Íntegra da Conferência do prof. De Mattei sobre o Vaticano II

Enquanto estava no hospital, recebi por email do sr. Ureta – a quem conheci por ocasião da vinda do prof. De Mattei para Recife – um importante material que lhe pedira lá no Círculo Católico: o texto completo da Conferência do Prof. Roberto de Mattei sobre “Os Bastidores do Concílio Vaticano II” que ele proferiu em diversas cidades do Brasil. Só agora tive condições de o disponibilizar.

Apresento, assim, aos leitores do blog o texto definitivo das palestras do prof. de Mattei no Brasil, corrigido pelo próprio autor ao retornar para Roma. Em .pdf ele pode ser baixado aqui. Para leitura no próprio blog, vejam abaixo. Os nossos sinceros agradecimentos ao Prof. Roberto e ao sr. Ureta pelo envio deste material.

* * *

Apresentação do livro

O Concílio Vaticano Segundo – uma história nunca escrita

Caros amigos,

É para mim uma grande alegria estar aqui hoje convosco e poder falar de um tema com tamanha importância. O tema é o Concílio Vaticano Segundo, um evento que teve lugar há já cinqüenta anos – entre 1962 e 1965 – e que pertence hoje à história, mas também à atualidade.

O Vaticano Segundo foi, de fato, um evento “epocal”, um evento que abriu uma época na história da Igreja e do mundo. A verdade, porém, é que ainda não saímos dessa época. Sem o Vaticano Segundo, não conseguimos compreender o Papa Francisco; não conseguimos compreender a crise na Igreja atual. Porque é verdade que essa crise existe, ela está diante dos nossos olhos e é uma crise sem precedentes na história. É uma crise que a todos nós diz respeito, como homens e como cristãos; uma crise à qual não conseguimos escapar, com cujas conseqüências devemos lidar e cujas causas nos compete perceber. E as causas remontam precisamente ao Concílio Vaticano Segundo.

O meu livro O Concílio Vaticano Segundo – uma história nunca escrita quis ser um contributo para compreender a história de ontem, mas também para podermos compreender a crise religiosa de hoje. E compreender é a condição necessária para agir.

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[OFF] Eu, com câncer (II): retrospectiva e primeiro ciclo de Quimio

Antes de mais nada, preciso dizer que tenho uma dívida de justiça e de caridade para com todas as pessoas que, nos últimos dias, me enviaram mensagens de ânimo e me asseguraram as suas tão valiosas orações. Foram emails e comentários no blog, mensagens de Facebook e de celular, telefonemas e visitas, tantas coisas, tantas, que estou certíssimo de que, no tocante à generosidade dos que me estimam, eu estou muitíssimo mais bem servido do que mereço. Obrigado, do fundo do coração, a todos e a cada um de vocês. Tenham a certeza de que uma parte dos incômodos dessa etapa da minha vida está e continuará sendo oferecida em retribuição aos que tão generosamente correram em meu favor assim que souberam dos meus infortúnios. Que o Bom Deus, que é rico em misericórdia, possa recompensar-lhes esta (tão grande!) caridade com toda a munificência da qual só Ele é capaz.

Alguém me pediu para que fizesse uma pequena retrospectiva do que me levou ao diagnóstico da doença. Quando cheguei na emergência do hospital, no último dia 14 de dezembro, eu tinha quatro sintomas mas somente uma queixa: dificuldade respiratória, acúmulo de líquido abdominal (ascite), perda de peso e aumento dos gânglios linfáticos (perceptíveis na região das axilas, virilhas, etc.).

A minha única queixa era a dificuldade respiratória. Todos os outros “sintomas” me pareciam explicáveis: eu estava já há alguns meses fazendo exercícios diários e intensivos para perda de peso, nunca tive barriga de tanquinho (e sempre ouvira dizer que gordura abdominal (a minha, praticamente congênita) era a mais complicada de se perder mesmo) e os gânglios, inchados mas completamente indolores, até que eram perceptíveis se procurados, mas nunca me passou pela cabeça esquadrinhar meu corpo à caça deles. Quando o médico começa a anamnese você passa a responder “sim, sim, é mesmo”; antes disso, você simplesmente não imagina. Como já disseram com muita propriedade, câncer é doença “dos outros”. E temos a irritante mania de não nos darmos conta de que, para os outros, “os outros” somos nós.

Uma coisa puxou a outra e o resto da história vocês já sabem: a dispnéia era causada por um derrame pleural bilateral, os derrames concomitantes em diversas partes do corpo (dois lados da pleura, cavidade abdominal, etc.) apontavam para um problema sistêmico, os gânglios hipertrofiados faziam suspeitar de linfoma e a biópsia o confirmou. Depois foi mais uma semana para análise do tipo específico do câncer e, só então, o tratamento pôde ser definido e iniciado. Problemas burocráticos impediram a quimioterapia de iniciar no sábado (como eu disse que seria), então a iniciei no dia seguinte, 29 de dezembro, Domingo, festa da Sagrada Família e meu aniversário de 15 meses de casamento.

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É desagradável, mas suportável. Até eu, “mole como um prato de papa” como já me defini a respeito de procedimentos médicos, munido com as orações dos amigos pelas quais já agradeci acima, pude atravessá-la com relativa tranquilidade. Um pouco febril, assomado por ondas violentas de náuseas, tontura permanente, dor de cabeça constante, uma crise de calafrios: é o que lembro daquelas horas de domingo. Passaram. Se aquele coquetel de drogas fizer pelo menos tanto mal à doença quanto parece fazer ao resto do corpo são, creio que ela está sendo muito bem combatida. E o melhor de tudo é o fantástico efeito do dia seguinte, em tudo análogo àquela anedótica sensação de ter ampliado o espaço doméstico após se livrar da vaca que se passou uma semana criando na sala do apartamento: diante das lembranças das horas da QT, na segunda eu me sentia a pessoa mais bem-disposta do mundo.

Hoje escrevo já de casa, pela primeira vez em casa desde o dia 14 de dezembro. Faz muito tempo, e é interessante como isso nos ensina a valorizar as coisas simples da vida: respirar ar puro depois de semanas de ar condicionado e sentir um pouco de sol no rosto após quinze dias apenas o vislumbrando pelas persianas das janelas, por exemplo. É tudo clichê, eu sei, mas parece que a gente não consegue introjetar direito enquanto esse tipo de coisa não acontece com a gente.

Neste último dia de ano, tenho muito a agradecer. Por estranho que talvez pareça a alguns, agradecer inclusive (e talvez até principalmente) por estas cruzes que me foram enviadas, pelas enfermidades e por todos os atropelos dos últimos dias. É nos sofrimentos que nos sentimos mais amados por Deus, quando nos percebemos com uma capacidade de enfrentá-los que nos é estranha e não pode vir de nós: quando ao (perdão, Senhor!) desespero do primeiro contato com o diagnóstico segue-se, sem razão aparente, a serenidade para os necessários duros passos seguintes. É óbvio que ninguém gosta de sofrimentos; mas o que peço a Deus, antes de que simplesmente me livre deles, é que me conceda o valor de enfrentá-los de pé, de fronte erguida, com galhardia, pela glória d’Ele. É esta a oração cristã, é esta a minha oração, é nisto que peço a Deus que tenha a misericórdia de me sustentar daqui em diante.

As doenças graves têm o salutar efeito de aproximar as pessoas. Falei nos últimos dias com pessoas queridas com as quais há muito tempo não falava; parece que precisamos nos deparar com a consciência da fragilidade da vida para nos libertarmos da síndrome do “Sinal Fechado”. Sou muito grato por isso também.

Por fim, agradeço por estar onde estou agora: com um diagnóstico que, embora desagradável, está longe de ser o pior possível, e com o tratamento já iniciado – ONLY FIVE MORE TO GO! – ainda no final deste ano. Cuidar mais da própria saúde deixou de ser uma utópica resolução de ano novo para se transformar já em ação concreta antes mesmo do Reveillon. O câncer perdeu a sua oportunidade de livre proliferação e, agora, já está sendo combatido. O pior já passou: agora, o caminho pode até ser árduo, mas é para cima.

E é para lá que vamos.

[OFF] Eu, com câncer (I): diagnóstico e início de tratamento

Após quinze dias de internamento compulsório, duas tomografias, uma biópsia, uma drenagem pleural e um sem-número de exames menores de acho que todos os fluidos do meu corpo, tenho enfim um diagnóstico. Louvado seja Deus.

Possuo um linfoma folicular, de características que não entendo muito bem. Se assim aprouver ao bom Deus, passarei, começando amanhã pela manhã (28/12, festa dos Santos Inocentes e de Santa Catarina Volpicelli), por seis ciclos de quimioterapia, um a cada 21 dias, entremeados por uns corticóides e outros químicos de uso diário que serão meus fiéis companheiros pelas próximas semanas.

Não posso garantir muita coisa. Nunca fiz quimio antes, sinceramente não sei dizer o efeito que essas drogas todas terão no meu organismo. Pretendo registrar aqui alguma coisa do tratamento, como off-topic, mais ou menos como estou agora iniciando esses registros. Se tudo correr bem, dentro de muito pouco tempo – alguns dias – eu posso voltar aos trabalhos normais do Deus lo Vult!, mas procurarei soltar regulares textos sobre o meu estado de saúde e sobre a minha relação com esta doença.

Descobrir-se com câncer antes dos trinta não é a experiência mais agradável do mundo. Ficar trancafiado num quarto de hospital, tampouco: brincava por esses dias que nunca na minha vida ficara tanto tempo num mesmo lugar. Mas a presença dos familiares e dos amigos tem tornado os dias menos difíceis. Que digo: tem tornado os dias quase iguais aos de “lá de fora”! Não dá pra contar a quantidade de visitas, telefonemas, mensagens e congêneres que recebi ao longo dessas duas semanas. Não estive sozinho por um instante sequer. A todos, o meu muito obrigado: isso é muito importante para mim.

Sei que já estão rezando por mim e por minha família. Abuso um pouco ainda da caridade de vocês e peço que rezem ainda mais um pouco: para que eu saiba encontrar a vontade de Deus em meio às tribulações que Ele me permite atravessar. Para que eu consiga manter os olhos fitos n’Ele, mesmo com o olhar embaçado pelas lágrimas deste Vale onde o Altíssimo hoje não me quer deixar esquecer que sou degredado. Lembro-me, em particular, daquele bonito Cántico de S. Juan da Cruz:

Buscando mis amores, 
yré por esos montes y riberas; 
ni cogeré las flores, 
ni temeré las fieras, 
y passaré los fuertes y fronteras.

E é isso. Sem se encantar com as flores do vale, e sem se assustar com as feras do mundo. Desprezar umas e outras, com os olhos fixos n’Aquele que realmente interessa, e assim seguir em frente, ultrapassando os obstáculos que porventura encontre no meu caminho. É isso que importa. As adversidades dessa vida não são maiores do que o amor d’Aquele sem cujo consentimento nem um fio de cabelo sequer cai de nossas cabeças. Essa verdade é óbvia demais para que a permitamos ser obscurecida às primeiras dificuldades.

Uma Ave-Maria por um blogueiro pecador, é o que peço aos que por aqui passarem. É exatamente do que preciso. O resto está nas mãos de Deus. O resto, a Virgem Santíssima proverá. Não há dúvidas disso.

Puer natus est nobis!

Puer natus est nobis, et fílius
datus est nobis, cuius impérium
super húmerum eius, et vocábitur
nomen eius magni consílii
Angelus.

Um santo Natal a todos os leitores do Deus lo Vult!. Que o Menino-Deus esta Noite nascido nos conceda o imerecido dom da Salvação. Que a imponência das Trevas que até então nos cercavam dê lugar à luminosa humildade do Verbo que por nós desce a um estábulo frio e a uma manjedoura suja. Que o Gloria entoado nesta Noite Santa ecoe por toda a nossa vida e, no Ocaso de nossos dias, possamos ouvi-lo jubilosos quando nos encontrarmos diante d’Aquele por Quem e para Quem fomos criados. Tudo começa hoje. Alegremo-nos! Cristo nasceu por nós!

Feliz Natal!

Jornal “A Tarde” publica matéria sobre Missa Tridentina em Salvador

[A Missa Tradicional celebrada em Salvador – cujo aniversário de dois anos foi anunciado aqui – foi assunto de uma simpática matéria no “A Tarde”, conhecido jornal da Bahia. Reproduzo abaixo o .pdf que recebi por email, agradecendo ao meu caro amigo soteropolitano pela gentileza do envio.

Maravilhosa a explicação do pe. Gilson: “O sacerdote não está de costas para o povo, mas, com o povo, olha o oriente”. E isso, que não ouvimos nas nossas paróquias, exposto assim com clareza e sem preconceitos num jornal secular! São as pedras falando, porque se calaram os que tinham o dever de instruir o povo de Deus.

Cliquem nas fotos (ou aqui) para obterem o arquivo .pdf em maior resolução.]

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A demagogia barata do Dr. Rosinha

Depois do papelão feito pelo deputado Rosinha na semana passada quando, em seminário pró-aborto realizado na Câmara dos Deputados e diante dos justos protestos de cidadãos brasileiros pagadores de impostos que discordam de ter o seu dinheiro empregado para a promoção do aborto no Brasil, deu um chilique e afirmou que os pró-vida precisavam “aprender a pensar”, eu pensava que o petista havia adquirido algum mínimo senso de ridículo e iria deixar o assunto morrer.

Engano meu. Na mais abjeta vitimização que eu me lembro de ter visto na política recente, o deputado pró-aborto resolveu soltar uma nota no seu site chamando os seus opositores de «mentirosos» e queixando-se da «intolerância» dos cristãos.

Na semana passada fui vítima dos intolerantes e dos mentirosos.

[…]

Por tudo que li do que me enviaram, por tudo que ouvi, sinceramente ainda estou estupefato com o comportamento destes cristãos. Em que Igreja aprendem ou aprenderam? Qual Evangelho leem ou leram? Com certeza não é o mesmo que leio e tampouco é o mesmo que lê o Papa Francisco.

Apenas se “esqueceu” o Dr. Rosinha de entrar no mérito das acusações que lhe foram feitas e responder a duas simples perguntas:

1. O «Primeiro Seminário de parlamentares da América Latina e Caribe para debater a saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil» defendeu ou não defendeu a descriminalização do aborto no Brasil?

2. O deputado Rosinha é ou não é a favor da descriminalização do aborto no Brasil?

É isso e não outra coisa o que interessa aqui. É com a resposta afirmativa ou negativa a cada uma dessas perguntas que se pode saber se o Dr. Rosinha está mesmo sendo vítima de “mentiras” e “intolerâncias” ou se, ao contrário, só está sendo desmascarado, e aí toda essa retórica de botequim de um Cristianismo tolerante está sendo empregada tão-somente para evitar o incômodo assunto principal e o permitir continuar trabalhando nas trevas pela promoção do aborto no Brasil.

Quando à demagógica e cretina referência ao Papa Francisco, vejamos qual é o Evangelho lido por Sua Santidade:

Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predilecção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Se cai esta convicção, não restam fundamentos sólidos e permanentes para a defesa dos direitos humanos, que ficariam sempre sujeitos às conveniências contingentes dos poderosos de turno. Por si só a razão é suficiente para se reconhecer o valor inviolável de qualquer vida humana, mas, se a olhamos também a partir da fé, «toda a violação da dignidade pessoal do ser humano clama por vingança junto de Deus e torna-se ofensa ao Criador do homem».

Evangelii Gaudium, 213

Este é o Evangelho lido pelo Papa Francisco, este é o único Evangelho que existe! Pretender que exista uma virtude da tolerância evangélica que exija a passividade diante do crime ou que obrigue os cristãos a nada fazerem enquanto políticos inescrupulosos trabalham pela descriminalização do aborto não passa de um palavrório ridículo e vazio. Que ninguém se deixe intimidar por essas patéticas bravatas, que não são senão a última e desesperada cartada de quem foi pego de calças curtas e não possui hombridade o suficiente para assumir em público as conseqüências de suas opções na questão do aborto.

Vox Catholica entrevista Jorge Ferraz – ouça aqui!

Se você perdeu o Vox Catholica de ontem à noite, quando eu e o Rafael Vitola conversamos sobre a Exortação Apostólica do Papa Francisco y otras cositas más, não se preocupe. O programa pode ser ouvido no Soundcloud:

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É uma conversa informal. Perdoem-me certas tartamudez e expressões descuidadas. Mas acredito que o conjunto da obra esteja bastante aproveitável. Quaisquer dúvidas ou críticas, fiquem à vontade para as manifestar.

Não perca hoje, na Radio Vox!

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Este blogueiro andou um pouco ocupado nos últimos dias. Mas valeu a pena. Entre outras coisas, participei de um agradável bate papo informal com o caríssimo Rafael Vitola e acompanhei a vinda do Prof. Roberto de Mattei ao Recife. As duas coisas você pode conferir hoje (terça-feira, 10/12) na Radio Vox.

O que se pode dizer sobre a última Exortação Apostólica do Papa Francisco, a Evangelii Gaudium? Por que os que acusam o Papa Francisco de relativismo estão, na verdade, atacando Santo Tomás? De que maneira o rasgar de  vestes dos economistas da Escola de Frankfurt Austríaca não revela senão a sua profunda ignorância da Doutrina Social da Igreja? E o que as minissaias têm a ver com toda essa conversa? Descubra hoje, a partir das 21:00 (horário de Brasília)!

Você conhece o Concílio Vaticano II? Qual o grande problema – há algum problema? – com essa magna assembléia católica? O que é o “evento” Vaticano II? Qual a importância de Jacarezinho no desenrolar dessa história? E o quê, afinal de contas, D. Hélder Câmara estava fazendo naqueles anos? Tudo isso e muito mais com o Prof. de Mattei, na Radio Vox, às 22:30. Não percam!

Aprendendo a pensar com o Dr. Rosinha

Via Facebook, fico sabendo que o Dr. Rosinha, em seminário pró-aborto realizado na Câmara dos Deputados, menosprezou os manifestantes contrários ao assassínio de crianças e disparou que os jovens católicos “precisavam aprender a pensar”.

Vamos, portanto, “pensar”, esta atividade que parece tão cara aos militantes pró-aborto. Vejamos se eles realmente fazem aquilo que exigem dos outros ou se, ao contrário, agem de modo oportunista e irracional.

Comecemos com o básico. Todos sabemos, por exemplo, que a população brasileira é em sua grande maioria contrária à descriminalização do aborto no país. Sabemos, ainda, que os nossos parlamentares dizem acreditar que “todo poder emana do povo”, em nome do qual eles exercem os seus mandatos. Seria de se esperar, portanto, que os nossos congressistas fossem também, em adequada proporção, contrários à liberação do aborto no Brasil, refletindo assim o pensamento do povo brasileiro, certo?

Se fôssemos pensar, sim, isso parece bastante correto. É difícil até imaginar como poderia ser diferente. Não obstante, na contramão dos anseios do povo em nome do qual (não nos esquecemos!) os deputados dizem exercer os seus mandatos, foi realizado ontem e hoje, na Câmara dos Deputados, com dinheiro público portanto, um simpósio onde se defendia, verbis, «a legalização do aborto como opção para reduzir a mortalidade materna na América Latina».

Exercitemos o pensamento: resta alguma dúvida de que essa proposta é frontalmente contrária ao que deseja o nosso povo? Por qual obscura razão, portanto, tal ataque à soberania nacional deveria (ou mesmo poderia) ser realizado às expensas do erário brasileiro? Os deputados não dizem exercer os seus mandatos em nome do povo do Brasil? Por qual razão defendem interesses estrangeiros ao invés de lutarem para fazer valer a vontade dos cidadãos brasileiros?

Continuemos. Lá pelas tantas, uma “especialista” que estava com a palavra [«Carmen Barroso, membro do Grupo Independente de Especialistas da Comissão de Informação e Prestação de Contas sobre a Saúde das Mulheres e das Crianças (CoIA) da Organizações das Nações Unidas (ONU)»] soltou a seguinte pérola:

“É muito importante mudar a lei, para que a mulher possa decidir sobre seu próprio corpo”, disse. “Estudos mostram que criminalização do aborto não diminui sua prática”, complementou. Conforme ela, as taxas de aborto estão diminuindo nos países onde a prática é legalizada, e aumentando nos países que a proíbem.

Não é a primeira vez que ouvimos o disparate, cuspido com ares de seriedade científica. Inobstante, por mais que nós pensemos e pensemos, não somos capazes de alcançar a extraordinária razão pela qual as mesmas pessoas praticariam mais uma coisa que é proibida do que a mesma coisa após ela ser liberada! Não dá, é simplesmente impossível que essa matemática mal-assombrada seja verdadeira. Qualquer pessoa capaz de pensar o percebe com a clareza de uma evidência.

Mas concedendo – para argumentar e contra todas as evidências – que o número absoluto de abortos realmente diminuísse após ele ser legalizado, esta redução não poderia jamais se dar por causa da descriminalização, e sim por outras razões quaisquer (p.ex., porque as ONGs pró-aborto deixaram de injetar dinheiro no país, porque se passou a fazer propaganda contra o aborto, ou por qualquer outro motivo análogo). Ora, se tal fosse verdade, então a diminuição das taxas de aborto não teria nada a ver com a descriminalização em si, e sim com as outras coisas (expulsão das ONGs abortistas, investimento em propaganda anti-aborto, etc.) que lhe foram concomitantes. Vamos então pensar: se a redução do número total de abortos é o objetivo que nós buscamos, e se ela se dá por meio de certas ações (fechamento de ONGs abortistas, propaganda contra o aborto, etc.) totalmente independentes da criminalização ou não da prática abortiva, então não é necessário legalizar o aborto para que ele diminua: basta realizarmos aquelas ações das quais decorre a redução da prática do aborto! Como é possível que os abortistas não tenham pensado nisso antes?

Uma única coisa enfim é certa: quanto mais nós pensamos, menos justificativas encontramos para as atitudes preconceituosas, arrogantes e irracionais de parlamentares como o Dr. Rosinha, que se utilizam de arrazoados disparatados e sem o menor cabimento para trair os interesses do povo brasileiro em cujo nome dizem exercer seus mandatos legislativos.

Fica claro, assim, que os jovens pró-vida não têm nenhuma dificuldade em pensar, muito pelo contrário. O problema, o verdadeiro problema aqui, é que certos parlamentares gostam de arrotar os mais gritantes despautérios com trejeitos de superioridade intelectual, por acreditarem que os seus opositores não pensam. No que estiver ao nosso alcance, contudo, vamos desmascará-los quantas vezes for necessário. No que depender de nós, quebrarão a cara tantas vezes quantas pretendam fingir ser o que não são.