São Francisco de Assis e o «lugar ricamente adornado» onde se deve conservar a Eucaristia

Muito interessante este texto que foi publicado no blog do Pe. Paulo Ricardo, do qual destaco a seguinte passagem:

Assim pensava São Francisco, o poverello de Assis. Ele passou toda a sua vida como um pobre entre os pobres, mas, quando falava de Jesus eucarístico, condenava o desprezo e o pouco caso com que muitos celebravam os santos mistérios. Em uma carta aos sacerdotes, Francisco pedia a eles que considerassem dentro de si “como são vis os cálices, os corporais e panos em que é sacrificado” muitas vezes nosso Senhor. E insistia: “Onde quer que o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo for conservado de modo inconveniente ou simplesmente deixado em alguma parte, que o tirem dali para colocá-lo e encerrá-lo num lugar ricamente ordenado” [Carta 2 aos clérigos].

Eis aí o verdadeiro franciscanismo, expresso com clareza – e sem ideologias – nas palavras do próprio São Francisco de Assis. Que diferença entre isto e o mau gosto que tantas vezes vemos nos dias de hoje! Distorcendo a memória do grande santo, muitas pessoas hoje acham que para Deus “qualquer coisa” está bom – ou, pior ainda, que para Deus quanto menos “ostentação” melhor…

Aquela «Carta 2 aos clérigos» termina com palavras ainda mais duras. Depois de dizer que o mesmo cuidado se deve ter com o SSmo. Nome do Senhor escrito, termina São Francisco:

E sabemos que temos que observar todas essas coisas acima de tudo, de acordo com os preceitos do Senhor e as constituições da santa mãe Igreja. E quem não fizer isso, saiba que deverá prestar contas no dia do juízo (cfr. Mt 12,36) diante de nosso Senhor Jesus Cristo.

Os sedizentes seguidores de S. Francisco deveriam meditar com atenção nestas palavras! Deveriam procurar conhecer o verdadeiro São Francisco de Assis, e não as versões deturpadas dele que hoje circulam por aí. Se forem negligentes em cuidar das coisas de Deus – diz S. Francisco – prestarão contas no Dia do Juízo. A seriedade dessas palavras é muito grande para ser ignorada. Os verdadeiros ensinamentos franciscanos sobre a Sagrada Liturgia são muito católicos para os deixarmos ocultos sob o desastre litúrgico dos nossos dias, levado diligentemente a cabo por muitos “devotos” de São Francisco…

Não existe nenhuma contradição entre a pobreza dos cristãos – mormente dos ministros de Deus – e a riqueza dos templos sagrados. Quem o afirma com todas as letras é o próprio Esposo da Pobreza. Querem seguir São Francisco de Assis? Sigam-no integralmente, sem fazer revisionismo da sua história e sem assumir atitudes tresloucadas que o santo jamais aprovaria! Ou por acaso os modernos pretendem entender mais da pobreza evangélica do que o próprio poverello d’Assisi?

A «carta aos que não crêem» do Papa Francisco

O Papa Francisco escreveu uma curiosa «carta aos que não crêem», da qual é possível encontrar uma tradução em espanhol aqui. Não se trata de nenhum documento magisterial, mas simplesmente de uma carta pessoal do Papa Francisco ao Eugenio Scalfari, fundador do jornal La Repubblica, 89 anos, laicista ferrenho, promotor do aborto e do divórcio na Itália. É interessante a preocupação com os ateus que o Papa demonstra: não é a primeira vez que o Sumo Pontífice se refere diretamente a eles. Se não perdi as contas, é a terceira.

A primeira vez foi ainda em maio, e comentei sobre o assunto aqui. Na ocasião, o Papa falou que Cristo havia derramado o Seu Preciosíssimo Sangue também pelos ateus, e que também estes tinham o dever de fazer o bem. Foi numa de suas homilias improvisadas na capela da Domus Sanctae Marthae, cujo texto em italiano se encontra aqui.

A segunda vez foi na Carta Encíclica Lumen Fidei, e quando eu li tive a clara impressão de que o Papa se referia à sua meditação de 22 de maio que provocara alguma perplexidade entre crentes e não crentes. Esclarecendo agora de modo sistemático o que dissera de improviso em uma missa ferial, o Papa afirmou o seguinte:

Configurando-se como caminho, a fé tem a ver também com a vida dos homens que, apesar de não acreditar, desejam-no fazer e não cessam de procurar. Na medida em que se abrem, de coração sincero, ao amor e se põem a caminho com a luz que conseguem captar, já vivem — sem o saber — no caminho para a fé: procuram agir como se Deus existisse, seja porque reconhecem a sua importância para encontrar directrizes firmes na vida comum, seja porque sentem o desejo de luz no meio da escuridão, seja ainda porque, notando como é grande e bela a vida, intuem que a presença de Deus ainda a tornaria maior. Santo Ireneu de Lião refere que Abraão, antes de ouvir a voz de Deus, já O procurava «com o desejo ardente do seu coração» e «percorria todo o mundo, perguntando-se onde pudesse estar Deus», até que «Deus teve piedade daquele que, sozinho, O procurava no silêncio». Quem se põe a caminho para praticar o bem, já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor [LF 35].

A terceira vez, por fim, foi nesta recente carta ao Scalfari, sobre a qual ZENIT publicou também um interessante artigo (em espanhol) aqui. Não obstante ela valha uma leitura na íntegra, há duas passagens dignas de menção nesta carta; primeiro, quando o Papa afirma que «[e]l pecado, aún para los que no tienen fe, existe cuando se va contra la conciencia»; segundo, quando ele diz que «no hablaría, ni siquiera para quien cree, de una verdad «absoluta», en el sentido de que absoluto es aquello que está desatado, es decir, que sin ningún tipo de relación».

Quanto à primeira, é importante salientar, sim, que é pecado agir contra a própria consciência, e este é o fundamento para a possibilidade de salvação dos não-católicos que, em estado de ignorância invencível, seguem aquilo que, em consciência, parece-lhes correto. É isso, em suma: peca quem age contra aquilo em que acredita, mesmo que acredite em mentiras.

Sempre tive sinceras dúvidas quanto à possibilidade de existir uma consciência inculpavelmente mal-formada a ponto de ser incapaz de reconhecer a Deus; no entanto, a existência de fato desta peculiaridade é bem pouco importante para o estabelecimento dos princípios. Estes dizem que todo mundo tem a obrigação de seguir os ditames da Lei Natural, nos quais está incluído o dever de buscar e servir a Deus. Agir contra a Lei Divina é sempre objetivamente pecaminoso, por óbvio, mas a responsabilidade moral subjetiva de quem viola um preceito específico desta Lei pode ser atenuada dependendo da sua capacidade de reconhecê-la como o que ela é. Portanto, a descrença é desculpável se e somente se o descrente não tiver condições de crer. Ela me parece claramente desculpável nos loucos que não possuem o uso da razão; e em pessoas inteligentes e supostamente instruídas, é possível que o seja? Não sei e isso, graças a Deus, cabe a Deus julgar e não a mim. Sobre isto, basta o que a Igreja já disse: «quem será tão arrogante que seja capaz de assinalar os limites desta ignorância, conforme a razão e a variedade de povos, regiões, caracteres e de tantas outras e tão numerosas circunstâncias? (Pio IX, Alocução Singulari Quadam, 1854, Denzinger, 1647, apud Montfort)».

Quanto à segunda, vale lembrar que «verdade», segundo a definição dada por Santo Tomás (Summa, Prima Pars, Q. 16, A. 1, resp.) é a adequação entre objeto e entendimento, ou seja, entre o que a coisa é de fato e o que eu considero que a coisa é. Portanto, a verdade é uma relação, exatamente como diz o Papa Francisco. Com isso ele certamente não quer advogar um relativismo no qual cada um possui a sua própria “verdade” – ao contrário, ele diz expressamente que «[e]sto no quiere decir que la verdad es subjetiva y variable, ni mucho menos» -, mas ao contrário: quer colocar a Verdade ao alcance do homem, quer pontuar o homem como “capaz” da Verdade. Porque, afinal de contas, se Ela fosse «sin ningún tipo de relación», o homem não poderia relacionar-se com Ela, não poderia encontrá-La. A Verdade é o Amor, «Deus é Amor» e portanto Deus é a Verdade, e assim a possibilidade do homem encontrar a Deus precisa ser estabelecida como um pré-requisito para qualquer diálogo com aqueles que não crêem. É isso o que o Papa Francisco procura fazer.

O Papa preocupa-se com os ateus sim, sem dúvidas, porque também eles são destinatários do amor de Deus, e a vida é difícil e sem sentido para aqueles que não crêem. É o amor ao Evangelho que move o Papa a aproximar-se dos que estão longe do redil do Senhor; oxalá ele consiga arrastar uns quantos incrédulos à liberdade da Fé! Por este santo propósito, nós rezamos com toda a Igreja: «Oremos pelos que não crêem em Deus, para que, pela rectidão e sinceridade da sua vida, cheguem ao conhecimento do verdadeiro Deus». Ou na antiga fórmula latina:

Orémus et pro iis qui Deum non agnóscunt,
ut, quæ recta sunt sincéro corde sectántes,
ad ipsum Deum perveníre mereántur.

Omnípotens sempitérne Deus, qui cunctos hómines condidísti, ut te semper desiderándo quærerent et inveniéndo quiéscerent, præsta, quæsumus, ut inter nóxia quæque obstácula omnes, tuæ signa pietátis et in te credéntium testimónium bonórum óperum percipiéntes, te solum verum Deum nostríque géneris Patrem gáudeant confitéri. Per Christum Dóminum nostrum.
R. Amen.

Site da Arquidiocese de Olinda e Recife deforma católicos: Carta de bispos eméritos revolucionários é apresentada como material de “formação”!

Nem só de apoios oficiosos ao Grito dos Excluídos vive a Arquidiocese de Olinda e Recife. Não satisfeita em envergonhar os católicos com a descabida participação do Arcebispo Metropolitano num evento onde se contradiz abertamente a doutrina da Igreja Católica, a Mitra também colocou no seu site oficial, na página principal, na seção de “Formação” (!), uma carta divulgada por três bispos eméritos na qual qualquer pessoa com dois dedos de testa reconhece o brado revolucionário de velhos inimigos de Cristo ávidos por transformarem a Igreja Católica no seu próprio e mesquinho projeto fracassado de uma “igreja” em tudo diferente d’Aquela fundada por Nosso Senhor.

arq-olinda-recife-carta-bispos

Sob o bem-sonante pedido por uma «Igreja servidora e pobre», os três bispos eméritos – «Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba, Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás e Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia» – destilam o seu veneno e conclamam os seus leitores a se colocarem contra a Igreja Católica. As informações abertamente falsas e insinuações diabólicas ocorrem em tal profusão que não podem ser fruto de mero descuido: ao contrário, indicam a tentativa consciente e deliberada de atingir a Igreja nas Suas características essenciais. Veja-se:

A organização do papado como estrutura monárquica centralizada foi instituída a partir do pontificado de Gregório VII, em 1078.

Trata-se de mentira pura e simples. Qualquer pessoa que tenha alguma vez na vida lido algum documento do Concílio Vaticano II (que essas raposas velhas, mentindo de forma descarada, evocam a seu favor!) sabe que a Lumen Gentium dedica um capítulo à «Constituição Hierárquica da Igreja» (LG, Cap. III), onde se pode ler que «para que o (…) episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros Apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (LG 18, destaques meus). Não foi portanto Gregório VII quem colocou o papado como uma estrutura monárquica: foi o próprio Nosso Senhor!

Durante o 1º milênio do Cristianismo, o primado do bispo de Roma estava organizado de forma mais colegial e a Igreja toda era mais sinodal.

É mesmo? Quem disse? Não aceitemos levianamente essa “estória” da Carochinha contada por velhos maliciosos no afã de enganar os incautos. Olhemos a História. E, dentre inumeráveis exemplos que poderíamos aduzir aqui para demonstrar a falsidade dessa afirmação dos três bispos eméritos, fiquemos somente com um. De Santo Ireneu de Lião. Que aliás não era Papa.

Mas visto que seria coisa bastante longa elencar, numa obra como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo (…). Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos (Sto. Ireneu de Lião, “Contra as Heresias”, Livro III, 3,2. Ed. Paulus, 2ª Edição, 1995, pp.249-250. Grifos meus).

Isto é o que era pregado e crido no século II! Isso sim é História, e isso era o que deveria estar na área de “Formação” de um site que se pretendesse católico. Não as doutrinas vãs de três lobos disfarçados de pastores. Vê-se, assim, que a única “forma colegial” que sempre vigorou na Igreja de Cristo é precisamente aquela da qual fala o Concílio Vaticano II: «o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, entendido com sua cabeça, permanecendo inteiro o poder do seu primado sobre todos, quer pastores quer fiéis. Pois o Romano Pontífice, em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, tem nela pleno, supremo e universal poder que pode sempre exercer livremente» (LG 22). Esta é a doutrina católica, frontalmente contrária à tagarelice publicada com destaque no site da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Concílio Vaticano II orientou a Igreja para a compreensão do episcopado como um ministério colegial. Essa inovação encontrou, durante o Concílio, a oposição de uma minoria inconformada. O assunto, na verdade, não foi suficientemente amarrado.

Na verdade, está tudo perfeitamente amarrado. Citando de novo a Lumen Gentium (grifos meus):

A Ordem dos Bispos, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpetuamente, é também juntamente com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja (63), poder este que não se pode exercer senão com o consentimento do Romano Pontífice. Só a Simão colocou o Senhor como pedra e clavário da Igreja (cfr. Mt. 16, 18-19), e o constituiu pastor de todo o Seu rebanho (cfr. Jo. 21, 15 ss.); mas é sabido que o encargo de ligar e desligar conferido a Pedro (Mt. 16,19), foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unido à sua cabeça (Mt. 18,18; 28, 16-20) (64). Este colégio, enquanto composto por muitos, exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus e, enquanto reunido sob uma só cabeça, revela a unidade do redil de Cristo. Neste colégio, os Bispos, respeitando fielmente o primado e chefia da sua cabeça, gozam de poder próprio para bem dos seus fiéis e de toda a Igreja, corroborando sem cessar o Espírito Santo a estrutura orgânica e a harmonia desta (LG 22).

Querer forçar uma “colegialidade” independente do Romano Pontífice, assim, significa trair o Concílio Vaticano II. Significa não resgatar um ensinamento que não está “suficientemente  amarrado”, mas sim desdizer abertamente o que os Padres Conciliares ensinaram para toda a Igreja. Quem esses três bispos velhos pensam que são para contradizer tão descaradamente assim todos os bispos católicos do mundo reunidos com o Papa em um Concílio Ecumênico?

Entretanto, para dar passos concretos e eficientes nesse caminho – e que já está acontecendo – ele [o Papa Francisco] precisa da nossa participação ativa e consciente. Devemos fazer isso como forma de compreender a própria função de bispos, não como meros conselheiros e auxiliares do papa, que o ajudam à medida que ele pede ou deseja e sim como pastores, encarregados com o papa de zelar pela comunhão universal e o cuidado de todas as Igrejas.

O chamado ao cisma é sutil mas não pode deixar de ser apontado. Para os autores dessa carta diabólica, os Bispos não deveriam meramente ajudar o Papa «à medida que ele pede ou deseja». A conseqüência lógica e imediata disso é que os Bispos, segundo esta carta que está na parte de “Formação” do site oficial de uma Arquidiocese Católica, deveriam agir por conta própria – «como pastores» – mesmo que o Papa não peça ou não deseje! Ou seja, mesmo contra a vontade do Romano Pontífice! Coisa mais estranha ao catolicismo não pode haver. Contra esta doutrina absurda, repetimos de novo o que já citamos da Constituição Dogmática Lumen Gentium: «o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o Romano Pontífice» (LG 22). E essa «união» não é uma palavra vazia ou uma mera formalidade, mas ao contrário: para ser real, precisa ser efetiva. Alguém consegue imaginar coisa mais estranha a qualquer possível “união” do que agir à revelia do seu superior, mesmo contra a sua vontade? No entanto, é exatamente isso o que advogam os três autores desta malfadada carta! E a Arquidiocese de Olinda e Recife ainda a coloca com destaque na seção de “Formação” do seu site!

A ocasião, pois, é de assumir o Concílio Vaticano II atualizado

Três raposas velhas não têm autoridade nenhuma para “atualizar” o que todos os bispos do mundo chancelaram em união com o Papa. Deve-se assumir o Concílio Vaticano II com honestidade, com escrupuloso respeito àquilo que ele ensina, e não com essa “atualização” pirata que estas múmias putrefatas querem nos empurrar.

(…) reivindicando os plenos direitos da mulher, superando a respeito os fechamentos advindos de uma eclesiologia equivocada.

Para bom entendedor, pingo é letra. Quais são os «fechamentos» impostos às mulheres pela Igreja? A referência à ordenação feminina salta aos olhos. No entanto, sobre este assunto já se manifestou definitivamente o Magistério da Igreja por meio do Papa João Paulo II:

Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja (Ordinatio Sacerdotalis, 4).

Esta é a sã eclesiologia católica, que três bispos eméritos têm a desfaçatez de chamar de «equivocada» em uma carta à qual a Arquidiocese de Olinda e Recife dá publicidade por meio do seu site oficial! Afinal de contas, o que pretende a Mitra olindo-recifense? Servir à Igreja ou espalhar a revolta contra Ela?

[O] clericalismo vem excluindo o protagonismo eclesial dos leigos e leigas, fazendo o sacramento da ordem se sobrepor ao sacramento do batismo e à radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas.

É exatamente pelo fato desses três bispos serem batizados que devem respeito às autoridades eclesiásticas, em particular ao Magistério da Igreja. E, portanto, não poderiam jamais vir a público usando as suas credenciais de «bispos eméritos» para atacar a Igreja Católica e promover a subversão de Sua Doutrina. Que estes bispos comecem dando o exemplo e respeitando com seriedade as obrigações decorrentes do seu Batismo, em particular a submissão àquilo que ensina a Santa Madre Igreja! Seria engraçado se não fosse trágico: quando querem minar a importância do sacerdócio católico, falam em «radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas». Para poderem passar uma falsa aparência de autoridade nos seus ataques ao que a Igreja ensina, no entanto, não coram de vergonha em se alardearem bispos com o pretenso direito de agir mesmo quando o Papa não peça ou não deseje! E é esta hipocrisia sem tamanhos que o site da Arquidiocese apresenta como “Formação” para os católicos que por lá passarem!

Nos nossos países, é preciso ter a liberdade de desocidentalizar a linguagem da fé e da liturgia latina.

A tagarelice é pura birra contra a Igreja. Nós, países latino-americanos, estamos jurídica e historicamente ligados ao Rito Romano, quer os três bispos gostem, quer não. E ainda: que me conste, nós estamos no Ocidente! Nada do que é “ocidental” nos é estranho.

Finalmente, está em jogo o nosso diálogo com o mundo. Está em questão qual a imagem de Deus que damos ao mundo e o testemunhamos pelo nosso modo de ser, pela linguagem de nossas celebrações e pela forma que toma nossa pastoral.

O testemunho que somos chamados a dar ao mundo passa pelo respeito à nossa própria identidade e pela obediência àquilo que anunciamos. Ora, que “testemunho” é possível dar ao mundo quando se levanta de maneira tão cretina contra a instituição que se diz servir? Como é possível testemunhar alguma coisa para os de fora quando três bispos eméritos clamam à rebelião contra os fundamentos da Igreja? O que estes bispos eméritos estão fazendo, na verdade, é um grandíssimo e eloqüente contra-testemunho. Que a Arquidiocese de Olinda e Recife faça coro a tão grande pedra de tropeço é um escândalo injustificável.

“É hora de despertar, é hora e de vestir as armas da luz” (13,11). Seja essa a nossa mística e nosso mais profundo amor.

É verdadeiramente irônico que terminem conclamando os leitores a vestir «as armas da luz» três lobos caquéticos que no decurso do seu texto teceram incansáveis loas ao nefasto Pacto das Catacumbas

Vistamos, sim, as armas da luz, que são as armas da Verdade. E, como vimos, a Verdade passa longe desta carta escrita por três bispos eméritos que, longe de quererem servir à Igreja de Cristo, são movidos por um amor desmesurado a si próprios e a “modelos” fracassados de igreja que eles não conseguiram enquanto jovens colocar no lugar da Igreja de Nosso Senhor. Pretendem consegui-lo agora, quando já estão velhos e quando as suas mentiras já estão mais do que batidas?

Entre o que ensina a Igreja e o que dizem três hippies velhos que perderam o bonde da história, é bastante óbvio que qualquer pessoa que tenha amor à própria alma deve dar ouvidos não a estes, mas sim Àquela que é a Esposa de Cristo. Desgraçadamente, há aqueles que preferem deformar os fiéis católicos pelos quais tinham o dever de zelar. É verdadeiramente lamentável que a Arquidiocese de Olinda e Recife prefira se unir aos escarnecedores e transformar o seu site oficial em palanque para que velhos caquéticos destilem o seu ranço anti-católico e conclamem os seus ouvintes a uma ridícula rebelião contra Aquela que as portas do Inferno jamais vencerão. É uma vergonha que um site de uma Arquidiocese católica se preste a disseminar assim a revolta contra a Igreja.

«Por uma Filosofia Tomista»: Curso online ministrado pelo prof. Carlos Nougué

Divulgo com prazer o Curso on-line de 60 horas ministrado por Carlos Nogué, «Por uma Filosofia Tomista». A ementa do curso será a seguinte:

I) Apresentação geral: A necessidade de uma Filosofia tomista.
II) Preâmbulo 1: Resumo da História da Filosofia – Do impulso grego ao abismo moderno.
III) Preâmbulo 2: Se Santo Tomás era filósofo e/ou teólogo.
IV) Preâmbulo 3: A essência da doutrina de Santo Tomás, ou se o tomismo é um aristotelismo.
V) Preâmbulo 4: Como estudar a Filosofia, e em ordem a quê.
VI) Introdução geral à Filosofia, ou seja, a seus conceitos elementares (já aqui se implicam noções da Lógica, da Física e da Metafísica):
1) O que é conhecer 2) O ente e os primeiros princípios; 3) A quididade das coisas; 4) O essencial e o acidental; 5) Substância e acidentes; 6) A questão do an sit; 7) Ente e esse (ser ou ato de ser); esse e existência – uma primeira aproximação; 8) Divisão e definição; 9) Se os acidentes são entes e têm quididade; 10) Se as coisas artificiais têm quididade.
VII) Introdução à Lógica:
1) A simples apreensão; 2) As propriedades das coisas; 3) O juízo ou composição; 4) As causas; 5) O silogismo; 6) Em defesa da Lógica; 7) Se a Lógica é arte ou ciência; 8) As propriedades da Lógica; 9) O método da Lógica; 10) Lógica e Gramática.
VIII) Intermédio: A ordem das ciências e das artes.
IX) Introdução à Física geral:
1) O que é a natureza; 2) Os princípios da natureza: ato e potência, etc.; 3) O sujeito da Física Geral; 4) Existência e esse – segunda aproximação; 5) Em defesa da Física Geral aristotélico-tomista; 6) Se e em que caducou esta ciência; 7) O método da Física Geral; 8) Que classe de ciência é a Física moderna; 9) O que pensar da Biologia, da Psicologia, etc., atuais; 10) Uma crítica a Jacques Maritain.
X) Introdução à Metafísica:
1) Se tal ciência existe ou é válida ou necessária; 2) O sujeito da Metafísica; 3) Ente e esse – segunda aproximação; 4) As propriedades da Metafísica; 5) O método da Metafísica; 6) Diferença entre Teologia (ou Metafísica) e Sacra Teologia, e se elas se opõem; 7) As provas da existência de Deus; 8) O tratado de Deus uno.
XI) Apêndices:                                                                               
1) Os transcendentais; 2) Se o mal é algo; 3) A alma humana e sua imortalidade; 4) A Política e sua ordem ao Fim último do homem; 5) O mundo poderia ter sido criado ab aeterno (desde a eternidade)?

Para quem não conhece, o Prof. Nogué é, entre outras coisas, responsável pelo blog “Estudos Tomistas” e tradutor dos deliciosos contos policiais de Chesterton colecionados n’A Inocência do Padre Brown.

Diário d’O Grito dos/as Excluídos/as 2013

– Chego à Praça Oswaldo Cruz bem cedo, pouco antes das 09h00 da manhã para a qual estava marcada a concentração.

– Só há um punhado de gatos pingados. Todos ou quase todos de vermelho. Bandeiras do MST; vejo dois ônibus, que – imagino – devem ter sido utilizados para transportar os militantes. Aguardo.

– Dois mini-trios e um carro de som. Ao lado do maior daqueles, umas meninas tocando alfaias cantam versões próprias de músicas populares. Por exemplo, «ô Eduardo, Eduardo ó! / Não é só por dez centavos, / nossa luta é maior!» (ao som de “Cirandeiro”).

– Vejo uma senhora de hábito. Encontro o pe. Reginaldo Veloso. Vejo outro sacerdote, à paisana, que desaparece e durante a marcha não o torno a encontrar. Um ou dois padres de clergyman (ou coisa parecida com isso). Não vejo religiosos de hábito.

– Panfletos são distribuídos, e continuarão sendo ao longo de todo o percurso d’O Grito. Um se diz contra o Estatuto do Nascituro; outro, alardeia «[t]odo apoio às ocupações dos terrenos urbanos no Recife por parte dos Trabalhadores Sem-Teto». Entre outras coisas afins.

– Chega o pessoal da ONG Gay Leões do Norte. O imenso bandeirão multi-colorido é estendido numa das pontas da praça.

– Encontro os ciclistas nus. São só meia dúzia, e não estão propriamente nus: vestem roupas de banho. Preparam-se para sair à frente d’O Grito.

– Procuro o Arcebispo e não o encontro. Dou graças a Deus.

– Em um dos mini-trios, o rapaz que estava em cima pede que as pessoas que vão falar pelos movimentos sociais se aproximem. Pela “juventude”, fulana, pela “saúde”, sicrano, pela Arquidiocese de Olinda e Recife, Fernando. Estremeço. Penso com os meus botões quem raios é Fernando.

–  Neste mesmo mini-trio, em baixo, perto das escadas, está afixado um cartaz. Leio-o. O Fernando é, sim, Dom Fernando Saburido. Ele é chamado por diversas vezes ao longo da caminhada. Não aparece.

– Em respeito à diversidade de gênero, agora o nome do evento mudou. É “Grito dos/as Excluídos/as”. Nos trios, por diversas vezes, é citado o seu nome completo: “Grito dos Excluídos e das Excluídas”.

– A marcha sai às ruas. Começa a chover. À frente, o carro de som, seguido pelo pessoal do Levante Popular da Juventude. Mais algumas pessoas, e o enorme bandeirão gay. Depois, o pessoal do MST com outras diversas bandeiras vermelhas, por “direito à saúde”, “respeito à diversidade sexual” e outras coisas do tipo. Em seguida o mini-trio, atrás o pessoal da Frente de Luta pelo Transporte Público, e o segundo mini-trio no fim. A chuva dá uma trégua.

– Duas bandeiras se destacam n’O Grito. Em número, as bandeiras vermelhas do MST. Em tamanho, a bandeira de arco-íris da Leões do Norte. Há outras menores: CUT, PCB, PSTU. Algumas pessoas protestavam por melhores salários, contra a corrupção, contra Eduardo Campos, contra um sem-número de coisas.

– Penso em ir pra casa. Mas tomo a sério o espírito penitencial: vou até o fim.

– Já no final da Conde da Boa Vista, um dos mini-trios quebra. Olho para o pequeno cartaz, que se transformara num checklist: Dom Fernando ainda não aparecera. Seguem o carro de som e o segundo mini-trio para a grande apoteose no Carmo.

– Chego no Carmo. Mais uma vez, o Festival das Flores montado defronte à Basílica – Deo Gratias – impede que o espaço seja usado para desfraldar a bandeira de Baal, como aconteceu em 2010.

– O pessoal da Leões do Norte esconde a bandeira e some. Não os vejo mais.

– O Arcebispo, Dom Fernando, está no Pátio do Carmo. Sorri e cumprimenta os presentes. Bate fotos.

– Chamam Dom Fernando para falar. Ele fala. Parabeniza os participantes. Fala sobre o dia de jejum e oração que o Papa Francisco convocou. Disse que planejou chegar ao Grito justamente na sua conclusão, e que o tema do Grito era muito «necessário» e muito «profético». Disse que o Grito dos Excluídos só vinha «reforçar este apelo» do Papa, e que era «bonito essa unidade», com «todos voltados para o mesmo objetivo, a mesma meta». O vídeo está abaixo:

– Depois que ele fala, o rapaz diz que vai haver um momento de “mística”. Penso que é alguma oração, ou coisa do tipo.

– Ele chama o pessoal das pastorais da Juventude. A “mística”, na verdade, é uma encenação. Uma menina começa a gritar as palavras de ordem que estavam nas bandeiras vermelhas (neste momento abertas no chão). Fala, no microfone, em alto e bom som: «nós, juventude popular, gritamos pelo respeito à diversidade sexual». O Arcebispo saíra de fininho pouco antes, e estava por detrás do carro de som, falando com alguém.

– Começa uma ciranda. Começa a chuviscar. Volto pra casa. Abaixo, algumas fotos do evento, na ordem em que eu as tirei (e, por conseguinte, na ordem do desenrolar do próprio evento, da praça Oswaldo Cruz ao pátio do Carmo).

Comento: O Grito dos Excluídos não é um evento popular em prol do povo sofredor. É um evento revolucionário e elitista (como o são todos os eventos revolucionários), onde militantes enganados ou comprados, munidos de uma ideologia fracassada, vão às ruas lutar pelas mesmas velhas carcomidas bandeiras do Príncipe deste mundo: o comunismo, a sexualidade livre, a luta de classes, o homossexualismo e toda uma caterva de imoralidades que escravizam e em tudo são contrárias ao Evangelho da Liberdade. O Papa Francisco certamente jamais apoiou e nem apoiaria uma passeata pró-comunismo ou a favor do vício contra a natureza, e portanto não é correto que se diga que este evento veio ao encontro dos pedidos do Romano Pontífice – aliás, “não ser correto” é pouco: trata-se de um escândalo e de uma blasfêmia. Não precisamos de mais pessoas para aplaudir os pecados e louvar a defesa dos vícios – essas, nós já temos de sobra. O verdadeiro profetismo sempre consistiu em denunciar as mazelas do mundo; mazelas que contavam com fervorosos sequazes nas ruas da cidade do Recife esta manhã, sem ninguém que as contradissesse – muito pelo contrário, aliás. Há algo de muito errado em nossa Arquidiocese. Não me consta que ser profeta tenha jamais significado fazer um conluio espúrio com inimigos declarados de Deus Nosso Senhor.

Grito dos Excluídos e apoio eclesiástico ao deboche público às leis de Deus

Amanhã, sete de setembro, nós da Arquidiocese de Olinda e Recife podemos aproveitar o dia de jejum e oração convocado pelo Santo Padre para nos cobrirmos de cinzas e fazermos penitência por um triste aniversário: amanhã, sete de setembro, faz três anos que esta Igreja Particular foi envergonhada no mundo inteiro pela presença do Arcebispo Metropolitano em um evento onde se fazia lobby pró-aborto, pró-homossexualismo, pró-socialismo e outras aberrações em tudo contrárias ao Evangelho de Jesus Cristo.

Ouvi esta semana na CBN que o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, iria (mais uma vez) participar do nefasto “Grito dos Excluídos” para protestar contra o uso de máscaras nas manifestações de rua. Não sei qual a fonte da notícia. No site da Arquidiocese, pela primeira vez em muitos anos, graças ao bom Deus, não existe nenhuma referência ao evento revolucionário. O mesmo se diga do perfil de D. Fernando no Facebook e do da Arquidiocese de Olinda e Recife. Merecem mais crédito os órgãos oficiais de comunicação da Mitra do que as falas ligeiras de locutores de rádio em centrais de notícias seculares. Este ano, a Sé de Dom Vital não está apoiando – ao menos não publicamente – o malfadado berro dos auto-excluídos do Reino de Deus. Deo Gratias.

Não obstante, foi com tristeza e perplexidade que eu vi o site “Jovens Conectados” dizer que o «Grito dos Excluídos 2013 convoca jovens ao protagonismo social». Isto é uma vergonha e um escândalo. Ao invés de dizer laconicamente que o evento é um espaço «sempre aberto e plural», a honestidade intelectual mais comezinha exigiria que se dissesse aquilo que o evento é: um espaço aberto para as manifestações mais imorais, da defesa escancarada do aborto, da apologia à invasão de terras e bens imóveis de terceiros, da promoção despudorada e a céu aberto da sodomia e de tantas outras mazelas sociais responsáveis pelo estado lastimável em que se encontra a nossa Terra de Santa Cruz. Graças ao site ligado à “Comissão para a Juventude da CNBB”, muitos católicos de boa fé engrossarão amanhã as fileiras dos inimigos de Cristo, dos que zombam da Fé Cristã e escarnecem da Igreja Santa de Deus. Miserere, Domine.

Volto ao meu Recife, à mídia secular. O portal NE10, ao falar do Grito, diz que «grupos religiosos progressistas» sairão às ruas. Não sei que grupos são estes; só posso dizer que eles traem a religião que dizem professar e envergonham a instituição à qual pertencem, ao participarem desta esbórnia a dia claro em que já há muito tempo se transformou o Grito dos Excluídos. Amanhã, dia de jejum e de oração, supliquemos a Deus que Se compadeça de Olinda e Recife. Se a Mitra jamais veio a público condenar esses «grupos religiosos progressistas» que se aproveitam da Fé para fazer a mais debochada apologia do vício e do crime, que ao menos ela não lhes ofereça nem mesmo aparência de apoio, como desgraçadamente já fez em anos passados.

Amanhã é dia de jejum e de oração. Que os católicos não saiam mais uma vez às ruas para “caminhar” lado-a-lado com os inimigos de Deus e da Igreja.

Amanhã, 07 de setembro, «dia de jejum e de oração pela paz na Síria»

O Santo Padre, o Papa Francisco, convocou no Angelus do último domingo toda a Igreja Católica para um dia de jejum e de oração pela paz na Síria e no mundo inteiro. As suas exatas palavras foram as seguintes:

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

A convocação suscitou algumas dúvidas. Duas delas me parecem as mais importantes.

Primeiro, importa esclarecer que o dia não é de jejum e abstinência, como a Sexta-Feira Santa e a Quarta-Feira de Cinzas. É uma dia de jejum e oração. A carne, portanto, está liberada, com a parcimônia que se exige de um dia de jejum, é lógico, mas ainda assim liberada.

Segundo, algumas pessoas quiseram saber se elas estão obrigadas sob pena de pecado mortal a atenderem a este pedido do Papa. Vejam, existe a obrigação, sim, inclusive sub grave, de obedecer aos Mandamentos da Igreja. O Direito Canônico diz que «[t]odos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência», e que os «dias de penitência» são prescritos para que os fiéis possam vivê-los «cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência» (CIC, Cân. 1249). Isto, no entanto, vale, de acordo com o mesmo cânon, «segundo as normas dos cânones seguintes». E os cânones seguintes (1250-1253) tratam dos dias de jejum e penitência ordinários da Igreja: as sextas-feiras, a Quarta de Cinzas e a Sexta da Paixão. Não fala nada sobre um dia de penitência convocado extraordinariamente (como é o caso atual) e, portanto, não permite ser extrapolado para impôr a este as mesmas obrigações decorrentes daqueles.

O Papa fez um convite que exige séria consideração, sem dúvidas, uma vez que é um convite do próprio Romano Pontífice, mas que não tem a mesma natureza dos dias de penitência ordinariamente prescritos para toda a Igreja. Portanto, deixar de fazer jejum e oração amanhã não é de per si um pecado grave. Esta é opinião de alguns sacerdotes nos quais confio, e é a opinião do pe. Z. exposta em seu blog no início desta semana.

No entanto, é importante que nos unamos sim, cada qual na medida das suas capacidades, a esta louvável inciativa à qual nos chama o Vigário de Cristo. Se pudermos fazer jejum amanhã, não deixemos de fazer: não percamos esta oportunidade de unir as nossas penitências às de toda a Igreja, sob o convite expresso do Papa Francisco, pela paz na Síria e no mundo. E, se por alguma razão o jejum nos for muito penoso ou impossível (sei lá, se já havíamos marcado um churrasco de aniversário, ou coisa parecida), não descuidemos da oração: elevemos particulares súplicas ao Todo-Poderoso, em união com toda a Igreja, a fim de que Ele nos conceda a paz de que o mundo tanto precisa e não tem condições de a obter por conta própria.

Elevemos estas preces a Deus principalmente no momento em que o Papa estiver rezando especificamente para este fim. Segundo ele, no «dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo». Daqui para Roma são cinco horas de fuso-horário; então, aqui no Brasil isso será das duas da tarde às sete da noite. Reservemos estas horas, ou ao menos alguma(s) destas horas, para nos unir ao Papa em oração. Que o Todo-Poderoso nos ouça. Que o Príncipe da Paz venha em nosso socorro. Que Ele nos consiga o que está para além do nosso alcance.

«Porque a Religião não somente é útil para os indivíduos e para as famílias, mas também para a sociedade» – Frei Damião de Bozzano

Uma Igreja pobre e para os pobres. Uma Igreja que vá ao encontro dos necessitados. Uma Igreja que não seja auto-referencial mas que, ao contrário, exista para atrair cada vez mais almas a Cristo Jesus. Uma Igreja que não viva encastelada, mas que tenha em Si o cheiro das ovelhas. Esta é a Igreja que o Papa Francisco vem pregando desde o início do seu pontificado. E esta é a Igreja vivida em si próprios por tantos homens e mulheres que nos precederam, e dos quais é urgente que nós aprendamos a seguir os passos de Nosso Senhor.

O nosso Frei Damião é um desses homens. Capuchinho verdadeiramente imitador de São Francisco de Assis, pregador carismático e comovente que atraía multidões, romeiro incansável pelos sertões nordestinos: eis um homem de quem podemos aprender como anunciar a Cristo Jesus.

O curto vídeo abaixo (tem menos de dez minutos) é um pequeno documentário de uma sua visita a Taperoá, cidade do interior da Paraíba, em 1969. Vale muito a pena assisti-lo.

Eis um homem que nos interpela com a força do exemplo vivo, e que conhece as dificuldades do povo pobre não a partir dos livros e das retóricas afetadas dos ideólogos, mas a partir de cada cidade que ele visitou ao longo de décadas. Ele, como ninguém, pode demonstrar com a sua vida que não é necessário sacrificar as exigências da Fé para falar ao coração do povo sofredor. Ele, com o seu testemunho de vida, mostra que os pobres não precisam ser infantilizados: vê-lo utilizar desembaraçadamente a segunda pessoa do plural é o argumento definitivo contra a retórica vazia dos que pretendem, por meio de um elitismo às avessas, transformar a alta cultura em um obstáculo à comunicação com as pessoas humildes.

Ele conhece o sofrimento dos pobres e os pobres o amam, justamente porque enxergam nele não um agitador social ávido por uma “libertação” sócio-econômica, mas um ministro de Cristo que anuncia com clareza as Suas palavras de Vida Eterna. Eis o exemplo que acaba com a tagarelice marxistóide que hoje empesta a Igreja de Deus! Que Frei Damião de Bozzano possa olhar pelo seu Nordeste, hoje em um estado de miséria religiosa muito maior do que em sua época, pois hoje não há mais capuchinhos como ele. Ouçamo-lo. Aprendamos dele, que o povo elegeu como Apóstolo do Nordeste.

Para que os sinos voltem a badalar: «A Guerra dos Cristeros»

A fim de que os sinos voltem a tocar: este nobre propósito foi responsável por uma das mais gloriosas páginas da história da Igreja do século passado, infelizmente muito pouco conhecida pelos nossos contemporâneos, ao menos os de língua portuguesa. Com alegria, nós achamos que já se pode dizer: até agora.

Foi lançado pelas Edições Cristo Rei o livro do Enrique Mendoza Delgado, «A Guerra dos Cristeros» (Belo Horizonte, 2013), que é uma excelente introdução ao estudo do que aconteceu aqui ao lado, no vizinho México, há menos de um século atrás. Quando um governo maçônico e anti-clerical resolveu pôr em prática a perseguição oficial à Igreja Católica, tão louvada pelos livre-pensadores de então (e, por que não dizer?, também pelos dos nossos dias). Quando católicos simples pegaram em armas para defender os direitos de Deus e da Santa Madre Igreja. Quando o sangue dos mártires tingiu de rubro o solo mexicano. Quando os que lutavam sob os estandartes de Cristo Rei e da Santíssima Virgem tornaram-se invencíveis contra um inimigo mil vezes mais poderoso, e foram vendidos em acordos espúrios firmados em salões acarpetados antes de serem vencidos a sol aberto nos campos de batalha.

O livro de Delgado conta toda a história daqueles trágicos e heróicos acontecimentos, desde os antecedentes da Revolução até depois dos “acordos” que derrotaram os cristeros. Por se preocupar mais com a narração geral dos acontecimentos do que com os detalhes biográficos dos personagens, a leitura consegue ser leve e sucinta: as 134 páginas constituem uma agradável leitura para uma tarde. Enganar-se-ia, no entanto, quem julgasse que a obra é superficial. Muito pelo contrário: o colorido daquela história salta aos olhos do leitor a cada página, envolvendo-o com a narrativa e inflamando-o de amor à Igreja e àqueles tantos cristãos que, naqueles dias difíceis, levaram ao extremo aquela máxima neo-testamentária segundo a qual «importa obedecer antes a Deus do que aos homens» (Atos dos Apóstolos 5, 29).

O governo maçônico de Plutarco Elías Calles, a partir de 1925, «decidiu aplicar à risca a Constituição revolucionária de 1917» (op. cit., p. 16), com toda a perseguição à Igreja Católica que isso significava. Leigos, padres e bispos foram presos. Sacerdotes estrangeiros foram expulsos. Seminários e conventos foram fechados, bem como escolas católicas. Houve até uma tentativa de cisma com a fundação de uma Igreja Católica Apostólica Mexicana, graças a Deus fracassada. Mas foi em julho de 1926, com a “Lei Calles” que reformava o Código Penal e estabelecia sanções para cultos religiosos, que se deu a gota d’água. No dia 25 de julho de 1926, o episcopado mexicano publicava uma carta pastoral onde se lia que (op. cit., p.44)

(…) na impossibilidade de continuarmos exercendo o nosso ministério sagrado, depois de ter consultado nosso Santíssimo Padre Pio XI, ordenamos que, a partir do dia 31 de julho, se suspenda nos templos o culto público que exija participação do sacerdote.

Os sinos estavam mudos. O povo católico estava privado dos sacramentos.

O resultado foi desastroso. Calles não retrocedeu um milímetro e ainda ordenou que, após a suspensão dos cultos, as prefeituras tomassem os templos. Ainda se tentou uma resistência pacífica; no entanto, o anti-clericalismo do governo era demais para o povo católico simples. Sobre isso, fala Delgado:

Adiantando-se às decisões de seus chefes, e finalmente forçando-os a segui-los, seriam os católicos comuns que empreenderiam a resistência armada contra o perseguidor. Para eles, tudo estava claro; não entendiam nada de alta política, nem de diplomacia, nem de estratégias ou táticas. O assunto era bem simples: Deus estava sendo perseguido e sua Igreja era proscrita por um César tirânico e cruel; todos os homens tinham o dever de defender aquilo que os constituía, no mais profundo de seu ser, e que era a base de todas as outras liberdades: a liberdade de crer e de servir a Deus [op. cit., pp. 45-46].

As revoltas armadas começaram espontaneamente, nos povoados. Das associações de católicos que já há muito protestavam contra a injustiça das leis persecutórias – como a “Liga Nacional de Defesa da Liberdade Religiosa”, o Comitê de Defesa da Religião, posteriormente “União Popular”, a “Associação Católica da Juventude Mexicana”, dentre outras – vieram muitos soldados cristeros; outros tantos vinham dos campos, dos vilarejos, dos lugares onde a perseguição caíra sem que se apresentassem formas pacíficas de se lhe resistir. Um estudo de Jean Meyer, citado por Delgado, permite concluir que da Cristiada «participaram desde homens da costa até os que viviam nas montanhas, desde corajosos mestiços até pacíficos indígenas, desde filhos das famílias aristocráticas até os filhos do último peão da fazenda» (op. cit., p. 56). Na Guarda Nacional, no ejército cristero, os mexicanos estavam unidos em torno deste mesmo santo ideal: fazer com que os sinos das igrejas voltassem a badalar, conseguir que o culto a Deus voltasse a ser praticado livremente nas terras mexicanas, conquistar ao Governo o sagrado e inalienável direito de praticar a Religião Verdadeira. São impressionantes as vitórias que estes homens alcançaram, contra um exército em treinamento, número e armas muito mais poderoso do que eles:

Em Coalcomán, no dia 27 de julho de 1928, foram sitiados três regimentos do Exército, deixando sobre o campo mais de 1.500 cadáveres. Lançou-se uma contra-ofensiva com três regimentos, dois batalhões e artilharia, e os cristeros triunfaram novamente, provocando cerca de 1.000 mortes em seis meses. A proporção de baixas era surpreendente, e se devia, sobretudo, à tática dos cristeros, mas eles próprios atribuíam-nas, também, à Providência. Assim, Ramón Aguilar provocou cem baixas no 11º Regimento, contra duas no seu Regimento; Luis Navarro teve cinco baixas no combate de El Fresal, contra 189 baixas no Exército; Dionisio Ochoa, em Colina, perdeu quatro homens, contra a morte de 375 soldados do governo; Pedro Quintanar, em Arandas, perdeu 7 contra 145; Luis Navarro, em Ahijillo, matou 125 soldados sem perder um só homem, e em Coalcomán, perdeu dois contra 133 do inimigo; Ezequiel Mendoza teve em Tehuantepec somente uma baixa contra duzentas no Exército, etc. [op. cit., pp. 65-66]

Foram ao final vendidos, em acordos ingênuos firmados entre autoridades eclesiásticas e governantes perversos; e, após deporem as armas, foram massacrados pelo governo. Mas sempre tiveram a consciência de que lutaram ao lado do bem e da justiça, e o general da Guarda Nacional pôde escrever aos seus homens, ao dissolver o exército cristero, que «a Guarda Nacional não desaparece vencida por nossos inimigos, porém, na realidade, abandonada por aqueles que haveriam de receber, em primeiro lugar, o fruto valioso de seus sacrifícios e suas abnegações». E terminava: «Salve Cristo! Os que por Vós encontraremos a humilhação, o desterro e, talvez, a morte ignominiosa, vítimas de nossos inimigos; a Vós vos saudamos com nosso amor mais fervoroso e, uma vez mais, vos aclamamos Rei de nossa Pátria! Viva Cristo Rei!» [op. cit., pp 77-78].

Cerca de 30.000 mártires depois, assim terminava a grande Cristiada. As perseguições ainda se arrastaram por alguns anos, até que, em 1940, o México pôde encontrar «uma época de tolerância plena, que, com seus altos e baixos, tem mantido a liberdade “de fato” do povo católico para professar a fé» (op. cit., p. 85). Graças à luta e ao sangue daqueles que largaram o conforto de suas vidas para lutar pelos direitos da Igreja. Graças aos bravos cristeros que um dia se levantaram aos gritos de «¡Viva Cristo Rey!» contra um governo tirânico e perseguidor do Cristianismo.

Este livro das Edições Cristo Rei é uma obra para se ter em casa e para presentear os amigos. A edição traz ainda dois belos anexos, um com alguns artigos do Beato Anacleto González Flores e outro com fotografias da época. Isso, somado à beleza da história que Enrique Mendoza Delgado conta de modo tão envolvente, fazem dele uma preciosidade digna de ser conhecida e divulgada.

Pode ser adquirido a R$ 22,00 + frete no site da Editora.

Capa-A-Guerra-dos-CristerosTítulo: A Guerra dos Cristeros

Autor: Enrique Mendonza Delgado

Páginas: 134

Formato: 12cm x 18cm

Acabamento: Brochura

Capa: laminação fosca

Miolo: papel pólen de 80gr

Aborto: Globo mostra ficção e esconde a realidade

A respeito de certa cena pró-aborto que a Globo recentemente transmitiu em uma sua novela, está primoroso este artigo da Dra. Elizabeth Kipman publicado na Gazeta do Povo. Antes de aparecerem por aí com comentários disparatados, melhor fariam as pessoas em se inteirarem devidamente a respeito do que é verdadeiro e do que é falso no que aparece “na telinha”. Para que não juntem à sua imoralidade já suficientemente repugnante a mais abjeta desonestidade intelectual.

Porém, consideremos: uma pessoa que quiser amputar sua própria mão sem ser por motivo de saúde não pode ser auxiliada pelo médico, que sofrerá severa punição se o fizer – apesar do risco que esta pessoa corre se insistir em fazer o ato de forma insegura. Mas, quando existe a ameaça da realização de um aborto provocado, o médico seria obrigado a fazê-lo?

Não existe um único médico católico no mundo que se recuse a fornecer cuidados básicos para uma mulher que tenha sofrido complicações por conta de um aborto provocado. Como não existe nenhum médico católico no mundo que se recuse, por exemplo, a ministrar os primeiros socorros a um ladrão que tenha sido ferido num tiroteio com a polícia. Isto não está sequer em discussão, e é verdadeiramente calhorda a empulhação que foi ao ar numa novela da Globo. Inventando uma história totalmente sem pé nem cabeça, a emissora apresenta as coisas como se a culpa das mulheres que morrem em conseqüência de abortos provocados fosse não delas próprias, que tentaram mutilar o próprio corpo a fim de matar o filho inocente que carregavam no ventre, mas sim da ficção totalmente inexistente de médicos religiosos se recusando a lhes prestar socorro uma vez que elas chegam nas emergências dos hospitais!

É uma lástima que mulheres morram na prática de abortos clandestinos? Sim, é, sem dúvidas. Mas se o governo se importasse realmente com estas mulheres, deveria fornecer-lhes todo o suporte possível (psicológico e financeiro) para que elas não precisassem matar os próprios filhos. No entanto, as pobres mulheres em situação de vulnerabilidade que – num momento de desespero – desejam recorrer ou recorrem ao aborto são utilizadas pelo Governo brasileiro como bucha de canhão para o avanço da agenda abortista no país. Depois disso, são descartadas.

Se a mesma quantidade de recursos e energia gastos para empurrar o aborto no Brasil fosse aplicada no auxílio verdadeiro a mulheres grávidas que não têm condições de ter os seus filhos, o (aliás já baixo) número de mulheres mortas por conta de abortos provocados no nosso país ia cair para zero. Para que se veja o quão hipócrita é a política governamental de “apoio” às mulheres grávidas, veja-se este artigo (com um vídeo) que o pe. Lodi publicou há algumas semanas no seu site. O testemunho é impressionante. Regiane foi estuprada e ficou grávida. Procurou fazer um aborto, e foi tratada a pão-de-ló pelos órgãos oficiais e oficiosos de “defesa da mulher”. Antes de fazê-lo, contudo, desistiu; e, por conta disso, o Governo rapidamente perdeu o interesse nela. Para ajudá-la a criar o seu filho, não apareceu ninguém que movesse uma palha em seu favor. Ouçamos o que ela diz:

Vim pra falar que Secretaria de Política para Mulheres não defende as mulheres, procurei o CEDIM no Rio de Janeiro [e] escutei delas que, por não optar pelo aborto, que eu tinha problemas porque eu queria. Porque meus problemas poderiam ter sido resolvidos. Como eu optei pela gravidez, eu estava com problemas por livre e espontânea vontade.

Isso, sim, é a realidade das mulheres brasileiras, isso deveria estar em horário nobre na televisão, para que os brasileiros de bem se indignassem com a patifaria que o Governo realiza com o dinheiro dos nossos impostos, empregando-o para assassinar crianças e deixando mães passarem necessidades. Isso é o que precisa ser mostrado. Não a ficção mentirosa que a Globo coloca nas suas novelas para, mentindo e enganando, minar a sã aversão que o povo brasileiro tem ao crime horrendo do aborto.