A Irlanda e a difamação (ou “A endemia abusiva irlandesa”)

Um amigo falou-me de manhã sobre a Irlanda. Disse que tinha visto a reportagem do Jornal Nacional de ontem à noite, sobre os casos de abusos infantis lá ocorridos. Questionou a forma como a notícia fora apresentada no horário nobre da Globo, e trouxe a notícia reproduzida pela Folha de São Paulo (que encontrei online no Diário do Noroeste) sobre o mesmo assunto. Permito-me reproduzir aqui em linhas gerais os seus principais questionamentos, salientando que não assisti ao Jornal Nacional e pedindo a quem o fez que possa confirmar ou negar as seguintes informações:

1. O período ao longo do qual ocorreram os abusos foi superior a 60 anos (da década de 30 até os anos 90), coisa que não teria ficado claro nas reportagens televisivas.

2. Tampouco havia ficado claro na televisão que não se tratavam de escolas “normais”, e sim de espécies de “reformatórios”.

3. Os abusos não eram de natureza exclusivamente sexual, coisa que – mais uma vez – não fora deixada clara na Globo.

Passo, agora, aos meus comentários.

Prato cheio para os inimigos da Igreja de todas as matizes! Uma endemia de maus tratos infantis e de abusos sexuais de crianças perpetrados por padres e freiras, ao longo de seis décadas! Sim, é doloroso, e ninguém o nega. É revoltante, sem sombra de dúvidas. No entanto, são também revoltantes as atitudes de uma certa mídia sensacionalista e descomprometida com a exatidão dos fatos, manipulando as tragédias alheias para semear o ódio e a revolta contra a Igreja de Nosso Senhor.

Repito que os inimigos da Igreja não conseguirão jamais ter uma idéia da dimensão da gravidade dos erros dos sacerdotes do Deus Altíssimo. Lembro-me de que um padre meu amigo mostrava-me, outro dia, um antigo livrinho de meditações para sacerdotes, e a parte que ele lia falava exatamente sobre isso. Citando de memória, era alguma coisa como “repara naquelas atitudes que nos outros são apenas pequenas falhas mas, em ti, são pecados gravíssimos”. Ora, se as pequenas coisas – que podem ser feitas pelas pessoas “normais” sem que isso lhes acarrete grande culpas – mancham gravemente os sacerdotes, quanto mais não os mancharão aquelas coisas que até mesmo entre pessoas sem fé são gravíssimas?

A pedofilia entre os sacerdotes é uma coisa gravíssima, e os não-católicos não têm dimensão do quanto o é. Mas não encontro justificativa para que se manipulem os fatos a ponto de que eles pareçam piores do que já são. Tomo a manchete da notícia para ilustrar o que eu digo: Irlanda teve “abuso endêmico” cometido por padres e freiras, diz comissão. Note-se que a reportagem não traz números (a não ser 200 instituições que teriam recebido 30.000 pessoas durante as seis décadas e meia). Note-se também que há um “detalhe” citado bem en passant na reportagem, que diz que “[q]uando autoridades [do Estado] eram alertadas sobre os problemas, ‘mantinham-se em silêncio'”. Por que motivo a manchete não é alguma coisa como “Governo Irlandês acoberta durante sessenta anos casos de pedofilia”? Note-se também que a reportagem critica os superiores eclesiásticos que transferiam os acusados para outros locais, mas não diz qual seria a outra alternativa já que o Estado, segundo a mesmíssima reportagem, “mantinha-se em silêncio” quando era acionado. Note-se ainda que a reportagem não cita as situações dos outros reformatórios que não eram administrados pelas ordens religiosas, para que seja possível uma comparação.

Enfim, há tanta coisa a ser notada, mas não vou continuar. Para os católicos não importa tanto, porque nada disso tira a gravidade dos fatos e o mal provocado a toda a Igreja por estes membros do clero; nada disso justifica os maus procedimentos de sacerdotes do Deus Altíssimo ou de religiosos consagrados à via da perfeição. Nada justifica. Choremos aos pés da Virgem pelas iniqüidades dos sacerdotes do Seu Filho. Ofereçamos a Deus orações e mortificações em reparação pelos pecados do clero. Que Ele tenha misericórdia de nós todos, e digne-Se conceder-nos santos sacerdotes.

“Pope to you”

Gostaria de concluir esta mensagem dirigindo-me, em particular, aos jovens católicos: para encorajá-los a trazer o testemunho de sua Fé para o mundo digital. Queridos irmãos e irmãs, eu peço a vocês que introduzam na cultura deste novo ambiente de comunicações e tecnologia da informação os valores sobre os quais vocês construíram as suas vidas.

Bento XVI, 43º Dia Mundial das Comunicações.

Sir, yes sir! =)

– Foi inaugurado o portal “Pope to You” da Santa Sé. Não tive ainda tempo de dar uma boa olhada, para ver se é realmente útil; as promessas, no entanto, são animadoras.

– O Gustavo comentou de manhã um pouco sobre o assunto; vejam aqui.

– Em ZENIT: Papa convida jovens a serem missionários do mundo digital.

– A mensagem acima também está disponível em português (só depois eu vi) no site do Vaticano.

Aux armes, portanto. Deus lo Vult!

“Coroação de Nossa Senhora de Fátima” – Pio XII

[O] vosso mesmo concurso imenso, o fervor das vossas preces, o troar das vossas aclamações, todo o santo entusiasmo que em vós vibra incoercível, e, depois, o sagrado rito, que se acaba de realizar nesta hora de incomparável triunfo da Mãe Ssma., evocam ao Nosso espírito outras multidões bem mais inumeráveis, outras aclamações bem mais ardentes, outros triunfos bem mais divinos, outra hora — eternamente solene — no dia sem ocaso da eternidade: quando a Virgem gloriosa, entrando triunfante na pátria celeste, foi atravez das jerarquias bem-aventuradas e dos coros angélicos sublimada até ao trono da Trindade beatíssima, que, cingindo-lhe a fronte de um tríplice diadema de glória, A apresentou à Corte celestial, assentada à direita do Rei imortal dos séculos e coroada Rainha do universo.

E o Empíreo viu que Ela era realmente digna de receber a honra, a glória, o império, — porque mais cheia de graça, mais santa, mais formosa, mais endeusada, incomparavelmente mais, que os maiores Santos e os Anjos mais sublimes, ou separados ou juntos; —  porque misteriosamente emparentada na ordem da União hipostática com toda a Trindade beatíssima, com Aquele que só é por essência a Majestade infinita, Rei dos reis e Senhor dos senhores, qual Filha primogénita do Padre e Mãe estremosa do Verbo e Esposa predilecta do Espírito Santo; — porque Mãe do Rei divino, d’Aquele a quem desde o seio materno deu o Senhor Deus o trono de David e a realeza eterna na casa de Jacob e que de si mesmo proclamou, ter-lhe sido dado todo o poder nos céus e na terra: Ele o Filho Deus, reflecte sobre a celeste Mãe a glória, a majestade, o império da sua realeza; — porque associada, como Mãe e Ministra, ao Rei dos mártires na obra inefável da humana Redenção, lhe é para sempre associada, com um poder quasi imenso, na distribuição das graças que da Redenção derivam.

Jesus é Rei dos séculos eternos por natureza e por conquista; por Ele, com Ele, subordinadamente a Ele, Maria é Rainha por graça, por parentesco divino, por conquista, por singular eleição. E o seu reino é vasto como o de seu Filho e Deus, pois que de seu domínio nada se exclue.

Por isso a Igreia a saúda Senhora e Rainha dos Anjos e dos Santos, dos Patriarcas e dos Profetas, dos Apóstolos e dos Mártires, dos Confessores e das Virgens; por isso a aclama Rainha dos céus e da terra, gloriosa, digníssima Rainha do universo: Regina caelorum, gloriosa Regina mundi, Regina mundi digníssima: e nos ensina a invocà-la de dia e de noite entre os gemidos e lágrimas de que é fecundo este exílio: Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida doçura, esperança nossa.

É que a sua realeza é essencialmente materna, exclusivamente benéfica.

[…]

Vós, coroando a imagem de Nossa Senhora, assinastes, com o atestado de fé na sua realeza, o de uma submissão [à] sua autoridade, de uma correspondência filial e constante ao seu amor. Fizestes mais ainda: alistastes-vos Cruzados para a conquista ou reconquista do seu Reino, que é o Reino de Deus. Quer dizer: obrigastes-vos a trabalhar para que Ela seja amada, venerada, servida à volta de vós, na família, na sociedade, no mundo.

E que nesta hora decisiva da história, como o reino do mal com infernal estratégia emprega todos os meios e empenha todas as forças para destruir a fé, a moral, o Reino de Deus, assim os filhos da luz e filhos de Deus têem de empenhar tudo e empenhar-se todos para o defender, se não se quer ver uma ruina imensamente maior e mai desastrosa que todas as ruinas materiais acumuladas pela guerra.

Nesta luta não pode haver neutros, nem indecisos. É preciso um catolicismo iluminado, convicto, desassombrado, de fé e de mandamentos, de sentimentos e de obras, em particular e em público.

Anúncio radiofónico do Papa Pio XII aos fiéis portugueses por ocasião da solene celebração da coroação de Nossa Senhora de Fátima, 13 de maio de 1946.

A Escola Litúrgica da CAJU

Um amigo enviou-me por email uma pequena nota publicada no Sector Católico, sobre uma tal escola de liturgia brasileira “de Caju”, cujo conteúdo era o seguinte:

La Escola Litúrgica de Caju

Hoy SECTOR CATÓLICO publica un vídeo con nuevos abusos litúrgicos que se están produciendo en Brasil, en una mal llamada “escuela litúrgica” de Caju. Lamentable, pues, seguir permitiendo que sean los laicos los que, a su antojo, puedan decidir cambios en la estructura fundamental de la celebración sacramental de la Iglesia.

De seguir así las cosas, los fieles ya no podremos reconocer o diferenciar nuestra liturgia católica de otras que no lo son, y que, por tanto, no son capaces de transmitir el don de Dios, como canales ordinarios de la gracia divina que son.

Ya está bien. Los católicos nos merecemos algo mejor. Y por eso, recomendamos denunciar a las autoridades eclesiásticas este tipo de comportamientos, con el fin de que sean ellas las encargadas de actuar de oficio y poner orden en casa.

Juan Miguel Comas

Sem fazer a mínima idéia do que se tratava, ao chegar em casa vi que outro amigo havia encontrado o tal vídeo no youtube. Ei-lo:

Foi então que parte do mistério foi resolvido. Descobri no youtube que a tal escola litúrgica “da CAJU” era a  “Escola de Liturgia da Casa da Juventude Pe. Burnier, Goiânia/GO”. Procurando um pouco mais na internet, descobri no site da Casa da Juventude o convite para a “Escola de Liturgia para Jovens” de 2009! Em pleno século XXI, encontrar uma assombração dessas, fantasma das trevas libertacionárias, chega a ser frustrante.

O escândalo atravessou o oceano e chegou à Espanha. Os nossos irmãos católicos do outro lado do Atlântico recomendaram denunciar às autoridades eclesiásticas este tipo de comportamento, a fim de que elas ponham ordem na casa. Faço coro ao pedido. Coisas como “uma forma celebrativa de rosto orante, jovem e inculturada”, “vivência do Laboratório Litúrgico”, “[a]ssembléia celebrante”, “dança na liturgia” e afins que se encontram na programação da tal escola são injustificáveis. Não precisamos de outra liturgia que não a da Santa Igreja. Para vencermos o caos litúrgico hoje reinante, é fundamental que sejamos diligentes em apagar os focos de incêndio. O email de Sua Excelência Reverendíssima Dom Washington Cruz disponível no site da CNBB é dwcruz@uol.com.br e, o da cúria, curia@arquidiocesedegoiania.org.br. Sinceramente, não merecemos isso. Os jovens têm muito mais a oferecer.

Uh, olha o golpe aê!

Barreto: Dilma não motiva meu pedido de 3º mandato.

– Foi a certeza de que a continuidade das políticas do presidente Lula melhoraram a condição de vida da população nordestina. Hoje o sentimento da população em relação ao Lula é de alguém que olhou para os pobres e para o nordeste. Então eu, como intérprete do pensamento das minhas bases, fiz o que achei preciso.

[…]

A proposta de Barreto é permitir duas reeleições para presidente, governador e prefeito. A emenda prevê também a realização de um referendo em setembro, assim, faz valer para a eleição de 2010. Para Barreto, esta é uma maneira de assegurar “o jogo democrático”.

E o Brasil vai se transformando numa grande Venezuela…

E os padres pedófilos?

Um corajoso anônimo resolveu abrir a Boca do Inferno para tentar denegrir a imagem da Igreja Católica por meio da exposição das dolorosas faltas – graves! – daqueles que deviam ser os seus mais sinceros e intransigentes seguidores: os sacerdotes. Após o Joe falar na pedofilia entre o clero, recebi quatro comentários do falecido poeta barroco trazendo notícias sobre sacerdotes que haviam sido condenados por crimes de pedofilia.

Não há sentido algum em se discutir os problemas morais de uma parte do clero com pessoas cujo único intuito é atacar a Santa Igreja por meio da ignorância deliberada e sistemática de Seus incontáveis membros santos, ao mesmo tempo em que lançam cínicos holofotes sobre meia dúzia de gatos pingados que não souberam honrar a vocação que receberam. No entanto, uma coisa dá para fazer: desmascarar o expediente cretino e encerrar de vez as tantas alusões aos “padres pedófilos” que são feitas em discussões sobre temas quaisquer que sejam, como se a Igreja fosse composta por pedófilos ou como se os erros de uns tantos privassem a todos do direito de falar o que é certo.

Já devo ter dito isso antes aqui, mas repito. Chesterton dizia que um ser humano nunca age como um animal: ou age muito melhor do que ele, quando se comporta como homem, ou muito pior, quando “se esquece” da sua humanidade e passa a agir como se fosse bicho. Da mesma forma, um sacerdote do Deus Altíssimo nunca age como um homem normal: ou age de maneira muito superior, quando se esforça para viver o seu sacerdócio, ou de maneira muito pior, quando se esquece daquilo que é para se comportar como se não fosse consagrado ao Todo-Poderoso. Quanto mais, então, quando resolve cometer gravíssimos pecados contra a pureza, como é o caso da pedofilia!

Os pecados dos membros do clero são uma dolorosa chaga, sem dúvidas. É uma ferida pela qual toda a Igreja oferece sem cessar as Suas súplicas ao Altíssimo, a fim de que tenha misericórdia de todos os envolvidos em tão grave pecado, e que possa conceder – no que for possível – paz aos agredidos e conversão aos agressores. Correndo o risco de fazer o discurso do óbvio, enfatizo que pedófilos não podem ser sacerdotes, sendo uma traição à Igreja e um ultraje a Nosso Senhor que membros do clero cometam falhas morais desta magnitude. Um único caso de pedofilia no clero já seria de uma gravidade que os anti-clericais nem sequer são capazes de imaginar. No entanto, o Sacramento da Ordem mantém a natureza humana dos sacerdotes, natureza passível de erros que, embora – claro – não justifique, ao menos explica como é possível que a Igreja Santa carregue em Seu seio membros pecadores. Fazemos parte de uma Igreja indefectivelmente Santa, e não de uma Igreja de santos indefectíveis. É fundamental não confundir as duas coisas.

Sem entrar em absolutamente nenhuma discussão sobre as causas desta infâmia, as formas de saná-la, a potestade de jurisdição da Igreja sobre os Seus sacerdotes e tantos outros temas a ela relacionados, tenciono aqui simplesmente pôr a descoberto o expediente desonesto (já acima mencionado) da aplicação de lentes de aumento – às vezes, de microscópios de varredura eletrônica… – aos pecados do clero, passando assim a falsa impressão de que o problema apresenta uma magnitude que está infinitamente além da real. O método vai ser muito simples: coleta de notícias sobre sacerdotes condenados [acusados não vale] por pedofilia no Brasil nos últimos dez anos, para que, ao final, fique clara qual a proporção que estes ocupam entre tantos sacerdotes que, em maior ou menor medida, esforçam-se por serem fiéis ao ministério para o qual foram escolhidos.

O sr. “Gregório de Matos” trouxe três (as datas são da notícia, e não da condenação e nem do crime):

  1. pe. Geraldo da Consolação Machado, 2005 – homossexual.
  2. pe. Edson Alves dos Santos, 2008 – homossexual.
  3. pe. Avelino Backes, 2008.
  4. pe. Alfieri Eduardo Bompani, 2004 – homossexual.
  5. frei Tarcísio Tadeu Spricigo, 2005 – homossexual.
  6. pe. Félix Barbosa Carreiro, 2008 [cabe recurso] – homossexual.
  7. pe. Ângelo Schiarelli, 2009 [flagrante].

Temos até agora [atualizado em 23 de junho de 2009], portanto, sete casos. Vamos ver quantos mais os vândalos que não sabem fazer outra coisa a não ser aludir aos “padres pedófilos” vão conseguir trazer.

E que a Virgem Santíssima, Refúgio dos Pecadores, possa interceder pelos sacerdotes do Seu Filho que se mancharam de maneira tão grave.

Verdade e evangelização

[T]odos os que desejam influenciar a vida social com o espírito do Evangelho devem estar atentos à íntima relação entre comunicação e cultura; se se deseja intervir positivamente na criação e transmissão de modos de vida e de visões do homem, é preciso atender à consistência e ao previsível desenvolvimento das ideias, mais do que à pretensa intenção das pessoas.

Padre Ángel Rodríguez Luño

Interessante este texto intitulado “Comunicar as próprias convicções”, escrito pelo padre Ángel Rodríguez Luño e do qual retiro a frase em epígrafe. Não conhecia Sua Reverendíssima; em uma rápida pesquisa pela internet, encontrei este outro texto sobre Relativismo, Verdade e Fé de sua autoria, o que de per si – confesso – é já capaz de atrair a minha simpatia. Nos dias de hoje, encontrar um sacerdote que tenha a coragem de – seguindo os passos de Sua Santidade, o Papa Bento XVI – opôr a Fé Católica ao Relativismo Dogmático dos nossos dias, é encontrar um tesouro.

No seu ensaio disponível no site da Opus Dei, Sua Reverendíssima fala de uma série de coisas importantes, diante das quais a coisa que é mais de se lamentar é a brevidade empregada na análise de cada uma delas. “Verdade e Liberdade”, “Ética e Política”, “Ética e Estado”, “autonomia das realidades temporais”: por todos esses temas navega pe. Ángel, falando sucintamente, mas com propriedade. O liame que une todos esses temas é uma espécie de “guia prático” oferecido, que intenta dar conselhos a fim de que a comunicação das próprias convicções – como se diz no título – possa ser eficaz e proveitosa.

Contra o relativismo, p.ex., diz o autor do ensaio: “para que a mensagem evangélica seja rectamente entendida, torna-se necessário evitar qualquer palavra, raciocínio ou atitude que possa fazer pensar que um cristão coerente sacrifica a liberdade em nome da verdade”. Sobre Ética e Estado, profere a seguinte sentença: “[a] firmeza nos princípios éticos deve ser – e parecer – compatível com a consciência de que a realização de bens pessoais e sociais num contexto histórico, geográfico e cultural determinado, se caracteriza por uma contingência parcialmente insuperável”. E assim segue, apresentando, para diversas situações, a melhor maneira de agir, a fim de que a mensagem católica seja melhor recebida e possa frutificar mais.

Pensando um pouco sobre tudo isso, eu não posso deixar de concordar com a – empírica – esterilidade de algumas defesas intransigentes de posições (atenção! Estou falando da forma de apresentação, não do conteúdo!) que, não obstante, são [as posições] corretas. Como já tive oportunidade de comentar aqui, há que se diferenciar a coisa que se está dizendo da maneira como ela é dita. Tenho, no entanto, um certo receio – fundamentado! – de que a exagerada preocupação com a forma possa comprometer a transmissão do conteúdo, coisa que não se pode admitir de nenhuma maneira. Afinal de contas, é a forma de exprimir-se que precisa estar a serviço da Verdade, e não o contrário; tornar “mais palatável” a mensagem do Evangelho a fim de que ela possa ser melhor recebida pelas pessoas, mas de modo que Ela se apresente desfigurada ou mutilada, obviamente não é prestar um bom serviço ao anúncio do Evangelho – ao contrário, é traí-Lo. Tais pressupostos, acredito que sejam um bom indicativo para se saber, diante de cada caso concreto, como se expressar e como não se expressar – este que talvez seja um dos mais críticos problemas da evangelização do nosso século.

P.S.: fui informado por um sacerdote amigo que D. Ángel não é bispo, e sim presbítero. As referências a ele foram alteradas para usar a forma de tratamento correto. Peço desculpas pela falha.

Palavrões em escolas públicas – agora oficialmente

Diante de tantos escândalos na educação do nosso Brasil, esta notícia que comento aqui – sobre uns gibis cheios de palavrões distribuídos em escolas públicas de São Paulo (link de segunda mão porque a matéria original da Folha é só para assinantes) – pode parecer banal. Mas tem algumas particularidades cínicas.

1. O Governo do Estado afirmou ter havido um equívoco e determinou o recolhimento da obra. Oras, depois da depravação institucionalizada que existe nas escolas públicas, qual é o motivo deste excesso de pudores da Secretaria da Educação?!

Se eu fosse adepto de teorias da conspiração, diria que estes gibis foram enviados propositalmente, para serem propositalmente recolhidos e passar a imagem de que o Governo está preocupado com a educação moral dos estudantes, “compensando” assim de alguma maneira – aos olhos da opinião pública – os estragos feitos pelo “kit pornografia” e congêneres.

2. Para o recolhimento, foi alegado que o gibi seria “inadequado para alunos desta idade” (média de nove anos). A reportagem diz que os quadrinhos são recheados de palavrões tão chulos que eu não ouso reproduzir aqui. Acho pertinente perguntar se existe alguma faixa etária para a qual seria “adequado” ler, em escolas públicas, obras de tão baixo nível – porque dizer que é “inadequado para alunos desta idade” é a mesma coisa que dizer que há alunos de alguma idade para os quais os livros são adequados.

Outrossim, o simples fato da Secretaria da Educação ter comprado esses livros já mostra que o Governo acredita, sim, que eles tenham alguma serventia pedagógica. Não consigo imaginar qual seja.

3. Caco Galhardo, cartunista “autor da história mais criticada do livro por professores”, disse que a sua obra “[é] uma HQ [história em quadrinhos] justamente para não ir para escola”. Justificou a escolha do livro pela Secretaria da Educação por meio da seguinte sentença lacônica: “[o] cara que escolheu não leu o livro”.

É bem sabido por qualquer um que tenha um mínimo contato com a rede pública de educação que palavrões são “bom dia” na maior parte das escolas, sendo as mais das vezes – com honrosas exceções – impossível aos professores controlarem as crianças e adolescentes. Talvez tenha sido esse o critério utilizado pela Secretaria da Educação na escolha da obra de baixo calão, porque sinceramente não consigo imaginar outro. Se for esta a “educação para todos” com a qual o Governo quer “presentear” os brasileiros, livre-nos Deus dela! A educação deveria pretender tornar as pessoas melhores. E não se compreende como a institucionalização da linguagem chula possa ajudar nesse processo.

Milagre de Fátima – jornal “O Século” de 17 de outubro de 1917

Já em maio de 1917 Jacinta e Lúcia haviam dito que a Senhora que tinham visto prometera um milagre para o dia 13 de outubro, ao meio-dia, como prova da sinceridade dos pequenos. Tinham recordado essa promessa várias vezes e nunca tinham alterado a sua história, nem mesmo sob a coação de maus tratos e perseguições capazes de aterrorizar umas crianças de dez, nove e sete anos. E no dia predito por elas, setenta mil pessoas afirmaram ter presenciado o sol girar e ameaçar cair. Um testemunho tão amplo veio confirmar que as crianças tinham visto efetivamente a Mãe de Deus e que fora concedido a essas almas simples da Cova da Iria aquilo que fora recusado aos fariseus de coração incrédulo e adúltero: um sinal no céu.

– Walsh, William Thomas, “Nossa Senhora de Fátima”, pág. 172. Quadrante, São Paulo, 1996.

O SÉCULO NOTICIA: MILAGRE DO SOL

[fonte: Montfort]

“O Século” noticia:
O MILAGRE DO SOL

O jornal “O Século” publica um artigo de Avelino de Almeida, onde este descreve o que presenciou na Cova da Iria no dia 13 de Outubro de 1917.

COISAS ESPANTOSAS!
COMO O SOL BAILOU AO MEIO DIA EM FÁTIMA
As aparições da Virgem – Em que consistiu o sinal do céu – Muitos milhares de pessoas afirmam ter-se produzido um milagre – A guerra e a paz
Lucia, de 10 anos; Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, que na charneca de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourem, dizem ter falado com a Virgem Maria

OUREM, 13 de Outubro
Ao saltar, após demorada viagem, pelas dezasseis horas de honrem, na estação de Chão de Maçãs, onde se apearam tambem pessoas religiosas vindas de longes terras para assistir ao “milagre”, perguntei, de chofre, a um rapazote do “char-á-bancs” da carreira se já tinha visto a Senhora. Com seu sorriso sardoico e o olhar enviezado, não hesitou em responder-me:

– Eu cá só lá vi pedras, carros, automoveis, cavalgaduras e gente!

Por um facil equivoco, o trem que nos devia conduzir, a Judah Ruah e a mim, até à vila, não apareceu e decidimo-nos a calcoffiar corajosamente cêrca de duas leguas por não haver logar para nós na diligência e estarem, desde muito, afreguezadas as carriotas que aguardavam passageiros. Pelo caminho, topámos os primeiros ranchos que seguiam em direção ao local santo, distante mais de vinte kilometros bem medidos.

Homens e mulheres vão quasi todos descalços – elas com saquiteis à cabeça, sobrepujados pelas sapatorras; eles abordoando-se a grossos vara-paus e cautelosamente munidos tambem de guarda-chuva. Dir-se-hiam, em geral, alheados do que se passa à sua volta, n”um desinteresse grande da paizagem e dos outros viandantes, como que imersos em sonho, rezando n”uma triste melopeia o terço. Uma mulher rompe com a primeira parte da ave-maria, a saudação; os companheiros, em côro, continuam com a segunda parte, a suplica. N”um passo certo e cadenciado, pisam a estrada poeirenta, entre pinhaes e olivedos, para chegarem antes que se cerre a noite ao sitio da aparição, onde, sob o relento e a luz fria das estrelas, projetam dormir, guardando os primeiros Jogares junto da azinheira bemdita – para no dia de hoje verem melhor.

À entrada da vila, mulheres do povo a quem o meio já infêtou com o virus do céticismo, comentam, em tom de troça, o caso do dia:

– Então vaes vêr ámanhã a santa?

– Eu, não. Se ela ainda cá viesse!

E riem-se com gosto, emquanto os devotos proseguem indiferentes a tudo o que não seja o objetivo da sua romagem. Em hourem só por uma amabilidade extrema se encontra aposentadoria. Durante a noite, reunem-se na praça da vila os mais variados veículos conduzindo crentes e curiosos sem que faltem velhas damas vestidas de escuro, vergadas já ao peso dos anos, mas faiscando-lhes nos olhos o lume ardente da fé que as animou ao ato corajoso de abandonar por um dia o inseparavel cantinho da sua casa. Ao romper d”alva, novos ranchos surgem intrépidos e atravessam, sem pararem um instante, o povoado, cujo silencio quebram com a harmonia dos canticos que vozes femininas, muito armadas, entoam n”um violento contraste com a rudeza dos tipos…

O sol nasce, mas o cariz do céu ameaça tormenta. As nuvens negras acastelam-se precisamente sobre as bandas de Fátima. Nada, todavia, detem os que por todos os caminhos e servindo-se de todos os meios de locomoção para lá confluem. Os automoveis luxuosos deslisam vertiginosamente, tocando as buzinas; os carros de bois arrastam-se com vagar a um lado da estrada; as galeras, as vitorias, os caleches fechados, as carroças nas quaes se improvisaram assentos vão ajoujados a mais não poderem. Quasi todos levam com os farneis, mais ou menos modestos, para as bocas cristãs a ração de folhelho para os irracionaes que o “poverelo” de Assis chamava nossos irmãos e que cumprem valorosamente a sua tarefa… Tilinta uma ou outra guiseira, vê-se uma carrocinha adornada de buxo; no emtanto, o ar festivo é discreto, as maneiras são compostas e a ordem absoluta… Burrinhos choutam à margem da estrada e os ciclistas, numerosissimos, fazem prodígios para não esbarrar de encontro aos carros.

Pelas dez horas, o ceu tolda-se totalmente e não tardou que entrasse a chover a bom chover. As cordas de agua, batidas por um vento agreste, fustigam os rostos, encharcando o macadame e repassando até os ossos os caminhantes desprovidos de chapeus e de quaesquer outros resguardos. Mas ninguem se impaciente ou desiste de proseguir e, se alguns se abrigam sob a copa das arvores, junto dos muros das quintas ou nas distanciadas casas que se debruçam ao longo do caminho, outros continuam a marcha com uma impressionante resistencia, notando-se algumas senhoras cujos vestidos colados aos corpos, por efeito do impeto e da pertinácia da chuva, lhes desenham as fórmas como se tivessem saído do banho!

O ponto da charneca de Fátima, onde se disse que a Virgem aparecera aos pastorinhos do logarejo de Aljustrel, é dominado n”uma enorme extensão pela estrada que corre para Leiria, e ao longo da qual se postaram os veículos que lá conduziram os peregrinos e os mirones. Mais de cem automoveis alguem contou e mais de cem bicicletas, e seria impossível contar os diversos carros que atravancaram a estrada, um d”eles o auto-omnibus de Torres Novas, dentro do qual se irmanavam pessoas de todas as condições sociaes.

Mas o grosso dos romeiros, milhares de creaturas que foram de muitas leguas ao redor e a que se juntaram fieis idos de varias províncias, alemtejanos e algarvios, minhotos e beirões, congregam-se em tomo da pequenina azinheira que, no dizer dos pastorinhos, a visão escolhera para seu pedestal e que podia considerar-se como que o centro de um amplo circulo em cujo rebordo outros espectadores e outros devotos se acomodam. Visto da estrada, o conjunto é simplesmente fantástico. Os prudentes camponios, abarracados sob os chapeus enormes, acompanham, muitos d”eles, o desbaste dos parcos farneis com o conduto espiritual dos hinos sacros e das dezenas do rosario.

Não ha quem tema enterrar os pés na argila empapada, para ter a dita de ver de perto a azinheira sobre a qual ergueram um tosco portico em que bamboleiam duas lanternas… Altenam-se os grupos que cantam os louvores da Virgem, e uma lebre, espavorida, que galga matagal em fóra, apenas desvia as atenções de meia duzia de zagaletes que a alcançam e prostram à cacetada…

E os pastorinhos? Lucia, de 10 anos, a vidente, e os seus pequenos companheiros, Francisco, de 9, e Jacinta, de 7, ainda não chegaram. A sua presença assinala-se talvez meia hora antes da indicada como sendo a da aparição. Conduzem as rapariguinhas, coroadas de capelas de flôres, ao sitio em que se levanta o portico. A chuva cae incessantemente mas ninguem desespera. Carros com retardatários chegam à estrada. Grupos de freis ajoelham na lama e a Lucia pede-lhes, ordena que fechem os chapeus. Transmite-se a ordem, que é obedecida de pronto, sem a minima relutância. Ha gente, muita gente, como que em extase; gente comovida, em cujos labios secos a prece paralisou; gente pasmada, com as mãos postas e os olhos borbulhantes; gente que parece sentir, tocar o sobrenatural…

A criança afirma que a Senhora lhe falou mais uma vez, e o céu, ainda caliginoso, começa, de subito, a clarear no alto; a chuva pára e presente-se que o sol vae inundar de luz a paizagem que a manhã invernosa tomou ainda mais triste…

A hora antiga” é a que regula para esta multidão, que calculos desapaixonados de pessoas cultas e de todo o ponto alheias ás influencias misticas computam em trinta ou quarenta mil creaturas… A manifestação miraculosa, o sinal visivel anunciado está prestes a produzir-se – asseguram muitos romeiros… E assiste-se então a um espectáculo unico e inacreditavel para quem não foi testemunha d”ele. Do cimo da estrada, onde se aglomeram os carros e se conservam muitas centenas de pessoas, a quem escasseou valor para se meter à terra barrenta, vê-se toda a imensa multidão voltar-se para o sol, que se mostra liberto de nuvens, no zenit. O astro lembra uma placa de prata fosca e é possivel fitar-lhe o disco sem o minimo esforço. Não queima, não cega. Dir-se-hia estar-se realisando um eclipse. Mas eis que um alarido colossal se levanta, e aos espectadores que se encontram mais perto se ouve gritar:

– Milagre, milagre! Maravilha, maravilha!

Aos olhos deslumbrados d”aquele povo, cuja atitude nos transporta aos tempos biblicos e que, palido de assombro, com a cabeça descoberta, encara o azul, o sol tremeu, o sol teve nunca vistos movimentos bruscos fóra de todas as leis cosmicas – o sol «bailou», segundo a tipica expressão dos camponeses.. Empoleirado no estribo do auto-omnibus de Torres Novas, um ancião cuja estatura e cuja fisionomia, ao mesmo tempo doce e energica, lembram as de Paul Déroulède, recita, voltado para o sol, em voz clamorosa, de principio a fim, o Credo. Pergunte quem é e dizem-me ser o sr. João Maria Amado de Melo Ramalho da Cunha Vasconcelos.

Vejo-o depois dirigir-se aos que o rodeiam, e que se conservaram de chapeu na cabeça, suplicando-lhes, veementemente, que se descubram em face de tão extraordinária demonstração da existência de Deus. Cenas idênticas repetem-se n”outros pontos e uma senhora clama, banhada em aflitivo pranto e quasi n”uma sufocarão:

– Que lastima! Ainda ha homens que se não descobrem deante de tão estupendo milagre!

E, a seguir, perguntam uns aos outros se viram e o que viram. O maior numero confessa que viu a tremura, o bailado do sol; outros, porém, declaram ter visto o rosto risonho da propria Virgem, juram que o sol girou sobre si mesmo como uma roda de fogo de artificio, que ele baixou quasi a ponto de queimar a terra com os seus raios… Ha quem diga que o viu mudar sucessivamente de côr…

São perto de quinze horas.

O ceu está varrido de nuvens e o sol segue o seu curso com o esplendor habitual que ninguem se atreve a encarar de frente. E os pastorinhos? Lucia, a que fala com a Virgem, anuncia, com ademanes teatraes, ao colo de um homem, que a transporta de grupo em grupo, que a guerra terminára e que os nossos soldados iam regressar… Semelhante nova, todavia, não aumenta o jubilo de quem a escuta. O sinal celeste foi tudo. Ha uma intensa curiosidade em vêr as duas rapariguinhas com suas grinaldas de rosas, ha quem procure oscular as mãos das «santinhas», uma das quaes, a Jacinta, está mais para desmaiar do que para danças”, mas aquilo por que todos anciavam – o sinal do ceu – bastou a satisfazel-os, a radical-os na sua fé de carvoeiro. Vendedores ambulantes oferecem os retratos das crianças em bilhetes postaes e outros bilhetes que representam um soldado do Corpo Expedicionario Portuguez “pensando no auxilio da sua protetora para salvação da Patria” e até uma imagem da Virgem como sendo a figura da visão…

Bom negocio foi esse e decerto mais centavos entraram na algibeira dos vendedores e no tronco das esmolas para os pastorinhos do que nas mãos estendidas e abertas dos leprosos e dos cegos que, acotevelando-se com os romeiros, atiravam aos ares seus gritos lancinantes…

O dispersar faz-se rapidamente, sem dificuldades, sem sombra de desordem, sem que fosse mister que o regulasse qualquer patrulha da guarda. Os peregrinos que mais depressa se retiram, correndo estrada fóra, são os que primeiro chegaram, a pé e descalços com os sapatos à cabeça ou dependurados nos varapaus. Vão, com a alma em lausperene, levar a boa nova aos logarejos que não se despovoaram de todo. E os padres? Alguns compareceram no local, sorridentes, enfileirando mais com os espectadores curiosos do que com os romeiros avidos de favores celestiaes. Talvez um ou outro não lograsse dissimular a satisfação que no semblante dos triunfadores tantas vezes se traduz…

Resta que os competentes digam de sua justiça sobre o macabro bailado do sol que hoje, em Fátima, fez explodir hossanas dos peitos dos fieis e deixou naturalmente impressionados – ao que me asseguraram sujeitos fidedignos os livres pensadores e outras pessoas sem preocupações de natureza religiosa que acorreram à já agora celebrada charneca.

Avelino de Almeida

O jornal português da época, scanneado, está disponível em três partes [clique para ampliar]:

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P.S.: Na verdade, estas fotos são propriamente da revista “Ilustração Portugueza” (No. 610, Outubro 29, 1917, 18-20), editada pelo jornal “O Século”. Agradeço ao Edson pela correção.

Padre Norman Weslin, preso por protestar contra o aborto

O vídeo já foi aqui comentado, mas merece um post específico, porque talvez nem todo mundo clique em um link que está no meio de uma série de outros assuntos distintos, e ler “padre preso nos EUA” não tem o mesmo impacto de ver as cenas do vídeo.

O padre Norman Weslin tem oitenta anos, e foi preso por estar pacificamente protestando numa Universidade Católica contra o aborto – ao mesmo tempo em que o sr. Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, abortista escancarado, discursava na mesma Universidade pedindo aos pró-vida diálogo e tolerância.

São tempos difíceis! Como já comentei em outros lugares, o vídeo é muito triste e muito bonito: triste, porque é aviltante ver um sacerdote do Deus Altíssimo ser tratado desta maneira; mas bonito, porque a sua atitude nos encoraja e nos anima a sermos católicos de verdade, conscientes daquelas palavras do Salvador de que, se o mundo odiou e perseguiu a Ele, também a nós há de perseguir e odiar.

Assistam a este vídeo os que ainda não o viram, e assistam novamente os que já o conhecem: eis um verdadeiro sacerdote católico! Diante de um ancião que não titubeia no anúncio do Evangelho, como poderemos nós ficarmos calados? Se um velho sacerdote tem coragem de carregar a sua cruz e enfrentar os poderosos deste mundo, poderemos nós nos acovardarmos e buscarmos o nosso conforto e comodidade? Diante de um padre idoso que vai à prisão cantando à Virgem Santíssima, teremos coragem de fugir ao combate?

Sendo assim, se eu morrer agora corajosamente, mostrar-me-ei digno de minha velhice, e terei deixado aos jovens um nobre exemplo de zelo generoso, segundo o qual é preciso dar a vida pelas santas e veneráveis leis.
II Macabeus 6, 27

Padre Norman, que Deus abençoe o senhor e a Virgem Santíssima o guarde sob a Sua poderosa intercessão.