Presente de Natal

Recebi, por email, um excelente texto do dr. Cícero Harada escrito já há alguns anos, mas que fala sobre um assunto que estávamos tratando aqui recentemente: a campanha de destruição do Natal por meio da substituição de todas as suas características cristãs por elementos genéricos e estranhos ao verdadeiro espírito natalino. Publico-o, com alegria.

Aproveito o ensejo para fazer um ligeiro comentário: a filosofia consumista, trocando a alegria do nascimento de um Salvador pela “alegria” de presentes e toda sorte de bens materiais é devastadora nas classes sociais mais abastadas, mas os pobres têm uma esperança, já que há evidentes barreiras financeiras à entrada no jogo do consumismo genérico que nem todos são capazes de ultrapassar. Podem, portanto, aqueles que ficaram “de fora” desta cidade de futilidades escolher um de dois caminhos: chorarem recostados ao muro e invejarem os “felizes” que lá conseguiram entrar, ou então procurarem, fora do mundo consumista, um sentido para o seu Natal. Estes últimos, quiçá encontrem uma Igreja e, como o José do Dr. Cícero, quem sabe não se deparem com o seu verdadeiro presente de Natal…

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Presente de Natal

Cícero Harada

José é o nome dele. Menino como tantos outros. Pés descalços, atônito, nunca vira a cidade tão apinhada. É o empurra-empurra das compras de Natal. Mal consegue caminhar. Nas vitrinas, nas ruas, nas lojas, papai Noel, obeso, roupa e gorro vermelhos, botas e cinto pretos, barbas brancas, às vezes, com um sininho à mão, mas sempre prometendo brinquedos e presentes às crianças, tirando com elas muitas fotos.

Lembra-se, em criança, de papai Noel, chegando de caminhão. Sim, num enorme caminhão, perto de casa, onde dezenas ou centenas de meninos e meninas recebiam brinquedos e os pais uma cesta básica.

É Natal, tempo de alegria. Tempo de generosidade. Tempo de bondade. Tempo de caridade. Caridade, não, a professora Lia detesta essa palavra. Nas aulas, ensina que caridade é sujeição, subordinação, e todos somos sujeitos de direito. Temos direito às coisas e não necessitamos de esmolas. José, no entanto, caminha, sem direito a comprar presentes, um presentinho sequer. Seu coração é tão grande: daria pra dar um presentinho pra cada criança pobre, pra cada idoso. Gostaria de ajudar as pessoas, mas é tão pobre…ajudar seu pai, desempregado, sua irmãzinha… Mas agora, aos doze anos, não iria pedir, como tantas vezes pediu, em vão, tantas coisas a papai Noel. –Pedir a papai Noel, nunca!– Dizia doutor Alcides, advogado e amigo de seu pai. Será que tudo isso que via é aquilo que doutor Alcides tanto criticava: a terrível sociedade de consumo? —É a sociedade do ter, afirmava em tom condenatório. Todos gastando o salário, o décimo terceiro e talvez comprometendo salários futuros. No olhar, não há generosidade, mas incontrolável ânsia de comprar, para si, para outrem, vontade quase mecânica, uma obrigação social.

José foge daquela multidão. Entra numa rua, fica espremido entre camelôs, oferecendo aos gritos suas mercadorias, e transeuntes, pechinchando e aproveitando as ofertas.

Pensa no Natal, nas festas que nunca teve…

Para diante de um bar, moços de gravatas, paletós vestindo cadeiras, gargalhadas, muita cerveja…

Anda alguns metros mais, é a igreja. Aí, muita vez orara com sua mãe. Relutante, entra: vazia…silenciosa…um presépio…um lindo presépio…é o Deus-Menino, ouve sua mãe, como se estivesse a seu lado. Ela o fazia ajoelhar sempre diante daquele menino de braços abertos, acolhedores. Vê a estrela guia, iluminando a gruta.  Lembra-se da professora Lia, explicando que natal é nascimento e que seu colega de sala tinha nome redundante, Natal Natalino do Nascimento. Então, natal é o nascimento do menino Jesus, do Menino-Deus. Deseja que sua mãe, tão distante, há tanto tempo, estivesse ao lado daquele que ela tanto amara…é o nosso Salvador, nasceu em Belém, numa grutalá, a Virgem Maria, a estrela guia, que nos leva sempre ao Deus-Menino, ensinava ela em tom maternal e carinhoso. É o nascimento, o natal do menino Jesus. É o natal de Cristo. E, de repente, naquele silêncio, uma indizível paz, uma alegria infinda…ajoelha-se…compreende que Ele, o menino Jesus, é o seu verdadeiro presente de Natal!

(O autor é advogado, Procurador do Estado de São Paulo, Conselheiro da OAB-SP, Presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia – OAB-SP)

Autorizada ampla divulgação

Ainda sobre o Natal…

campanha_natalComentei na semana passada sobre as ameaças sofridas pelo Natal, graças às quais uma festa cristã por excelência estava sendo despojada de todas as suas características próprias e transformada em qualquer coisa de “genérica”, de “palatável”, sem gosto e sem significado algum. O Natal não é uma festa genérica; é, antes, algo muito específico, o nascimento do Verbo Divino, do Filho de Deus feito Carne para a nossa salvação. E não é possível “inventarmos” um natal que agrade a todo mundo: desde o Seu nascimento, foi profetizado que o Filho de Deus seria “uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e (…) um sinal que provocará contradições” (Lc 2, 34). Devemos ser fiéis ao Natal que existiu; não a um “natal” que se adeque às nossas conveniências modernas.

O Miles Ecclesiae lançou uma oportuna campanha para que salvemos o Natal. Os ataques sofridos pela festa cristã não se concentram somente no Brasil; também na Espanha, o HazteOir fez as mesmas denúncias, e disse que urge recuperar o espaço perdido, onde sinos e renas, papais noéis e bolas coloridas tomaram o lugar dos presépios em homenagem ao aniversariante. Façamos a nossa parte para divulgar o verdadeiro sentido do Natal.

Doutrina Católica Básica

Segue abaixo um pequeno conjunto de perguntas sobre Doutrina Católica básica, a fim de que o ensinamento da Igreja seja melhor conhecido nos dias de hoje, nos quais tantas pessoas se dizem católicas sem fazerem idéia do que isso significa realmente. As respostas católicas vão entre colchetes.

Sobre Deus: Deus existe? [sim] A existência de Deus pode ser conhecida naturalmente, ou exige a Fé? [pode ser conhecida naturalmente] Há um só Deus, ou há vários deuses? [há um só Deus] O Deus que existe é ao mesmo tempo Uno e Trino? [sim] Deus é Criador de todas as coisas que existem? [sim] De todos os homens também? [também] Deus é Deus de todos os povos? [sim] Existe “um deus para cada religião” (Allah para os muçulmanos, Krishna para os hindus, Tupã para os índios, etc), ou Deus é o Deus de todos? [Deus é o Deus de todos]

Sobre Jesus Cristo: Jesus Cristo é verdadeiro Deus? [sim] E Homem verdadeiro? [também] Jesus Cristo veio realmente a esta terra? [veio] Os Evangelhos são livros históricos ou dependem da “fé” de quem lê? [são livros históricos] Jesus Cristo fundou uma Igreja? [sim, fundou uma Igreja]

Sobre a Igreja: Jesus Cristo fundou uma única Igreja, ou várias? [uma única Igreja] Jesus Cristo é o Esposo Fiel que tem uma Única Igreja por Esposa, ou é um adúltero que tem “várias igrejas” – ou (pior ainda) várias religiões – por concubinas? [é o Esposo que tem uma Única Igreja por Esposa] A Igreja é infalível quando ensina sobre Fé e Moral? [é infalível] Todos fazem parte da Igreja, ou entra-se n’Ela pelo Batismo? [entra-se n’Ela pelo Batismo] Existe salvação fora da Igreja? [não] Fora das estruturas visíveis da Igreja, é possível pertencer “à alma” d’Ela e ser salvo?  [sim] Todos pertencem “à alma” da Igreja, ou é necessário para isso estar em Ignorância Invencível e ter ao menos implícito o Batismo de Desejo? [é necessário estar em Ignorância Invencível e ter ao menos implícito o Batismo de Desejo] Os não-católicos, portanto, salvam-se caso não estejam em Ignorância Invencível, ou caso não tenham pelo menos implicitamente o Batismo de Desejo? [não, os não-católicos não se salvam se não estiverem em Ignorância Invencível e não tiverem pelo menos implícito o Batismo de Desejo] Todas as pessoas, portanto, precisam conhecer a Igreja e segui-lA? [sim]

Sobre a Missa: a Missa é o Sacrifício de Cristo tornado presente em nossos altares, ou é uma reunião do povo de Deus, uma confraternização dos irmãos na Fé, uma festa para que os católicos se encontrem e vivam em comunidade, ou alguma outra coisa parecida? [é o Sacrifício de Cristo tornado presente em nossos altares] Na Eucaristia, Jesus Cristo está verdadeiramente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade? [sim] Isso depende da Fé de quem celebra, da Fé de quem comunga, ou é assim em virtude do sacramento? [é assim em virtude do Sacramento] Os não-católicos podem comungar? [não] Quem está em pecado mortal pode comungar? [não] A missa é celebrada para o povo, ou para Deus em favor do povo? [para Deus em favor do povo] Existe Missa com o povo reunido, sem o padre? [não] Existe Missa só com o padre, sem o povo reunido? [sim]

Sobre assuntos diversos: é pecado mortal ter relações sexuais fora do casamento? [é] É pecado mortal usar métodos artificiais de controle de natalidade? [é] É pecado mortal abortar? [é] É pecado mortal deixar de assistir missa nos domingos sem que haja motivo grave? [é] A sodomia é pecado mortal e, ainda, um pecado contra a natureza? [sim] Católico pode defender o aborto? [não] Católico pode ser socialista? [não] Existe Purgatório? [sim] Existe inferno? [sim] O inferno é para sempre? [sim] Existe Satanás? [sim] As pessoas que morrem em pecado mortal sem arrependimento vão para o inferno? [vão] É necessário buscar o Sacramento da Confissão com um padre quando se comete um pecado mortal? [sim] Nossa Senhora é Mãe de Deus? [é] Nossa Senhora foi e é Virgem antes, durante e depois do parto? [sim, Ela foi e é Virgem antes, durante e depois do parto] Nossa Senhora nasceu com o Pecado Original? [não] Nossa Senhora foi assunta aos Céus em Corpo e Alma? [sim]

Há muitas outras perguntas que poderiam ser feitas, mas estas bastam por enquanto. Que possamos nos esforçar para sermos em tudo servos fiéis da Igreja, repetindo todos os dias com alegria: esta é a nossa Fé, que da Igreja recebemos, e sinceramente professamos!

Expulsando os lobos do redil

Não me incomodam tanto as pessoas que atacam a Igreja estando fora d’Ela. O que realmente me tira do sério são aqueles que se dizem “católicos” e, mesmo assim, fazem tudo de maneira diametralmente oposta àquilo que a Igreja ensina e pede. O mau testemunho que estas pessoas dão, o escândalo, as feridas que se disseminam por todo o Corpo Místico de Cristo – afinal, lembremo-nos da comunhão dos santos – são simplesmente terríveis. Tais pessoas terminam por “queimar o filme” da Igreja e, assim, afastar d’Ela as almas sinceras que buscam a Verdade que liberta, e que só na Igreja de Nosso Senhor pode ser encontrada em plenitude.

“Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar!”, disse Nosso Senhor no Evangelho (Mc 9, 42). Pode-se traduzir também “todo o que escandalizar a um destes pequeninos” – no latim de São Jerônimo, o verbo é scandalizaverit – e, na minha opinião, desta forma fica mais evidente o mal que é o escândalo. Comentando esta passagem do Evangelho, o Catecismo da Igreja diz o seguinte:

O escândalo reveste-se duma gravidade particular conforme a autoridade dos que o causam ou a fraqueza dos que dele são vítimas. Ele inspirou esta maldição a nosso Senhor: «Mas se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em Mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar» (Mt 18, 6). O escândalo é grave quando é causado por aqueles que, por natureza ou em virtude da função que exercem, tem a obrigação de ensinar e de educar os outros. Jesus censura-o nos escribas e fariseus, comparando-os a lobos disfarçados de cordeiros.
[CIC 2285]

Todo este preâmbulo foi necessário para que eu comentasse um caso que eu vi no Jornal Nacional de ontem, sobre um padre “casado” que insistia em celebrar os Sacramentos mesmo estando suspenso de ordens. O padre Osiel dos Santos chegava mesmo a dizer: “o que eu faço não é com ordem da diocese”. Ou seja: estamos diante de um caso de deliberado e consciente desprezo à autoridade da Igreja de quem o padre recebeu o ministério sacerdotal!

Sejamos claros: ninguém é obrigado a ser católico. Para quem é católico, ninguém é obrigado a ser padre. No entanto, se o sujeito livremente se decide por ser católico e – ainda – por ser ordenado sacerdote, tem a obrigação de “seguir as regras do jogo”, e ter pelo menos um mínimo de coerência e de consideração à Igreja para cujo serviço ele foi ordenado. Ninguém tem o “direito” de ser sacerdote do Deus Altíssimo; uma vez que atinja este estado, portanto, é necessário esforçar-se para ser digno dele. Agir como lobo que dispersa as ovelhas e pôr-lhes as almas em risco quando se tinha o encargo de guardá-las e conduzi-las a Deus é uma atitude particularmente perversa. Foi a pessoas assim que Jesus dirigiu aquelas duras palavras dos Evangelhos citadas mais acima.

Os Sacramentos da Igreja não são todos iguais. A Eucaristia, por exemplo, é validamente celebrada mesmo por um padre que esteja suspenso de ordens – embora seja ilícita. Mas as confissões e os matrimônios são inválidos mesmo, porque são Sacramentos que exigem o exercício da jurisdição da Igreja – coisa que um padre suspenso não possui. Portanto, o padre Osiel estava não somente escandalizando os fiéis, mas também enganando-lhes ao lhes oferecer “teatros” de Sacramentos que não têm valor. Ele deveria dizer não somente que não age “com ordem da diocese”; deveria dizer claramente que está fazendo teatro e “celebrando” casamentos sem valor algum, dizendo ainda – para que as pessoas que o procuram pudessem entender – que um casamento em presença dele e em presença de ninguém eram a mesma coisa, ou seja, nada. Mas por que alguém que despreza a Igreja iria se preocupar com as almas dos fiéis que Ela tem a missão de guardar?

N’O Globo, foi publicada a mesma notícia com um outro detalhe que vale a pena mencionar:

– Eu sempre lutei pelo celibato opcional e pela ordenação de mulheres – diz Osiel.

Eis, portanto, as garras do lobo de fora. Embora o celibato seja uma disciplina da Igreja, é antiquíssima, e santa e santificante, e a Igreja já deixou claro (inclusive recentemente) que não pretende alterá-la (cf. Sacramentum Caritatis, 24); mas a ordenação de mulheres é uma impossibilidade doutrinária, que simplesmente não pode ser feita, como a Igreja também já o disse outras vezes. Mulheres não podem ser ordenadas, como papagaios não podem ser batizados ou pedras não podem ser crismadas. Em qualquer um dos casos o sacramento é inválido e é um sacrilégio. A função da mulher – importantíssima e insubstituível – na Igreja é outra; leiam a Mulieris Dignitatem! E não aceitemos que um padre, que deveria guiar os fiéis pelo estreito caminho da Salvação, despreze a dignidade feminina com base em um inexistente igualitarismo entre os gêneros.

O padre diz que não crê estar fazendo nada de errado. Sim, está, é claro que está. Está traindo a Igreja, escandalizando o povo fiel, oferecendo simulações de sacramentos no lugar dos sacramentos verdadeiros, defendendo disparates já há muito tempo condenados pela Igreja. No site da Arquidiocese, encontra-se um comunicado de Sua Excelência Reverendíssima Dom Washington Cruz, avisando a todas as pessoas que o padre Osiel não pode celebrar os Sacramentos. Graças a Deus, as pessoas estão se cansando dos escândalos, e os bispos estão agindo verdadeiramente como sentinelas que são, defendendo os fiéis católicos de tudo aquilo que pode colocar em risco a salvação de suas almas, e expulsando valentemente os lobos do meio das ovelhas. Rezemos pela Igreja, para que Ela tenha sempre santos pastores, dignos do grave encargo que lhes foi confiado.

Mais uma bela atitude de Dom Alano

Niterói parece ser “território de missão”. Conheço alguns católicos de verdade que lá moram, entre leigos e sacerdotes; conheço poucos, porque não são muitas, infelizmente, as pessoas que conheço na cidade. Já estive em Niterói duas vezes, a última em novembro do ano passado; à época, não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Dom Alano, que estava em viagem. É uma pena, porque gostaria de ter tido a chance de me prostrar diante dele e pedir-lhe a bênção, agradecendo-lhe pela fidelidade ao seu ministério episcopal.

É no meio das adversidades que nós encontramos o heroísmo, porque é no fogo que se prova o ouro. Foi, então, com um misto de tristeza e alegria que eu recebi uma notícia segundo a qual Dom Alano pedia uma retratação de alguns fiéis da Arquidiocese.

Tristeza, porque a situação é obviamente absurda. Um grupo de sujeitos – cerca de duzentos – dar as costas à celebração da Santa Missa é um tremendo sacrilégio, uma completa falta de noção do que sejam as coisas santas. Afinal, o que essas pessoas faziam na Missa até então? Será possível que eles não tenham aprendido nada? Porque alguém ter a capacidade de dar as costas para o Santo Sacrifício da Missa é uma falta de respeito e uma irreverência tão grandes que… eu nem sei dizer.

E isto é muito preocupante. Se são os próprios católicos a darem as costas à Missa, que tipo de catequese esta gente anda recebendo? Ninguém lhes ensinou que Deus está presente no altar, em Corpo e Sangue, Alma e Divindade, após a Consagração do Pão e do Vinho? Ninguém lhes disse que, no Altar da Santa Missa, Cristo é imolado em propiciação pelos nossos pecados? Ninguém lhes avisou que o Altar da Missa e o Altar do Calvário eram um único Altar, onde Jesus, Sumo Sacerdote, oferece-Se a Deus Pai por nós? Ninguém lhes disse que é uma tremenda falta de respeito virar as costas para Deus, e pior ainda no preciso momento em que o Sacrifício da Cruz Se faz presente?!

É de partir o coração ouvir uma senhora dizer na reportagem:

Selma do Nascimento Silva, 55 anos, conta que há um mês abandonou a Igreja Evangélica Em Nome de Jesus, onde foi pastora por 25 anos, para “seguir os ensinamentos do padre”. “Conheci padre Dutra na hora certa. Ele me salvou”, disse Selma. Ela pretende voltar a ser evangélica e pôs à venda sua casa, próxima à paróquia.

Quais eram “os ensinamentos do padre” que a dona Selma estava seguindo? Será mesmo que o padre estava ensinando os seus paroquianos a darem as costas para a celebração do Santo Sacrifício da Missa? Não é natural que os padres ensinem aquilo que a Igreja ensina – e, portanto, o que dona Selma deveria fazer era seguir os ensinamentos da Igreja? Ver os paroquianos darem as costas à Santa Missa é o testemunho mais eloqüente que se poderia imaginar em favor da Arquidiocese: claro está que um pastor que deixe as ovelhas neste estado precisava ser afastado, para o bem dos fiéis.

Sandro Marraschi, um dos líderes dos protestos, contestou a Arquidiocese. “Não houve desrespeito. O protesto, pacífico, foi do lado de fora da igreja. Infelizmente, mais uma vez, é o bispo que se coloca de costas para os fiéis, sem nos dar explicações transparentes sobre a expulsão de padre Dutra”, rebateu.

É mesmo? Dar as costas à Santa Missa não é desrespeito? Onde foi que estes sujeitos aprenderam catecismo, pelo amor de Deus? Estas pessoas perderam completamente o senso do sagrado – é terrível! E ainda tentam cobrar do senhor Arcebispo “explicações transparentes” – como se Sua Excelência lhes devesse alguma coisa e não tivesse autonomia para administrar a sua Arquidiocese como melhor lhe parecer. Acaso querem implantar a democracia na Igreja Católica?

Há, no entanto, ao lado deste absurdo sem tamanhos, o brilho da atitude exemplar de Dom Alano Maria Pena. “De acordo com o assessor de imprensa da Arquidiocese, padre Leandro Freire, Dom Alano exige uma “retratação por escrito” dos cerca de 200 católicos” que participaram do protesto infame. Oferecemos os nossos mais sinceros parabéns a Sua Excelência Reverendíssima, que mais uma vez optou pela fidelidade à Igreja de Cristo, provavelmente em detrimento da sua própria imagem passada aos (in)fiéis da Paróquia de Santo Antônio. E rezemos, em desagravo ao Santíssimo Sacramento do Altar.

Um Padre e um Papa

Cito de segunda mão; já que eu falei recentemente sobre casamento aqui, vale a pena ler esta homilia de São João Crisóstomo sobre como escolher uma esposa. Cito o primeiro ponto da obra do santo, que é muitíssimo atual e aplicável universalmente para qualquer estado de vida que se deseje escolher, mormente nos nossos dias:

1) Portanto, quando fordes escolher uma esposa, não examineis somente as leis do Estado, mas, antes, examineis as leis da Igreja. Deus não vos julgará no último dia segundo as leis do Estado, mas segundo Suas leis.

Isto serve não somente para a escolha de uma esposa, mas para toda e qualquer escolha, por pequena que seja, que nós devemos fazer a cada dia de nossas vidas.

* * *

Hoje é dia de São Leão Magno, Papa. Vale a pena conferir a catequese de Bento XVI sobre ele. Destaco:

“Pedro falou pela boca de Leão”, prorromperam em uníssono os Padres conciliares. Sobretudo desta intervenção, e de outras feitas durante a controvérsia cristológica daqueles anos, sobressai com evidência como o Papa sentia com particular urgência as responsabilidades do Sucessor de Pedro, cujo papel é único na Igreja, porque “a um só apóstolo está confiado o que a todos os apóstolos é comunicado”, como afirma Leão num dos seus sermões para a festa dos santos Pedro e Paulo (83, 2).

São Leão Magno,
Rogai por nós!

Curtas sobre o aborto (começando a semana…)

Muita coisa!

– O pai de uma garota que teve anencefalia está fazendo um excelente trabalho de divulgação na internet da sua experiência de vida. Vejam n’O Possível e O Extraordinário. Marcelo Pires é o nome deste pai; Giovanna, o nome desta filha. Ela, com a vida que viveu e, ele, com o testemunho dado – por atos e por palavras – do que é ser um pai, lutam juntos para garantir a todas as crianças (também às deficientes) o direito de nascer. Confiram o site abaixo: uma excelente iniciativa de se montar um portal em língua portuguesa para esclarecer as pessoas sobre anencefalia:

http://www.anencefalia.com.br/

– Ainda sobre anencefalia: Marcela era anencéfala. O padre Lodi disponibiliza os laudos de médicos que atestam a existência da má-formação. Tem também um álbum com algumas fotos da pequena guerreira.

– O abortista que foi eleito presidente da maior potência do mundo já prenuncia como será o seu governo: assessor diz que Obama deve reverter ações de Bush. Entre estas ações a serem revertidas, estão (claro!) o “decreto que limita o financiamento de pesquisas científicas usando células-tronco de fetos humanos” e “leis que regulamentam o aborto”. Tenha Deus misericórdia dos Estados Unidos.

Governo promove abortismo no ENADE. É inacreditável encontrar uma cretinice deste tamanho nas provas do Governo de avaliação do Ensino Superior! A questão aplicada aos alunos de História diz o seguinte:

As melhores leis a favor das mulheres de cada país-membro da União Européia estão sendo reunidas por especialistas. O objetivo é compor uma legislação continental capaz de contemplar temas que vão da contracepção à eqüidade salarial, da prostituição à aposentadoria. Contudo, uma legislação que assegure a inclusão das cidadãs deve contemplar outros temas, além dos citados.

São dois os temas mais específicos para essa legislação:
(A) aborto e violência doméstica
(B) cotas raciais e assédio moral
(C) educação moral e trabalho
(D) estupro e imigração clandestina
(E) liberdade de expressão e divórcio

A resposta correta é a letra (a). Ou seja, para o Governo, uma instituição de Ensino Superior é boa se ela ensina aos alunos que o aborto deve estar contemplado em “uma legislação que assegure a inclusão das cidadãs”! Isto é vergonhoso e preocupante. Denunciemos, antes que seja tarde demais.

O casamento do meu melhor amigo

Ontem (na verdade hoje, porque acabei de chegar da recepção), Pacheco e Poli uniram-se em Matrimônio, diante da Igreja de Deus. Com certeza, existem alguns dos meus leitores que não sabe quem são Pacheco e Poliana; não faz muita diferença. São amigos meus, que se casaram no sábado 08 de novembro, e basta; escrevo, porque estive na cerimônia, e chorei quando a noiva entrou na igreja.

Por que chorei? Oras, porque não era simplesmente “a noiva”. Era Poli. Era uma amiga minha, que estava casando, iniciando a grande aventura da formação de uma família, deixando o lar paterno para se aventurar no “mundo dos casados” junto com um amigo meu, desatracando o barco da própria vida e disposta sinceramente a fazê-lo navegar pelas águas mais profundas da resposta generosa à vocação matrimonial. Nunca me senti “tão próximo” assim de um casamento, porque nunca dois amigos meus tão próximos assim haviam tomado esta tão séria decisão de se unirem em Matrimônio.

Já fui a várias festas de quinze anos, nas quais – de acordo com as antigas tradições – a debutante era então apresentada à sociedade como sendo já adulta, capaz de seguir a própria vida e apta a arcar com as próprias responsabilidades. Hoje sei que não são lá muita coisa. Nada se compara a um casamento; ver a noiva entrando na igreja, dando os passos sem dúvidas mais importantes da vida dela – os passos que vão traçar definitivamente os caminhos que ela pode seguir de agora em diante – em direção ao noivo que a espera no altar… a cena, eu já havia visto mil vezes, mas nada se compara a colocar dois amigos seus nestes papéis genéricos de “o noivo” e “a noiva”. Já não são figuras distantes que repetem o mesmo ritual de séculos; são amigos seus que você conhece, recebendo-se mutuamente por esposo e esposa, e isso faz toda a diferença.

Quando eu era pequeno, eu não percebia o drama de um Matrimônio; ele sempre se me afigurou como sendo uma decisão madura, tomada por “pessoas grandes” que têm plena convicção daquilo que querem e podem facilmente realizar aquilo que se propõem a fazer. Hoje [talvez pela primeira vez na vida] eu vi as coisas sob uma nova ótica, porque foram dois amigos que se casaram. Eles não são “pessoas grandes”, são amigos da minha idade, sujeitos às mesmas dúvidas e limitações que eu, deslumbrados como eu com o futuro de uma vida que se descortina diante de seus olhos; poder-se-ia até dizer “começando a viver”. E decidindo começar a viver juntos.

É muito bonito ver duas pessoas decidirem começar a viver juntas. Antes, a imagem que eu tinha – até inconscientemente – de um casamento era a de pessoas que já sabiam o que era viver, em cujas vidas a única mudança seria “fazer as mesmas coisas” (que já faziam antes) em conjunto, ao invés de sozinhas. Hoje, eu vi que não tem nada a ver com isso e, ao contrário, o Matrimônio é uma grande aventura: não são pessoas que vão fazer “as mesmas coisas” de uma maneira somente acidentalmente nova, são pessoas que vão fazer todas as coisas de uma maneira nova. Não é simplesmente uma fase da vida adulta, é a fase da vida adulta (que, outra, eles não tiveram) decidida em comum acordo. Decidiram viver juntos a única vida que eles têm para viver! Talvez eu seja meio insensível mas, para mim, essas coisas só são perceptíveis quando nos tocam diretamente: quando são duas pessoas próximas a você que decidem se casar.

Uma decisão de uma vida, que não tem volta, tomada por jovens que vão começar a viver uma vida completamente diferente do que viviam até então: eis o que eu enxerguei nos passos de Poli adentrando a igreja, com rosto choroso. Ela era a noiva e não podia chorar muito; então chorava eu em quem, embora padrinho, ninguém prestava muita atenção. Passos chorosos, mas corajosos; tíbios e, ao mesmo tempo, decididos. Pacheco a esperava, sem dúvidas nervoso, mas também resoluto. Recebeu-a por legítima esposa, e ela a ele, e agora são uma só carne a quem Deus uniu.

A quem Deus uniu! O Senhor – e isso talvez seja uma das partes mais bonitas da história toda, que eu percebia entre uma lágrima e outra que teimava em descer – vem em auxílio daqueles que invocam o Seu Santo Nome com humildade. Deus é Aquele que “alegra a minha juventude” – que lhe dá forças e lhe faz viver melhor. Não posso deixar de ver a ação de Deus neste Matrimônio, e poderia sem dúvidas me arriscar a dizer que, não fosse ela, não haveria sequer Matrimônio. Os dois não casariam, se não fosse por terem ouvido o chamado do Altíssimo. Os dois não se entregariam mutuamente diante da Igreja, se não fosse a íntima convicção de estarem respondendo a uma vocação divina. São jovens, são inexperientes, têm dúvidas, têm medos, têm anseios, mas têm Deus – e Ele supera todo o resto.

Os passos que Poli dava em direção a Pacheco, eram também em direção ao Altar – em direção a Deus. O Matrimônio é uma vocação, e a decisão do casamento é também – e principalmente – uma decisão de se fazer a vontade de Deus. Mesmo que se seja jovem; mesmo que não se tenha lá muita certeza de como serão resolvidos todos os pormenores da vida conjugal. Deus chama, e importa ir em direção a Ele.

Estão casados! Parabéns, Pacheco e Poli! Que o Espírito Santo esteja sempre presente nesta família. Que o Deus Onipotente possa cuidar de vós, e que São José seja exemplo para o marido, e a Virgem Maria seja exemplo para a esposa, e que esta nova família que hoje se iniciou possa em tudo imitar Aquela Família de Nazaré. E que, aproveitando todas as graças que terão na vida matrimonial, possam ambos os meus amigos crescerem em santidade a cada dia, a fim de chegarem – juntos, permita-o Deus! – à Bem-Aventurança Eterna um dia, por terem vivido bem esta vida que, hoje, diante da Igreja e na presença dos amigos, começaram a viver.

Pescadores de Homens

Há uns dias, expus aqui algumas reflexões sobre a morte, surgidas de um triste acidente que eu havia presenciado na véspera. Dentre os comments, o André Víctor mencionou um filme produzido pela Conferência Episcopal Americana, chamado Fishers of Men (Pescadores de Homens), no qual era exibida uma cena parecida. Vi o vídeo no youtube (acima, está apenas a cena do acidente; vale a pena mesmo para quem não entende inglês) e, à exceção de um ou outro ponto (estranhíssimos, reconheço; a casula aos 5:49 da parte 1, a estola aos 1:16 da parte 2…), é recomendável. Os links vão abaixo

Parte 1

Parte 2

Uma sugestão enfática, mesmo para quem se canse por não conseguir entender o inglês: gravaram o rosto do menino que aparece na cena do acidente, acima? Vejam o que acontece na segunda parte, a partir dos 7:14