Igreja Anglicana decide ordenar mulheres

Questiona-se Santo Tomás de Aquino, no Supplementum Tertiæ Partis da Summa, se o sexo feminino era um impedimento para a recepção do Sacramento da Ordem, e a resposta dada pelo Santo é peremptória: o sexo feminino é não só um impedimento para a licitude do Sacramento, como também para a sua validade. Entre as palavras do Doutor Angélico, merecem menção:

[I]n Extreme Unction it is necessary to have a sick man, in order to signify the need of healing. Accordingly, since it is not possible in the female sex to signify eminence of degree, for a woman is in the state of subjection, it follows that she cannot receive the sacrament of Order.
No [Sacramento da] Extrema Unção, é necessário haver um homem doente, para significar a necessidade de cura. Analogamente, como não é possível ao sexo feminino significar superioridade de grau, posto que o estado da mulher é o de sujeição, segue-se que ela não pode receber o Sacramento da Ordem (tradução livre minha).

Ou seja: no fundo, é uma questão de matéria e forma, não “internas” ao Sacramento (todo Sacramento tem matéria e forma), mas sim entre o Sacramento e “aquilo” sobre o qual o Sacramento age. Assim, o Sacramento do Batismo pode ser visto como “informante” de um ser humano não-batizado (de modo que pedras, cachorros, papagaios, cristãos (i.e., homens já batizados), etc, não podem ser [re]batizados), de tal maneira que, não havendo o ser humano não-batizado (a matéria “informada” pelo Sacramento) não há Sacramento do Batismo. O mesmo se aplica ao caso da Ordenação das Mulheres: não havendo varão batizado (a matéria que é informada pelo Sacramento da Ordem), não pode haver ordenação. Esta questão é tão séria que a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu um Decreto recente, punindo com excomunhão latae sententiae tanto quem tentasse ordenar uma mulher quanto a mulher que tentasse ser ordenada.

Todavia, a Igreja Anglicana decidiu ontem que iria ordenar “bispas”. A decisão, polêmica, é de se lamentar; porque, a despeito das ordenações anglicanas não serem válidas mesmo nem em homens, este passo afasta os filhos da religião da Inglaterra ainda mais da Verdade, e torna ainda mais penoso o caminho de volta, que todavia precisará ser feito.

Deus não permitiria o mal se, dele, não pudesse tirar um bem ainda maior – a frase é, se não me engano, de Santo Agostinho. Algo de bom pode sair disso tudo: alguns sacerdotes ameaçavam romper com a Igreja Anglicana, caso fosse aprovada a ordenação feminina. Há rumores de que alguns bispos anglicanos tenham se encontrado com representantes do Vaticano, ontem. Ou seja: o disparate, de tão grande, funciona como “tratamento de choque” para despertar os hereges do torpor e fazê-los ver que Deus não Se encontra no cisma iniciado por Henrique VIII.

Permita Deus que eles retornem à Igreja Católica, Única Esposa de Cristo, Única Arca da Salvação, fora da qual os homens perecem como no Dilúvio. Que o Espírito Santo ilumine-lhes a inteligência, a fim de que vejam, com aquela clareza sobrenatural que a conversão exige, o erro e o estado lastimável em que se encontram. E que voltem à Igreja – seguindo os passos do Cardeal Newmann -, posto que Ela, como Mãe Amorosa, tem sempre os braços abertos para os Seus filhos que retornam feridos.

São Domingos recebeu da Virgem o rosário como arma poderosa para a conversão dos hereges. Rezemos também nós o terço, em especial nestes dias, pedindo que os anglicanos, descontentes com os descalabros da Igreja da Inglaterra, possam se converter depressa à Igreja de Cristo.

Emails à CCJ – sobre o aborto

O pessoal da Campanha “Nascer é um Direito” disponibilizou uma maneira rápida de enviar cartas aos deputados que fazem parte da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, pedindo a eles pela rejeição do Projeto de Lei 1135/91, que tenciona legalizar o aborto no país.

Por favor, entrem no link abaixo AGORA e façam a parte de vocês – não deixem para depois, só demora UM MINUTO:

MENSAGEM AOS DEPUTADOS DA CCJ – CONTRA O PROJETO DE LEI QUE LEGALIZA O ABORTO!

A votação do projeto está marcada para AMANHÃ, quarta-feira 09 de julho. Portanto, é imprescindível que nos mobilizemos já.

Que a Virgem Santíssima abençoe a todos e livre o país da maldição do aborto.

* * *

Anexo: email da campanha “Nascer é um Direito” por mim recebido:

—– Original Message —–
From: Nascer é um direito
To: nascereumdireito@fundadores.org.br
Sent: Monday, July 07, 2008 10:29 PM
Subject: URGENTE! Aborto será votado quarta-feira na CCJC

Caríssimos Amigos,

Graças a Deus chegamos até aqui!

Já conseguimos que na Comissão de Seguridade Social e Família o Projeto de
Lei abortista 1135/91 fosse rejeitado.

Faltam agora alguns passos.

O projeto já está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça e
Cidadania, de onde seguirá para o Plenário da Câmara.

É para o segundo passo que estou lhes escrevendo.

O Projeto já foi relatado pelo dep. Eduardo Cunha, pela rejeição deste, e
foram realizados dois dias de audiência pública.

A votação do projeto está marcada para a próxima quarta-feira (9 de julho)!

Vamos usar o mesmo método que já deu certo: mandar uma carta a todos os
deputados da Comissão!

Para mandar sua carta, basta acessar o link:
http://www.fundadores.org.br/abortonao/acao/070708/dcamp.asp?camp=8

Se vencermos mais esse passo, ficará muito difícil para os defensores do
aborto atuarem! Portanto, é imprescindível sua participação.

Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, os recompense por
mais esse passo na luta pela vida dos inocentes indefesos,

Repasse este e-mail a seus amigos.

BLOG Nascer é um Direito: Convidamos nossos amigos para visitarem nosso Blog
http://nascereumdireito.blogspot.com/ onde estaremos informando, na medida
do possível, tudo sobre a próxima votação.

Atenciosamente
Daniel Martins
Campanha Nacional Contra o Aborto
Nascer é um Direito
Associação dos Fundadores
http://www.nascereumdireito.org.br

Comentando o adeus do Arcebispo – 01

Comentei aqui no BLOG sobre o especial do Jornal do Commercio do dia 04 de julho, que consistiu em um caderno de oito páginas voltadas para atacar Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Olinda e Recife. O assunto foi comentado também no blog do Marcio Antonio, jornalista de Curitiba e meu amigo. Neste post e em subseqüentes, tecerei comentários sobre os artigos que constam no especial “O adeus do arcebispo”, seguindo o índice aqui disponível e que reproduzi no BLOG na sexta-feira última. Os artigos comentados ficarão sempre em anexo, no fim do post. Comecemos.

1 – O fim da era da discórdia?

Sob este título está a introdução do caderno especial do JC. Já no título fica patente o “julgamento” que o jornal faz do arcebispado de Dom José: uma “era da discórdia”. Mesmo que os responsáveis pelo caderno tenham conhecimento zero ou próximo de zero sobre a Doutrina Católica, sentem-se no direito de proferir sentenças sobre casos que não competem a eles e sobre os quais eles não foram consultados: assim funciona a mídia recifense. O primeiro pressuposto do caderno especial – gratuito e colocado como se fosse um axioma – é o de que Olinda e Recife vivem uma “era da discórdia”.

[O] papa João XXIII ensinou que era preciso “abrir as janelas do Vaticano para que os ventos da história soprassem a poeira que entulha o trono de Pedro”

Eu já tinha lido que João XXIII tinha falado em “abrir as janelas da Igreja”, mas o objetivo seria deixar “entrar n’Ela um ar fresco do mundo exterior” (segundo a citação de segunda mão deste site), e não soprar a poeira que entulha o trono de Pedro. A citação do JC, embora esteja com as aspas no original, não indica a fonte deste “ensinamento”.

O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, trilhou o caminho contrário.
[…]
Sob a complacência de Roma, desmontou tudo o que havia sido erguido no espírito da Teologia da Libertação e do Concílio Vaticano II

Aqui, o autor do texto parece um “católico” modernista. Dizendo que Dom José trilhou o caminho contrário ao que havia ensinado João XXIII, e dizendo que isto foi feito sob a complacência de Roma, o que está dito é que Roma caminha “ao contrário” do que ensinou o Bem-Aventurado João XXIII.

E, não, eu não aceito que as coisas santas sejam colocadas em pé de igualdade com o lixo! A “Teologia da Libertação” é uma heresia e o Concílio Vaticano II é uma legítima expressão do Magistério da Igreja! “Heresia” e “Magistério” estão tão separados entre si como trevas e Luz; a Teologia da Libertação está tão distante do Vaticano II quanto o erro está distante da Verdade. Ao ler que esta “teologia” está relacionada com o espírito […] do Vaticano II, impossível não pensar que o modernismo está fazendo escola até nas redações dos jornais recifenses.

Por que o articulista não foi procurar o que a Igreja diz sobre a Teologia da Libertação e sobre o Vaticano II? Porque ele impõe de novo, mais uma vez como se fosse um axioma, que andam ambos de mãos dadas, quando o contrário disto é que é verdade? Será que ele ignora os incontáveis pronunciamentos de Roma contra a Teologia da Libertação e a favor do Vaticano II? Ou é mais provável que ele só queira desinformar?

Na última segunda-feira, dom José completou 75 anos e foi obrigado a pedir a renúncia do cargo, gesto há muito aguardado por uns e lamentado por outros.

A construção da frase induz a duas coisas: a provocar compaixão pelos que “aguardavam” há muito a renúncia, e a acreditar que há um “racha” na Arquidiocese entre os que estão contra o Arcebispo e os que estão a favor dele. Esta idéia – já presente em gérmen no título da introdução do caderno – vai ser explorada ad nauseam pelo jornal. Para o leitor que não conheça os fatos, aliás, ficará a clara impressão de que só estão do lado do Arcebispo três ou quatro reacionários malignos; e as coisas são bem diferentes disso, conforme será visto adiante.

Em todos esses anos, parte das ovelhas já se sentia sem pastor.

Que “parte das ovelhas” é esta? O jornal não o diz claramente. Induz-se, pelas páginas subseqüentes do especial, que são:

  1. a prefeita comunista de Olinda;
  2. frei Betto;
  3. Ivone Gebara, “teóloga feminista” e (no mínimo) simpatizante das Católicas pelo Direito de Matar;
  4. padre Reginaldo Veloso e outros padres afastados;
  5. o “teólogo” Inácio Strieder e o pessoal do “Igreja Nova”;
  6. afins.

Esta “trupe” está sem pastor há muito tempo, porque não é católica. O problema deles não é com dom José – e sim com o Papa e com a Igreja. Não são ovelhas, e sim lobos.

Dom José sairá deixando o legado de uma Igreja distante dos temas sociais e silenciada pelo medo.

Mais uma dupla agressão velada ao arcebispo: ele é “alienado” e “autoritário”. Mais uma vez, de maneira completamente gratuita. De novo, a parcialidade do especial tendencioso fica evidente.

Nas próximas páginas deste caderno especial (…)

Em próximas entradas deste BLOG, serão comentadas as páginas do caderno especial do Jornal do Commercio de 04 de julho.

Dom José já avisou que ficará longe do Recife. Vai se refugiar num convento carmelita, onde aguardará o julgamento da história e do rebanho que ele deixa dividido.

O Julgamento que dom José aguardará não é o “da história”, e sim o do Justo Juiz; e quanto ao rebanho, a “divisão” que existe é aquela que foi citada acima: entre católicos e hereges, entre ovelhas e lobos.

* * *

Anexo – .O adeus do arcebispo

O fim da Era da Discórdia?
Publicado em 04.07.2008

[O] papa João XXIII ensinou que era preciso “abrir as janelas do Vaticano para que os ventos da história soprassem a poeira que entulha o trono de Pedro”. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, trilhou o caminho contrário. Em seus 23 anos à frente da arquidiocese, fechou portas, expulsou padres, criou arestas e voltou os olhos da Igreja para si mesma. Tinha uma missão nas mãos e a cumpriu com obediência cega e o peso da autoridade. Sob a complacência de Roma, desmontou tudo o que havia sido erguido no espírito da Teologia da Libertação e do Concílio Vaticano II – herança semeada pelo antecessor, dom Hélder Câmara. Na última segunda-feira, dom José completou 75 anos e foi obrigado a pedir a renúncia do cargo, gesto há muito aguardado por uns e lamentado por outros. Em todos esses anos, parte das ovelhas já se sentia sem pastor. Se o pedido for aceito pelo papa Bento XVI, será o fim de um ciclo marcado pelo confronto e por um arcebispado que preferiu o rito dos altares à prática pastoral. Dom José sairá deixando o legado de uma Igreja distante dos temas sociais e silenciada pelo medo. Nas próximas páginas deste caderno especial, o Jornal do Commercio faz uma análise sobre os polêmicos anos de seu arcebispado, revela documentos confidenciais da Igreja e investiga o nome do provável sucessor. Dom José já avisou que ficará longe do Recife. Vai se refugiar num convento carmelita, onde aguardará o julgamento da história e do rebanho que ele deixa dividido.

Comentários Diversos

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania deve votar, nesta semana, o PL do aborto. Há divergências entre os deputados. Atento para a – já comentada aqui – tentativa de se “religiosizar” o debate:

Para um debate democrático, seria bom ouvir outras pessoas de outras crenças, uma mãe de santo, um xamã, adventistas, judeus, e, por que não, ateus.

Aborto não é questão religiosa. É Universal. Ele não pode ser reduzido a uma “questão de foro íntimo” – isto teria resultados trágicos. Escrevamos para os deputados do nosso estado que fazem parte da CCJ; peçamos a eles – nossos representantes, afinal – que representem fidedignamente nossa vontade. A lista segue abaixo, em anexo.

E rezemos: Nossa Senhora Aparecida, livrai o Brasil da maldição do aborto!

* * *

Falando em Nossa Senhora Aparecida, há aquele projeto de Lei que deseja tirar-Lhe o título de “padroeira do Brasil”. Se, sob a proteção da Virgem Santíssima, as coisas estão como estão… não quero nem imaginar como elas ficariam se esta Terra de Santa Cruz rejeitasse os favores da Mãe de Deus e cometesse a terrível ofensa de negar um simples título de “padroeira” Àquela que já é, de fato e de direito, Rainha dos Céus.

O parecer do relator é pela rejeição. Deo Gratias. Para manifestar-se contra este projeto:

Contra o Projeto de Lei que retira a expressão “Padroeira do Brasil” da lei que aprova o Dia de N.Sa. Aparecida
Eu digo NÃO ao Projeto que tira de Nossa Senhora Aparecida o título de Padroeira do Brasil !

* * *

Lei seca tem grande aprovação; segundo pesquisa Datafolha publicada Domingo último,

86% dos moradores de São Paulo e do Rio aprovam a lei seca. O índice de aprovação foi alto (79%) até entre os entrevistados que declararam tomar bebidas.
[FOLHA online, “Fiscalização da lei seca em estradas federais detém 17 em 3 Estados” – 06/07/2008 – 20h52]

O povo parece caminhar de cabeça erguida para o abismo. Tenha Deus misericórdia.

* * *

A Igreja não pode mais pregar a Sua Doutrina!! O livro do Monsenhor Jonas Abib, contra o espiritismo, foi recolhido na Bahia. Leiam: a mordaça espírita.

Até quando ficaremos inertes?

* * *

Anexos:

RELAÇÃO DOS DEPUTADOS DA CCJ POR ESTADO


ALAGOAS
2º Vice-presidente (AL)
Titulares (AL)
(não há suplentes de AL)
AMAZONAS
Suplentes (AM)
(não há titulares do AM)
BAHIA
Titulares (BA)
Suplentes (BA)
CEARÁ
Titulares (CE)
Suplentes (CE)
DISTRITO FEDERAL
Titulares (DF)
Suplentes (DF)
ESPÍRITO SANTO
Titulares (ES)
(não há suplentes do ES)
GOIÁS
3º Vice-presidente (GO)
Titulares (GO)
Suplentes (GO)
MARANHÃO
Titulares (MA)
Suplentes (MA)
MATO GROSSO
Titulares (MT)
Suplentes (MT)
MATO GROSSO DO SUL
Titulares (MS)
Suplentes (MS)
MINAS GERAIS
Titulares (MG)
Suplentes (MG)
PARÁ
Titulares (PA)
Suplentes (PA)
PARAÍBA
Titulares (PB)
Suplentes (PB)
PARANÁ
Suplentes (PR)
(não há titulares do PR)
PERNAMBUCO
Titulares (PE)
Suplentes (PE)
PIAUÍ
Titulares (PI)
Suplentes (PI)
RIO DE JANEIRO
Presidente CCJ (RJ)
(Este foi o relator, cabe cumprimentá-lo pelo relatório)
Titulares (RJ)
Suplentes (RJ)
RIO GRANDE DO NORTE
Titulares (RN)
Suplentes (RN)
RIO GRANDE DO SUL
Titulares (RS)
Suplentes (RS)
RONDÔNIA
Titulares (RO)
Suplentes (RO)
RORAIMA
Titulares (RR)
(não há suplentes de RR)
SANTA CATARINA
Suplentes (SC)
(não há titulares de SC)
SÃO PAULO
1º Vice-presidente (SP)
Titulares (SP)
Suplentes (SP)
SERGIPE
Titulares (SE)
(não há suplentes de SE)

Os ataques não param

Para minha profunda indignação, descobri que a edição de hoje do Jornal do Commercio – jornal de grande circulação aqui em Recife – trouxe um caderno especial, de oito páginas, com uma cobertura sobre a renúncia do nosso Arcebispo, Dom José Cardoso.

O título? “O Adeus do Arcebispo” (para assinantes do jornal ou UOL). O índice, por si só, revela a que veio o caderno:

  • O fim da Era da Discórdia?
  • Forjado na disciplina e obediência
    • – Eminência parda do poder
  • O desabafo secreto
    • – Sem auxiliares por perto
  • O desmonte sob a bênção da Santa Sé
    • – Punição a padres semeou medo
    • – O dia em que a prefeita não pôde comungar
    • – “Colocá-lo após dom Hélder foi uma grande burrice”
  • A caixa-preta da Pastoral Imobiliária
  • Pensar no que se crê…
  • Ações voltadas só para a Igreja
  • Um difícil arcebispado
  • E agora, dom José?
    • – À espera da entrevista que não houve

Haja paciência para suportar tamanha cretinice. Não tenho tempo para entrar em mais detalhes agora; mas volto a tratar sobre o assunto em breve.

Levantai-vos, ó Deus, defendei a vossa causa. Lembrai-vos das blasfêmias que continuamente vos dirige o insensato. (Sl 73,22)

E o vinho acabou…

Tenho conversado com algumas pessoas sobre a assim chamada “Lei Seca”, que estabelece punições para os motoristas que forem flagrados dirigindo após consumir qualquer quantidade de álcool. E, para a minha grande decepção, muita gente concorda piamente com a tal lei!

Antes que me entendam mal: não se trata de “acobertar” os irresponsáveis que provocam acidentes nas estradas, e nem de negar que o consumo de álcool aumenta o risco de que ocorram tragédias no volante. A questão é que a situação não é passível de simplificações extremas como as que foram utilizadas na elaboração das novas punições! Um sujeito não pode ser classificado simplesmente como “apto” ou “inapto” para dirigir com base somente em quantidades ínfimas de álcool no sangue. A Lei 11.705 estabelece o seguinte:

Art. 5o  A Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, passa a vigorar com as seguintes modificações:

[…]

II – o caput do art. 165 passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 165.  Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:

Infração – gravíssima;

Penalidade – multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;

Medida Administrativa – retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.

………………………………………………………………………..” (NR)

III – o art. 276 passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 276.  Qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código.

Parágrafo único.  Órgão do Poder Executivo federal disciplinará as margens de tolerância para casos específicos.” (NR)

Procurei em vários lugares sobre o limite de tolerância que vem sendo noticiado, que é o de 0,2 gramas de álcool por litro de sangue (neste caso, “somente” multa; acima de 0,6g/l, é cadeia). Não o encontrei em nenhum lugar (a lei, ao contrário, diz taxativamente que qualquer quantidade de álcool no sangue é suficiente para que o “infrator” esteja sujeito às penas estabelecidas). Procurando um pouco mais, para a minha surpresa e horror, descobri que 0,2 g/l é a margem de erro do bafômetro!! Ou seja: o limite real é ZERO mesmo, e concentrações inferiores a 0,2g/l estão sendo toleradas simplesmente por incapacidade técnica de serem aferidas corretamente!

Já que as coisas são assim, então, no final das contas, o quê, exatamente, é permitido beber? Há a maior confusão do mundo nas reportagens que estão publicadas na internet e, na prática, o resultado é que ninguém pode beber nada mesmo (até porque o 0,2 g/l se atinge com uma latinha de cerveja, e ninguém bebe “meia latinha”). Veja-se:

Quanto tempo esperar para assumir o volante? 1 copo de cerveja (200 ml) ou 1 taça de vinho (100 ml) : entre 1h e 2h. (G1)

“Uma taça de vinho demora cerca de 3 horas para ser eliminada pelo organismo. Uma lata de cerveja, cerca de 4 horas”. (ESTADÃO)

“Um copo de cerveja demora cerca de seis horas para ser eliminado pelo organismo. Uma dose de uísque, que é bem mais forte do que a cerveja, demora mais tempo do que isso. O mais garantido é que o motorista possa dirigir depois de 24 horas”. (G1)

“De maneira geral, um copo de cerveja ou um cálice de vinho demora cerca de seis horas para ser eliminado pelo organismo – já uma dose de uísque leva mais tempo”. (VEJA)

“Única forma segura de driblar bafômetro é não beber, alertam especialistas”. (G1)

1- Quanto de álcool é permitido beber antes de dirigir com a mudança?
Nada.
Júlia Greve, médica fisiatra do Departamento de Álcool e Drogas da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), em G1.

Diante de tantas informações contraditórias, só resta ao indivíduo não beber mesmo, cumprindo o “tolerância zero” que a Lei estabelece; e o limite (irrisório) que havia sido conseguido devido às limitações do bafômetro, perde-se devido à avalanche de informações contraditórias às quais têm acesso o cidadão.

Não dá para acreditar na seriedade de pessoas que tenham inventado uma lei assim. Há pelo menos duas perguntas que precisavam ser respondidas para que tal medida se justificasse, e eu não vi em lugar nenhum nem uma palavra sobre o assunto. Primeira pergunta: dentre os acidentes provocados por consumo de álcool, em quantos estão envolvidos pessoas com concentração de álcool no sangue de somente 0,2g/l? Segunda pergunta: dos acidentes de trânsitos fatais nos quais o consumo de álcool está envolvido, quantos acontecem dentro de perímetro urbano? Entender melhor a situação é fundamental para que se possa atacar com mais precisão o problema. Afinal, é razoável que um sujeito seja impedido de dirigir numa BR após ter tomado cerveja. Mas, do jeito que a lei foi feita, há muitas coisas que não são razoáveis.

Não é razoável que eu não possa tomar um Chopp numa pizzaria com amigos, e voltar pra casa de carro. Não é razoável que eu não possa oferecer uma taça de vinho a um amigo que me veio visitar, em casa. Não é razoável que enólogos tenham medo de dirigir após uma degustação de vinhos – que é, afinal, o trabalho deles. Não é razoável que padres tenham dificuldades para cumprir com seus compromissos após celebrar missa, ou precisem deixar de tomar o Sangue de Cristo no Altar (aqui, aqui, aqui). Pelo contrário, tudo isso é autoritário e ofensivo, e prenuncia ainda maiores intromissões do Estado na vida dos indivíduos. É como o conhecido poema que diz:

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

(No caminho com Maiakóvski)

No fundo, o problema é ideológico, porque não há outra explicação. O alvo é a Moral judaico-cristã, duplamente atacada: permitindo o que é contrário a ela [aborto, divórcio, preservativos] e criminalizando coisas que são geralmente neutras [armas de fogo, cigarros, álcool]. Não adianta o Tarso Genro aparecer com a cara mais cínica do mundo para dizer que “é razoável que um padre saia da missa e diga ao agente público que tomou um gole de vinho”, quando isto – embora, realmente, tenha a possibilidade estabelecida pela lei 11.705 – não tem (ainda) disposição legal alguma e é o mesmo Ministro da Justiça a “garanti[r] que não haverá iniciativa do governo para abrandar a norma”. Isto só atesta a farsa, pois as coisas no Brasil não são “razoáveis” e a própria existência desta lei o mostra com a clareza de uma evidência. Não permita Deus que, quando as pessoas resolverem enfim acordar, seja já tarde demais.

Liberdade e direitos

Da série “notícias bizarras”: parlamento sueco vai debater se um menino de oito anos provocou ou não alguma ofensa intolerável ao não convidar dois colegas de escola para a sua festa de aniversário. A situação é tão surreal que, mesmo lendo, o primeiro instinto é o de rechaçar a notícia como sendo alguma piada ou algum engano. No entanto, parece que aconteceu mesmo. A notícia foi publicada em jornais mundo afora (como, p.ex., aqui e aqui). Pelo que foi noticiado,

[o] menino distribuiu os convites durante o horário das aulas e quando o professor percebeu que dois alunos haviam sido excluídos, os convites foram confiscados.

O que dizer? É, realmente, o fim do mundo. Agora, uma criança não pode nem mais escolher quais os amigos que quer ter junto a si na sua própria festa de aniversário, pois isso é discriminação para com os não-convidados.

Conhecem o ditado que diz: “é de pequenino que se torce o pepino”? Aquilo que sempre foi usado para a educação, formando as pessoas na virtude desde a mais tenra idade, tem agora uma aplicação reversa: o Estado Totalitário (que uma intromissão dessas na vida privada dos cidadãos não pode ser atribuída senão a uma mentalidade totalitária mostrando as garras) quer criar pepinos tortos em série, através da aplicação de leis já em si nonsenses a situações onde tais leis atingem o ápice do irracionalismo.

As leis “anti-discriminação” são quase todas absurdas. Por motivos os mais diversos: porque falta de educação não é assunto de polícia, porque é difícil separar, no caso concreto, as discriminações justas das injustas, porque não faz sentido resolver um problema discriminatório criando outras discriminações “para o lado contrário”, etc. Mas o problema que, às vezes, passa despercebido nessa brincadeira toda, é de ordem mais conceitual: afinal de contas, quais os direitos que as pessoas têm? Será que o garoto que não foi convidado para a festa tinha realmente direito de ir à festa?

Chesterton tem um exemplo muito eloqüente sobre o assunto no seu livro “Ortodoxia”, tirado dos contos-de-fadas. Em resumo, o insigne escritor inglês traz à baila o conto de Cinderela, onde a protagonista ganha, da sua fada madrinha, roupas e carros para poder ir ao baile para o qual ela queria muito ir. O detalhe é que, à meia-noite, o encanto seria quebrado. Se Cinderela fosse partidária do “direito-de-ir-ao-baile”, poderia reclamar com a fada: “mas por que somente até à meia-noite”? Ao qual a fada, segundo Chesterton, retorquiria: “e por que você pode ir até à meia-noite”?

Oras, Cinderela não iria ao baile, e ganhou a possibilidade de ir gratuitamente; se é assim, por que ela estaria em condições de fazer exigências? A resposta da fada à suposta Cinderela moderna coloca-a no seu devido lugar: ao invés de reclamar por ter somente isso, ela deveria parar e pensar por que tem tudo isso.

As crianças suecas não têm mais direito de ir ao aniversário do colega do que Cinderela tinha de ir ao baile. A mentalidade moderna, assim, gera desequilibrados dependentes de supostos “direitos” às coisas mais bizarras. O pobre do menino – que não pode nem fazer uma festa de aniversário em paz – é, assim, educado com uma “ética” diferente daquela que se encontra nos contos-de-fadas: eu sou obrigado a convidar para a minha festa fulanos e sicranos, ainda que eu não queira.

E, onde é instaurado o reino do “direito-a-tudo”, o homem é desumanizado. Por um lado, o egoísmo impera e o sujeito, “mimado” com direitos inventados desde criança, termina por reinvidicar outros pretensos direitos bem mais injustos do que o de participar de uma festa de criança: não é coincidência o fato de que, na Suécia, onde algumas crianças têm direito inalienável a ir aos aniversários mesmo que não sejam amigas do dono da festa, outras não têm sequer o direito de nascer, pois o país detém um dos mais elevados índices de aborto da Europa. Por outro lado, desaparece a noção de caridade: afinal, se tudo é “direito” de fulanos e sicranos, o que sobra para se fazer de graça? Se dar uma festa, ao invés de ser generosidade de alguém que está feliz e quer comemorar com algumas pessoas, é fazer valer o direito dos colegas… qual o mérito de se fazê-las? No final das contas, qual a graça de se viver num mundo desses? Certamente não vale a pena!

Haverá, todavia, um Dia no qual o Senhor da História chegará para julgar o mundo. E, então, ele convidará alguns a se sentarem à Mesa, junto a Ele; e, a outros, dirá que não os conhece. Neste Dia, pode até ser que alguns se levantem contra esta gritante e despótica violação do direito universal ao Céu – mas não adiantará, porque o Justo Juiz aproxima-se muito mais da Fada Madrinha do que do Parlamento Sueco.

A próxima vítima

Para deixar os gayzistas de cabelo em pé: a modelo Isabeli Fontana declarou segunda-feira, em rede nacional, que não gostaria de ter um filho gay. Ela que se cuide, para não cair nas garras da máquina de repressão doentia dos que fazem a apologia do vício.

E – horror! escândalo! -, numa enquete realizada pela Folha Online (para ver e votar: Filho Gay), até o presente momento 2/3 dos votantes concordam com a modelo! Está registrado:

Uma enquete virtual é pouca coisa para se tirar conclusões científicas. Mas está bem documentado, com estudos mais sérios, que o homossexualismo não goza lá de muita simpatia pela população brasileira – como é óbvio, porque há uma aversão até “instintiva” a tudo aquilo que (como a Sodomia) contrarie a Lei Natural. Para comprovar o que eu digo: “A Cabeça do Brasileiro”, com desconto na Saraiva.

Se já estivesse em vigor a lei da mordaça gay, a modelo poderia ser punida. E, junto com ela, dois terços dos leitores da FOLHA que responderam à enquete. Até quando deixaremos o caminho aberto à ditadura das minorias?

Aprendamos de São Paulo


[Foto: vatican]

È questo lo scopo dell’Anno Paolino: imparare da san Paolo, imparare la fede, imparare il Cristo, imparare infine la strada della retta vita.
É este o objetivo do Ano Paulino: aprender a partir de São Paulo, aprender a Fé, aprender o Cristo, aprender, enfim, a estrada da vida retatradução livre minha.
[SS. Bento XVI, audiência geral da quarta-feira, 02 de julho de 2008]

De 28 de junho de 2008 até 29 de junho de 2009, está promulgado o Ano Paulino. Vale a pena visitar o site.

E vale a pena aprendermos de São Paulo, como nos pede o Papa – afinal, foi o próprio santo que disse: “sede meus imitadores” (cf 1Cor 11, 1).

Aprendamos, pois, do Apóstolo das gentes. Aprendamos primeiramente que “todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição” (2Tm 3, 12) e que, mesmo assim, devemos abençoar os que nos perseguem, e não praguejar (cf Rm 12, 14).

Aprendamos que anunciar o Evangelho é uma obrigação que se nos impõe (cf 1Cor 9, 16) e que o Cristianismo não descansará enquanto não levar “todas as nações pagãs à obediência da fé” (Rm 1, 5).

Aprendamos que devemos evitar a impureza (cf 1Ts 4, 3) e fazer penitência, castigando o nosso corpo e o reduzindo à servidão (cf 1Cor 9, 27), para completarmos em nossa carne o que falta às tribulações de Cristo (cf Cl 1, 24), pois “os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências” (Gl 5, 24).

Aprendamos a guardar o Depósito da Fé (cf 2Tm 1, 14) e a fidelidade à Igreja Católica, que é “a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3, 15).

Aprendamos que temos um altar do qual não têm o direito de comer senão os cristãos (cf Hb 13, 10), ao qual devemos o máximo respeito e a maior diligência possíveis, pois quem come e bebe “sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (1Cor 11, 29).

Aprendamos, enfim, a rezar, no pequeno “credo” que o santo nos deixou:

quoniam Christus mortuus est pro peccatis nostris secundum scripturas
et quia sepultus est
et quia resurrexit tertia die secundum scripturas

(1Cor 15, 3-4)

São Paulo,
rogai por nós!