Santa Sé: Psicologia & Discernimento Vocacional

Na avaliação da possibilidade em viver, na fidelidade e alegria, o carisma do celibato, como um dom total da própria vida à imagem de Cristo, Cabeça e Pastor da Igreja, tenha-se presente que não basta certificar-se da capacidade de abstinência do exercício da genitalidade, mas é necessário igualmente avaliar a orientação sexual segundo as indicações promulgadas por esta Congregação. A castidade para o Reino, de facto, é muito mais do que uma simples ausência de relações sexuais.

Já estão disponíveis no site do Vaticano as “Orientações para a utilização das competências psicológicas na admissão e na formação dos candidatos ao sacerdócio”, das quais foram retiradas as linhas em epígrafe. Só existe uma única referência no texto às “tendências homossexuais fortemente enraizadas”, no seu nº. 10 e, mesmo assim, entre parênteses (literalmente) e ao lado de outros exemplos de “graves imaturidades”.

O texto fala que a vocação vem de Deus, mas mediante a Igreja (n. 1); fala que existem algumas virtudes humanas que são necessárias a quem deseja ser sacerdote (n. 2); fala sobre as qualidades exigidas dos formadores e da suma importância de não cometer erros no discernimento vocacional (n. 3-4); fala no contributo que a psicologia pode dar ao discernimento vocacional dos que aspiram ao sacerdócio, na identificação das suas qualidades e limitações humanas (n. 5), deixando claro que os especialistas nesta área devem agir “sempre com o prévio, explícito, informado e livre consentimento do candidato” (id. ibid); enaltece a utilidade destes especialistas (n. 6) e dispõe que a sua utilização nos diversos seminários deve ser feita “com fidelidade e em coerência com os princípios e as directrizes do presente Documento” (n. 7).

Fala sobre as etapas do discernimento vocacional, desde os momentos iniciais (n. 8) até o período de formação propriamente dita (n. 9), afirmando que o “caminho formativo deverá ser interrompido no caso do candidato, apesar do seu empenho, do apoio do psicólogo ou da psicoterapia, continuar a manifestar incapacidade para enfrentar de modo realista, ainda que com o progresso do crescimento humano, as suas graves imaturidades” (n. 10). Reafirma o direito da Igreja de julgar quem é apto para o ministério sacerdotal e quem não é (n. 11), afirmando igualmente que isto não pode ser feito em detrimento da boa foma do candidato e garantindo assim a confidencialidade das informações que forem utilizadas para o seu discernimento vocacional (n. 12).

Lembra ainda o documento que o discernimento vocacional é feito tanto no foro externo (n. 13) quanto no interno (n. 14), dizendo que o especialista em psicologia, quando solicitado, poderá prestar auxílio tanto ao candidato quanto aos formadores (n. 15). Dispõe sobre os cuidados que devem ser tomados com a admissão de pessoas que já saíram ou foram expulsas de outros seminários (n. 16), e conclui recordando a responsabilidade de “[t]odos os que (…) estão envolvidos na formação” do futuro sacerdote no bom êxito do processo de discernimento e formação sacerdotal (n. 17). Termina o documento dizendo que “[o] Sumo Pontífice Bento XVI, no decurso da Audiência concedida em 13 de Junho de 2008, ao abaixo-assinado Cardeal Prefeito, aprovou o presente documento e autorizou a sua publicação”.

Claro que o documento é muito mais rico do que o simples resumo feito acima é capaz de revelar; é, portanto, impressionante que ele tenha sido transformado pela mídia em um simples e caricato “Vaticano recorrerá a psicólogos para evitar seminaristas homossexuais”! Tal reducionismo é grotesco. O documento prevê o auxílio da psicologia “para uma avaliação mais segura da situação psíquica do candidato, das suas atitudes humanas na resposta ao chamamento divino, e para um auxílio posterior no seu crescimento humano” (n. 5); é portanto mentira dizer simplesmente, como a FOLHA (republicando a France Press) acima citada, que “[o] Vaticano anunciou (…) que recorrerá a psicólogos para avaliar se os candidatos a entrar nos seminários são homossexuais”.

Claro que – graças a Deus – este documento da Congregação para a Educação Católica aponta o homossexualismo como um problema, e veta o ingresso às ordens sagradas àqueles que não forem capazes de o superar. Muito oportuno também o documento em lembrar que o Sagrado Celibato “é muito mais do que uma simples ausência de relações sexuais”. Mas ele é, sem dúvidas, mais abrangente do que uma mera renovação da condenação ao homossexualismo. Rezemos ao Senhor da Messe, para que ele nos mande sempre santos pastores; que os ministros de Deus estejam à altura da dignidade que possuem, para que a Igreja seja exaltada e as almas possam ser salvas. Que a Virgem Maria abençoe os sacerdotes e seminaristas.

A destruição das Universidades

Foi com horror que tomei conhecimento do projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados – e que ainda vai à votação no Senado – sobre a reserva de 50% (isso mesmo, metade!) do número de vagas das universidades federais para alunos que cursaram o Ensino Médio na rede pública de ensino. O Ensino Superior brasileiro certamente não é a melhor coisa do mundo, mas esta idéia estúpida vai ser a destruição daquilo que ainda há de bom nele.

Não tenho simpatia alguma por cotas. Acho-as toscas e irracionais. Sempre é possível a utilização de retóricas mil a fim de mostrar como os resultados alcançados a médio e longo prazo vão ser positivos para o conjunto da população brasileira e blá blá blá, mas isso não muda o erro radical no qual esta visão ideologizada tacanha se baseia para propôr e aprovar semelhantes disparates: o igualitarismo.

Na Universidade, no mês passado, fui obrigado a assistir algumas aulas toscas – fazem parte do círculo de cadeiras obrigatórias do mestrado – nas quais muito se debateu sobre as profundas desigualdades regionais existentes no Brasil. Concordo que elas existam e certamente concordo que algumas delas bem podem e devem ser mitigadas, mas a concepção geral do problema e as políticas adotadas para “resolvê-lo” são repletas de estupidez. Por exemplo, disse-se que as regiões mais desenvolvidas do sudeste têm uma “dívida histórica” para com as demais regiões do território brasileiro. O que me deixou mais perplexo foi que a professora tinha uma visão correta do desenrolar histórico que fez com que as desigualdades surgissem, mas paradoxalmente teimava em falar nas inventadas “dívidas históricas”.

Que dívidas históricas são essas, afinal de contas? Ah, quando a Família Real veio ao Brasil, instalou-se no Rio de Janeiro, o que fez com que os esforços das pessoas – capazes de provocar desenvolvimento – concentrassem-se naquela região em detrimento de outras. Ah, quando foram construídas as primeiras estradas de ferro, houve uma guerra entre fazendas para saber onde os trilhos iam passar – e as cidadas vencedoras deste confronto, por terem acesso a mais tecnologia, tiveram um maior nível de desenvolvimento, deixando na “marginalidade” as outras pelas quais não passava o trem a vapor. E outras coisas do gênero.

Depois de todo o exposto, uma pessoa sensata pode muito bem perguntar: acaso pode existir alguma coisa mais natural do que isso? Ora bolas, quando a Família Real veio para o Brasil, era óbvio que ela precisava se hospedar em algum lugar, não podendo “distribuir-se igualitariamente” por todo o território nacional. Uma vez que o lugar escolhido foi o Rio de Janeiro (e ainda que fosse Fortaleza, Recife ou Salvador), ninguém pode impedir as pessoas de se instalarem próximas àquilo que julgavam ser mais vantajoso para elas. Para quê um fabricante de um produto qualquer necessário à corte portuguesa iria construir as suas instalações no interior do Amazonas, quando o consumidor dos seus produtos estava no Rio de Janeiro? Se ele fizesse isso, ia falir. Ao contrário, a presença de alguém – no caso, da Família Real – que tenha algumas demandas faz, naturalmente, com que se desenvolvam as tecnologias necessárias para que tais demandas sejam supridas. É, portanto, a coisa mais natural do mundo que, devido a alguns fatores históricos, certas regiões tenham se desenvolvido mais do que outras – e não poderia ser diferente.

O mesmo vale com relação às estradas de ferro. Elas evidentemente precisavam passar por algum lugar (a malha ferroviária não tinha condições de ser um “xadrez de trilhos” igualitariamente acessível a todos os pontos do Brasil), e o lugar pelo qual elas passavam teria naturalmente melhores condições e maiores facilidades para se desenvolver. Isto é tão natural que até me espanta alguém falar em “dívida histórica”. Mas por quê “dívida”? Simplesmente porque a corte portuguesa veio ao Rio de Janeiro, ao invés de ficar em Recife? E daí? Se, porventura, ela tivesse se instalado em Recife, a única coisa que iria mudar era o lado nos quais estariam as regiões mais desenvolvidas. A desigualdade iria permanecer, porque ela é natural. E isto  não implica em nenhuma “dívida” de ninguém.

Há uma outra lei estúpida (esta, já em vigor) que eu descobri na faculdade: das verbas federais de financiamento a projetos de pesquisa, um terço destina-se aos projetos das regiões norte e nordeste. Trocando em miúdos, se existirem 90 bolsas para serem distribuídas e 300 projetos quaisquer concorrendo a elas, se estes projetos forem 30 de recife e 270 de São Paulo, todos os projetos de Recife receberão financiamento e os 270 de São Paulo terão que concorrer pelas 60 bolsas restantes. Mesmo que os projetos do sudeste sejam melhores e tenham mais condições de obter resultados úteis. A professora alardeava isso como uma vitória; eu, no entanto, tinha vergonha. Os pesquisadores nordestinos deviam pleitear bolsas por terem bons projetos; não simplesmente por serem nordestinos.

A estúpida idéia de financiar projetos de pesquisa só por eles serem da região x ou y apresenta a mesma estupidez da idéia de custear os estudos de fulano ou sicrano só por eles serem da classe w ou z. As coisas passam a ser valorizadas não por méritos [por quão inteligente seja um aluno, no caso das vagas universitárias; por quão relevante e promissor seja um projeto de pesquisa, no caso das bolsas de financiamento], mas sim por algum outro critério ideológico, míope e tacanho, que impedem o desenvolvimento natural da sociedade. Provavelmente nós nunca saberemos quantas tecnologias úteis deixaram de ser desenvolvidas porque o financiamento que poderia ser delas foi redirecionado para algum projeto de pouca relevância da Universidade Federal de Pernambuco. Mas, provavelmente, nós saberemos a desgraça na qual vão se transformar as universidades públicas quando metade do corpo discente for composto por pessoas que não tinham condições de estar ali.

O ensino básico público brasileiro é uma grande porcaria. Os alunos que, a despeito da deseducação básica nas escolas públicas, esforçam-se e conseguem uma aprovação no vestibular são – estes sim! – pessoas com grande probabilidade de terem sucesso em sua vida universitária. Os que não tiveram acesso senão a uma educação básica tosca e deficiente, se forem “jogados” no ensino superior, evidentemente não conseguirão acompanhar os estudos. Daí – o que é uma desgraça, mas é muitíssimo provável – o ensino ministrado precisará ser nivelado por baixo, sob pena de metade dos alunos serem incapazes de o absorver. Os bons alunos serão prejudicados, e aí a universidade vai fingir que ensina para alunos que fingem aprender. E – como muito argutamente apontou um amigo meu – depois, quando o mercado rejeitar os frutos desta caricatura de formação superior, o Governo é bem capaz de exigir às empresas que tenham, no seu quadro de funcionários, tantos por cento de empregados que fizeram a sua graduação graças ao “oba-oba” igualitário. É, em suma, uma série catastrófica de problemas.

O acesso aos níveis superiores de instrução precisa ser concedido por mérito – coisa óbvia, mas esquerdismo faz mal ao cérebro, e a visão igualitarista de mundo do desgoverno atual o impede de enxergar aquilo que é mais evidente. Ao que parece, não satisfeito com deixar a educação brasileira ir lentamente ao fundo do poço, o Governo quer acelerar a sua morte dando-lhe este golpe fatal. Tenho pena dos futuros universitários! Três anos atrás, a UNICAMP já reclamava destas cotas, quando a reforma universitária era discutida. Não adiantou nada, e nunca vai adiantar nada enquanto a mentalidade igualitária que está na raiz de todos esses problemas não for extirpada de uma vez por todas. Só que o estrago acumulado ao longo do tempo torna cada vez mais utópica uma solução.

Convite – palestra com prof. Cláudio Fonteles, em Porto Alegre

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Mesmo morando distante do sul do país, repasso o convite que recebi por email de um amigo. Trata-se de uma palestra sobre o Direito à Vida, que será ministrada pelo ex-Procurador-Geral da República, Cláudio Lemos Fonteles.

Quando: dia 03/12/2008 (quarta-feira), às 20h.
Onde: auditório do Prédio 5 da PUCRS.
Quanto custa: 1 kg de alimento não perecível.

ZENIT: anti-nazismo e anti-comunismo

Em ZENIT, dois coelhos com uma caixa d’água só: a Igreja perante o nazismo empenhada no auxílio aos judeus, e as desgraças provocadas pelo comunismo da União Soviética.

Contra o nazismo: “operação papéis falsos”.

«Nós, os judeus refugiados em Assis, não nos esqueceremos nunca do que se fez por nossa salvação. Porque em uma perseguição que aniquilou seis milhões de judeus, em Assis não afetou nenhum».

Contra o comunismo: “a grande fome da Rússia”.

«Hoje celebramos o 75º aniversário do Holodomor – a grande fome – que entre os anos 1932 e 1933 causou milhares de mortes na Ucrânia e em outras regiões da União Soviética durante o regime comunista».

O Papa expressou vivamente seu desejo de que«nenhum regime político possa jamais, em nome de uma ideologia, negar os direitos da pessoa humana e sua liberdade e dignidade», e aproveitou a ocasião para assegurar sua oração pelas «vítimas inocentes daquela enorme tragédia».

Justiça mantém: gays não podem doar sangue

A juíza substituta da 2ª Vara Federal, Maria da Penha Gomes Fontenele, manteve os efeitos da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que proíbe gays e homens bissexuais de doarem sangue.

[…]

A coordenadora do Grupo Matizes, Marinalva Santana, lamentou que se mantenha uma proibição flagrantemente discriminatória em um país em que os hemocentros vivem com seus estoques de sangue vazios.
[Justiça mantém decisão que proíbe gays de doar sangue]

Proibição flagrantemente discriminatória? Ao contrário, a solicitação da dona Marinalva é flagrantemente irresponsável!

Os “[h]omens que fazem sexo com homens são 19 vezes mais propensos a contraírem o vírus HIV do que a população em geral”.
[Deus lo Vult! – Os grupos de risco existem]

83% dos indivíduos homossexuais do sexo masculino entrevistados estimaram que haviam tido relações sexuais com 50 ou mais parceiros em suas vidas, 43% estimou que fizeram sexo com 500 ou mais parceiros e 28% com 1000 ou com mais parceiros.
[Dr Adnet – Homossexualidade é doença?]

Até quando os gayzistas vão continuar reclamando de supostas “discriminações” com base em uma ideologia estúpida e irracional?

“Derramai Vosso furor…” (Jr 10, 25)

A atual subserviência do Ocidente começou com um pequeno passo; na década de 60, as Igrejas Ocidentais retiraram de sua liturgia uma oração, “Oremus et pro perfidis Judaeis”; “Oremos pelos pérfidos judeus: que Nosso Deus e Senhor remova o véu que cobre os seus corações, a fim de que eles aceitem a luz de Sua verdade que é Nosso Senhor Jesus Cristo e saiam das trevas em que se encontram”. Isto foi considerando “anti-semita”, embora fosse um eco distante da oração judaica “Shepokh Hamatha”, “Senhor, enviai a Vossa fúria sobre os goyim que não conhecem o Vosso Nome”. Mas os judeus preservaram a sua oração de vingança, enquanto cristãos perdidos e dominados abandonaram sua oração de misericórdia.
[Israel Adam Shamir, Gaza: Of Mice and Men – “Sobre ratos e homens”]

Leio no Fratres in Unum que ainda tem judeu reclamando da oração da Sexta-Feira por sua conversão! E quanto ao Sh’foch chamoscho el ha’Goyim da Pessach judaica? Eu, sinceramente, não me incomodo com ela (até porque são trechos bíblicos, que Deus não há de ouvir em desfavor da Sua Igreja), mas gostaria muitíssimo que os judeus nos deixassem rezar por eles em paz.

Contra o aborto na ONU

Relembrando um comunicado importante que já foi veiculado aqui: há uma mobilização internacional por ocasião do aniversário de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Alguns abortistas estão querendo apresentar à ONU um abaixo-assinado pedindo para que o aborto seja considerado um “direito humano”. A C-FAM americana, em contrapartida, está organizando um abaixo assinado para que o direito à vida do feto – este, sim, verdadeiro e próprio direito humano – seja universalmente respeitado.

Repasso mensagem conforme recebi por email de um sacerdote. Por favor, assinem e divulguem. Não demora nada. Ergamos a nossa voz em defesa daqueles que não podem se defender.

Uma organização abortista está colhendo assinaturas para apresentar na reunião da ONU na comemoração dos 60 anos da declaração dos direitos humanos que acontecerá em 10 de dezembro de 2008.

O que a organização abortista quer: acesso total à aborto legalizado, voluntário, seguro, e de baixo custo como parte de um programa de saúde sexual e reprodutiva abrangente em todo o mundo.

A organização c-fam em contrapartida, lançou um pedido de adesão e está colhendo assinaturas para apresentar na mesma reunião da ONU em dezembro pedindo os países membros interpretem de maneira apropriada a declaração dos direitos humanos.

Aqui está o pedido de adesão em português para quem quiser assinar:
http://www.c-fam.org/publications/id.101/default.asp

Estão salvas as crianças uruguaias

Hoje tem chopp de vinho por conta do Wagner. É justo, pois os abortistas perderam no Uruguai. O Parlamento não conseguiu derrubar o veto presidencial à lei iníqua que prescrevia a matança de inocentes no ventre de suas mães.

Na reunião extraordinária da Assembléia Geral, não foi possível alcançar os três votos de cada Câmara para levantar o veto presidencial a uma reforma legal que tinha sido aprovada por deputados e senadores da Frente Ampla, a coalizão de esquerda no Governo que dirige o próprio Vázquez
[G1. Saliento que a manchete da notícia é lastimosa e transmite um incômodo pelo fracasso: “Parlamento Uruguaio falha (…)”. Bom, bem feito!]

Alegremo-nos! Boa maneira de se começar um final de semana, não?

Respeito devido aos sacerdotes – Sta. Catarina de Sena

Filha querida, ao manifestar-te a grande virtude daqueles pastores, quero colocar em evidência a dignidade dos meus ministros. Pelo pecado de Adão, as portas da eternidade fecharam-se, mas o meu Filho abriu-as com a chave do seu sangue. Ao sofrer a paixão e morte, ele destruiu vossa morte e vos lavou no sangue. Sim, foram seu sangue e sua morte que, em virtude da união da natureza divina com a humana, deram acesso ao céu. E a quem deixou Cristo tal chave? Ao apóstolo Pedro e a seus sucessores, os que vieram e que virão depois dele até o dia do juízo final. Todos possuem a mesma autoridade de Pedro; nenhum pecado a diminui, do mesmo modo que não destrói a santidade do sangue de Cristo e dos Sacramentos. Já disse que o sol eucarístico não tem manchas e que o mal cometido por quem o administra ou recebe não apaga sua luz. Não, o pecado não danifica os sacramentos da santa Igreja, não lhes diminui a força; prejudica a graça e aumenta a culpa somente em quem os ministra ou recebe indignamente.

Na terra, quem possui a chave do sangue é o Cristo-na-terra. Certa vez eu te manifestei essa verdade numa visão, para indicar o grande respeito que os leigos devem ter pelos ministros, bons ou maus que eles sejam, e quanto me desagrada que alguém os ofenda. Pus diante de ti a jerarquia da Igreja sob a figura de uma dispensa contendo o sangue de meu Filho. No sangue estava a virtude de todos os sacramentos e a vida dos fiéis. À porta daquela despensa, vias o Cristo-na-terra, encarregado de distribuir o sangue e fazer-se ajudar por outros no serviço de toda a santa Igreja. Quem ele escolhia e ungia, logo se tornava ministro. Dele procedia toda a ordem clerical; ele dava a cada um sua função no ministério do glorioso sangue. E como dispunha dos seus auxiliares, possuía a força de corrigi-los nos seus defeitos.

De fato, é assim que eu quero que aconteça. Pela dignidade e autoridade confiada a meus ministros, retirei-os de qualquer sujeição aos poderes civis. A lei civil não tem poder legal para puni-los; somente o possui aquele que foi posto como senhor e ministro da lei divina.

Os ministros são ungidos meus. A respeito deles diz a Escritura: “Não toqueis nos meus cristos” (Sl 105, 15). Quem os punir cairá na maior infelicidade. Se me perguntares por que a culpa dos perseguidores da santa Igreja é a maior de todas e, ainda, por que não se deve ter menor respeito pelos meus ministros por causa de seus defeitos, respondo-te: porque, em virtude do sangue por eles ministrado, toda reverência feita a eles, na realidade não atinge a eles, mas a mim. Não fosse assim, poderíeis ter para com eles o mesmo comportamento de praxe para com os demais homens. Quem vos obriga a respeitá-los é o ministério do sangue. Quando desejais receber os sacramentos, procurais meus ministros; não por eles mesmos, mas pelo poder que lhes dei. Se recusais fazê-lo, em caso de possibilidade, estais em perigo de condenação. A reverência é dada a mim e a meu Filho encarnado, que somos uma só coisa pela união da natureza divina com a humana. Mas também o desrespeito. Afirmo-te que devem ser respeitados pela autoridade que lhes dei, e por isso mesmo não podem ser ofendidos. Quem os ofende, a mim ofende. Disto a proibição: “Não quero que mãos humanas toquem nos meus cristos”!

Nem poderá alguém escusar-se, dizendo: “Eu não ofendo a santa Igreja, nem me revolto contra ela; apenas sou contra os defeitos dos maus pastores”! Tal pessoa mente sobre a própria cabeça. O egoísmo a cegou e não vê. Aliás, vê; mas finge não enxergar, para abafar a voz da consciência. Ela compreende muito bem que está perseguindo o sangue do meu Filho e não os pastores. Nestas coisas, injúria ou ato de reverência dirigem-se a mim. Qualquer injúria: caçoadas, traições, afrontas. Já disse e repito: não quero que meus cristos sejam ofendidos. Somente eu devo puni-los, não outros. No entanto, homens ímpios continuam a revelar a irreverência que têm pelo sangue de Cristo, o pouco apreço que possuem pelo amado tesouro que deixei para a vida e santificação de suas almas. Não poderíeis ter recebido maior presente que o todo-Deus e todo-Homem como alimento. Cada vez que o conceito relativo aos meus ministros não coloca em mim sua principal justificativa, torna-se inconsistente e a pessoa neles vê somente muitos defeitos e pecados. De tais defeitos falarei em outro lugar. Mas quando o respeito se fundamenta em mim, jamais desaparece, mesmo diante de defeitos nos ministros; como disse, a grandeza da eucaristia não é diminuída por causa dos pecados. A veneração pelos sacerdotes não pode cessar; se tal coisa acontecer, sinto-me ofendido.

Santa Catarina de Sena, “O Diálogo”
Cap. 28.
Paulus, 9ª edição, São Paulo, 2005
pp. 237-240

A Igreja estava certa

Às vezes, encontramos gratas surpresas na “mídia convencional”. Encontrei um excelente artigo publicado n’O Estado de São Paulo de segunda-feira última, dia 17 de novembro; não sei se saiu na mídia impressa mas, em todo caso, é já excelente que tal matéria esteja publicada na internet. Leiam-no na íntegra.

O texto é de autoria do dr. Carlos Alberto Di Franco, e fala sobre uma coisa que foi objeto de discussão recente neste espaço virtual: AIDS e preservativos. Sem a menor preocupação com o politicamente correto, o dr. Di Franco questiona abertamente o “dogma” moderno segundo o qual a maciça distribuição de preservativos é o remédio infalível para vencer o vírus da AIDS. E traz dados interessantes: “nos últimos dez anos, a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, o HIV, avançou na população mais escolarizada de São Paulo”. Ou seja: a (des)educação sexual não resolve o problema, antes piora-o. Contra fatos, não há argumentos. Cito o dr. Di Franco, com grifos meus:

Há alguns anos, nos Estados Unidos, o Institute for Research and Evaluation lançava uma advertência certeira, embora politicamente incorreta. “É um erro acreditar que com mais preservativos se evitem os comportamentos perigosos”, declarava o porta-voz da entidade. Pesquisas revelavam, então, que adolescentes bem informados continuavam tendo condutas sexuais de alto risco. A informação, despida de orientação comportamental, acaba sendo contraproducente.

E, arrematando:

A raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em alguns, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Como já escrevi neste espaço opinativo, hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade. É ridículo levar um gordo a um banquete e depois, insensatamente, querer que evite a gula.

Até quando os organismos públicos continuarão abordando irresponsavelmente o problema? Apesar de achar muitíssimo improvável que os “formadores de opinião” dêem o braço a torcer, gostaria apenas de registrar aqui que a Igreja estava certa. Mais uma vez, para variar.