O Jornal Gayzista

Dois homossexuais conseguiram adotar duas meninas; é matéria de capa no Diário de Pernambuco de hoje, jornal de grande circulação aqui em Recife. Tradicionalíssimo (tem mais de 180 anos, e a Wikipedia diz que é o jornal mais antigo em circulação na América Latina), parece no entanto estar se vendendo às exigências da agenda gayzista dos nossos dias, infelizmente.

A matéria de capa conta que os dois homossexuais [não cita o nome deles; infiro que são dois pederastas – e não duas lésbicas – porque o jornal fala em certo momento de “dois companheiros”] moram em Natal e já haviam tentado a adoção naquele estado, sem sucesso. Vieram a Recife, inscreveram-se no programa de adoção e conseguiram uma decisão favorável do juiz Élio Braz; segundo o jornal, “[a] decisão já foi aceita pelo Ministério Público de Pernambuco e não cabe mais recurso”. Pior; diz ainda que a sentença do juiz “abre precedente em todo o país”, porque é a primeira vez que uma dupla de homossexuais consegue adotar uma criança enquanto dupla de homossexuais (o jornal conta que, nas outras vezes em que isso aconteceu, cada “parceiro” entrou na Justiça sozinho). Triste Pernambuco, que doravante vai carregar a pecha de uma tão degradante vanguarda! É a posição do sr. Braz:

O magistrado entende que a legislação brasileira não proíbe a adoção de crianças e adolescentes por casais homossexuais. “O que acontece é que durante votação do projeto de lei 6.222/2008, na Câmara Federal, os deputados retiraram o artigo que autorizava a adoção por pessoas do mesmo sexo. No entanto, ficou a lacuna. Na minha sentença sou claro: a existência de lacuna não impede o direito”, ressaltou. O projeto de lei ainda vai seguir para avaliação do Senado.

Quem tiver achado que a desgraça já está de bom tamanho, enganou-se. Na mesma edição do jornal, existem duas reportagens – pasmem! – sobre a história de uma dupla de lésbicas de Brasília, contada com um gritante apelo sentimental que cativa a opinião pública para a “bonita história” das duas garotas. Os títulos? “Uma história de amor e de maternidade” e “As duas se entendiam”!

Depravação e promiscuidade disfarçadas com enfeites retóricos, é tudo o que podemos encontrar nestas matérias. É a “história de amor” entre Aparecida Maria de Oliveira, “hoje dona de casa”, e Lenilde Spinola dos Santos, “ex-professora de catequese” (!). Dona Aparecida era mãe de quatro filhos com três homens diferentes, antes de conhecer a Lenilde. Passaram a viver juntas. Alguns anos depois, Lenilde resolveu ser mãe, e a solução encontrada pelas duas foi… procurarem o ex-marido da Aparecida! Com a ajuda dele, Lenilde teve dois filhos, que têm hoje 10 e 6 anos de idade. A posição do ex-marido, o sr. Joel Mariano da Silva, é espantosa:

Casado pela segunda vez, 43 anos, funcionário público, morador de Planaltina, Joel aceitou falar. “Eu ajudei no que pude. E acho que fiz a coisa certa. Elas eram felizes. No começo, não entendi a relação das duas, mas depois percebi que era uma coisa normal”, ele diz. “Quando nasceu a menina, a gente quis registrar no nome de nós duas, mas a Justiça não aceitou. Aí, o Joel colocou o nome dele na certidão das duas crianças”, conta Aparecida. Os filhos da companheira, voluntariamente, passaram a chamar Aparecida de mãe; e a mãe [Lenilde], de Piozinho.

Cabe perguntar: qual a intenção do jornal em publicar este tipo de matéria? Qual o motivo da escancarada propaganda gayzista? Onde quer chegar o Diário de Pernambuco com a publicação despudorada destas sem-vergonhices que, ao invés de enaltecer, denigrem a imagem do jornal e atentam contra os valores da família pernambucana? Prostituição jornalística, capitulação diante da sanha gayzista, subserviência aos inimigos da moral e dos bons costumes: eis o espetáculo que nos apresenta até mesmo o mais antigo jornal em circulação na América Latina.

P.S.: Alguém fez uma lembrança muito pertinente. Sugestão de leitura:

Pedofilia e Homossexualismo (Júlio Severo)
Homossexualismo e Pedofilia (Leonardo Bruno)

Palestra sobre Chesterton

Palestra gratuita em São Paulo (pelo que eu pude entender), no 16 de outubro, sobre Chesterton, conforme anuncia o site da Dicta & Contradicta.

A palestra tem vagas limitadas e as inscrições podem ser feitas pelo e-mail humanidades@iics.org.br (com nome, telefone, endereço e e-mail para contato) ou pelo telefone 11-2104-0100. A entrada é franca.

Chesterton é espetacular. Bem que eu gostaria de estar em São Paulo na próxima quinta-feira. Um exemplo do gênio do escritor britânico, quando nem católico era:

Nós é que fazemos nossos amigos. Nós é que fazemos nossos inimigos. Mas Deus foi quem fez nosso vizinho. Por isso é que o vizinho nos surge revestido de todos os inesperados terrores da natureza; ele é tão estranho como as estrelas, tão alheio e impassível como a chuva. É o Homem, o mais terrível de todos os animais. Donde as antigas religiões, bem como a linguagem bíblica, terem demonstrado tão profunda visão das coisas quando aludiram, não a nossos deveres para com a humanidade, mas a nossos deveres para com nosso vizinho. O dever para com a humanidade pode muitas vezes tomar a forma de pura escolha, que é ato pessoal e até agradável. Pode ser uma ocupação favorita, pode ser mesmo um passatempo. Podemos trabalhar em favor dos bairros pobres de Londres porque fomos de algum modo talhados para tal trabalho, ou porque cremos que o fomos; podemos lutar pela causa da paz internacional porque nos agrada lutar. Podem resultar de nossa própria escolha, ou de simples questão de gosto, o martírio mais atroz, ou a experiência mais repulsiva. Podemos ter sido feitos de molde a ter predileção pelos doidos ou a sentirmos especial interesse pelo problema da lepra. Podemos encantar-nos com os negros porque são pretos, ou como os socialistas alemães porque são pedantes. Mas quanto a nosso vizinho, a este temos de amar porque ele está ali — razão muito mais alarmante e que requer reações afetivas muito mais difíceis. Ele é a amostra viva da humanidade que nos coube. Precisamente porque pode ser qualquer pessoa, ele é como toda a humanidade junta. É um símbolo, no sentido de que é mero acidente.
[Heretics, Cap. XIV]

50 anos da morte de Pio XII

Hoje, o Santo Padre Bento XVI celebrou uma Capela Papal em comemoração pelo cinqüentenário da morte do Servo de Deus Pio XII. O Fratres in Unum acabou de publicar fotos da celebração. Da homilia pronunciada pelo Santo Padre, traduzo os textos a seguir, bem adequados à recente polêmica envolvendo a figura deste grande Príncipe da Igreja:

A Guerra [Segunda Guerra Mundial] pôs em evidência o amor que [Pio XII] nutria por sua “amada Roma”, amor testemunhado pela intensa obra caritativa que promoveu em defesa dos perseguidos, sem distinção alguma de religião, etnia, nacionalidade ou filiação política. Quando, ocupada a cidade, ele foi diversas vezes aconselhado a deixar o Vaticano para manter-se a salvo, a sua resposta sempre foi idêntica e decidida: “não deixarei Roma e nem meu posto, ainda que tivesse que morrer” (cfr Summarium, p.186). Os familiares e outras testemunhas referiram-se, além disso, à privação de alimento, aquecimento, vestuário e conforto, à qual ele se submeteu voluntariamente para compartilhar a mesma condição das pessoas duramente provadas pelos bombardeios e consequências da Guerra (cfr A. Tornielli, Pio XII, Un uomo sul trono di Pietro). E como esquecer a radiomensagem natalícia de dezembro de 1942? Com voz partida pela comoção, deplorou a situação das “centenas de milhares de pessoas que, sem nenhuma culpa própria, às vezes somente por razões de nacionalidade ou de família, são destinadas à morte ou a uma progressiva decadência” (AAS, XXXV, 1943, p. 23), em uma clara referência à deportação e ao extermínio perpetrado contra os judeus.

Agiu muitas vezes de modo secreto e silencioso justamente porque, à luz da situação concreta daquele complexo momento histórico, ele intuía que somente deste modo era possível evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus. Por estas suas intervenções, numerosos e unânimes atestados de gratidão foram a ele dirigidos ao fim da Guerra, bem como no momento de sua morte, pelas maiores autoridades do mundo judeu, como, por exemplo, pelo Ministro do Estado de Israel Golda Meir, que assim escreceu: “quando o mais assustador martírio se abateu sobre o nosso povo, durante os dez anos do terror nazista, a voz do Pontífice se levantou em favor das vítimas”, concluindo com emoção: “nós choramos a perda de um grande servidor da paz”.

Infelizmente, o debate histórico sobre a figura do Servo de Deus Pio XII, nem sempre sereno, falhou em trazer à luz todos os aspectos do seu pontificado multifacetado. Muitíssimos [tantissimi] foram os discursos, as alocuções e as mensagens que manteve com cientistas, médicos, expoentes das categorias de trabalhadores mais diversas, algumas das quais conservam ainda hoje uma extraordinária atualidade e continuam a ser um ponto seguro de referência.

[…]

Caros irmãos e irmãs, enquanto rezamos para que prossiga felizmente a causa de beatificação do Servo de Deus Pio XII, é bonito recordar que a santidade foi o seu ideal, um ideal que não deixou de propôr a todos. (…) Neste nosso mundo que, como então, é assaltado por preocupações a angústias sobre o seu futuro; neste mundo onde, talvez mais do que então, o afastamento de muitos da verdade e da virtude deixa entrever cenários desprovidos de esperança, Pio XII nos convida a voltarmos o nosso olhar para Maria assunta na Glória Celeste. Convida-nos a invocá-la confiantes, para que nos faça apreciar sempre mais o valor da vida sobre a terra e nos ajude a volver o olhar para o objetivo verdadeiro ao qual somos todos destinados: aquela Vida Eterna que, como assegura Jesus, possui já quem escuta e segue a Sua Palavra. Amém!

Comentários ligeiros

– Ainda a repercussão sobre a perfídia do rabino-chefe de Haifa: Andrea Tornielli lembrou no seu blog o pronunciamento do Grande Rabino de Jerusalém, Isaac Herzog, em 1944:

O povo de Israel não esquecerá jamais o que Sua Santidade e os seus ilustres delegados – inspirados pelos princípios eternos da religião, que estão na base da autêntica civilização – estão fazendo pelos nossos desventurados irmãos e irmãs na mais trágica hora de nossa história, uma prova viva da Divina Providência neste mundo.

– Sobre o mesmo assunto, o Rorate Caeli publicou alguns textos da Igreja sobre “a palavra de Deus e a infidelidade dos judeus”: Evangelho de São João (cap. 5), Atos dos Apóstolos (cap. 28), trecho de uma homilia de Paulo VI e a oração tradicional da Sexta-Feira Santa.

– O Vaticano é o mais novo membro da Interpol; e foi admitido por unanimidade. O objetivo da polícia internacional é “promover a cooperação entre as polícias dos 187 países-membros e a apoiar organizações, autoridades e serviços que previnam ou combatam o crime internacional”.

– No Sínodo dos Bispos, entrevista de Dom Laurent Monsengwo Pasinya à Radio Vaticana:

[A] Bíblia se interpreta em comunhão com a Igreja, segundo alguns critérios que são garantidos pela Igreja, em coerência com toda a Bíblia. Não basta pegar um versículo, dar-lhe arbitrariamente um sentido, é preciso seguir a coerência de toda a Bíblia. Ademais, existe outro critério: jamais se pode dar a um texto bíblico um sentido que seja contrário à fé recebida dos Apóstolos

Respondendo ao pérfido judeu

Não nos prendamos a melindres politicamente corretos; “pérfido” significa, segundo qualquer consulta ao dicionário, “infiel”, “desleal”, “traidor”. Quando a Igreja, portanto, rezava pelos “pérfidos judeus”, Ela não estava simplesmente “xingando” os israelitas por alguma espécie de intolerância não-disfarçada; ao contrário, tratava-se da expressão litúrgica de uma verdade histórica, a saber, que os judeus foram desleais à promessa de Deus e, quando crucificaram Jesus, traíram o Messias que viera para eles.

Nada mais adequado, portanto, que chamar de “pérfido” o rabino de Haifa, Shear Yesuv Cohen, que na última segunda-feira, aproveitou-se do convite que lhe tinha sido feito para falar sobre as Escrituras Sagradas no Sínodo dos Bispos para difamar e atacar a memória do Santo Padre Pio XII. Traindo a confiança do Papa (que, obviamente, não lhe convidou para proferir inverdades sobre um Príncipe dos Apóstolos), o rabino mostrou-se desleal e, portanto, “pérfido” cai-lhe como uma luva.

As respostas ao senhor rabino não tardaram. L’Osservatore Romano publicou hoje um editorial chamado “Respeito e amor pelo povo judeu”, ao qual eu não tive acesso (alguém tem?), mas sobre o qual tomei conhecimento por meio de notícia divulgada pela Rádio Vaticano. O jornal publicou ainda a posição do cardeal Tarcício Bertone, segundo a qual Pio XII foi “prudente” em sua atuação na Segunda Guerra Mundial.

O rabino de Haifa, primeira autoridade judaica convidada a se manifestar durante um sínodo de bispos católicos, considerou diante dos jornalistas que Pio XII “não deve ser tomado como modelo e não deve ser beatificado, já que não ergueu a voz ante a Shoah”.

Para o cardeal Bertone, pelo contrário, “é profundamente injusto estender um véu de opróbrio sobre a obra de Pio XII durante a guerra, esquecendo não só o contexto histórico como também sua imensa obra caritativa” para com os judeus.

Como uma amiga minha comentou, é facilmente compreensível a utilidade de um representante judaico num sínodo sobre a Palavra de Deus, no sentido de que a interpretação judaica das Escrituras Sagradas está muito mais próxima do catolicismo do que as interpretações modernistas, e talvez o “confronto” com o que há de verdadeiro em outras religiões milenares tivesse o salutar efeito de pôr em evidência as sandices modernas que pululam entre alguns que se dizem católicos. No entanto, tudo o que houve de positivo no discurso do rabino foi completamente soterrado pelo mal estar que provocou a infeliz intervenção. É uma grande pena! Que o Deus Altíssimo, Aquele que não permitiria o mal se não pudesse, dele, tirar um bem ainda maior, possa fazer com que este triste incidente redunde na maior glória de Deus. Na véspera do cinqüentenário da morte de Pio XII, que honremos a sua memória apresentando firme oposição a toda atitude difamatória. E que o rabino-chefe de Haifa Cohen possa encontrar sem demora a Cristo Jesus, único Redentor da humanidade.

“Palavra de Deus” não se resume à Bíblia

Ainda na série “catequese básica para bispos”, o Sínodo sobre a Palavra de Deus nos traz mais uma grata surpresa, ao relembrar outra obviedade bastante esquecida: Palavra de Deus não é somente a Bíblia. De facto, são os protestantes – desgraçadamente seguidos por alguns “católicos” – que fazem esta identidade absurda e sem fundamento algum. Para a Igreja Católica – que é a guardiã fiel e legítima do Depositum Fidei -, nem tudo o que Deus nos revelou foi consignado por escrito.

«A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto se consigna por escrito sob a inspiração do Espírito Santo, e a Sagrada Tradição transmite na íntegra aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus, a eles confiada por Cristo e pelo Espírito Santo para que, com a luz do Espírito da verdade, eles a guardem fielmente, exponham-na e a difundam com sua pregação», declarou o sucessor do cardeal Joseph Ratzinger [cardeal William Levada], citando a Dei Verbum, do Concílio Vaticano (II, 9).

Queira a Virgem Santíssima que o Espírito Santo continue iluminando o Sínodo dos Bispos!

Igreja e Morte Encefálica

No início do mês passado, ganhou repercussão na mídia nacional e internacional um artigo publicado no L’Osservatore Romano, que foi interpretado como uma “mudança” da posição da Igreja referente à morte encefálica e, em particular, à moralidade da doação de órgãos. O Marcio Antonio imediatamente refutou a besteira no seu blog. Hoje, descobri que o site do Vaticano publicou um texto da Pontifícia Academia de Ciências sobre o assunto, em três idiomas, sob o título de POR QUÉ EL CONCEPTO DE MUERTE CEREBRAL ES VÁLIDO COMO DEFINICIÓN DE MUERTE, que é claro e coeso o bastante para me desestimular a trazer trechos para aqui; remeto os leitores ao original (tem em inglês, italiano e espanhol).

O texto, entre outras coisas, tem o mérito de fazer uma distinção entre “dois processos”; um processo que se inicia com o agravamento da saúde e culmina com a morte da pessoa, e outro processo que se inicia com a morte da pessoa e culmina com a decomposição do cadáver e a morte de todas as células. Cita até um exemplo bastante didático, ao falar que até mesmo os antigos já sabiam que as unhas e o cabelo continuam a crescer em um cadáver durante dias após a morte. Se, portanto, é evidente que a morte da pessoa não coincide com a morte de todas as suas células, o fato de (p.ex.) o coração estar vivo em uma pessoa com morte encefálica não é motivo para se inferir que esta pessoa está ainda viva. Fazer isso é – segundo o documento – “confundir estes dois processos”.

A Igreja acompanha a ciência naquilo que compete à ciência – fato historicamente incontestável. Por exemplo, toda a confusão envolvendo Galileu: não foi “a Igreja” quem inventou que o Sol girava em volta da Terra, isto foram os gregos que disseram e era patrimônio científico incontestável até Copérnico. Por exemplo, as referências à Astrologia nos escritos de Santo Tomás de Aquino não foram invenções do santo; eram o senso comum científico da época, que foi assimilado pelo teólogo com as devidas correções. Não é portanto função da Igreja estabelecer critérios científicos para a determinação da morte de uma pessoa; o que Ela deve fazer (e faz) é analisar os critérios científicos vigentes e verificar se eles contradizem ou não o que se sabe sobre o ser humano pela Revelação.

O assunto é recente, mas o Magistério da Igreja tem se pronunciado no sentido de dizer que não, o que a ciência define como “morte encefálica” não parece contradizer o que a Igreja sabe sobre o homem. Não existem atualmente definições definitivas e irreformáveis sobre o assunto, de modo que uma discussão – como a que apareceu no L’Osservatore Romano e provocou o rebuliço internacional – é perfeitamente lícita. Existem pessoas que discordam do atual critério; tudo bem. Considero inclusive muitíssimo natural e até salutar que as pessoas analisem criteriosamente as teorias científicas, mormente as que se referem a assuntos importantes como a vida humana. Afinal, a Igreja é infalível, mas a Ciência não é.

Ataque ao Opus Dei – Folha de São Paulo

A Folha de São Paulo publicou, na semana passada, um artigo de Dom Javier Echevarría, bispo prelado do Opus Dei, nos oitenta anos de fundação da obra de São Josemaria Escrivá. Algumas pessoas não gostaram e, hoje, saiu a seguinte carta no Painel do Leitor, publicada sem nenhum critério lógico aparente:

Opus Dei

“Gostaria de saber qual é o critério para ceder um espaço importante de debates e opiniões para um bispo do Opus Dei escrever palavras elogiosas à sua seita como as publicadas em “Tendências/Debates” de 2/10 (“Uma semeadura de paz e de alegria’). Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, apoiou o regime fascista do general Francisco Franco na Espanha, responsável por milhares de mortes, torturas e perseguições. Meu avô foi perseguido por aquele regime abominável. E agora sou obrigado a ler sobre a “semeadura de paz e alegria do Opus Dei”. Quero manifestar meu pesar pelo fato de esse grande jornal ter cedido um espaço, que poderia ter sido usado para discussões mais importantes, para elogios de uma seita fascista.”
RODRIGO DÍAZ OLMOS (São Paulo, SP)

É… parece que a Folha de São Paulo está voltando à normalidade…

Papa – crise mundial

Um amigo economista contou-nos que há, na segunda página do caderno de economia do Estado de São Paulo, uma coluna diária com “frases de impacto” curtas proferidas por algum economista ou analista econômico, e que estas frases costumam ser bem selecionadas. Acho que é a esta página que ele se refere. E, na edição de hoje, quem aparece com frase e foto é o papa Bento XVI. A frase é a seguinte:

“A crise financeira mundial mostra que a fé em Deus triunfará sobre a vida destinada à busca da riqueza material”.

Papa Bento XVI, discursando sobre a futilidade dos bens materiais

Interessante! Eu já havia visto na BBC uma matéria relacionada a isso, inclusive com comentários muito bons. Fui procurar a íntegra deste discurso do Santo Padre, e não o encontrei em português; provavelmente, as palavras do Papa foram colhidas desta meditação aos bispos participantes do Sínodo sobre a Palavra de Deus, que foi publicada em forma de reportagem, e não de íntegra. A íntegra está em italiano. No entanto, é curioso notar que o Papa não estava falando sobre crises de mercado, e sim sobre a palavra de Deus, em um comentário ao salmo 118(119). São palavras do Santo Padre [tradução livre]:

No fim do Sermão da Montanha, o Senhor nos fala das duas possibilidades de construir a casa da [nossa] própria vida: sobre a areia e sobre a rocha. Sobre a areia constrói quem constrói somente sobre coisas visíveis e tangíveis, sobre o sucesso, sobre a carreira, sobre o dinheiro. Aparentemente estas coisas são a verdadeira realidade. Mas tudo isso um dia passará. Vemo-lo agora, na quebra dos grandes bancos: este dinheiro desapareceu, não é nada. E assim todas essas coisas, que se parecem com a realidade verdadeira sobre a qual [se] assentam, são realidades de segunda ordem. Quem constrói a sua vida sobre essas realidades, sobre a matéria, sobre o sucesso, sobre tudo aquilo que parece [= que é aparência], constrói sobre a areia. Somente a Palavra de Deus é fundamento de toda a realidade, é estável como o Céu e ainda mais do que o Céu, é a [própria] realidade. Portanto devemos mudar o nosso conceito de realismo. Realista é quem reconhece na Palavra de Deus, nesta realidade aparentemente tão débil, o fundamento de tudo. Realista é quem constrói a sua vida sobre este fundamento que se mantém permanentemente. E, assim, aqueles primeiros versículos do salmo nos convidam a descobrir qual é a realidade e encontrar deste modo o fundamento da nossa vida, como construir a nossa vida.

O triste é encontrar alguns comentários ridículos sobre o assunto na internet, como se as palavras do Papa fossem uma intervenção autoritária e hipócrita em um assunto que não lhe diz respeito, ou como se algumas pessoas estivessem continuamente em “posição de ataque”, procurando qualquer coisa para criticar; porque, francamente, estas palavras do Santo Padre são tais que não deveriam desagradar ninguém que estivesse em seu estado normal. Mas isso a gente deixa pra lá… declinate a me maligni et scrutabor mandata Dei mei (Psalmorum 118, 115).

Judeu ataca Pio XII no Sínodo dos Bispos

Rabino convidado a falar no Sínodo dos Bispos aproveita o ensejo para atacar o papa Pio XII! Vergonha! Não sei se é verdade porque não encontrei em lugar nenhum a íntegra da intervenção do rabino-chefe de Haifa Cohen, mas saiu mundo afora:

No Vaticano, Rabino diz que Pio XII traiu os judeus (TERRA; original Reuters).
Rabino-chefe de Haifa condena beatificação de Papa Pio XII (sapo.pt).
Memory of Pope Pius XII continues to ruffle Jewish-Catholic relations (Irish Times – Irlanda).

Sinceramente, não dá para acreditar! No momento em que se comemora o cinquentenário da morte do Sumo Pontífice, em que as lendas negras já demonstram toda a sua inconsistência, em que diversas associações (como a Catholic Anti-Defamation League e a Pave the Way Foundation) têm colhido os frutos do árduo trabalho de resgatar a verdade histórica por trás da difamação, em que um congresso internacional reúne-se em Roma para debater sobre a figura de Pio XII, um rabino convidado a falar no Sínodo dos Bispos sobre as Escrituras Sagradas para os judeus inventa de dizer coisas como:

Não podemos esquecer o fato triste e doloroso de que muitos, inclusive grandes líderes religiosos, não levantaram suas vozes no esforço para salvar nossos irmãos, preferindo em vez disso manter o silêncio e ajudar secretamente. Não podemos perdoar e esquecer isso, e esperamos que vocês entendam.

Ele pode ter ajudado em segredo muitas das vítimas e muitos dos refugiados, mas a questão é se ele poderia ter erguido sua voz e se isso teria ajudado ou não. Nós, como vítimas, sentimos que sim. Não tenho procuração das famílias dos milhões de falecidos para dizer ‘esquecemos, perdoamos’.

Preciso deixar muito claro que nós, rabinos, a liderança do povo judeu, não podemos concordar, enquanto os sobreviventes acharem que é doloroso, que este líder da Igreja num momento de crise deva ser homenageado agora. Não é a nossa decisão. Isso nos dói. Lamentamos que isso esteja sendo feito.

Francamente! O rabino deveria ter chegado antes, a tempo de participar do simpósio sobre Pio XII antes de discursar no Sínodo sobre a Palavra de Deus! Alguém mostra para ele:

Exploding the “Hitler’s Pope” myth
The Myth of Hitler’s Pope

E oremos pelos judeus; a fim de que Deus retire o véu que cobre os seus corações e os faça conhecer Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amen.