionamentos através da qual o HIV/AIDS se espalha. Um estudo em Malawi conclui que mesmo se o número médio de parceiros for levemente superior a dois, praticamente dois terços dessa população foi interconectada através dessa rede de relacionamentos sexuais.

Então, o que funcionou na África? Estratégias que quebraram essa rede de relacionamentos sexuais múltiplos concomitantes – ou, numa linguagem coloquial, mútua fidelidade monogâmica ou, ao menos, redução no número de parceiros, especialmente concomitantes. Celibato [closed] ou fidelidade poligâmica também podem funcionar.

No programa de prevenção lançado em Uganda, que começou em 1986, o foco foi Sticking to One Partner [“aderindo a um parceiro”] ou Zero Grazing (que significa  permanecer fiel dentro de um casamento poligâmico) e Loving Faithfully [“amar com fidelidade”]. Estas simples mensagens funcionaram. Mais recentemente, dois países com os maiores índices de infecção, Suazilândia e Botswana, lançaram campanhas que desencorajam as pessoas terem múltiplos e concomitantes parceiros sexuais.

Não me entendam mal: eu não sou anti-camisinha. Todas as pessoas deveriam ter pleno acesso à camisinha e ela deve sempre ser uma estratégia substituta para aqueles que não querem ou não conseguem permanecer em uma relação de mútua fidelidade. Este foi o ponto-chave no “Consenso de 2004” publicado e endossado por mais de 150 peritos em AIDS, incluindo representantes das Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde e Banco Mundial. Estes peritos também afirmaram que para os adultos sexualmente ativos, a primeira prioridade deveria ser promover a mútua fidelidade. Além disso, liberais e conservadores concordaram que a camisinha não podem vencer os desafios que permanecem críticos na África, tais como o sexo entre gerações, a desigualdade de gênero e o fim da violência doméstica, estupro e coerção sexual.

Certamente é hora de se começar a prover uma prevenção da AIDS na África baseada mais em evidências.

O autor é pesquisador senior na Harvard School of Public Health.

Bispo, pajé, xamã… ?

O respeito devido aos sacerdotes é particularmente difícil nos nossos dias. Quando as próprias autoridades religiosas não se dão ao respeito e parecem querer uma excessiva “mundanidade”, o que é que nós podemos fazer?

Foto: Maria Luiza Silveira
Foto: Maria Luiza Silveira

Soube hoje que o bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) foi ordenado com um cocar. Foi o próprio Dom Edson Damian que escolheu ser “ordenado em meio aos indígenas”, numa cerimônia aberta pelo pajé que “entrou balançando o Yaigê” [uma “grande lança ritual”] que serve para afastar “qualquer resquício de malefício”, na presença de “dezenas de padres, além de 11 bispos de vários locais do Brasil”.

A matéria não diz se também foi Sua Excelência que escolheu ser “coroado” com um cocar; mas diz que este foi “[u]m dos pontos altos da cerimônia”. Depende do ponto de vista, digo eu. Desconheço se Satanás já chegou outra vez tão alto no seu propósito de ridicularizar a Igreja de Deus. E, sob outra ótica, desconheço se uma cerimônia de sagração episcopal já foi tão rebaixada assim em outra época da história.

Um cocar! Vejam só, é ridículo. Para afastar os maus espíritos, Sua Excelência parece preferir o Yaigê às orações católicas; para ser coroado no dia de sua sagração, Sua Excelência parece preferir um cocar indígena a uma mitra católica. Parece preferir o paganismo ao Evangelho. E um sucessor dos Apóstolos recém-sagrado!

E não me venham com balelas de “inculturação”. Se os índios da época do descobrimento não precisaram de Yaigês para entenderem o que era a Santa Missa, por que os de hoje precisariam? Se os índios foram evangelizados ao longo de vários séculos sem que ninguém precisasse paganizar a Santa Missa, por que isso hoje seria necessário? Ademais, a inculturação (além de ser um processo orgânico e não artificial como este escândalo) pressupõe a purificação da cultura, e a superstição besta de afastar “qualquer resquício de malefício ou impedimentos” balançando umas sementes está longe de ser um elemento purificado, está longe de ser compatível com a Doutrina Católica.

Dom Damian quer ser bispo católico para levar o Evangelho da Salvação aos índios, ou quer brincar de ser pajé ou xamã no século XXI para ficar fazendo parte de rituais pagãos sobre os quais há muito tempo já imperou a Cruz de Cristo? Não há meio termo possível. Está nas Escrituras Sagradas que não existe união alguma entre Cristo e Belial. E acrescento eu: tampouco entre Cristo e Tupã.

Curso de Billings em Recife

Divulgando, a quem interessar possa.

Lembro a todos que é “de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação” (Humanae Vitae, 14). Não obstante, se “existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimônio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar” (HV, 16).

Na realidade, entre os dois casos existe uma diferença essencial: no primeiro, os cônjuges usufruem legitimamente de uma disposição natural; enquanto que no segundo, eles impedem o desenvolvimento dos processos naturais. É verdade que em ambos os casos os cônjuges estão de acordo na vontade positiva de evitar a prole, por razões plausíveis, procurando ter a segurança de que ela não virá; mas, é verdade também que, somente no primeiro caso eles sabem renunciar ao uso do matrimônio nos períodos fecundos, quando, por motivos justos, a procriação não é desejável, dele usando depois nos períodos agenésicos, como manifestação de afeto e como salvaguarda da fidelidade mútua. [id. ibid.]

Aprendamos a respeitar os dons concedidos por Deus aos homens.

convitecimn

Deus lo Vult! Ano II

Há um ano atrás se iniciava este espaço virtual. Dia 26 de maio de 2008, o Deus lo Vult! levantava âncoras. Começava eu meio trôpego, em parte animado com alguns outros amigos católicos que conseguiam manter na blogosfera um importante trabalho de evangelização, em parte receoso com a minha dificuldade de manter constância em blogs, já muito bem conhecida por mim. No entanto, olhando hoje para trás, só tenho a agradecer a Deus por ter me dado a coragem de começar.

Temos hoje aqui 750 postagens no arquivo e quase 10.000 comentários. Peço a Deus todos os dias que este espaço possa ser de serventia aos católicos que amam a Sua Igreja e – por que não? – aos não-católicos que sempre por aqui aparecem. Por muitas outras vezes comecei e naufraguei, mas graças a Deus hoje o Deus lo Vult! entra no seu Ano II e continua navegando. Permita-o Deus, sempre com o estandarte de Cristo desfraldado. Permita-o Deus, sem nunca temer abismos nem procelas. Permita-o Deus, sem nunca preferir a calmaria dos portos aos desafios do mar aberto.

Escrevia há um ano: “[o] chamado ao combate, aceito ou não, continuará a ressoar em nossos ouvidos, a cada dia de nossas vidas: aux armes! E é melhor que ele nos sirva de ânimo em meio à batalha, do que remorso doloroso da consciência, em meio à pseudo-paz da fuga ao dever”. E subscrevo-me, hoje, repetindo a exata mesma coisa, atestada na pele por meio da experiência do ano que passou: é muito melhor que o chamado ao combate – o chamado que o Senhor dos Exércitos dirige diuturnamente aos Seus soldados, membros da Igreja Militante – sirva de estímulo em meio à batalha, de forças para continuar, do que de lamentos e arrependimentos por não termos feito o que poderíamos fazer. Não permita Deus jamais que nos esqueçamos deste nosso dever, que nos façamos de surdos aos Seus chamados!

À Virgem Santíssima, Maria Porta do Céu – Janua Coeli -, de quem ouso chamar-me escravo, que tantas e tantas vezes me ajudou, repito o oferecimento: que tudo o que faço possa ser por Ti, Contigo, em Ti e para Ti, o Virgo Gloriosa super omnia benedicta. Que este espaço virtual a Ti consagrado possa servir ao Deus Altíssimo. Que Vós, Mãe Admirável, possais tomar sob o Vosso maternal cuidado a mim e a tantos quantos visitam estas páginas da internet. Lembrai-Vos de falar bem de nós – ainda que não mereçamos – na presença do Deus Onipotente.

E a todos quantos visitam este blog, alguns amigos reais que sempre por aqui aparecem e, outros, amigos virtuais que aqui conheci, aos anônimos que lêem sem comentar, os meus mais sinceros agradecimentos. Nada disso poderia ser feito se não fosse por vocês. Que Maria Santíssima os possa manter firmes na Fé Católica, ou a Ela conduzir caso se encontrem distantes da Casa do Pai.

Continuemos alerta, às brechas das muralhas, vigilantes. Porque, mesmo após um ano, continuamos tendo muito por fazer.

Viva Jesus Cristo! Viva a Sua Cruz!

Salve a Santíssima Virgem, Mãe de Deus e nossa também!

Viva a Igreja de Jesus Cristo, Católica e Apostólica!

Longa vida ao Papa, Doce Cristo na Terra!

Agradecimento de Dom José Cardoso

AGRADECIMENTO DO ARCEBISPO DE OLINDA E RECIFE

Tendo recebido de várias entidades nacionais e internacionais e sobretudo de centenas de irmãos e irmãs – tanto do Brasil como de vários outros países – mensagens de solidariedade e felicitações pelo meu posicionamento por ocasião do recente evento clamoroso ocorrido nesta Arquidiocese de Olinda e Recife (o delito canônico do aborto) – quando mencionei publicamente a legislação vigente da nossa Santa Igreja, a qual estabelece a aplicação automática da excomunhão -, desejo manifestar a todos minha profunda gratidão, invocando sobre todos e cada um a plenitude das bênçãos do Nosso Salvador Jesus Cristo, que “veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (cf João 10,10).

A aplicação de penalidades canônicas é um meio usado pela nossa Santa Igreja, desde os tempos apostólicos, para induzir os cristãos ao cumprimento da Lei de Deus e à salvação eterna. “Deus quer que todos sejam salvos” (cf 1 Tm 2,4) e para isto é necessário a conversão, ou seja, a mudança de comportamento, deixando de praticar o mal e conformando a própria vida aos ditames da Lei de Deus. Misericórdia não é conivência com o mal, com as violações da Lei de Deus.

O Cân. 1398 do Código de Direito Canônico, é uma lei vigente da nossa Santa Igreja, aprovada pelo Vigário de Cristo na terra, o servo de Deus João Paulo II (promulgador do novo Código em 1983) e tem como finalidade ajudar espiritualmente todos os membros da Igreja a evitarem a violação gravíssima do 5º mandamento do Decálogo pela supressão de vidas inocentes e indefesas. É um “remédio” espiritual usado pela Igreja para induzir o pecador à conversão, isto é, à mudança de comportamento. Silenciar sobre esta sanção automática ou – pior ainda – desejar a sua ab-rogação é causar um mal imenso ao Bem Comum da sociedade eclesiástica e à salvação eterna dos filhos de Deus.

Para induzir seus discípulos a praticarem o bem, conformando a própria vida às exigências da Lei de Deus, o próprio Salvador Jesus Cristo falou claramente sobre o perigo real de condenação eterna (cf Mt 11,23; 13,41-42; 25,31-46; Mc 9,43-48; Lc 16,19-31). Esta é a finalidade das penalidades estabelecidas pela Igreja.

Temos provas de que a ampla divulgação deste evento ocorrido em nossa Arquidiocese já está produzindo ótimos frutos na vida espiritual de muitas pessoas.

Reitero, portanto, minha profunda gratidão em primeiro lugar ao Autor da vida, o “Pai das luzes, do qual provém toda dádiva perfeita” (cf 1 Tg 1,17). Agradeço também a todos os irmãos e irmãs que me enviaram mensagens de solidariedade e testemunharam sua total fidelidade à Lei de Deus e às normas canônicas da nossa Santa Igreja.

Que Deus nos conceda a todos a graça de continuarmos a trabalhar unidos em defesa da vida.

Recife, 19 de maio de 2009
Dom José Cardoso Sobrinho
Arcebispo de Olinda e Recife

Agradecimento do Arcebispo de Olinda e Recife – clique para baixar

Orações pela China

Ontem, durante a Oração da Assembléia da Santa Missa, o sacerdote lembrou-nos do pedido do Santo Padre para que rezássemos pela Igreja Católica na China. Domine, Te rogamus, audi nos! Confesso que não me lembrava deste pedido; ele está na carta do Santo Padre aos católicos chineses publicada há dois anos, em maio de 2007, onde era proposta uma Jornada de oração pela Igreja na China:

Caríssimos Pastores e todos os fiéis, o dia 24 de Maio, dedicado à memória litúrgica da Bem-aventurada Virgem Maria, Auxílio dos Cristãos — que é venerada com tanta devoção no santuário mariano de Shesham em Shanghai —, poderia tornar-se no futuro ocasião para os católicos de todo o mundo se unirem em oração com a Igreja que está na China.

Carta à Igreja Católica da República Popular da China, 19.

Que a Virgem Santíssima, Auxilium Christianorum, possa olhar com particular cuidado pelos cristãos que sofrem nas terras que São Francisco Xavier tão ardorosamente desejou evangelizar. Que esta Boa Senhora, tendo ajudado os filhos de Deus a vencerem as hordas turcas em Lepanto, não negue a Sua poderosa intercessão a fim de que, hoje, os católicos chineses possam vencer o regime materialista ateu que tão duramente os oprime. Rezemos a Ela pela Igreja perseguida.

A propósito, hoje foi publicada uma matéria sobre um chinês, sobrevivente da Grande Fome de Mao Tsé-Tung, que escreveu um livro sobre o assunto. Yang Jisheng, nascido em 1940, sobreviveu aos descalabros do ditador chinês e, hoje, conta em detalhes os horrores daquele tempo.

Os meios de comunicação do regime e os responsáveis do partido observam, evidentemente, um silêncio total sobre o conteúdo das mais de mil páginas escritas pelo velho jornalista. “Mu Bei” está disponível em chinês, mas apenas em Hong Kong. Yang Jisheng, entretanto, não foi incomodado pelas autoridades, embora ele não meça suas palavras para exprimir críticas audaciosas: “A catástrofe do Grande Salto não é somente resultado de uma política errônea, mas também da natureza totalitária do sistema”.

Rezemos, agora, uma ave-maria pela China.

Ave Maria,
cheia de Graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres
e bendito é o Fruto do Vosso Ventre, Jesus.

Santa Maria,
Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores,
agora e na hora de nossa morte.
Amen.

Pulchrum

Uma das coisas mais tocantes da história do Brasil foi aquela passagem da carta de Pero Vaz de Caminha, quando ele narra a primeira missa no Brasil. Ele conta que os portugueses chegaram, os padres formaram o altar, prepararam o órgão e começou a missa. Os índios foram chegando e começaram a imitar os gestos dos portugueses. Um detalhe interessante é que durante a missa chegou um outro grupo de índios. Um índio do primeiro grupo, que já estava ali, quando certamente interrogado por um índio do segundo grupo sobre o que estava acontecendo, apontou para a missa e apontou para o céu. Para mim este é o melhor comentário sobre a missa. Apontou para a missa e apontou para o céu: quer dizer, está-se passando a comunicação da terra com o céu. Está-se fazendo uma coisa sagrada. Esse caráter sagrado é que a gente não pode deixar perder na liturgia.

Entrevista de Dom Fernando Rifan publicada em ZENIT.

O Belo, ao lado do Bom e do Verdadeiro, é transcendente. Verum, Bonum, Pulchrum: o Universo é uma catedral, como disse certa vez Plínio Corrêa de Oliveira. Talvez as pessoas não percebam imediatamente o sentido dessas palavras: a Beleza é absoluta, e não relativa, como também a Verdade é absoluta e a Bondade é absoluta.

Nos dias de hoje onde impera a ditadura do relativismo, talvez o Pulchrum tenha sido o transcendental mais duramente atacado. Frases que caíram no inconsciente popular como, p.ex., “gosto é gosto e cada um tem o seu”, junto com a avalanche de coisas horrorosas que foram empurradas às pessoas sob o singelo nome de “arte moderna”, contribuíram de maneira muito eficaz para isso. O resultado foi a perda do “senso estético” e a dificuldade de se compreender como é possível que a Beleza seja absoluta. Hoje em dia, é politicamente incorreto chamar o que quer que seja de “feio”; o que há são “belezas diferentes”.

Um amigo sacerdote disse-me outro dia, quando lhe perguntei sobre o porquê de serem construídas igrejas tão feias – sim, porque o abandono do Pulchrum atingiu desgraçadamente até mesmo a arquitetura das nossas igrejas -, uma coisa muito interessante. Falou que, para constatar que uma igreja antiga era realmente bela, bastava mostrá-la às pessoas. Todas elas, ainda que simples, iriam contemplá-la embevecidas, mesmo que não soubessem explicar cada um dos detalhes que ela continha, e iriam dizer que ela era bonita. Já uma obra de arte moderna, para poder ser contemplada, é necessário um especialista que explique uma série de coisas sem as quais ninguém consegue encontrar nela nada de aprazível. Esta [bem discutível] “beleza” escondida por detrás de um monte de técnicas modernas e paradigmas estéticos que de modo algum são evidentes é característica da arte moderna. E é o contrário de, por exemplo, uma catedral. Nas igrejas que são belas porque são erigidas em honra d’Aquele que é Belo, a beleza é manifesta – não escondida. É ao alcance de todos, e não somente de um grupo restrito de “iniciados” nos arcanos da estética.

E as igrejas são feias porque abandonaram o Pulchrum, abandonaram o Belo. Poder-se-ia falar em uma apostasia arquitetônica generalizada. Se os templos são feios, como se pode esperar que eles conduzam para o Deus que é Belo…? Subverter a arte e esconder a beleza é uma forma de tirar Deus do alcance das pessoas. Deus é encontrado também na beleza das coisas criadas. Privar as pessoas da Beleza é privá-las de oportunidades de elevar o pensamento, ao Deus que é Belo, por meio das coisas belas.

E o mesmo vale para a Sagrada Liturgia. Se a celebração não for bela – “bela” em relação ao Pulchrum que é transcendental, óbvio, e não de acordo com o [mau] gosto de cada um -, ela não ajuda os fiéis a elevarem-se a Deus e, ao contrário, pode até atrapalhá-los. Sim, qualquer semelhança com a “Escola Litúrgica da CAJU” não é mera coincidência, mas não é somente dela que eu estou falando, e sim da liturgia mal celebrada que encontramos em todos os lugares. A citação de Dom Rifan em epígrafe explica bem isso, e faço questão de trazê-la também no original de Pero Vaz de Caminha:

E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. (…) Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles [índios], assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.

Estiveram assim conosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nós outros. E alguns deles, por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinqüenta ou cinqüenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos!

Isto é a beleza da Liturgia, expressão do Pulchrum que consegue ser percebida tanto por portugueses quanto por nativos selvagens. Esta é uma experiência que nós, infelizmente, provavelmente não conseguiríamos repetir hoje em dia, se mostrássemos uma missa católica mediana a alguém de cultura diferente da nossa – e tal coisa é uma tristeza, uma desordem que precisa ser sanada. Precisamos recuperar o senso estético dos católicos, resgatar o Belo da Liturgia, o Pulchrum na Igreja do Deus que é Infinita Beleza. Para que assim Ele possa mais facilmente ser encontrado e adorado como convém a Sua Infinita – e Infinitamente Bela! – Majestade.

Elogios e reclamações

Elogiando o que merece ser elogiado: a CNBB protestou contra a PEC do divórcio, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara na última quarta-feira pela esmagadora maioria dos deputados: 374 votos a favor contra apenas 15 contra. A proposta é para que se elimine o tempo de “prévia separação judicial por mais de um ano ou comprovada separação de fato por mais de dois anos” exigido pela Constituição Brasileira para que os cônjuges possam se divorciar.

É uma vergonha que a maior parte das pessoas pareça simplesmente não se importar com isso. A proposta foi aprovada no mais constrangendor silêncio, como se fosse uma coisa corriqueira e banal ou – pior ainda! – entre loas como se fosse a “solução para um anacronismo legal finalmente (…) enunciada”, como disse um editorial da Folha de São Paulo de hoje (22/5/2009).

Somente quinze deputados votaram contra esta [mais uma] afronta à família brasileira, que já é tão violentamente atacada por todos os flancos. Aprovar o “divórcio imediato” é, sim, banalizar ainda mais a instituição familiar, como disse o vice-presidente da CNBB na matéria citada.

É o individualismo institucionalizado. A família tem função social – afinal, é célula mater da sociedade – e, por isso, recebe alguns benefícios do Estado [é por isso, aliás, que as “duplas gays”, que não têm a mesma função social da família, não podem receber as mesmas proteções estatais]. É falso que a separação dos cônjuges interesse somente aos dois: interessa a toda a sociedade. Transformar o casamento civil numa “qualquer-coisa” que pode ser feita, desfeita ou refeita a qualquer momento é educar os cidadãos para a irresponsabilidade. A lógica absurda dos defensores do divórcio é que a célula mater da sociedade… não deve absolutamente nada à sociedade, e só responde a ela mesma. Triste mundo no qual vivemos.

Agora, protestando contra o que deve ser protestado: não existe uma nota no site da CNBB contra esta PEC do divórcio (embora exista uma a favor de outra PEC que intenta incluir a alimentação como “direito social”…). Existe, no entanto, uma notícia que fala sobre o assunto e que é simplesmente ridícula.

A manchete da notícia fala sobre a tal PEC da alimentação. Lá pelas tantas, o texto fala sobre a Amazônia. Depois, sobre a PEC do divórcio e, por fim, sobre “homofobia”. Segundo a notícia do site da CNBB, o presidente da conferência teria dito que esta PEC é “irrelevante” (!). Percebam o absurdo: a mídia secular noticia que a CNBB criticou a PEC, enquanto o próprio site da Conferência não fala quase nada!

E, para fechar com chave de ouro a notícia, questionado sobre a homofobia [ou, melhor dizendo, questionado sobre o projeto de lei da Mordaça Gay], dom Dimas, ao invés de denunciar o lobby gayzista ou protestar contra esta lei absurda, disse ser “inconcebível qualquer tipo de discriminação e preconceito” e que “[n]ão podemos discriminar ninguém por ser homossexual, negro, quilombola, índio, migrante”. Oras, tudo isso é óbvio, mas o projeto de lei não existe para acabar com o preconceito, e sim para transformar os gays em uma super-classe de cidadãos e acabar com a liberdade religiosa no país! Não adianta falar sobre o óbvio com essa gente, porque a novilíngua por eles utilizada impede a correta compreensão das idéias. Para um gayzista, “respeito” é deixar as duplas de marmanjos ou lésbicas agarrarem-se em público e “discriminação” é impedi-los de adotar crianças. Espanta-me que os assessores de imprensa da CNBB não saibam essas obviedades.

Mais convite – Opus Dei em Recife

[Cumprindo a minha promessa, repasso o convite das atividades da Obra em Recife para rapazes, conforme recebi por email e apaguei por engano, achando que se tratava do mesmo convite para moças anteriormente divulgado… mea culpa.]

É com alegria que comunicamos a realização de atividade do Opus Dei, em Recife. Será na Capela do Real Hospital Português, à Av Gov. Agamenon Magalhães, Derby, no dia 4 de junho, das 19h às 20h45 . O encontro, com o nome de Recolhimento, constará de duas meditações de 30 minutos cada, com intervalo, sobre o tema Dever: amor e rotina.

Antes do Recolhimento, entre 17h e 19h, o sacerdote que proferirá as palestras (ou meditações), atenderá a direção espiritual individual nesse mesmo local. Para marcar um horário, por favor, entre em contato por meio deste e-mail <estevesroggerio@gmail.com> ou (11) 7076-6397.

Fique à vontade para convidar amigos que gostariam de participar dessa oportunidade de formação católica. Como é sabido, o Opus Dei tem atividades para homens e mulheres feitas em dias diferentes.

Fico à disposição para o que for necessário..

Cordialmente
Ariovaldo Esteves Roggerio

Convite – Opus Dei em Recife

[Repassando, conforme recebi por email. Notem que é uma palestra para moças. Quando tiver conhecimento de alguma para rapazes, aviso também aqui com prazer.]

“Como alcançar a felicidade”

Palestra para moças colegiais, universitárias e jovens profissionais.

Teremos também uma breve explicação sobre a espiritualidade do Opus Dei.

Dia e horário: dia 2 de junho, terça-feira, das 19:00 às 20:00h
Local: Salão Social do Ed. Jaqueira Garden
Endereço: Rua Gildo Neto 125, Tamarineira