A meia-errata da ÉPOCA

Agradeço ao Eduardo Monteiro pelo aviso. É sobre a entrevista que Dom José deu à ÉPOCA. Lá, foram atribuídas as seguintes palavras ao Arcebispo de Olinda e Recife:

Havia [no ITER] candidatos ao sacerdócio, candidatos à vida religiosa, havia mulheres negras, negros, e inclusive não-católicos.
[Época, 12/03/2009 – 19:52, grifos meus]

Pois bem. Em meio às cartas publicadas pela revista na sua última edição, consta a seguinte errata:

FOMOS MAL

Dom José Cardoso não declarou que havia “negros e negras” entre os alunos do Iter. Ele mencionou a existência de “leigos e leigas”. Houve um erro na transcrição da fita (“As polêmicas de Dom Dedé”, 565/2009, pág. 94)

Tal errata foi motivada pela seguinte carta de Dom José Cardoso, que também está publicada na revista:

O aborto e a religião

“As polêmicas de Dom Dedé” (565/2009) falou sobre o arcebispo de Olinda e Recife, que se envolveu no caso do aborto da menina de 9 anos que sofria abusos do padrasto

A revista publicou que eu havia declarado que entre os alunos do Instituto Teológico do Recife (Iter) havia “negros e negras”, insinuando que sou racista e que esse foi um dos motivos para o fechamento do Iter. É notório que entre os padres ordenados por mim existem vários de cor negra. É falsa a afirmação de que o Iter foi fechado por mim. O fechamento foi decretado pela Santa Sé. Publicou também que neguei a hóstia, na hora da comunhão, à prefeita de Olinda e que “o momento foi registrado por fotógrafos e cinegrafistas”. Avisei pessoalmente que ela não podia receber a comunhão por ser membra do Partido Comunista. Na hora da distribuição da comunhão, a prefeita nem sequer entrou na fila.

Dom José Cardoso Sobrinho,
arcebispo de Olinda e Recife, Recife, PE

É algo verdadeiramente espantoso que tenha havido um erro desta magnitude na transcrição da fita, sem que nenhum dos responsáveis pela revista tenha achado a frase estranha. A errata, contudo, foi publicada – menos mal. No entanto, ainda tem um “detalhe”. A frase incorreta ainda consta no site da revista, em pelo menos duas reportagens, sem que seja feita nenhuma alusão ao erro:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT64050-15228-64050-3934,00.html

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI63883-15228,00-DOM+DEDE+A+EXCOMUNHAO+E+AUTOMATICA.html

Para protestar contra esta meia-errata [v. “Expediente”]:

Diretor de Redação: Helio Gurovitz
epocadir@edglobo.com.br

Época Online – Editora: Letícia Sorg
epocaonline@edglobo.com.br

Cartas à Redação: Felipe Seiji Oda
epoca@edglobo.com.br

Dom Dadeus e os Judeus

Fiquei sabendo que o Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, em entrevista à PRESS (trechos aqui), uma revista gaúcha, teria dito que “morreram mais católicos do que judeus no holocausto”. Em resposta às declarações de Sua Excelência, a Federação Israelita do Rio Grande do Sul publicou uma nota oficial (também reproduzida no site da revista Press) em resposta às declarações do Arcebispo.

Comentando rapidamente: a despeito de não ter lido a entrevista na íntegra (por ela não estar disponível no site), o que se sabe do que foi publicado é que o Arcebispo de Porto Alegre nem sequer questionou o número de seis milhões de judeus mortos durante o regime nazista; ele apenas afirmou que foram assassinadas outras pessoas que não judeus. O que a Federação Israelita do Rio Grande do Sul quer dizer, então, com “o religioso se refere ao Holocausto de forma distorcida”? Qual foi, exatamente, a distorção nas palavras de Dom Dadeus?

Os judeus acaso querem negar que foram assassinadas pelo regime de Hitler outras pessoas que não judeus? Católicos, ciganos [para ficar só nos citados pelo Arcebispo de Porto Alegre], esses não morreram nas garras do nazismo? Ou não se pode falar neles? A coisa adquire aqui uma mentalidade doentia: parece que os judeus querem, a todo custo, ter o topo do pódio na categoria “vítimas da Segunda Guerra”.

“Reduzir ou relativizar o Holocausto agride a memória de milhões de mortos numa guerra iniciada pelo fanatismo e pela intolerância”, diz ainda a Federação Israelita. Não subscrevo integralmente, pelos motivos que já expus aqui à exaustão quando do “caso Williamson”, mas não é isso que interessa aqui. O ponto é: onde Dom Dadeus “reduziu” ou “relativizou” o Holocausto? Ou será que a mera afirmação da existência de outras vítimas do regime nazista fora os judeus é já “reduzir” e “relativizar” o Holocausto?

A própria nota da Federação, aliás, reconhece que “[m]orreram menos judeus na II Guerra”. Se ela não discorda de Dom Dadeus, qual é o motivo da “surpresa” expressa no início da nota e da condenação às declarações de Sua Excelência? Onde estão os “estereótipos criados pelos nazistas” reproduzidos – segundo a Federação Israelita – pelo Arcebispo de Porto Alegre? Porque os judeus podem caluniar assim um sucessor dos Apóstolos, lançando-lhe publicamente a pecha infamante de “anti-semita”, sem que ninguém pareça se preocupar?

Está fora de qualquer discussão – nunca é demais repetir – que qualquer violência injusta contra um povo, mais ainda por motivos raciais, é profundamente condenável e absolutamente inadmissível. É evidente que nos solidarizamos com as vítimas da Segunda Guerra, cujos horrores obviamente não queremos que se repitam. Por esse motivo concordo, in totum com a nota da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, quando ela diz que é preciso “respeitar sempre a memória, com seriedade, fraternidade e honestidade”. Infelizmente, porém, parece que os judeus amiúde supervalorizam e distorcem a fraternidade, em detrimento da seriedade e da honestidade, através de uma postura intransigente de simplesmente bater o pé e rasgar as vestes quando se faz qualquer referência ao Holocausto que não seja para fazer o papel de carpideira dos judeus. Isso, sim, é de se lastimar.

P.S.: sugestão de leitura: Judeus tradicionalistas afirmam: A religião do Holocausto é uma criação fraudulenta sionista.

Citando rapidamente

1. Em defesa de D. José Cardoso Sobrinho, texto do dr. Rodrigo Pedroso. “Apenas uma pequena minoria se posicionou contra o padrasto pelo crime cometido e menos ainda contra o aborto praticado. A sanha, o ódio, o xingatório se voltaram quase que exclusivamente contra Dom Cardoso Sobrinho e contra a Igreja Católica”. As considerações feitas pelo Dr. Rodrigo não são novas, mas são importantes e estão expostas de forma clara e concisa.

2. Papa está certo, sobre a AIDS. É uma versão em português da matéria aqui citada, “do médico e antropólogo Edward Green, uma das maiores autoridades mundiais no estudo das formas de combate à expansão da AIDS. Ele é diretor do Projeto de Investigação e Prevenção da AIDS (APRP, na sigla em inglês), do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo”.

3. O Papa e a AIDS, artigo de Dom Fernando Rifan que está no site da CNBB! “A distribuição de preservativos, como solução para o problema, insinua e inclui como pressuposto a promiscuidade, uma das principais causas da AIDS, convidando ao desregramento sexual. O fim bom não justifica utilizar meios perversos. Evitar a AIDS é ótimo, mas fomentar a promiscuidade é péssimo. Não se estaria utilizando um inibidor para a AIDS – o preservativo – que, em última análise, pode se tornar causa desta mesma doença? E depois chamam de irresponsável a quem dá um grito de alerta. O Papa João Paulo II já havia advertido: “o uso dos preservativos acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo”. Propagar a promiscuidade é um meio de propagar a AIDS”.

A “retratação” de Fisichella

Existem dois comentários imediatos que podem ser feitos após a leitura desta notícia segundo a qual El Vaticano exige a ‘fieles y obispos’ que se pronuncien contra el aborto. Esta óbvia exigência veio… de mons. Rino Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a vida, que entrou para a história atual por ter prestado um enorme desserviço à causa pró-vida [“did incalculable harm to the pro-life cause”, como disse o pe. Lodi a LifeSiteNews] após escrever um infelicíssimo artigo sobre a “Bambina Brasiliana” no Osservatore Romano há quinze dias.

O primeiro comentário é “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Não quero ser injusto com Sua Excelência [cujo trabalho, aliás, eu desconheço completamente] e, por isso, não vou me demorar neste ponto de vista; mas me incomoda profundamente que, na edição deste domingo do Osservatore, ainda não haja a mais remota sombra de retratação sobre o malfadado artigo do domingo 15 de março. Leiam esta tradução de um artigo do pe. Thomas Euteneuer, presidente da Human Life International; é impossível não concordar com as palavras do reverendíssimo sacerdote. O escândalo foi público, pública tem que ser a retratação, como exige a justiça. É profundamente doloroso que, passadas já duas semanas, não tenhamos recebido, de maneira clara e inequívoca, uma resposta oficial às barbaridades proferidas pelo presidente da Pontifícia Academia para a Vida.

O segundo comentário que pode ser feito vai exatamente na contramão do primeiro, e é “eis aí uma retratação de monsenhor Fisichella pelo seu péssimo artigo escrito no Osservatore”. Não é a “visão Poliana” do problema: é uma forma sem dúvidas válida de encarar as coisas. Afinal, não é nada improvável que Sua Excelência tenha levado um “puxão” de orelhas e, então, tenha sido obrigado a vir a público dizer o contrário do que disse há quinze dias. Não é improvável que esta – chamemo-la assim – “saída honrosa” lhe tenha sido proposta como alternativa a uma retratação explícita. Até porque a diferença entre o tom destas palavras atuais do monsenhor e o do artigo passado é gritante. Diz agora dom Fisichella:

O prelado romano assegura que a doutrina da Igreja sobre o aborto “não se pode modificar”. E tampouco sobre a excomunhão, dado que “quem procura um aborto direto, neste mesmo instante fica excomungado latae sententiae”.

Sustentar esta doutrina não significa para Fisichella pecar por falta de misericórdia [de inmisericorde]. Ao contrário, “a misericórdia é a lei da Igreja”.

Como não ver a gritante diferença entre este Fisichella e aquele que, há quinze dias, dizia que a declaração da excomunhão latae sententiae dos médicos abortistas de  Recife por Dom José Sobrinho fazia com que o ensino da Igreja aparecesse “aos olhos de tantos como insensível, incompreensível e privado de misericórdia”? Como deixar de notar até mesmo a simetria das idéias entre um pronunciamento e outro, que nos leva a crer, sim, que se trata de uma retratação – diplomática… – do presidente da Pontifícia Academia para a Vida?

Falou bem Dom Rino Fisichella desta vez, sem dúvidas. Eu, no entanto, não estou lá muito satisfeito. Não há comparação entre o dano provocado pelo primeiro artigo e o bem causado por esta nova declaração: a desproporção é gritante. Permaneço com a firme convicção de que uma retratação expressa é necessária para que se possam amenizar os efeitos devastadores do infeliz artigo original do monsenhor. Não posso, no entanto, evitar o desconfortável temor de que se prefira a “diplomacia” e se julgue “suficiente” compensar o erro passado com pronunciamentos acertados em outros lugares e outros contextos… rezemos pela Santa Igreja.

Sobre o mesmo assunto, já comentaram o Gustavo e a Teresa.

Dilma, aborto e catolicismo

Vi hoje uma notícia sobre a sra. Dilma “ex-terrorista” Roussef – a mesma que injustificadamente fez uma leitura numa Missa na Canção Nova no final do ano passado e, depois, como se não fosse o bastante, repetiu a dose mais recentemente em uma missa celebrada pelo pe. Marcelo Rossi – segundo a qual a excelentíssima Ministra da Casa Civil “defende legalização do aborto e distribuição de renda”. Ao menos dois trechos da reportagem – duas frases da Ministra – são bem reveladores:

Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização.

Fui batizada na Igreja Católica, mas não pratico. Mas, olha, balançou o avião, a gente faz uma rezinha.

A primeira frase é de longe a mais escandalosa: a sra. Ministra defende a legalização do aborto! O que raios uma senhora abortista, portanto, estava fazendo – já por duas vezes! – junto ao Altar da Santa Missa, fazendo leituras da palavra de Deus? E, se a senhora Rousseff – como ela mesma diz – não pratica a religião católica, por qual escuso motivo ela se dispôs a fazer as leituras da Santa Missa na Canção Nova e na missa do Padre Marcelo Rossi?

E agora? Uma vez que a ministra não-católica e abortista pôs as garras de fora e disse claramente quem é, será que vamos receber alguma justificativa dos [ir]responsáveis pela sua presença como leitora na celebração da Santa Missa? E – mais importante! – será que agora as nossas missas ficarão enfim livres da presença escandalosa da ex-terrorista abortista declarada? Permita-o Deus: após o escândalo ter tomado tais proporções, repetições futuras do erro não poderão alegar ignorância dos fatos em sua defesa.

Leiam também, sobre o mesmo assunto, o blog do Veritatis.

Jesuítas e Frades – Castro Alves

[Dia desses, eu conversava com um amigo sobre a colonização do Novo Mundo; e, comentando sobre o papel desempenhado pelos jesuítas nesta Terra de Santa Cruz, lembrei-me de um poema de Castro Alves, que eu havia lido há algum tempo, precisamente sobre os jesuítas e no qual o poeta baiano os apresentava de uma maneira bem elogiosa e bem diferente do que, hoje, escutamos amiúde por aí. Trago-o à apreciação dos leitores.

Apesar do patente preconceito do poeta contra a Idade Média – natural, dado o Iluminismo do qual bebiam os românticos -, o poema serve de eloqüente testemunho histórico para se dizer o seguinte: mesmo um brasileiro nutrido com idéias iluministas e com rasgos de anti-clericalismo como Castro Alves não se abstém de falar em defesa dos clérigos que vieram ao Novo Mundo. Têm particular força essas palavras dirigidas aos Jesuítas e Frades: “O poeta americano / Vos deve amortalhar no verso soberano”…]

JESUÍTAS E FRADES

II

Que o mundo antigo s’erga e lance a maldição
Sobre vós… remembrando a negra Inquisição
A hidra escura e vil da vil Teocracia
O Santo Ofício, as provas, o azeite, a gemonia…
Lisboa, Tours, Sevilha e Nantes na tortura,
Na fogueira Grandier, João Huss na sepultura,
Colombo a soluçar, a gemer Galileu…
De mil autos-de-fé o fumo enchendo o céu…
Que a maldição vos lance à pena do gaulês
Tendo por tinta a borra das caldeiras de pez…
Que o germano a sangrar maldiz em férreos hinos.

É justo!…
A História cega, aquentando o estilete,
Nas brasas que apagar não pôde o Guadalete,
Tem jus de vos marcar com o ferro do labéu,
Como queima o carrasco o ombro nu do réu…

……………………………………………………………..

Mas enquanto existir o grande, o novo mundo
Ó filhos de Jesus!… um cântico profundo
Irá vos embalar do sepulcro no solo…
A América por vós reza de pólo a pólo!
Dizei-o, vós, dizei, Tamoios, Guaranis,
Iroqueses, Tapuias, Incas e Tupis…
A santa abnegação, o heróismo, a doçura,
O amor paternal, a castidade pura
Desses homens que vinham, envoltos no burel,
A derramar dos lábios o amor – divino mel,
O perdão – óleo santo, a fé – mística luz,
E o Deus da caridade – o pródigo Jesus!…

Oh! não! Mil vezes não! O poeta americano
Vos deve sepultar no verso soberano
– Pano negro que tem por lágrimas de prata
As lágrimas que a musa inspirada desata!!!

Se aqui houve cativos – eles os libertaram.
Se aqui houve selvagens – eles os educaram.
Se aqui houve fogueiras – eles nelas sofreram.
Se lá carrascos foram – cá, mártires morreram.
Em vez do inquisidor – tivemos a vedeta.
Loyola – aqui foi Nóbrega, Arbues – foi Anchieta!

Oh! não! Mil vezes não! O poeta americano
Vos deve amortalhar no verso soberano
– Pano negro que tem por lágrimas de prata
As lágrimas que a musa inspirada desata!…

……………………………………………………………..

[Alves, Castro, “Os Escravos”, pp. 116-117, Ed. L & PM, Porto Alegre, 2002]

Ainda o Papa e os preservativos

Para a mídia tupiniquim, o Papa “distorce fatos sobre preservativos”. Cita-se, com muita pompa, a “respeitada revista médica Lancet” para dizer que o Papa vai na contramão da ciência e – ainda mais! – que precisaria “se retratar” (parece que agora virou moda exigir retratações) por ter tido a ousadia de questionar a borracha salvadora da humanidade:

“Quando qualquer pessoa influente, seja um líder religioso ou político, faz uma falsa declaração científica que pode ser devastadora para a saúde de milhões de pessoas, ela deve se retratar ou corrigir os registros públicos”, disse o editorial.

O que não sai na mídia tupiniquim – óbvio – é o pronunciamento de Edward Green, diretor da AIDS Prevention Research Project at the Harvard Center for Population and Development Studies, que concorda integralmente com o que falou o Papa Bento XVI. Segundo ele:

“Há”, Green acrescenta, “uma associação consistente mostrada por nossos melhores estudos, inclusive o U.S.-funded Demographic Health Surveys, entre maior disponibilidade e uso de preservativos e uma maior (não menor) taxa de infecção por HIV. Isto pode ser em parte graças a um fenômeno conhecido como compensação de risco, o que significa que, quando alguém usa uma ‘tecnologia’ de redução de risco (como camisinhas), com freqüência este benefício (da redução do risco) é perdido por [este alguém] ‘compensar’ ou ‘assumir’ maiores riscos do que alguém assumiria sem a tecnologia de redução de risco”.

Curioso, não?

Ah! Outra coisa: os bispos dos Camarões deixaram claro que as declarações do Papa Bento XVI, ao contrário do que foi noticiado, não provocaram nenhum mal-estar no país africano. E acusaram o Ocidente de “desinformar” sobre a visita do Papa…

Moloch abortista

[Encontrei este texto na net – é o texto lido pelo Thiago no final do debate de ontem, ao qual fiz menção aqui. Vale muito a leitura e é por isso que me permito reproduzi-lo na íntegra; que São Miguel Arcanjo nos proteja no combate contra todos os demônios abortistas

É do Jornal Ciciliano que eu o copio, fazendo uma citação de segunda mão do livro “Aborto, 50 perguntas 50 respostas”, cujo autor eu infelizmente não conheço.]

Moloch era um antigo deus dos fenícios. Construído de bronze, a imensa estátua continha, no bojo, uma enorme fornalha. Em honra dessa divindade implacável, as próprias mães imolavam seus filhos pequeninos.

Elas atiravam dentro do monstro de metal, os filhos primogênitos, os quais rolavam para dentro do abdômen incandescente de Moloch, sendo então devorados pelas chamas. Para não provocar arrepios nos assistentes, os iníquos sacerdotes de Moloch tomavam o cuidado de mandar soar trombetas e rufar tambores, abafando assim, no ruído de uma música infernal, o gemido dos pobres inocentes.

A Fenícia pagã desapareceu na História. E com o desaparecimento da Fenícia, acabaram-se os terríveis sacrifícios.

Acabaram mesmo?

No fim do século XX, o século dos Direitos Humanos, já não há sacerdotes fenícios, mas aborteiros inescrupulosos de avental branco. Já não há mais estátua de bronze, mas o próprio ventre materno tomou lugar do bojo de Moloch.

A qual divindade se oferecem hoje as milhões de vítimas inocentes?

Variam de acordo com  um politeísmo macabro.

Quando se trata de cultuar o gozo sexual, sem as conseqüências estabelecidas pela própria natureza, esse deus se chama Eros e a religião toma o nome  de erotismo. Quando se trata de evitar incômodos, numa furiosa busca das conveniências pessoais, esse deus se chama Ego, e a religião será egoísmo. Acima disso tudo, ergue-se Leviatã, ou seja, os estados hipócritas, cujos próceres tanto falam de Direitos Humanos, mas que se tornam cúmplices de uma injustiça clamorosa, isto é, o extermínio do mais indefeso dos seres: o nascituro.

Leviatã diz que faz isso por questão de higiene e saúde. E mergulha no sangue das vítimas inocentes o mais elementar dos Direitos Humanos, que é o direito à vida, praticando assim a mais odiosa das discriminações contra o ser humano na fase pré- natal de sua existência.

O paradoxo não poderia ser mais flagrante. Precisamente da mãe, dos médicos e das autoridades públicas, a pequena vítima deveria esperar proteção e tutela. Mais especificamente, da mãe, o filho  deveria esperar o amor materno. Porém ela imola, não em um altar em chamas, mas numa fria mesa de operação. O médico, cuja missão é garantir a vida, se transforma no instrumento de sua morte.

O Estado, que deveria punir os criminosos que levantassem a mão contra sua vida, nega ao nascituro o direito de viver, em nome de índices, cifras e estatísticas manipuladas.

Diante do Moloch abortista, o que seremos nós?

Cristãos mornos, indolentes, que não sabem fazer valer os seus princípios?

Ou batalhadores, que não se acovardam diante da opinião contrária dos outros e proclamam, desassombrados, o direito de ser cristão e ver respeitados os seus princípios.

[P.S.: Segue a continuação do texto, divulgado pelo próprio Thiago, por email, a quem agradeço]

Acomodação, preguiça, medo não têm lugar nessa hora em que estão ameaçados milhões de seres humanos indefesos.

Será que vamos nos tornar um Pilatos?

Pilatos passou a História, indelevelmente marcado pelo ferro em brasa da censura dos Evangelistas, como tipo característico do homem que não é cruel, por medo da crueldade, não é assassino, por idolência, e não é feroz, por inércia.

Escravo da preguiça e do medo, cede a todas as infâmias, submete-se a todas as baixezas, pela força da inércia que é como que a base de sua mentalidade.

O erro, meus caros, não é só não defender a Verdade, mas também não ter a coragem de A preservar e resguardar contra o ódio instrumentalizado da massa.

Descendo agora ao terreno de nossas consciências, esse terreno onde somente dois olhares penetram, o de Deus e o nosso, perguntemo-nos: não seremos nós outros Pilatos?

Muito obrigado pela atenção.