Mais ataques à Igreja na Europa

Na Espanha, o governo socialista de Zapatero acabou com a isenção fiscal e o financiamento estatal (ver também na BBC) que a Igreja Católica detinha.

A Conferência Episcopal Espanhola havia lançado, no início do ano, uma nota ante las elecciones generales de 2008. Vale muito a pena ler. Zapatero não gostou e, como o seu partido venceu o pleito, veio a revanche. Afinal, o financiamento à Igreja era “excessivo”. E o Estado é Laico.

A contribuição da Igreja à sociedade é evidente e justificava a colaboração dos poderes públicos.
[vice-secretário para assuntos econômicos da Conferência Episcopal Espanhola, Fernando Giménez Barriocanal, in BBC supralinkado]

O “argumento” do Estado Laico é pífio, posto que – como já se cansou de dizer – “Estado Laico” não é a mesma coisa que “Estado Anti-Católico”. E o Estado pode muito bem ajudar financeiramente a uma instituição que julgue importante para o seu povo. Reconheça explicitamente o Governo Espanhol, pois, que a questão é simplesmente a falta de interesse da Espanha em colaborar com a Igreja.

Ontem, eu assistia “Marcelino, Pão e Vinho”. Uma das primeiras cenas mostra um grupo de três frades pedindo ao prefeito da cidade a permissão para construírem um convento num terreno que estava desocupado, após a construção que lá havia ter sido destruída pela Guerra. O prefeito hesita um pouco, mas concede aos frades o terreno. Tempos depois, morre este prefeito, e o que lhe sucede não gosta dos frades; a sua primeira idéia é ordenar a sua expulsão do terreno que o seu predecessor lhes havia concedido. No filme, este prefeito não consegue as assinaturas do Conselho que gostaria para realizar a sua má ação. Infelizmente, na vida real, o Governo da Espanha levou a cabo os seus maus propósitos.

* * *

Enquanto isso, na Itália, uma missa foi profanada por um casal – ele, católico, e ela sem religião – que resolveu trocar intimidades dentro de um confessionário. Muito sábias e oportunas as palavras do bispo local, na homilia da Missa celebrada em desagravo pelo ocorrido:

O gesto foi fruto de uma mentalidade que pode se tornar cultura, que não aceita regras, onde o bem é fazer o que se quer onde se deseja, livres de imposição e respeito. Isso é progresso ou sintoma de uma cultura em decadência e declínio?

Kyrie, eleison.

Homossexualidade: de nascença?

Não há mais argumentos, se você é gay é porque você nasceu gay.
[G1 – “Estudo vê semelhança entre cérebro de gays e do sexo oposto”]

La homosexualidad no nace, se hace.
[Courage Latino – “La homosexualidad no nace, se hace; lo vivido en la infancia influye, según un estudio”]

Quando dois estudos chegam a duas respostas diametralmente opostas (como é o caso acima), nós temos um forte motivo para colocarmo-nos em alerta e passarmos um olhar crítico sobre as informações que nos estão chegando, a fim de separarmos o que é estudo sério do que é desinformação ideológica.

Começo com uma simples comparação entre as duas notícias acima: o estudo citado pelo G1 foi realizado “em 90 pessoas” e, o segundo, “a partir de 2 millones de personas”. Isso, para quem tem noções mínimas de estatística, por si só já basta para mostrar que o segundo estudo tem, provavelmente, muito maior relevância.

Mas tal constatação por si só não é dirimente. Vejamos, pois, uma outra coisa: a (suposta) relação entre o formato cerebral e a orientação sexual. Eu não entendo absolutamente nada de neurociência e, embora me pareça estranha a afirmação (subentendida por trás do estudo do “você-nasceu-gay”) de que a simetria ou assimetria dos hemisférios cerebrais mantém-se desde o estágio fetal até a vida adulta, não vou entrar neste pormenor. O ponto é outro. Eu não entendo de anatomia cerebral, mas entendo um pouco de lógica, e sei quando um argumento não prova aquilo que diz provar.

Relações de causa-efeito podem ser expressas na forma “SE causa ENTÃO efeito”. Utilizando um exemplo simples: a rua está molhada [efeito] porque choveu [causa]: portanto, SE choveu ENTÃO a rua está molhada. Mas a construção reversa não é necessariamente verdadeira [só o seria se o efeito em análise tivesse uma única causa] e, embora sirva como hipótese investigativa, definitivamente não serve para postular verdades incontestáveis.

Em outras palavras: dizer SE a rua está molhada ENTÃO choveu (invertendo causa e efeito) não é necessariamente verdadeiro. E o erro aqui está em se considerar que a única causa da rua molhada é a chuva, o que não é verdade. A rua pode estar molhada porque um caminhão-pipa estava vazando. Pode estar molhada porque estourou um encanamento. Pode estar molhada porque alguém estava lavando a calçada. Ou por quaisquer outros motivos. Neste exemplo, embora haja nexo causal entre “chuva” e “rua molhada”, este não poderia ser provado simplesmente partindo da “rua molhada”.

Voltemos ao estudo do “você-nasceu-gay”. Para esta expressão fazer sentido, então “ser gay” é efeito e a causa é uma dada disposição anatômica congênita (como, no caso do estudo, a diferença entre os hemisférios cerebrais). A forma correta da relação seria, então, a seguinte: SE o cérebro é de tal formato ENTÃO o sujeito é gay. Mas acontece que – segundo o G1 – o que se investigou foi o contrário! Pois a notícia diz textualmente:

Ao analisar os resultados, os especialistas observaram que homens homossexuais e mulheres heterossexuais têm os hemisférios cerebrais simétricos, enquanto os dois lados do cérebro de lésbicas e homens heterossexuais são assimétricos, com o hemisfério direito consideravelmente maior do que o esquerdo.

Ou seja: percebeu-se que homens homossexuais têm hemisférios cerebrais simétricos, e não que homens que têm hemisférios cerebrais simétricos são homossexuais! Isso não é um “dilema Tostines”; é exatamente o que permite passar da hipótese investigativa para a existência do nexo causal! É exatamente a investigação partindo da causa para os efeitos o que permite identificar a existência de relações de causalidade entre duas coisas.

A proposição “SE o cérebro é assim ou assado ENTÃO o sujeito é gay” só poderia ser demonstrada verdadeira se se verificasse a ocorrência do efeito sempre (ou, pelo menos, quase sempre) que fosse identificada a existência da causa – ou seja, se todos ou quase todos os homens que tivessem os hemisférios cerebrais simétricos fossem gays. Pelo caminho reverso, só se poderia no máximo concluir pela veracidade da proposição se o efeito tivesse uma única causa; mas, neste caso, é uma clara Petição de Princípio, pois o que o estudo quer provar é exatamente isso e, assim sendo, não o pode usar como premissa para chegar à sua conclusão.

O formato cerebral, então, não pode ser demonstrado como a única causa do homossexualismo pelos meios que o estudo realizou. Vamos adiante: será que se pode provar que ele é, ao menos, uma causa? A resposta é não, de novo, pois a conclusão do estudo pode ser demonstrada falsa muito facilmente.

Vejamos: de acordo com esta tese de doutorado (que versa sobre outra coisa, mas reproduz uma informação relevante), 35% da população possuem hemisférios cerebrais simétricos. A porcentagem de homossexuais na população, segundo os próprios homossexuais, varia de 4 a 10%. Considerando que há um número mais ou menos proporcional entre homens e mulheres na população mundial e considerando o melhor cenário para os defensores da teoria do “você-nasceu-gay”, teríamos:

  • 50% homens, 4% gays => 2% população mundial é masculina e gay.
  • 50% mulheres, 10% lésbicas => 5% população mundial é feminina e lésbica.

Somando:

  • Homens heterossexuais + lésbicas = 48% + 5% = 53%
  • Mulheres heterossexuais + gays = 45% + 2% = 47%

Ou seja, se o estudo estivesse certo, 53% da população deveria ter “assimetria cerebral” e, 47%, “simetria cerebral”; números que são de, respectivamente, 65% e 35%. São doze pontos percentuais de diferença entre os dados reais e os dados que o estudo esperaria encontrar – e isso no cenário mais extremo em favor dos defensores da teoria noticiada por G1. Temos, então, um motivo forte o suficiente para rejeitar tal estudo, pois o mesmo simplesmente não condiz com a realidade. Portanto, a anatomia cerebral não é nem mesmo uma causa do homossexualismo – muito menos a única causa. A única coisa que este estudo mostra é (no máximo) que, dentro do grupo de amostragem utilizado, os homossexuais têm o cérebro semelhante aos heterossexuais do sexo oposto; mas não prova nenhuma relação de causa-efeito entre a anatomia cerebral e a “orientação sexual” do indivíduo.

Em suma: não há determinismo no comportamento dos homens. Os atos humanos, como tais, permanecem sempre dependentes da liberdade humana. Tendências ou inclinações para qualquer coisa não significam que o homem esteja inelutavelmente preso à mecânica realização daquilo para o qual ele se sente inclinado. No fundo daquilo que é a própria essência do homem, está o livre arbítrio; e este, dom sagrado do Criador à Sua criatura, não lhe pode ser arrancado.

Permanece, portanto, plenamente atual aquele ensinamento do Catecismo da Igreja Católica:

As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
[CIC 2359]

E a castidade é possível, pois é escolha humana, e o homem sempre pode escolher; não há determinismo biológico ou imposição ideológica que seja capaz de retirar do homem esta sua capacidade que é sagrada.

Sugestão de visita: National Association for Research & Therapy of Homossexuality.

De Joelhos!

Recebi, via email, uma notícia dizendo: “Bento XVI restaura a comunhão de joelhos”.

O mesmo – ou seja, haver um genuflexório para as pessoas receberem ajoelhadas a comunhão do Sumo Pontífice – já havia acontecido na Missa de Corpus Christi, em 22 de maio último.

Nesta mesma celebração, Sua Santidade disse na Homilia:

Ajoelhar-se diante da Eucaristia é profissão de liberdade: quem se inclina a Jesus não pode e não deve prostrar-se diante de nenhum poder terreno, por mais forte que seja.
[SS Bento XVI, Homilia de Corpus Christi – 22 de maio de 2008]

E, que pedagogia excelente do Santo Padre, dando um exemplo prático, na hora da Comunhão, daquilo que ele havia falado pouco antes, na Homilia! Que maneira enfática de se passar um ensinamento, fazendo as atitudes seguirem-se às palavras. Olhemos para Pedro: ele não só nos aponta o caminho, como ainda caminha à nossa frente. Sigamo-lo! Até os pés da Cruz. De joelhos!

A rigor, o título da notícia do “Diário de Natal” está impreciso; o Papa não “restaurou” a comunhão de joelhos no sentido de ter emitido uma norma segundo a qual as paróquias deveriam adotar essa prática. O Papa “apenas” deu a comunhão diretamente na boca dos comungantes, que estavam ajoelhados num genuflexório para receber a Nosso Senhor.

“Apenas…”? Já é a segunda vez que Bento XVI procede desta forma! Não sei qual a origem daquele ditado que diz que “as palavras convencem, mas os exemplos arrastam”. Mas espero que os exemplos do Santo Padre, que acompanham as suas palavras, possam arrastar milhares de almas a se prostrarem diante de Cristo Nosso Senhor.

Longa vida ao Papa!

Pio XII e os judeus

O Papa Bento XVI receberá na próxima quarta-feira um pequeno grupo de judeus sobreviventes do holocausto, num encontro auspiciado pela Fundação Pave The Way (PTWF).

Esses judeus, presentes em Roma por ocasião de um simpósio sobre o Papa Pio XII que a Fundação patrocina, querem agradecer pessoalmente a intervenção da Igreja Católica, que conseguiu salvar-lhes a vida durante a Segunda Guerra Mundial.

A notícia foi publicada ontem em ZENIT. “Nada há oculto que não deva ser descoberto”, disse Nosso Senhor; e é gratificante ver as calúnias serem reparadas e, a memória de um homem, restaurada – pelo menos naquilo que é possível.

A Fundação “Pave the way” – algo como “aplainar, preparar o caminho” – é, ao que parece, uma Fundação Judaica. E mantém uma página muito interessante sobre Pio XII no seu site, na qual vale muito a pena dar uma olhada.

Sugestão de leitura: artigo de um rabino, David G. Dalin [que, aliás, segundo a notícia supracitada, estará presente ao Simpósio sobre o Papa Pio XII].

Rezemos!

Sancte Abraham,
ora pro nobis.

Sancte Moyses,
ora pro nobis.

Sancte Elia,
ora pro nobis.

Omnes sancti Patriarchae et Prophetae,
orate pro nobis.

Constatações pós-conciliares

Que é dos padres que saibam entender [o Evangelho] e tenham modo para declará-lo e vida para serem ouvidos? A maioria deles não o entende. [1]

Se este ofício [o sacerdócio] é de maior importância que outro qualquer, pois dele depende a salvação das almas […], que vergonha tão grande é esta que, não sendo consentido na república um oficial que primeiro não tenha aprendido seu ofício, consintamos [que haja] na Igreja um ministro que jamais aprendeu a sê-lo? Que infelicidade é esta que, se um animal sofre dores, não lhe ousamos fiar a um veterinário se ele primeiro não aprendeu o seu ofício; e a uma alma enferma, pela qual Deus morreu, nós a fiamos a um médico que nunca aprendeu como lhe devia curar? [1]

[Um] ardil do Demônio tem sido isto: fazer com que haja tanta falta de Doutrina na Igreja. [1]

E em quê podemos crer, se não que os açoites que à Igreja vêem, são principalmente pelos pecados dos eclesiásticos? […] Jeremias chora pelos males do seu tempo terem vindo por isto, dizendo: Propter peccata prophetarum et sacerdotum, que effuderunt sanguinem in medio Ierusalem (Lam 4, 13). E o mesmo podemos chorar nós em nosso [tempo], e entender que a carnificina das almas que vemos morrer é por maldade ou negligência dos eclesiásticos. [1]

Não se diga de nossos tempos que quicumque volebat, fiebat sacerdos (1Reg 13, 33), como nos tempos de Jeroboão, senão que [somente] o seja [sacerdote] aquele que merece sê-lo. [1]

A cura de almas [foi deixada] em mãos indiferentes de pregadores e confessores, muitos dos quais nem têm ciência conveniente, nem santidade de vida, nem zelo pelas almas, nem ainda prudência natural […] [por isto] a Igreja chegou ao triste estado em que está. [2]

[Há também falsos ensinadores] que, ainda que não façam isto [ensinar erros contra a Fé], não ensinam ao povo a Doutrina sólida e proveitosa que é necessária, senão cada um segundo aquilo que ele sente e segundo os seus caprichos. [2]

Estas duras palavras foram proferidas por um sacerdote que viveu durante o Concílio e no pós-Concílio. Lamenta não haver mais padres que entendam o Evangelho para que o possam explicar às pessoas; critica a falta de formação do clero; atribui ao Demônio que haja tanta falta de Doutrina na Igreja; reclama por haver alguns que, mesmo sem ensinar heresias explicitamente, deixam de ensinar aquilo que deveriam.

Um perfeito retrato da terrível situação que atravessa a Igreja nos dias de hoje, não fosse por um pequeno detalhe: estas linhas foram escritas por um santo, São João de Ávila, que viveu durante o Concílio e no pós-Concílio de Trento. A “negligência dos eclesiásticos” da qual fala o santo não é uma referência aos padres que celebram sem decoro o Santo Sacrifício da Missa. O “ardil do Demônio” não é a fumaça de Satanás da qual falou Paulo VI. Os “falsos ensinadores” que ensinam “segundo os seus caprichos” não são os modernistas. Na verdade, o santo está falando sobre a situação do seu tempo, que é – curiosamente – muito parecida com a situação atual.

O que isso significa? Duas coisas, pelo menos.

1] É terrorismo dos rad-trads pintar com cores apocalípticas a situação atual da Igreja, como se fosse uma novidade terrível haver sacerdotes ignorantes na Doutrina Sagrada e mais preocupados com as coisas da terra do que com as coisas do Céu pelas quais devem zelar, e como se crises como a que a Igreja hoje atravessa fossem um escândalo inaudito em dois mil anos de Cristianismo.

2] A tibieza entre os sacerdotes, a ignorância do povo fiel, a existência de falsos profetas e enganadores sempre estiveram entre as preocupações das pessoas que verdadeiramente aspiram à glória de Deus, à salvação das almas e à exaltação da Santa Madre Igreja; todavia, uma das notas fundamentais de tais pessoas é, sempre, a submissão à Igreja Católica. O próprio São João de Ávila passou um ano encarcerado, por haver sido [injustamente] denunciado à Santa Inquisição. E não consta que ele tenha, em momento algum, lançado diatribes contra a Igreja, como infelizmente costumamos encontrar entre algumas pessoas dos nossos dias, que jamais sofreram nem mesmo uma ínfima parte do que sofreram pacientemente os santos de todos os tempos.

Podemos – e devemos – aprender com os santos de outrora a melhor maneira de cumprirmos com o papel que nos foi assinalado pela Divina Providência no Campo de Batalha da História. Podemos e devemos aprender com aqueles que a Igreja nos apresenta como modelos de perfeição a serem imitados. E, entre os escritos do Mestre João de Ávila [dos quais já foram citados alguns trechos], há uma análise perspicaz da situação da Igreja de então (que, como vimos, é parecida com a nossa):

Parece-me que o estado presente em que estamos é semelhante ao da Antiga Lei, e à república dos descuidados, e à negligência dos mestres que mandam e não ajudam a cumprir. Pois que leis melhores do que as já feitas sobre a santidade, as letras e o regime de toda a Igreja podem haver? [1]

Muitos reclamam de que o Vaticano II não tenha pronunciado anátemas. São João de Ávila viveu durante e depois de um Concílio que pronunciou, sim, muitos anátemas; todavia, a opinião do santo é a de que as leis promulgadas por Trento e as que já existiam são muito boas e santas, e o nosso empenho deve ser no sentido de ajudar as pessoas a amarem as leis e, assim, cumpri-las, mais por amor a elas do que por força dos castigos.

Atenção! É evidente que o santo não é contrário aos anátemas pronunciados. Ele apenas faz uma constatação, que é a mesma que podemos fazer nos dias de hoje: há muitas leis boas e santas, e os católicos, mesmo assim, são maus! O problema à época de Trento, que – ouso dizer – é o problema à nossa época, não está nas excomunhões ou na ausência delas, e sim na falta de amor dos católicos às coisas sagradas. E este amor não se produz por decretos, afinal,

todas as boas leis possíveis de se fazer não serão o suficiente para dar remédio ao homem, posto que a [Lei] de Deus [o Antigo Testamento] não o foi. [1]

Isto posto, cabe refletir: será que o Vaticano II, se tivesse pronunciado anátemas, iria “transformar” a crise da Igreja de tal maneira que estaríamos hoje atravessando um mar de rosas? Será que a história não iria se repetir e, como em Trento, a falta de homens virtuosos que tivessem amor a Cristo não seria um obstáculo aos frutos de santidade que a Igreja poderia produzir? Será que, se as pessoas amassem realmente a Deus e à Igreja, Esta teria necessidade de repetir sempre as mesmas coisas? E será que a mera “atualização” das penas canônicas poderia sozinha fazer com que os homens se convertessem e amassem a Deus?

Precisamos de virtude. Precisamos de homens santos. Precisamos de pessoas comprometidas incondicionalmente com a Igreja. Precisamos de almas inflamadas de amor a Cristo, que possam contagiar as outras almas ao seu redor. Precisamos de um apostolado de “alma a alma”, a fim de as ganharmos, uma a uma, para Cristo Rei. Só assim os homens serão convertidos, as almas serão salvas, Deus será glorificado e a Igreja será exaltada. A santidade se expande por contágio: precisamos de santos! Seguindo, pois, o exemplo do santo espanhol, que nós possamos nos empenhar em produzir nas almas o amor às coisas sagradas, condição sem a qual não pode haver renovação verdadeira na Igreja, e tarefa à qual todos nós, cristãos membros da Igreja Militante, somos chamados.

São João de Ávila,
rogai por nós!

Referências:
[1] São João de Ávila, “Memorial Primeiro ao Concílio de Trento (1551)”, em “Juan de Ávila – Escritos sacerdotales, BAC, Madrid, 2000”. Tradução minha do espanhol.
[2] São João de Ávila, “Memorial Segundo ao Concílio de Trento (1561)”, em “Juan de Ávila – Escritos sacerdotales, BAC, Madrid, 2000”. Tradução minha do espanhol.

P.S.: Após ser publicado no Veritatis Splendor, este artigo foi muitíssimo mal interpretado, pelo que peço desculpas a todos. Recomendo enfaticamente a leitura deste fórum para entender o problema.

Quando os hereges são seguidos…

O Concílio [Vaticano II] conseguiu introduzir e integrar na catolicidade o paradigma da reforma protestante e o paradigma iluminista da modernidade.
(Hans Küng, apud MONTFORT).

Quem é Hans Küng? Um “teólogo”, herege proeminente. Por exemplo, é autor de uma Carta Aberta por ocasião do conclave que elegeu o atual Papa Bento XVI gloriosamente reinante, na qual pede (entre outros disparates), a eleição de um papa que [a grafia está no Português de Portugal, já que os excertos abaixo são retirados ipsis litteris do link acima indicado]:

  • “se coíba de dar veredictos moralizadores sobre problemas complexos como a contracepção, o aborto e a sexualidade”;
  • “permita a ordenação de mulheres que, à luz do Novo Testamento, é urgentemente necessária para a nova situação actual”;
  • “corrija a encíclica proibitiva de Paulo VI, Humanae vitae, sobre a pílula, que afastou inúmeras mulheres católica da sua igreja, e reconheça explicitamente a responsabilidade pessoal dos cônjuges pelo controlo de natalidade e pelo número de filhos que têm””;
  • “reconheça finalmente os ministérios protestante e anglicano, como há muito foi recomendado pelas comissões ecuménicas e como já é prática em muitos lugares”;
  • “não reclame o monopólio da verdade”.

Em resumo: Küng é um herege completo que queria a eleição de um Papa herege como ele. Graças a Deus, João Paulo II foi sucedido pelo grande Bento XVI, e não pelo “papa herege” no qual o “teólogo” suíço pediu que os cardeais votassem.

Qual é o valor, então, que têm as opiniões de um herege manifesto para os católicos? Nenhum, por certo; ou, ao menos, tais opiniões deveriam ser muito bem comparadas com as posições de pessoas de ortodoxia incontestável, antes de serem abraçadas e seguidas. Assim, por exemplo, quando se vê Lutero afirmando ser na Epístola de São Paulo aos romanos que se baseia a sua [de Lutero] doutrina da Sola Fide, ou então quando se vê Calvino dizendo que a mesma Epístola de São Paulo e o livro do Êxodo fornecem a base para se crer que alguns são predestinados por Deus ao Inferno, a reação católica imediata é a de rechaçar os hereges, e não as Escrituras Sagradas. Isso é óbvio.

Todavia, o sr. Orlando Fedeli, no link citado na epígrafe, faz justamente o contrário. O fato de um herege “reconhecer” que o Vaticano II ensinou heresias é a prova incontestável de que assim o foi. O herege torna-se Magistério abalizado para pronunciar as sentenças infalíveis sobre o Vaticano II. O fato de Bento XVI sempre afirmar a ortodoxia do Concílio é irrelevante, diante das sentenças de um teólogo herege. Afinal, se o herege diz que Vaticano II introduziu “o paradigma da Reforma Protestante” na Igreja, ergo o Vaticano II introduziu o paradigma da Reforma Protestante na Igreja de Cristo. Küng locuta, causa finita.

Pergunta, enfim, retoricamente, o professor: “Quando até os hereges enxergam, por que alguns, que se dizem católicos, negam o visível”? Oras, isso é muito fácil de se retorquir; afinal, por que alguns, que se dizem católicos, compartilham as mesmíssimas opiniões dos hereges?

Isso são as conseqüências de não se abraçar firmemente a idéia de que a Igreja não pode subsistir sem o Seu Magistério e que, portanto, se Cristo prometeu que Ela perdurará até o fim dos tempos, então o Magistério da Igreja também perdurará sem interrupções. Chesterton disse, certa vez, que os homens, quando não acreditam mais em Deus, não é que eles passem a não acreditar em nada – ao contrário, eles passam a acreditar em tudo. O mesmo acontece, desgraçadamente, com quem não acredita mais no Magistério da Igreja: passa a acreditar em qualquer coisa, até mesmo em Hans Küng.

É CAMPEÃO!

Chegando lá na Ilha do Retiro,
Vou abrir alas, que o Sport vai jogar!
O Rubro-Negro
É cor de guerra,
É o SUPER SPORT que estremece a Terra!

Chegando lá na Ilha do Retiro,
Vou abrir alas que o Sport vai jogar
O Rubro-Negro
É cor de guerra
É o SPORT que estremece a Terra!

Vivendo com o SPORT esta emoção,
A galera se engrandece muito mais!
Quem não fala no SPORT é mudo:
Cazá, Cazá, “PELO SPORT TUDO” !

[foto: JC]

* * *

Aos alvinegros, não fiquem tristes: “não chora, não chora, não chora”!

* * *

E, con la gracia de Dios, o jogo terminou sem ocorrências.


[Foto: Globo]

Parabéns ao Leão da Ilha!

“Primeira igreja do mundo”

Segundo a BBC, alguns arqueólogos encontraram, no norte da Jordânia, uma caverna que pode ter sido usada como igreja cristã… no século I, antes da Queda de Jerusalém! A Rádio Vaticano transmitiu a mesma notícia.

A caverna foi encontrada embaixo da Igreja de São Jorge, que – ainda segundo a BBC – já era considerada a igreja cristã mais antiga do mundo, datando do século III, por volta do ano de 230.

Segundo o chefe do Centro de Estudos Arqueológicos local (citado pela Rádio Vaticano),

[e]sta descoberta é incrível porque temos provas que nos fazem crer que o prédio recebeu os primeiros cristãos e os discípulos de Jesus Cristo mencionados pelo evangelista Lucas.

Sob uma igreja de São Jorge! Esta é certamente posterior à caverna (até porque São Jorge não viveu na época dos Apóstolos), mas alegra-me sobremaneira saber que, em um lugar tão importante para o cristianismo nascente, hoje existe uma igreja dedicada ao meu santo homônimo…

[foto: wikimedia]

Sanctus Georgius,
ora pro nobis!

Ainda a Uganda…

[Foto: Fábio Zanini]

Esta foto consta no link que foi publicado aqui ontem; mas ela é tão impressionante que achei por bem trazê-la de novo. Para quem não se recorda: trata-se de uma propaganda do Governo da Uganda e que é parte da política de prevenção da AIDS (que baseia-se em abstinência para os solteiros, fidelidade para os casados, e camisinha só quando tudo o mais falhar). O que está escrito é o seguinte: “Um motorista responsável se preocupa com sua família… [foto] …ele é fiel à sua esposa”.

Aqui, nestas nossas terrinhas tupiniquins, onde os caminhoneiros precisam enfrentar até mesmo problemas de prostituição infantil nas estradas brasileiras, eu só consigo lamentar: que inveja da Uganda!

* * *

Ah! Só para constar, a política ugandense de incentivo à castidade não é novidade, embora somente agora tenha aparecido (mais ou menos) na grande mídia. Já em 2005, Olavo de Carvalho escreveu sobre o assunto. O pior cego é o que não quer ver…

Aids e promiscuidade.

Conforme noticia o BLOG do Reinaldo Azevedo, a OMS reconheceu o óbvio: o número de portadores de HIV é significativamente maior dentro de um grupo de risco que engloba homossexuais masculinos, usuários de droga e os chamados “trabalhadores do sexo” e seus clientes.

Da fonte original da notícia comentada pelo conhecido articulista, destaco o seguinte [tradução livre minha]:

No Primeiro Mundo [industrialised world], a transmissão do HIV entre homens que têm relações sexuais com outros homens não está diminuindo e, em alguns lugares, tem aumentado.
[…]
O comportamento sexual é obviamente importante, mas ele não parece explicar todas as diferenças entre as populações.

A camisinha sempre foi apresentada como a panacéia universal para o perigo do vírus da AIDS, a vacina anti-HIV, a imunização segura e certa contra este grave perigo. Este discurso foi tão ad nauseam repetido que se encontra praticamente impregnado no senso comum das pessoas; expressões como “sexo seguro”, por exemplo, remetem imediatamente à utilização do preservativo. Todos têm por uma verdade inquestionável que a camisinha é o melhor meio de prevenção contra a AIDS.

Todos, não. A Igreja sempre condenou esta política. E foi duramente atacada por causa disso. Mesmo quando a Sua política mostrava os melhores resultados no combate ao HIV. A Igreja não Se calou, não capitulou diante destes que são – por malícia ou ao menos por irresponsabilidade – os verdadeiros inimigos do gênero humano. Acaso irão reconhecer que Ela estava certa? Eu duvido.

A questão é falseada, as mais das vezes. O que a Igreja diz não é que o risco de se contrair AIDS numa relação sexual específica é o mesmo, quer se use camisinha, quer não se use. Isso, dizem os Seus detratores, que precisam de um boneco de palha sobre o qual possam descarregar a sua artilharia com facilidade. O que a Igreja diz – e, agora, a OMS confirma – é o que o risco de se contrair HIV é tanto maior quanto mais promíscua for a vida do indivíduo e que, portanto, o verdadeiro inimigo a ser combatido é a promiscuidade. O fato (segundo a notícia supracitada) de, num determinado grupo de risco – os homossexuais masculinos -, o número de novos soropositivos não estar diminuindo e, pelo contrário, até aumentar em alguns lugares, mesmo com a propagação maciça do preservativo, é a prova inconteste disso. A promiscuidade se combate com o seu contrário, com a castidade, e não com preservativos.

Acontece que o mundo moderno é inimigo da castidade, e venera o hedonismo. Não pode aceitar a castidade. Considera um absurdo que se pregue abstinência para os solteiros e fidelidade conjugal para os casados. Quer o sexo livre, e o quer “seguro”, com preservativos. Mas isso não resolve o problema, como os fatos bem o mostram. A Promiscuidade é madrasta má; só a Igreja é Mãe e Mestra.

Existe, ainda, um aspecto sórdido que precisa ser posto a descoberto nesta história toda. Durante anos, disseram-nos que esse negócio de “grupo de risco” não existia, fizeram-nos crer que a AIDS era uma epidemia generalizada, e nos incentivaram a usar preservativos para que tomássemos cuidado e nos preveníssemos do HIV. Agora, cai a máscara, e constata-se que “o comportamento sexual é obviamente importante” na transmissão do vírus. Ora, se há uma relação direta entre promiscuidade e contaminação com o vírus da AIDS, a maneira mais fácil de universalizar a epidemia é trabalhar para universalizar a promiscuidade.

Vejamos: que maneira de se incentivar um determinado comportamento pode ser mais eficaz do que apresentá-lo como “seguro” , “protegido” , “responsável” , “consciente” , e tantas outras loas que são feitas à relação sexual na qual se utiliza a camisinha? A Revolução Sexual, que não se resume à exaltação da camisinha mas que certamente a inclui, se triunfasse, iria produzir sem dúvidas um ambiente de tal maneira promíscuo que tornaria verdadeira a (falsa) premissa da “epidemia de AIDS”, que é um dos carros-chefes da argumentação-terrorista de “Saúde Pública” em defesa do uso dos preservativos. Trata-se de um exemplo criminoso de “justificação retroativa”, na qual a “solução” é justificada pela situação que ela própria ajudou a criar.

É importante que nós não caiamos em nenhuma armadilha. Os católicos sabem que o uso da camisinha seria moralmente inaceitável mesmo que a AIDS fosse tão comum quanto uma gripe. Mas não podemos ficar de braços cruzados enquanto as pessoas trabalham simultaneamente na destruição dos valores tradicionais e na (conseqüente) expansão da doença. Não nos deixemos seduzir pelo “canto de sereia” que diz ser preferível o Estado investir em educação sexual, já que a proposta da Igreja deve interessar somente aos católicos. Não nos esqueçamos de que a Moral da Igreja não é “dos católicos”, e sim Universal, e que segui-la é o melhor caminho que qualquer homem – e não só o cristão católico – pode encontrar. Lembremo-nos da Uganda. E defendamos a Igreja, defendamos a Verdade, porque somente assim estaremos verdadeiramente defendendo o ser humano.