Mais comércio diabólico

Como desgraça pouca é bobagem e as ervas daninhas se espalham com muito mais facilidade do que as boas sementes, descobri hoje que existe outra menina vendendo a própria virgindade. O caso anterior, que eu comentei aqui há uns dias, é de uma americana; esta agora, Raffaele Fico, é italiana, e quer um milhão de euros (contra um milhão de dólares da americana).

A menina recebeu uma oferta de 500.000 euros, de um jornalista italiano – Claudio Brachino. Um site de “celebridades” fala que o caso desta garota (que tem vinte anos) é diferente daquele da Natalie Dylan, pois a italiana está vendendo a sua primeira vez, enquanto a americana a está leiloando.

A notícia publicada em G1 traz a informação: “Ela é devota, e reza todas as noites”, conta a mãe de Raffaele”. A publicada no site das celebridades é ainda pior, pois o irmão da menina disse:

“She’s never had a boyfriend. I swear on my mother’s grave. She’s a devout Catholic and prays to Padre Pio every night”.
[Ela nunca teve um namorado. Eu juro sob o túmulo da minha mãe. Ela é uma católica devota e reza a Padre Pio todas as noites.]

Eu já falei aqui recentemente sobre os católicos e os “católicos”, mas a cada dia eu me surpreendo mais com a capacidade das pessoas de dizerem uma coisa e fazerem outra completamente diferente (inclusive encontrei um site que mostra, entre as “celebridades católicas”, Paris Hilton!). Tomara Deus que seja verdade que a Rafaelle Fico reze a Padre Pio todas as noites; que ela possa intensificar as suas orações, e que o santo franciscano possa interceder por ela.

Terapias com células-tronco

Uma brasileira chamada Daniela Bortman, que sofreu um acidente de carro em 2006 e perdeu os movimentos, foi à China para fazer um tratamento com células-tronco polêmico, que só existe lá: consiste no transplante de células obtidas a partir de fetos abortados. De acordo com a FOLHA,

[o]s detalhes do tratamento não são divulgados de forma transparente, conta a geneticista Lygia Veiga Pereira, professora da USP. Ainda não se conhecem os efeitos a longo prazo, como os riscos de inflamações ou de tumores.

A menina, após a cirurgia, conseguiu mexer o punho esquerdo.

Enquanto isso, aqui mesmo na Bahia, um grupo de pesquisadores da Fiocruz consegue fazer cachorros e gatos paraplégicos ficarem de pé com células-tronco adultas. Sem precisar de viagens internacionais a países que se utilizam dos despojos do crime para tratamentos polêmicos.

E ainda há quem insista em destruir embriões humanos…

Mais sobre Medjugorje

Fiz alguns comentários aqui no BLOG ontem sobre Medjugorje e, por uma questão de justiça, preciso passar mais algumas informações.

Citei um conhecido exorcista de Roma que considera as aparições um embuste do Demônio. No entanto, há um outro exorcista muitíssimo conhecido e excelente referência, o Gabriele Amorth, que tem uma opinião diametralmente oposta:

FCP – Entrevista: Padre Gabriele Amorth, Es cierto que Medjugorje es un “gran obstáculo” para Satanás?
Seguro. Medjugorje es una fortaleza contra Satanás. Satanás odia Medjugorje porque es un lugar de conversión, de oración, de transformación de vida.

Chamou-se a atenção também para o fato de que uma condenação ao sacerdote que é ex-diretor espiritual das videntes não é uma condenação às aparições em si, coisa com a qual é forçoso concordar. Outro aspecto do problema levantado é o de que as supostas mensagens da Virgem são bem católicas e em nenhum momento referendam o comportamento deletério de algumas pessoas em Medjugorje, não podendo as aparições serem condenadas simplesmente pelo comportamento dos católicos locais – o que também é verdadeiro.

Com tudo isso, entretanto, a minha posição permanece a mesma: os dois pés atrás. Se Medjugorje for uma real aparição de Nossa Senhora, é completamente atípica, por diversos motivos.

Qual o sentido de aparições indefinidas? Alguém cadastrou o meu email numa lista para a qual são enviadas mensalmente as “mensagens de Nossa Senhora” em Medjugorje. A mensagem deste mês – que está disponível num site chamado “queridos filhos” – é a seguinte:

Mensagem do dia 02/09/2008 à Mirjana Soldo

Queridos filhos,
Hoje, com o meu coração maternal, eu os chamo reunidos ao meu redor a amarem o seu próximo. Meus filhos, parem. Olhem nos olhos do seu irmão e vejam Jesus, meu Filho. Se vocês vêem alegria, regozijem-se com ele. Se há dor nos olhos do seu irmão, com a sua ternura e bondade, lancem ela fora, por que sem amor vocês estão perdidos. Somente o amor é efetivo, ele realiza milagres. O amor lhes dará unidade em meu Filho e a vitória de meu coração. Portanto, meus filhos, amem.

Nossa Senhora abençoou a todos que estavam presentes e a todos os artigos religiosos. E novamente ela nos chamou a rezarmos pelos nossos pastores.

Sinceramente, é-me muito difícil acreditar que Nossa Senhora faça aparições mensais, durante vinte e sete anos, para enviar mensagens deste tipo. Comparando-as com as mensagens de outras aparições (como Fátima, por exemplo), o contraste é gritante. É verdade que não há erros nestas mensagens, mas também… uma mensagem dessas poderia ser enviada por qualquer pessoa, e é-me difícil acreditar que a Virgem Santíssima viesse pessoalmente fazer uma coisa que pudesse ser feita por um católico normal. Eu aplico o princípio da subsidiariedade também como critério de discernimento espiritual.

O mesmo site apresenta ainda todas as mensagens de Medjugorje em português, que também se encontram (embora separadas por ano) neste outro site. Não comparei ambas as versões. Fuçando o arquivo,  numa leitura superficial, não encontrei nenhuma coisa absurda. As mensagens são católicas, sim, mas todas têm a mesma característica acima mencionada: não são inacessíveis aos católicos normais a ponto de justificar uma revelação privada.

Depois, aparentemente existem os segredos de Medjugorje. Parece que são dez. Tem um site que faz um paralelo entre estes segredos e os da aparição de Garabandal (da qual eu não conheço nada). O já citado site “Queridos Filhos” fala em um “objeto indestrutível” de “origem Celeste” no qual estão escritos os dez segredos. O outro site (do paralelo com Garabandal – não me parece merecer muita confiança) faz previsões catastróficas:

O Quê: uma sequência de sofrimentos terríveis enviados por Deus para esta geração, como um conjunto final de castigos originados pelo pecado, nomeadamente, as primeiras seis Trombetas do Sétimo Selo do Livro do Apocalipse. (A Sétima Trombeta, as Sete Taças da Ira de Deus, está reservada para um futuro distante.)

[…]

Quando: após a IV Guerra Mundial, e após o Selo do Deus Vivo ter sido dado a alguns fiéis, os acontecimentos do Décimo Segredo ocorrerão: de 2038 até ao fim de Março de 2040.

[…]

Onde: em todo o mundo sem excepção. Nenhum ser humano estará a salvo, independentemente de onde viver, excepto aqueles que tiverem o Selo.

Para mim, isto claramente não é digno de crédito. Não acredito nem mesmo que mensagens deste teor existam em Medjugorje; mas afinal, quais são os segredos?

Finalmente – e mais importante -, existe a questão daquilo que cerca as supostas aparições. O fato do diretor espiritual dos videntes ser acusado de escândalos sexuais não é uma acusação ao fenômeno em si; mas é muitíssimo estranho e – até onde me consta – completamente inusitado que este tipo de contra-testemunho dissemine-se em pessoas envolvidas diretamente com aparições da Virgem Maria. Santos foram censurados e perseguidos injustamente por autoridades eclesiásticas, sim; mas se submeteram às penas injustas. Não é isso que se vê em Medjugorje. Não há reconhecimento oficial da Santa Sé, mas também não há condenação oficial de Roma. Uma notícia que recebi sobre o assunto em abril deste ano falava que o Vaticano estava analisando a questão. Aguardemos, portanto – eu, com minhas ressalvas -, e rezemos. Que Nossa Senhora de Fátima interceda por todos nós.

As crianças do Brasil

O matrimônio é uma instituição de direito natural absolutamente necessária para a sobrevivência da espécie humana, como – de maneira análoga – a alimentação o é para a sobrevivência do indivíduo. Se o matrimônio é descaracterizado e suas finalidades são ignoradas ou distorcidas, isso causa prejuízo à sociedade (como, de novo analogamente, uma alimentação erroneamente compreendida – crianças que comem somente doces, porque é mais gostoso, p. ex. – é prejudicial para o indivíduo).

Tem portanto dois fins inseparáveis o Matrimônio: o fim procriativo e o fim unitivo. Um homem e uma mulher se casam para a complementação mútua e para a geração da prole. Esta doutrina é constante no ensino da Igreja e é um imperativo da Lei Natural, acessível à Razão mesmo que não iluminada pela Fé. De modo que não é “somente para os católicos” que o Matrimônio é o que é; ainda que na união dos não-católicos não haja a dignidade sacramental, há o contrato natural que não pode prescindir dos dois fins supracitados, sob pena de prejudicar gravemente a sociedade que não salvaguarde os direitos e deveres naturais dos esposos.

No mundo em geral e no Brasil em particular, o controle de natalidade tem provocado estragos enormes. Segundo o IBGE, a taxa de fecundidade brasileira está abaixo do nível de reposição, o que significa, trocando em miúdos, que a população está em tendência de envelhecimento e diminuição. Os gráficos que foram mostrados na reportagem revelam que o processo vem ocorrendo há décadas:

Uma mudança de cultura tão grande como esta (nos quais os filhos, que antes eram considerados como bênçãos, são praticamente uma maldição, na medida em que contribuem para a “superpopulação” e se tornam um empecilho à “liberdade” da mulher…) não acontece da noite para o dia. Foi com o advento da pílula anti-concepcional nos anos 60 que a taxa de natalidade iniciou esta queda vertiginosa que hoje, passados quarenta anos, podemos contemplar. Os efeitos desastrosos desta política também não se notam da noite para o dia, mas um dos principais – o envelhecimento da população – hoje já começa a aparecer:

En passant, vale salientar que a pílula não é a única destruidora de um dos fins essenciais do matrimônio, porque existe a impossibilidade intrínseca de procriação: o “casamento gay”. Que o presidente Lula defende:

– Temos que parar com hipocrisia, porque a gente sabe que existe. Tem homem morando com homem, mulher morando com mulher e muitas vezes vivem bem, de forma extraordinária. Constroem uma vida junto, trabalham juntos e por isso eu sou favorável – disse.

O matrimônio precisa ser defendido, a família precisa ser defendida, a vida precisa ser defendida; o aborto é somente a ponta do iceberg, o coroamento satânico de uma cultura da morte que se iniciou há décadas. É necessário ouvir a Igreja, e defender a Doutrina Católica integralmente, em particular naquilo que concerne à Lei Natural – que independe da religião do indivíduo. Não permita Deus que o povo brasileiro só passe a dar valor às suas crianças quando elas forem uma espécie em extinção. Que Nossa Senhora, Rainha da Família, abençoe e proteja o Brasil.

P.S.: Descobri agora que existe um “novo” método contraceptivo, que consiste num “anel de silicone” que a mulher só precisa trocar uma vez por mês, e é “adequado para quem se esquece de tomar a pílula no corre-corre diário” (sic!), e também para “as adolescentes, que não querem deixar as caixas de anticoncepcional expostas em qualquer lugar” (sic!!). Tenha Deus misericórdia de nós todos.

Algumas coisas sobre Medjugorje

É preciso ter muito cuidado com Medjugorje. As (supostas) aparições que já se arrastam por décadas costumam provocar discussões apaixonadas. Considero oportuno fazer algumas considerações sobre o assunto.

Recentemente um site (a meu ver) não muito confiável noticiou uma punição dada pelo Vaticano ao ex-diretor espiritual dos videntes. A despeito da notícia em português – como está no site “Rainha Maria” – não se encontrar reproduzida em nenhum outro lugar, a informação é, no seu conjunto, verdadeira. O Fratres in Unum traduziu no início do mês a notícia publicada no site da Diocese de Mostar-Duvno, à qual pertence Medjugorje.

Há outras notícias sobre Medjugorje na internet. Andrea Gemma, um exorcista do Vaticano disse no Daily Mail (última atualização em junho de 2008) que Medjugorje era uma farsa e uma obra do demônio. Disse ainda que o Vaticano ia rejeitar as aparições. Em 2006, o bispo de Medjugorje, Dom Ratko Peric, pediu aos videntes que deixassem de dizer que Maria os visitava, bem como que parassem com as mensagens. Disse ainda que, na paróquia em Medjugorje onde supostamente ocorrem as aparições, existe algo parecido com um cisma. Vale a pena mencionar ainda um artigo do antigo bispo de Medjugorje, Dom Pavao Zanic, que já em 1990 dizia que as aparições eram falsas. E, do fundo do baú da lista tradicao-catolica, uma mensagem do prof. Carlos Ramalhete (de 1998) que reproduzo porque não sei se todos conseguem acessar:

– O Santo Padre proibiu os sacerdotes de oprganizarem preregrinações a Medjugorje ou de liderá-las;

– Os sucessivos bispos da diocese onde está Medjugorje já se declararam contrários à suposta aparição (ver mais abaixo);

– Em 16.V.1997 Dom Ante Luburic, Chanceler da Diocese de Mostar (em cujo território ocorrem as supostas aparições) declarou que “Medjugorje tornou-se um lugar de atividade anti-eclesial, desobediência e desordem religiosa.”

Segue o texto de D. Luburic em sua íntegra:

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No dia 14 de maio, três bispos de Uganda vieram visitar Medjugorje, e de lá partiram para visitar D. Ratko Peric, Bispo de Mostar, seu antigo colega de studos em Roma, para perguntar sobre a posição da Igreja local a respeito dos chamados acontecimentos de Medjugorje. O abaixo-assinado [D. Luburic] também estava presente.

O Bispo deu a seus antigos colegas alguns documentos, que mostram claramente que de 1981 a 1991 três comissões qualificadas a serviço do bispo local e da Conferência Episcopal investigaram os acontecimentos. Há dez anos, em 1987, D. Pavao Zani declarou formal e oficialmente que na Paróquia de Medjogorje a Madonna não apareceu para ninguém. Em 1991, a Conferência Episcopal não apenas declarou que as aparições não eram autênticas, como sublinhou que: “É impossível confirmar que os acontecimentos envolvam quaisquer revelações ou aparições sobrenaturais.” A partir de 1981, “mensagens de paz” foram enviadas para todo o mundo a partir de Medjugorje. Em nossa Igreja local, entretanto, essas mensagens incuíram os seguintes “frutos”:

A Administração da Província Franciscana de Herzegovina, que fora punida em 1976, recebeu a partir de 1982 a punição adicionar de estar “ad instar,” devido a sua não-colaboração na implantação das decisões da Santa Sé em relação aos serviços pastorais em algumas das paróquias da Diocese de Mostar-Duvno. Muitas igrejas foram construídas pelos Franciscanos com a ajuda de benfeitores e dos fiéis, tendo elas sio abençoadas por eles mesmos, sem sequer informar o Bispo local, o que vai contra o Direito Canônico e o carisma franciscano. Uma igreja na paróquia de Ljuti Dolac foi abençoada desta maneira em 23.IV deste ano. Na própria Medjugorje, muitos edifícios eclesiais foram erigidos sem qualquer permissão das autoridades eclesiais competentes.

Mais de dez Franciscanos não têm faculdades para ouvir confissões na Diocese de Herzegovina. Alguns por sua própria culpa, outros por culpa de suas comunidades religiosas, não estão cumprindo o Decreto Papal. Mais de quarenta franciscanos não recebeeram as faculdades necessárias para trabalho pastoral em Herzegovina, mas sequer se incomodam com as decisões das autoridades legais da Igreja. Alguns deles estão atualmente em Medjugorje. Muitas comunidades religiosas estão vivendo e trabalhando na próquia de Medjugorje sem a permissão das autoridades eclesiásticas, como: “Beatitudes,” “Kraljice mira, potpuno tvoji,” “Cenacolo,” “Oasi di pace” e “Franjevke pomocnice svecnika.” Portanto, Medjugorje tornou-se um local de atividade anti-eclesial, desobediência e desordem religiosa.

No ano passado alguns “fiéis católicos”, com anuência dos Franciscanos, fecharam com tijolos as portas da igreja de Capljina e da igreja afiliada à Catedral em Miljkovici. Dois Franciscanos, sem faculdades canônicas para a paróquia de Capljina, estão atualmente trabalhando na igreja fechada. Tudo o que fazem lá é ilegal e os casamentos que realizam são inválidos!

Alguns dos Franciscanos em Mostar estão ignorando a igreja Catedral legalmente estabelecida e as quatro paróquias diocesanas dedicadas aos quatro evangelistas, continuando a organizar serviços religiosos com seu próprio pessoal, contra as decisões específicas da Santa Sé e o Superior da Ordem Franciscana. O Provincial “ad instar” em muitas ocasiões já alertou seus irmãos por escrito que sérias medidas da Administração geral franciscana estão sendo consideradas para toda a província devido a sua desobediência.

Em Medjugorje, o jornal “Glad Mira” e o “Boletim de Imprensa” são publicados sem a permissõa necessária das autoridades eclesiais. Os mesmos jornais proclamam a “autenticidade das aparições” e falam do “santuário”. A organização anti-eclesial “Mir j dobro” (Pax et Bonum) teve permissão dos franciscanos locais para usar seu escudo e seu lema, e os franciscanos não se distanciaram das atividades ilegais deste grupo, nem mesmo quando isso foi formalmente solicitado.

Eis portanto alguns dos “frutos” dos que estão usando Medjugorje para “vender paz e frescor” ao mundo, e que se endureceram em sua desobediência à Santa Sé e ao carisma franciscano.

Em 15 de maio, apareceu um despacho de Medjugorje em Slobodna Dalmacija em relação aos bispos ugandensesm onde o “vidente” Ivan Dragicevic transmitiu a mensagem da “Madonna”que, nesta ocasião, afirmava que estava “muito feliz porque os bispos estão em Medjugorje”. Ivan estivera no seminário de Visoko nos anos de 1981-82. A Comissão investigando as “aparições” uma vez o questionou em Visoko. Em 9.V. 1982 ele escreveu: “Um sinal aparecerá em junho”. Nada aconteceu em junho!

Mais tarde ele foi expulso de Visoko por ter notas péssimas. Ele continuou em Dubrovnik em 1982-83. Durante sua estadia de dois anos no seminário, ele declarou que estava vendo a Madonna, que lhe dizia que ele seria um sacerdote. Mesmo assim, ele foi expulso de Dubrovnik, mais uma vez devido a suas notas. Em 1994, ele encontrou a ex-Miss Massachusetts, Loreen Murphy, com quem se casou em Boston (Slobodna Dalmacija 11/9/94). No dia do casamento, o noivo “teve uma aparição” em Massachusetts. A Madonna parece estar a segui-lo pelo mundo, como com os outros “videntes” de Medjugorje.

Agora ele apresenta a Santíssima Virgem Maria como estando “muito feliz porque os bispos estão em Medjugorje”.

Este tipo de “mensagem” não apenas é uma clara propaganda de Medjugorje; é uma simples invenção destinada a fazer os inocentes “afastar seus ouvidos da Verdade e entregar-se a fábulas extravagantes” (2 Tim 4,4).

Dom Ante Luburic, Chanceler
Mostar, 16.V.1997

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Além disso, a declarações dos sucessivos Ordinários locais também mostram claramente a oposição da Igreja a estas supostas aparições:

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Declaração do Bispo de Mostar a respeito de Medjugorje, 15.VII.1987

Feita por D. Pavao Zanic

Desde que surgiram as noícias a respeito de acontecimentos inusitados nesta diocese, a Cúria de Mostar acompanhou os relatórios cuidadosamente, coletando tudo o que poderia servir à busca pela verdade dos fatos. O Bispo autorizou os videntes e religiosos envolvidos a permanecer em completa liberdade, tendo até mesmo os defendido de ataques da imprensa e de políticos. Todas as conversas foram gravadas e as crônicas foram coletadas, assim como diários, cartas e documentos. A Comissão de professores de teologia e médicos estudou todo este material por três anos. O trabalho de três anos da Comissão chegou às seguintes conclusões: dois membros votaram a favor da natureza verdadeira e sobrenatural das aparições. Um membro absteve-se de votar. Um aceitou que algo tenha ocorrido no princípio. Onze votaram, não ter havido aparições ­ non constat de supernaturalitate.

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Declaração de D. Ratko Peric, Sucessor de D. Zanic:

Dada em entrevista ao Fidelity Magazine, publicada no número de fevereiro de 1994.

Que bispo não adoraria ter a Virgem Maria aparecendo em sua diocese? Especialmente D. Zanic, um Bispo muito mariano que, como sacerdote e mais tarde como bispo fez onze peregrinações a vários santuários marianos por toda a Europa: Lourdes, Fátima, Siracusa, etc. Então a Senhora teria tido misericórdia dele e teria “aparecido” no seu próprio quintal, como que para poupá-lo de viajar tanto para Portugal.

Após alguns meses, contudo, quando ouviu todas as pequenas lorotas e grandes mentiras, insinceridades, inexatidões e toda sorte de histórias inventadas pelos que diziam estar a Senhora a aparecer para eles, ele tornou-se completamente convencido de não haver nenhuma aparição sobrenatural da Senhora. Então ele começou a apregoar a verdade e expor as falsidades. Sua maior satisfação em dez anos de trabalho duro foi quando os bispos da Iugoslávia, em seu encontro de promavera dia 10.IV.1991 declararam, conforme era seu dever: “Baseando-se nos estudos efetuados, não pode ser afirmado que revelações e aparições sobrenaturais estajam a ocorrer.”

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Além disso, há também algumas coisas muuuito estranhas em relação a estas supostas aparições, tais como as mencionadas no artigo daquela página (Nossa Senhora dizendo que tanto faz ser muçulmano qto cristão, católico ou cismático, que é melhor não ir à Missa se a pessoa não estiver assim ou assado?!), ou ainda aquela suposta msg mariana que veio dar à lista “catolicos” há algum tempo, em que Nossa Senhora supostamente teria afirmado que a Igreja não festejava o seu nascimento (que tem sim uma festa litúrgica!), etc.

Cabe lembrar mais uma vez que de burro o Tinhoso não tem nada; muito mais frutos tem uma pregação mentirosa enfiada em meio a pedidos de conversão que vir com chifrinhos na cabeça dizendo a todos que quer levá-los para o Inferno! É muito mais perigoso um prato de comida aparentemente deliciosa contaminada com um veneno incolor, insípido e inodoro (ou quase) que uma garrafa preta com uma caveira e dois ossos cruzados.

[]s,

seu irmão em Cristo,

Carlos

No entanto, as supostas aparições de Medjugorje continuam firmes e fortes! As mensagens continuam chegando todos os meses. Há um site com umas fotos sem pé nem cabeça registradas pelos peregrinos. Há no youtube um vídeo com a aparição deste mês, setembro de 2008 (aos que não tiverem paciência de assistir os oito minutos, eu adianto: são dois minutos de barulho no início, algumas ave-marias e cinco minutos de silêncio enquanto a vidente vê a aparição).

Sinceramente, eu não acredito em Medjugorje. Nem consigo entender por que algumas pessoas insistem tanto nestas aparições (que são tão estranhas e tão atípicas), que nunca foram reconhecidas pela Igreja, quando existem diversas outras aparições comprovadamente verdadeiras. Coisas como as citadas acima me fazem ter os dois pés atrás. Simplesmente não consigo evitar. Que Nossa Senhora de Lourdes rogue por todos nós.

Herr Professor

Saiu no Le Monde (disponível para compra) e saiu uma tradução na mídia brasileira (só para assinantes), que eu recebi por email e reproduzo abaixo. A matéria é da autoria de Henri Tincq, que é um jornalista francês especialista em religião. Não o conhecia.

O google me mostrou outras coisas dele:

Henri Tincq’s Portrait of Josef Ratzinger (part I e part II), de 2005, em inglês.

Qui est Josef Ratzinger?, no Le Monde de abril de 2005, em francês.

Na minha opinião, o texto abaixo tem o seu valor principalmente pela – digamos – “consideração não-religiosa” da importância do papado de Bento XVI, bem como pela sóbria biografia do Santo Padre. E – eu não poderia deixar de salientar – pela citação a respeito da Liturgia, que é preciosa (grifos meus):

A liturgia não foi reformada, diz ele [o então padre Ratzinger], “para aumentar o número de pessoas que vão à missa”, mas sim para colocá-las “diante do gládio cortante da Palavra de Deus”. Ou seja, em outras palavras, a convicção teológica passa antes da conveniência pastoral. Mesmo que correndo riscos de passar por um nostálgico da antiga liturgia e por um aliado dos tradicionalistas, o papa jamais renegará este dogma.

A Igreja tem muito o que ensinar a todos os homens. Bom seria se o Papa fosse considerado (ao menos!) como um professor por aqueles que não professam a Fé Católica e Apostólica. Eis o sadio “diálogo com o mundo” que seria tão salutar!

* * *

Quando chamam o papa de “Herr Professor”

Henri Tincq

Este homem de 81 anos escreveu muitos livros, inclusive a respeito dele mesmo, e com pudor. Contudo, este autor prolífico, este universitário que dedicou cerca da metade da sua vida à sua função de docente antes de passar a ocupar os mais expostos entre os cargos da Igreja, permanece um enigma. Não se pode compreender sua visão trágica da história, seu combate contra o “relativismo” moral, sua fidelidade para com a antiga liturgia, sem antes reexaminar de perto o itinerário deste intelectual que revela ser muito mais atormentado do que sugerem as caricaturas que fazem dele.

Enquanto João Paulo 2º tinha a Polônia, Bento 16 tem a Bavária. Ou seja, dois pólos situados nessa Mitteleuropa – a “Europa do Meio”, cujas capitais são Cracóvia e Munique – onde os campanários dotados de um bulbo e a arte barroca esculpiram um catolicismo da Contra-Reforma; onde a liturgia, os ornamentos e os cânticos se fundem na paisagem rural, na vida familiar, nas festas, na cultura, no movimento das idéias e na música. Para Joseph Ratzinger, a Bavária não representa apenas um berço, como é também um santuário onde ele se alimenta da sua combinação de suavidade com perseverança. De um catolicismo bávaro encantado, ele herdou um gosto imoderado pela tradição, pela solenidade litúrgica, uma veneração pela música de Bach e de Mozart, além de um respeito repleto de melindres pelos ritos e os ofícios.

Da mesma forma que Karol Wojtyla, ele sofreu o ascendente de um pai militar que, ao sabor das transferências, deslocou sua família para cima e para baixo, entre o Inn e a Salzach – Joseph Ratzinger nasceu em 17 de abril de 1927 em Marktl-am-Inn -, nessa Baixa Bavária mais próxima da Áustria católica do que da Prússia protestante. Dentre os dois patriotismos bávaros do século 19 – o primeiro voltado para o Reich alemão, e o segundo, para o império austríaco, católico e grande admirador da França -, é neste último que se inscrevem os seus genes familiares. Contudo, o patriotismo da família Ratzinger é intenso, porém nem um pouco exaltado. Ao lado da sua irmã Maria e do seu irmão Georg, o futuro papa, que já se mostra tímido, solitário, introvertido, cresce em meio a um ambiente estudioso, pio, tranqüilo.

Esse mundo acaba desmoronando com a guerra. Tanto o alemão Ratzinger quanto o polonês Wojtyla passam a serem tragados muito cedo por dramas que iriam alimentar, neles, uma visão trágica da história, na qual estão vinculados a insensatez, a morte de Deus e o aniquilamento do homem. Na época, Joseph Ratzinger ainda é novo demais para assistir ao crescimento do nazismo, que ele descobre apenas através das explicações oferecidas pelo seu pai. “O 3º Reich o repugnava terrivelmente”, confessaria o futuro papa em sua autobiografia. Assim como todos os adolescentes, ele é alistado por meio da força para servir na Hitlerjugend (as Juventudes hitlerianas). Quando já era seminarista, ele foi mobilizado em Munique para participar da defesa antiaérea. Após ser internado num campo americano, ele foi libertado em junho de 1945.

Ratzinger nunca se mostrará muito loquaz em relação a este período. Em Auschwitz, em maio de 2006, Bento 16 chegará até mesmo a chocar a platéia no discurso em que ele apresenta sua análise a respeito do nazismo, o qual ele reduziu a um crime perpetrado “por um bando de criminosos”. Na opinião de Claude Dagens, um bispo e acadêmico, ele pertence “àquela geração de alemães que carregou nas costas todo o peso da culpabilidade”. Por serem raras, as suas declarações a respeito dessa questão são tanto mais valiosas. Em 2001, durante uma conferência na igreja Notre-Dame de Paris; e depois, em 6 de junho de 2004 em Caen (na Normandia), por ocasião do 60º aniversário do Desembarque dos Aliados, aquele que ainda não se tornou o cardeal Ratzinger identifica todas as barbáries – Auschwitz; o gulag; os genocídios no Camboja e em Ruanda – com ideologias fundamentadas na ruptura com Deus (“O inferno é viver na ausência de Deus”) e com a Razão, que se tornou cínica e enlouqueceu.

No seminário de Freysing, na Bavária, o jovem Ratzinger devora todos os livros, sejam eles de autoria de escritores contemporâneos alemães (Gertrud von Le Fort, Ernst Wiechert), ou estrangeiros (Dostoievski, Péguy, Claudel, Bernanos, Mounier, Mauriac). Ele descobre as idéias dos filósofos Heidegger e Jaspers, além de “testemunhas eminentes” como Thomas More, o cardeal Newman e Dietrich Bonhoeffer, que “fizeram prevalecer sua consciência acima do consenso geral”. Em teologia, ele lê Romano Guardini, Henri de Lubac e os mestres alemães: Luther (Martin Luther, 1483-1546, o pai do protestantismo), de quem ele conhece as idéias de cor e salteado e de quem ele admira o gênio espiritual, mais do que as realizações da Reforma; Rudolf Bultmann, o exegeta modernista, ou Karl Barth, o protestante que prega a primazia absoluta da palavra de Deus.

Contudo, nenhum destes, em sua opinião, é superior a Santo Agostinho (354-430). Uma alma atormentada, Agostinho carrega o peso do Mal e do pecado, os quais, segundo ele, são redimidos pela “graça”. Na qualidade de bispo, ele é uma testemunha da esperança cristã, num Império romano que está desmoronando. Ele encarnará a culpabilidade ocidental, até o advento de Luther e do jansenismo (nos séculos 17 e 18). Ou seja, uma visão do mundo insuperável no entender do jovem Ratzinger que, além da experiência da guerra, também preza em Agostinho a sua visão de um mundo “niilista”. Portanto, é a este Pai da Igreja que ele dedica a sua tese de doutorando em teologia (1953). Além disso, será por ocasião de um congresso “agostiniano” que ele virá pela primeira vez a Paris, em 1954.

Ratzinger não é um filósofo nem um moralista, diferentemente de João Paulo 2º, cujos estudos haviam sido impregnados pela fenomenologia (Max Scheler, Husserl), e que freqüentava os filósofos franceses Ricoeur e Levinas. Ratzinger é em primeiro lugar um teólogo, convencido de que a sua disciplina está acima da filosofia. As suas categorias se alimentam das obras dos Pais da Igreja (Agostinho, Gregório o Grande, Santo Máximo o Confessor), os quais ele costuma citar até hoje em abundância, e principalmente desde que se tornou papa, em seus escritos. A sua teologia ambiciona ser uma meditação, a partir das santas Escrituras, a respeito da história humana. Este posicionamento comportava certos riscos para a sua carreira universitária, diante dos seus “mestres” alemães ainda marcados pelas categorias petrificadas do néo-tomismo (movimento iniciado no final do século19, baseado numa revisão das idéias de São Tomás de Aquino -1225-1274) e da escolástica. Num primeiro momento, a sua tese sobre a teologia da história na obra de São Boaventura (1221-1274) não obtém uma nota suficiente.

Mas ele poderá saborear sua revanche durante o concílio Vaticano II (1962-1965) durante o qual, aos 35 anos, quando ainda era um jovem universitário em Bonn, ele atuaria como especialista a serviço do cardeal Joseph Frings, uma proeminente figura reformadora do concílio. “Ratzinger vivenciou este evento sem euforia”, comenta Claude Dagens. “Ele é antes um intelectual que não se deixar envolver pela exaltação do momento”. Na presença de sumidades tais como Karl Rahner, Hans Küng, Yves Congar ou Henri de Lubac, ele enxerga no concílio uma chance para o renascimento do pensamento teológico, por meio da reavaliação das santas Escrituras, dos escritos dos Pais da Igreja e de um diálogo com a cultura contemporânea. Em sua opinião, o ponto fundamental é a Revelação de Deus atualizada na história dos homens. Conforme ele havia desejado, o concílio aprova por meio de uma votação um documento de grande importância, a respeito das “duas fontes” da Revelação, as Escrituras compensando o peso da tradição.

Ratzinger chegou ao concílio como um inovador. Mas, dele saiu com a imagem de um conservador. Há mais de quarenta anos que corre esta lenda. O mal-entendido provém da reforma da liturgia, que foi implementada de uma maneira que ele considerava excessivamente radical. Logo, no discurso que ele pronuncia no Katholikentag de Bamberg, em 1966, o professor Ratzinger condena o arcaísmo litúrgico e a modernização desmedida. A liturgia não foi reformada, diz ele, “para aumentar o número de pessoas que vão à missa”, mas sim para colocá-las “diante do gládio cortante da Palavra de Deus”. Ou seja, em outras palavras, a convicção teológica passa antes da conveniência pastoral. Mesmo que correndo riscos de passar por um nostálgico da antiga liturgia e por um aliado dos tradicionalistas, o papa jamais renegará este dogma.

O mal-entendido agrava-se com a revolta estudantil. No final da década, Ratzinger passa a ensinar na universidade de Tübingen. Em 1969, ele enfrenta anfiteatros agitados. Na França, muitos são aqueles que não conseguem compreender – num país onde ela não é ensinada na universidade pública – que a teologia possa se transformar num campo de batalha. Em Tübingen, ela torna-se uma “ideologia revolucionária” no quadro da qual a referência ao Cristo se torna secundária, analisa Ratzinger, ferido por esta “traição”, e que prefere então voltar a ensinar na Bavária (em Ratisbon), rompendo também com a revista progressista “Concilium” para fundar uma outra publicação, a “Communio”, em parceria com Hans Urs von Balthazar. No decorrer dos desentendimentos que o cardeal vivenciará mais tarde, em Roma, com Hans Küng, o seu antigo colega em Tübingen, ou ainda com os teólogos da libertação, esta experiência terá uma influência decisiva.

Este alemão é acima de tudo um filho da Aufklärung, uma corrente de pensamento identificada com as Luzes, da qual ele não é tão radicalmente crítico quanto dizem. Enquanto, para ele, a Fé, sem a Razão, está ameaçada pelo “iluminismo”, a Razão, sem a Fé, está ameaçada pelo “positivismo”, que não atribui à ciência outra lei senão aquela do seu próprio desenvolvimento, sem qualquer preocupação com a ética. Mas, no entender de Ratzinger, as Luzes também criaram as condições políticas necessárias para a liberdade dos crentes. No diálogo que ele manteve, em janeiro de 2004, na Academia da Bavária, com o filósofo agnóstico Jürgen Habermas, o cardeal Ratzinger sublinhou a legitimidade da razão secular, quando o seu interlocutor admitiu que a razão moderna não pode prescindir do “potencial de sentido” da religião, sobre o qual está fundamentada a substância ética dos Estados de direito e das sociedades democráticas.

A grande obsessão do professor Ratzinger é mesmo aquela da “crise da Verdade”. Na Sorbonne, em 1999, ele declarou: “A Verdade, que era uma promessa confiável, atualmente não passa de uma expressão cultural da sensibilidade religiosa geral”. Será o caso de fazer deste papa o artesão de uma reafirmação identitária do catolicismo? A articulação entre a Revelação bíblica e a Razão grega é determinante em todos os seus ensinamentos. É nela que se inspira a encíclica “Fides et Ratio”, de João Paulo 2º (1998), e ainda o famoso discurso de Bento 16 em Ratisbon (2006), que será relembrado apenas por conta da citação histórica que inclui uma crítica contundente do Islã. Este papa emite um alerta ao homem contra toda subserviência da fé à razão de Estado, e contra toda subserviência da razão de Estado a uma fé. Neste sentido, ele está decidido a premunir o mundo contra toda forma de extremismo.

Tradução: Jean-Yves de Neufville

Defensa de la Catedral

Belíssimo testemunho público da Fé Católica em Neuquén! Se as imagens revoltam pela fúria dos inimigos da Igreja, ao mesmo tempo reconfortam por mostrar que há jovens católicos dispostos a tudo sofrerem por Cristo Nosso Senhor. Eu vi no Notícias-Lepanto; e o vídeo longo (de dez minutos) bem merece ser assistido e divulgado aos quatro ventos, para que todos vejam a face perseguida da Igreja e a admirável paciência dos jovens argentinos (rezando impassíveis enquanto são agredidos).

No dia 17 [de agosto último], as manifestantes mais radicais, muitas delas lésbicas, fizeram uma marcha pelo centro da cidade, que a certa altura passaria em frente à Catedral. Previamente um grupo grande de pessoas, em sua maioria jovens, se colocou no átrio da Catedral para defendê-la de possíveis atentados como os que já haviam ocorridos em manifestações análogas.

[…]

As feministas, e também alguns homens, ao passar diante deles lançaram, aos jovens e à Igreja, as piores injúrias, provocando-os de todas as formas, inclusive cuspindo no rosto dos rapazes – como se vê no vídeo. Arrancaram deles uma grande faixa com as cores da bandeira argentina que os católicos portavam e a queimaram; praticaram ainda outras violências, mas os jovens ignoraram as provocações e continuaram rezando serenamente, o que os deu uma inquestionável superioridade, até que chegou a polícia e se interpôs entre os rapazes e as feministas, que acabaram retirando-se.

Basta comparar o desespero das feministas com a tranqüilidade da oração constante dos católicos para ver quem é que está com a razão e quem é que são os desequilibrados. Os jovens argentinos estão de parabéns. Bem-aventurados, pois são perseguidos; felizes, porque foram corajosos e se expuseram desta maneira em defesa de Nosso Senhor. O Altíssimo vê. E nós, rezemos pela Igreja; a fim de que Ela triunfe, e os Seus inimigos sejam humilhados.

Católicos e “católicos”

Esta eu reproduzo porque chega a ser engraçada; foram as respostas de um sujeito ao email no qual constava a lista dos 63 deputados abortistas que assinaram o requerimento para que o projeto de lei do aborto não fosse definitivamente arquivado. Todos os erros ortográficos, lógicos e teológicos são da responsabilidade do autor das mensagens.

A primeira pérola:

Prezado:  Sou Catolico, mas sou a favor do Divorcio e do Aborto, bem como o direito dos Padres Casarem. A Igreja Catolica, precisa estar perto do povo e de seus clamores. O Aborto é feito no Brasil de forma clandestina, e leva ao risco de vida milhares de mulheres. Com a legalização do aborto, estariamos mais próximo de Deus, poís  evitaria o risco de vida destas mulheres, e acabaria com  esse crime ediondo que é o aborto clandestino. alvaro celeste

E a segunda:

Leia frei beto e leonardo boff, os grandes teologos da igreja catolica,  estas suas posições são do passado,   o povo braseiro, ama, mais o Bispo Edir Macedo, do que  o Papa, porque? Meu amigo de fé catolica, entre para o nosso grupo da Teologia da Libertação, siga, frei Beto e tantos outros, por somente com a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO  voçê estará ao lado de Deue? Voce já viu algum padre da teologia da libertação metido em pedofilia? Não, agora os padres conservadores estão envolvidos em escandalos, veja nos estados unidos,  os casos de abuso sexual. Viva a Teologia da Libertação o caminho certo da Igreja Catolica, o Caminho de Cristo, o maior Socialista que este mundo já teve,  comparo CRISTO A FIDEL CASTRO,  são homens enviados por Deus para Libertar, eu comungo todos os domingos, e tenho o apoio da maioria dos catolicos, inclusive o Presidente Chaves, Lula, são Cristão e estão ao lado do Povo. Portando amigo Cristo, Chaves, Brizola, Lula, Fidel Castro, estes são os nossos Deuses, estes tem valor, para mim o  Papa ,e esta ultrapassado, na idade da pedra. veja a China que progresso. O Maior Comunista do Mundo era Jesus Cristo. Portanto a minha Igreja Catolica, a do futuro, a dos jovens, a Deus, é a favor do aborto, do divorcio, do socialismo, do casamento dos padres,  e do fim da propriedade privada. Saudações Catolicas Romanas Alvaro Celeste

Sinceramente, eu não consigo entender o que passa pela cabeça de uma pessoa dessas. O que raios essa gente pensa que é “ser católico”? Uma mera expressão destituída de significado objetivo? Uma qualidade que se realiza em todas as pessoas que simplesmente afirmam que o são? Nunca, em lugar nenhum, as pessoas “passaram a ser” o que quer que fosse simplesmente por dizerem que eram!

Um idiota qualquer que dissesse ser presidente da República (à exceção do caso em que o idiota em questão fosse o próprio Lula) no máximo provocaria risos. Um sujeito que dissesse ser torcedor do Sport e fosse com uma camisa do Náutico para o meio da Torcida Jovem num Clássico dos Clássicos provavelmente ia ser linchado. Um indivíduo que se dissesse muçulmano e freqüentasse uma sinagoga tinha grandes chances de ser assassinado. Por que somente com a Igreja Católica as pessoas pensam que podem agir de qualquer maneira, fazer qualquer coisa, defender qualquer bobagem – e continuar se dizendo católicas?

A Igreja não é uma espécie de terra de ninguém onde tanto faz o que as pessoas pensem ou como elas ajam. A Igreja é – entre outras coisas – uma comunhão de Fé. Os católicos, quaisquer que sejam eles, são aquelas pessoas que professam a mesma Fé – a Fé que Deus revelou, que os Apóstolos transmitiram e a Igreja guardou ao longo dos séculos. E isso não é uma “imposição”; é, ao contrário, uma livre adesão que cada católico precisa fazer à Doutrina da Igreja. Falar alguma coisa diferente disso é esvaziar o termo “católico” do seu significado real e roubar à Igreja a prerrogativa de Se definir.

Ninguém é obrigado a ser católico (salvo a obrigação moral que todos os homens têm de buscar a Verdade e, uma vez encontrando-A, abraçá-lA, mas isto é outra história). Mas o mínimo que se exige dos que querem ser católicos é que o sejam de fato, e não somente da boca pra fora. As atitudes de pessoas como a que escreveu as duas mensagens acima são de uma profunda injustiça para com a Igreja e para com os que se esforçam para – ainda que indignamente – segui-lA o melhor possível. Ninguém pode ser forçado a abandonar uma idéia, por mais estúpida que ela seja; portanto, que cada um seja o que quiser ser, mas deixem que sejamos católicos! E que a Virgem Santíssima nos guarde a todos na fidelidade a esta Doutrina, a fim de que possamos exclamar com retidão de consciência todos os dias: esta é a nossa Fé, que da Igreja recebemos, e sinceramente professamos.

Sobre os abortistas que retiraram a assinatura

Recebi um email com a seguinte informação, que é bastante esclarecedora, sobre a possibilidade de retirada de assinaturas de um Requerimento na Câmara dos Deputados após o mesmo ter sido apresentado à Mesa:

Prezado

Face a várias consultas sobre se quem assinou o recurso do  José Genoino poderia voltar atrás e pedir retirada da assinatura, fiz uma consulta, por telefone, à Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, no setor que recebe confere assinaturas e encaminha o recurso apresentado para a publicação no Diário Oficial da Câmara dos Deputados. A minha consulta foi no sentido de esclarecer se há possilidade legal do parlamentar que assinou o referido recurso requerendo a votação em plenário do PL 1.135/1991? Resposta: depois da publicação não há mais possibilidade de retirada de assinatura conforme o que diz o o artigo 102 § 4º do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, in verbis:

“Art. 102

……………………………………………….

§ 4º Nos casos em que as assinaturas de uma proposição sejam necessárias ao seu trâmite, não poderão ser retiradas ou acrescentadas após a respectiva publicação ou, em se tratando de requerimento, depois de sua apresentação à Mesa.” (o grifo é nosso).

Deste modo fica claro que não há possibilidades de retirada de assinatura e os deputados que enviaram requerimento solicitando este feito depois da publicação o fazem apenas para dar satisfação à opinião pública, mas sabem que este requerimento será indeferido pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados conforme o disposto no § 4º do art. 102, acima copiado.

Grato pela atenção.

Jaime Ferreira Lopes

Vice-Presidente Nacional Executivo

Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto!

Como os dois requerimentos para a retirada das assinaturas foram apresentados nos dias 08/09/2008 e 10/09/2008, e o requerimento foi apresentado no dia 13/08/2008 (portanto, quase um mês antes), e como é de se supor que os deputados conheçam o Regimento Interno da Câmara onde trabalham, os nomes dos dois petistas – dep. Carlos Abicalil (PT-MT) e dep. Carlos Santana (PT-RJ) – permanecem na lista dos abortistas, com o agravante da má fé apresentada ao tentar ludibriar a população brasileira por meio da apresentação de um requerimento sabidamente nulo.

Os deputados abortistas, portanto, permanecem em número de 63.

Aborto dos anencéfalos

Recebi nos últimos dias uma série de reportagens interessantes por email, que têm relação com o assunto discutido ao longo das últimas semanas nas audiências públicas do Supremo Tribunal Federal.

Lembram que os abortistas inventaram uma história segundo a qual a Marcela de Jesus não era anencéfala? A técnica aparentemente deu certo, porque repetiu-se ad nauseam nas audiências do Supremo que os bebês com anencefalia não tinham nenhuma possibilidade de sobrevida [usou-se até a expressão – destituída de significado – “letal em 100% dos casos” referindo-se à anencefalia]; a pequena anencéfala que viveu um ano e oito meses foi sistematicamente ignorada das estatísticas dos “especialistas” que foram convidados para falar aos ministros.

Pois bem, a médica que cuidou de Marcela discorda. A dra. Márcia Beani, pediatra, em reportagem da Folha de São Paulo (só para assinantes) disse:

Para Beani, o caso pode mudar os paradigmas a respeito da sobrevida em bebês com anencefalia. “O caso da Marcela abriu um precedente nunca visto. Ela teve a vida plena. Viveu com a mãe, trouxe alegria. Se você disser que uma criança anencéfala não tem condição de sobrevida, que é o que vemos em literatura, que vai ficar em estado vegetativo, isso já não se confirma”, afirmou Beani.

E ainda:

A pediatra criticou os médicos que, à distância, opinaram que Marcela não era anencéfala, e que, por isso, o caso da menina não poderia ser citado na condução do debate sobre a interrupção da gravidez. “É antiético. Não sei como uma pessoa que conhece de leitura um caso pode opinar sobre isso sem nunca ter visto a criança.”

Algumas pessoas conformam as suas idéias aos fatos observados; outras, ignoram ou distorcem os fatos para que a realidade adeque-se às suas próprias idéias. Estas últimas são extremamente perigosas, pois geralmente não se conformam com uma mera discussão acadêmica terminológica: a anencéfala (ou como quer que a chamem) que viveu vinte meses foi tratada simplesmente como se não existisse. Bem que gostariam que ela não tivesse existido mesmo. Uma pessoa que é capaz de sacrificar a realidade em favor da sua teoria, é capaz de sacrificar qualquer coisa que ouse ameaçar a sua concepção de mundo. Por bem ou por mal.

A Folha de Londrina publicou também um artigo sobre o assunto, do qual vale a pena destacar:

Considerando o parecer do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, francamente favorável ao aborto, tenha o feto encéfalo ou não, causa-me preocupação alguns argumentos mencionados pelos grupos pró-aborto.

E isto é evidente. Como eu comentei aqui ontem, os argumentos utilizados pelos defensores do assassinato de crianças não servem “somente” para os casos de anencéfalos, e sim para qualquer tipo de aborto, porque uma vez estabelecida a violabilidade da vida humana, colocar “condições” nas quais é legal ou não abortar é extremamente subjetivo. As bandeiras devem ser fincadas nos limites corretos. É errado matar anencéfalos porque é errado matar. Ponto. Agora, se é correto assassinar um tipo de crianças deficientes, a pergunta que se segue como decorrência lógica (depois do anencéfalo, qual será a próxima alteração fetal a justificar o aborto?) é muito pertinente.

Por fim, a despeito da população brasileira ser majoritariamente contrária ao aborto (87%, segundo esta tendenciosíssima pesquisa do IBOPE de 2003), a Folha de São Paulo revelou que 78% dos juízes e promotores são favoráveis à ampliação dos casos em que o aborto não é punido (o que as pesquisas chamam de “aborto legal”, e cuja ampliação só é defendida por 10% dos brasileiros entrevistados pelo IBOPE). Tamanha discrepância entre o pensamento da sociedade brasileira em geral e o dos responsáveis pelo cumprimento da lei é alarmante. Não permita Deus que, à semelhança do que aconteceu nos Estados Unidos, o crime do aborto seja introduzido no país à revelia da sociedade, por meio do Judiciário.