Notícias urgentes do front: Estatuto do Nascituro

Os meus leitores certamente já conhecem o “Estatuto do Nascituro”, projeto de lei ora em trâmite na Câmara dos Deputados que «dispõe sobre a proteção integral ao nascituro» (Art. 1º), onde este «é o ser humano concebido, mas ainda não nascido» (Art. 2º). Trata-se de um projeto de lei da mais alta importância para a defesa da vida, uma vez que explicita os deveres da sociedade para com os seres humanos ainda não nascidos, inscrevendo expressamente os direitos destes no ordenamento jurídico do Brasil. Aqui o inteiro teor.

Pois bem. Pelo Brasil Sem Aborto, fomos informados de que ontem (quarta-feira, 17 de abril de 2013) o projeto estava na pauta do dia da Comissão de Finanças e Tributação, para ser votado e muito provavelmente aprovado (uma vez que o parecer do relator é pela aprovação). As tentativas de tirá-lo da pauta foram frustradas. No entanto, quando se realizou a verificação do quórum, foi constatado que faltava um deputado (havia 16 presentes, e o quórum mínimo é de 17). Por conta disso, os trabalhos da Comissão foram encerrados.

O projeto volta à pauta (para discussão e votação) uma semana depois, no dia 24 de abril, quarta-feira próxima. É por isso urgente entrar em contato com os deputados que fazem parte da Comissão, pedindo-lhes que se façam presente à sessão da próxima quarta-feira e votem pela aprovação do PL 478/2007. Abaixo, um arquivo (em .pdf) contendo essas informações em maiores detalhes e uma tabela com o nome e os contatos de todos os deputados que atualmente compõem a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Cliquem no link:

Comunicado Urgente – Estatuto do Nascituro

Façamos a nossa parte pela aprovação do Estatuto do Nascituro. Entremos em contato com os deputados para lhes pedir a aprovação do projeto. Divulguemos essa mensagem a todos os nossos amigos – temos uma semana até a votação! Mobilizemo-nos em favor dessa causa tão importante. E que a Santíssima Virgem Maria seja em nosso favor, e São Miguel Arcanjo nos defenda no combate contra os mercenários da Cultura da Morte.

O que fazer com as ambigüidades do Vaticano II?

Alguém me pergunta (na verdade, simplesmente anuncia em tom triunfal):

Essa vai para os conservadores populares:

Walter Kasper admite aquilo que todos os católicos verdadeiros já sabiam:

O documentos do Vaticano II foram de propósitos escritos de forma ambígua!

Refere-se a este texto: Cardeal Kasper admite ambigüidade intencional nos textos do Concílio Vaticano II. A declaração do purpurado é a seguinte (grifos do Fratres):

Em muitos lugares, [os Padres Conciliares] tiveram que encontrar fórmulas de concessões, em que, frequentemente, as posições da maioria estão localizadas imediatamente próximas àquelas da minoria, projetadas para limitá-las. Assim, os textos conciliares em si têm um enorme potencial de conflito, sendo uma porta aberta à recepção seletiva em uma ou outra direção.” (Cardeal Walter Kasper, L’Osservatore Romano, 12 de abril de 2013)

O que dizer?

De minha parte, eu só posso constatar que esta “confissão” veio com cinqüenta anos de atraso e apenas repetiu o que todo mundo já sabia. É claro que os textos do Concílio Vaticano II “têm um enorme potencial de conflito” e é claro que isso foi proposital; achavam o quê, que foi “por acaso”? Parafraseando Dawkins, pensavam que fora obra de The Blind Papermaker?

Dizer que há “fórmulas de concessões” nos textos do Vaticano II equivale a dizer que há sol ao meio dia, é o mesmo que descobrir a pólvora. É sério que precisávamos das declarações do Kasper para perceber esta obviedade? Se não houvesse possibilidade de interpretar equivocadamente os textos do Concílio, por qual absurda razão, por exemplo, a Lumen Gentium precisaria de uma “Nota explicativa prévia”, conhecida de qualquer pessoa que já tenha alguma vez na vida folheado o documento?

Aquela história do “a gente fala de maneira diplomática aqui e depois do Concílio tira as conclusões que nos forem convenientes” não é anedota, é fato documentado. Um papel com essas confissões bem pouco honestas caiu nas mãos de Paulo VI durante o Concílio, que então percebeu estar sendo enganado e chorou amargamente. Mais uma vez, isso não é conhecimento esotérico e nem segredo de estado conhecido apenas dos “católicos verdadeiros” (sic), isso é um dado jornalístico: o The Rhine Flows into the Tiber é um livro de 1967!

Ninguém jamais negou ou desconheceu aquilo que o Kasper disse ao Osservatore: o que negamos, e visceralmente, é que isso justifique a sedição contra a Igreja de Cristo. É claro que os textos do Vaticano II se prestam a diversas interpretações, e é exatamente por isso que ninguém – nem os progressistas e nem os rad-trads – pode prescindir do Magistério vivo da Igreja para lhes precisar o sentido correto!

A assistência do Espírito Santo não garante o esplendor da mais perfeita e conveniente expressão latina lapidar. A única coisa que Ele garante é que a Igreja não vai ensinar heresias – o que, aplicado ao Vaticano II, significa simplesmente que todo e qualquer texto do Concílio é passível de interpretação ortodoxa. Somente isso. Não significa que não há interpretações heréticas, não significa que a ortodoxia está sempre expressa da melhor maneira possível e não significa nem mesmo que, dado um excerto, a interpretação ortodoxa é a mais imediata. A única garantia que temos é a de que ela existe. C’est fini.

Ontem o Papa Francisco falou sobre o Vaticano II. Muitos acharam que ele fez uma crítica aos rad-trads, interpretação que é bastante aceitável. Mas eu penso que a verdadeira crítica é mais profunda, é ao modernismo estéril que, há mais de um século, vem envenenando a Igreja de Deus. As palavras do Santo Padre foram as seguintes:

Mas depois de 50 anos, fizemos tudo o que o Espírito Santo nos disse no Concílio? Não. Comemoramos este aniversário, erguemos um monumento, mas desde que não incomode. Nós não queremos mudar, e o pior: alguns querem voltar atrás. Isto é ser teimoso, significa querer domesticar o Espírito Santo; ser tolo, de coração lento”.

Ora, qualquer pessoa há de convir que os últimos cinqüenta anos foram o palco das maiores aberrações doutrinárias, litúrgicas, morais e pastorais que já envergonharam a Igreja de Cristo ao longo dos seus dois mil anos de história! Se o Papa, tendo isso diante dos olhos, diz que nós não fizemos “tudo o que o Espírito Santo nos disse no Concílio”, então só pode ser porque o Concílio não disse nenhuma dessas barbaridades que muitos passaram as últimas décadas realizando. Fosse diferente, o Papa teria afirmado com alegria que na maior parte dos lugares se fez, sim, a vontade do Espírito Santo de Deus. Mas ele não o fez. A declaração dele é sombria, mais até do que qualquer outra de Ratzinger sobre o assunto da qual eu me recorde agora; este pelo menos costumava destacar os bons frutos que haviam sido postos em prática, quando o Papa Francisco nem isso faz.

E, na verdade, “voltar atrás” sempre foi exatamente a maior característica dos taumaturgos que, desde a década de 60, assombram os pobres católicos com o famigerado “espírito do Concílio”. Ora, a “chance” histórica do modernismo foi justamente entre o final do século XIX e o início do XX: a janela de oportunidade dessa heresia era quando ela ainda não fora condenada pela Igreja. São Pio X, graças a Deus, fulminou-a na Pascendi (sabiam que esta encíclica está traduzida para o português no site do Vaticano? Nunca pararam para pensar que deve haver alguma razão para isso?) – e, de lá para cá, os modernistas são todos velhos que perderam o bonde da história e estão empenhados na utopia de fazer o relógio voltar para trás, transportando-os de volta ao tempo em que era pelo menos canonicamente lícito pregar as falsas doutrinas que a Igreja condenou sob Giuseppe Sarto. Em matéria eclesiástica, voltar atrás é desprezar as definições da Igreja, é insistir em discutir questões que já foram encerradas, é aferrar-se ao erro e se recusar a ouvir o Espírito Santo Paráclito, o Spiritus Veritatis que convence o homem do que é justo e verdadeiro.

Concluamos. Quem acompanha as palavras do Papa Francisco percebe que ele não é muito de falar sobre o Vaticano II. A curiosidade, creio, não permite maiores extrapolações. A meu ver, isso significa simplesmente que o Papa não o idolatra e nem o despreza, não sente necessidade nem de tudo justificar à luz dele e nem de evitá-lo como a uma moléstia contagiosa. O Santo Padre, afinal, sabe que a mensagem da Igreja é a mensagem do Evangelho, e é a esta verdade tão antiga e tão nova que – aí sim! – devem se referir todos os textos magisteriais, de S. Pio X ou de Paulo VI, do Vaticano II ou do Concílio de Florença. Independente de em que ânimo tenham sido escritos. Independente das traições que porventura tenha sofrido a Esposa de Cristo, uma certeza nós temos conosco para sempre: contra Ela não prevalecerão as portas do Inferno. E a força dessas palavras é maior do que todo o poder de Satanás; conhecendo-as, nós não temos o direito de tratar com suspeita a Igreja Santa de Deus.

Documento sobre Reforma Agrária não virá da Assembléia Geral da CNBB

Após a tristeza e a decepção provocadas nos fiéis católicos pelo “Credo da Juventude” da CNBB, parece que os Céus ouviram as nossas queixas e, da mídia secular, vem-nos uma notícia alvissareira sobre o episcopado brasileiro.

O Estado de São Paulo nos informa que a Assembléia Geral da CNBB vetou ontem (15 de abril) um texto sobre Reforma Agrária. A razão? Os bispos vetaram o texto «por considerá-lo parcial e de inspiração socialista» (!). Para quem já viu a Conferência dos Bispos vergonhosamente apoiando vandalismos do MST, a notícia soa inacreditável. Que a Santíssima Virgem Maria, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, possa sustentar os bispos brasileiros neste santo propósito demonstrado em Seu santuário.

Em tempo, a nota publicada no site da CNBB é muito menos comprometedora. Mas, de qualquer modo, ao menos confirma que o documento graças a Deus não vai sair.

Agradecemos a Deus pelo pequeno regalo, e suplicamo-Lhe que isso não seja apenas um fato isolado mas que, ao contrário, seja sinal de novos rumos – mais católicos, graças a Deus! – que os excelentíssimos bispos do Brasil querem dar à CNBB.

Ad multos annos, Bento XVI!

Hoje o Papa Bento XVI completa 86 anos de vida. A ele queremos oferecer as nossas orações por uma vida longa e feliz, em tudo sustentada pela misericórdia do Deus Altíssimo; que, como o velho Simeão, o Senhor lhe conceda a graça de não partir antes de ver com os seus olhos – nesses tempos quase messiânicos que nós vivemos… – a salvação da Igreja a cujo serviço ele consumiu a vida inteira.

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Nos últimos dias, surgiram preocupantes notícias a respeito da rápida deterioração da sua saúde, [p.s.: posteriormente desmentidas pela Santa Sé] cuja veracidade não sabemos dizer ao certo mas que, de qualquer modo, instiga-nos a rezar pelo Bispo Emérito de Roma que carrega, quando menos, a fragilidade do corpo própria de quem já passou por oito décadas de vida. Que a Santíssima Virgem Maria, Salus Infirmorum, possa olhar com particular benevolência por aquele que por oito anos foi vigário do Seu Divino Filho; que ele possa gozar de perpétua saúde da alma e do corpo e que, livre da tristeza presente, possa um dia alcançar a eterna alegria.

E não podemos deixar de repetir o nosso muito obrigado! ao Papa da nossa juventude. Que o Senhor o recompense em abundância por tudo o que ele fez por nós.

É, senhores bispos, está difícil segurar o rojão…

Não basta o avanço do ateísmo; não é suficiente o laicismo proselitista que sufoca o Brasil. Não basta a militância pró-aborto, não chega o gayzismo desenfreado, não é o bastante a erotização da sociedade. Não chega o avanço das seitas, não bastam os protestantes vomitando impropérios contra a Igreja, não é suficiente o espiritismo esvaziando a mensagem cristã de sua essência. Não é o bastante a destruição da Família, a desmoralização da Igreja, o apodrecimento da civilização, a troca de valores morais multisseculares pelas depravações da moda. Não chega nem mesmo a luta quotidiana que cada um de nós precisa travar pela própria santificação; parece que nós estamos profundamente relaxados, porque a CNBB – ah, a CNBB! – resolveu mais uma vez dar uma força aos inimigos de Cristo e munir-lhes de razões para zombar dos católicos.

O tal “Credo da Juventude” que o Fratres publicou é um deboche, e as reações a ele (p.ex. aqui e aqui) eram extremamente previsíveis e quase dá vontade de dizer que é bem empregado. Depois a CNBB vem questionar a evasão de católicos; ora, o que se pode esperar desse catolicismo de débeis mentais divulgado nos textos da Conferência?

Eu li o “Caminhando para a JMJ 2013”. Antes de continuar, um pequeno parêntese: apóio com muito entusiasmo a Jornada Mundial da Juventude sim, mas não as patacoadas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O que eu defendo aqui no Deus lo Vult! é a seriedade da JMJ, e não da CNBB. As idiotices que a Conferência faz, portanto, nada têm a ver com a essência da Jornada: ao contrário, são somente (mais!) tentativas de expôr o Catolicismo ao ridículo e à irrelevância – ou seja, é o contrário mesmo do que objetiva a JMJ.

Voltemos. Eu li aquele “Subsídio para Adultos” da CNBB. O pior é que o livreto tem os seus méritos. A seção de “Perguntas e Respostas”, p.ex., nas páginas 15-25, é bastante útil e está bem feita. O esquema proposto para os encontros, com o seu “Texto Bíblico”, “Meditação”, “Orientações para preces” e “Contemplação”, segue as linhas mestras da Lectio Divina: lectio, meditatio, oratio e contemplatio. Portanto, há atividade intelectual católica por trás do material, os responsáveis por ele eram capazes de fazer um trabalho bem feito. O que só torna os erros mais graves.

A obra de arte em questão está lá na página 31, como “Oração Final” proposta para um dos encontros. Não bastasse a irritante e estúpida insistência no emprego dos dois gêneros – é um “o jovem e a jovem” pra lá, “todo jovem e toda jovem” pra cá – e não fosse suficiente o nonsense teológico que é confundir admiração com profissão de Fé e apresentar características louváveis da juventude como objeto de um “Credo”, o texto é patético nas palavras que escolhe, nas imagens que evoca, nas situações que apresenta! Francamente, a “rapaziada (…) que segura o rojão”, os jovens que “sabem dizer sim e também dizer não”, a crença em que “todos e todas seremos irmãos e irmãs” (argh!), o “Deus Pai e Mãe, Libertador”… gente, o que é isso, é uma redação de aluno de segunda série? O que pretendem os senhores bispos com a apresentação desse cristianismo retardado, alguém pode me explicar?

Isso é uma palhaçada. Propôr uma babaquice dessa magnitude para adultos rezarem (!) é escarnecer da Fé Católica, é debochar do Cristianismo, é zombar da Igreja de Cristo e voltar a crucificar Nosso Senhor. A Fé é coisa séria e portanto a sua transmissão só pode ser feita com seriedade, é evidente, e não por meio desses textos ridículos que tratam os seus leitores como debilóides.

Parece-me óbvio que o mais provável é que tenha vergonha de ser católico uma pessoa normal que seja apresenta a uma “oração” desse nível. E como a CNBB espera convencer alguém a ser católico expondo-o ao ridículo e à zombaria? Como ela espera que a Fé seja levada a sério se a apresenta de modo tão imbecil? Como espera tornar a Igreja relevante no mundo moderno oferecendo razões para debocharem d’Ela?

Como se não bastasse tudo o que nós temos que fazer, ainda precisamos ser ridicularizados assim por aqueles que deviam defender e guardar a Fé! É, senhores bispos, muito obrigado pelo favor! Vou lhes dizer: está difícil segurar esse rojão. Que Deus nos ajude! Porque no que depender desses textos nós estamos muito mal na fita.

P.S.: A inspiração do texto:

Sim, defender a vida vale a pena

Comento, apenas brevemente, um parágrafo de um texto de D. Odilo Scherer publicado este fim de semana no Estadão, que merece uma leitura na íntegra. O parágrafo é o seguinte:

Não é por demais inglório manifestar-se sobre essa questão antipática, recebendo o carimbo de “conservador” e “mente fechada”? Dia mais, dia menos, o aborto será aprovado; existem pressões muito fortes sobre os legisladores e diversos interesses estão em jogo. Vale mesmo a pena? Eis o problema. A questão delicada da dignidade humana e do direito à vida é demasiado séria para ficar refém da pressão ideológica.

Eu penso já ter dito aqui que o valor das causas não está simplesmente na sua possibilidade de sucesso, mas que lhes é intrínseco. A verdade não deixa de ser verdade ainda que todo mundo dê crédito a mentira, e uma causa justa não deixa de ser justa (muito pelo contrário, aliás) se todo mundo estiver comprometido com a injustiça. Há muito de verdade no famoso bordão atribuído a Santo Atanásio: «se o mundo estiver contra a Verdade, Atanásio estará contra o mundo».

Isto não significa fechar por completo as possibilidades de diálogo (palavra tão mal entendida nos dias de hoje!); significa apenas ser capaz de manter uma sadia intransigência em certos princípios inegociáveis. Conversar com as pessoas que não pensam como nós é não somente possível como necessário: é somente dessa maneira que será possível a estas pessoas mudarem de idéia, afinal de contas. Não sei por que cargas d’água a palavra “diálogo” parece evocar na mente de alguns uma igualdade absoluta entre os interlocutores. Ora, isto absolutamente não é verdade e, se é necessário estabelecer um terreno comum entre os dialogantes como condição mesma para a existência do diálogo, isso de modo algum significa colocar em pé de igualdade as posições defendidas pelos dois lados antagônicos no debate de idéias. Santo Tomás já dizia que usava a razão contra os pagãos, o Antigo Testamento contra os judeus e as Escrituras inteiras contra os hereges; não penso que isso se distancie muito daqueles «círculos concêntricos, em que a mão de Deus nos colocou» sobre o qual Paulo VI fala na sua Encíclica sobre o Diálogo (Ecclesiam Suam, nn. 54ss).

Em uma palavra, por fim: o (justo) desejo de não ser antipático não pode levar à entrega de territórios cuja defesa não nos é lícito abandonar. Precisamos nos fazer ouvir, é certo; mas se os nossos interlocutores só nos concederem o beneplácito de sua atenção em troca de abandonarmos as nossas mais profundas convicções doutrinárias e morais, então não poderemos aceitar as suas condições porque, se o fizermos, nada mais teremos a lhes dizer. É essa a pertinente resposta que D. Scherer dá no seu artigo: há questões que são «demasiado séria[s] para ficar[em] refém da pressão ideológica». Se não nos querem ouvir, precisamos continuar falando; se a derrota é inevitável, então somos obrigados a morrer defendendo aquilo que sabemos ser certo.

Sim, lutar contra o inevitável pode parecer inglório, mas é somente aparência. A verdadeira glória está em defender o que é certo, independente das pressões que porventura soframos no caminho. Sim, defender a vida vale a pena. Por mais que o horizonte se nos descortine fechado e por mais que não pareça haver luz no fim do túnel, não temos o direito de duvidar jamais disso.

Papa Francisco contra o livre-exame protestante das Escrituras Sagradas

“Porque tudo o que se refere à interpretação da Sagrada Escritura está submetido, em última instância, à Igreja, que tem o mandato e o ministério divino de conservar e de interpretar a palavra de Deus. […] A interpretação das Sagradas Escrituras não pode ser somente um trabalho científico individual, mas sempre deve ser confrontada, inserida e autenticada com a tradição viva da Igreja. Esta norma é decisiva para precisar a relação correta e recíproca entre a exegese e o Magistério da Igreja. Os textos inspirados por Deus foram confiados à Comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a fé e guiar a vida da caridade” – Papa Francisco, obviamente repetindo a Doutrina Católica tradicional sobre o assunto, in “Papa Francesco alla Pontificia Commissione Biblica, 12 aprile 2013”, apud Fratres in Unum.

“Esta declaração, na linha de Bento XVI, não deve agradar os protestantes ou católicos contestatórios, como o suíço Hans Küng, que reivindicam o direito de interpretar livremente as escrituras” – cômica análise da mídia laica sobre as palavras do Papa, in G1.

“…” – comentários dos arautos da “hermenêutica da ruptura pontifical” entre Bento XVI e o Papa Francisco sobre o assunto.

Rápidas sobre o “casamento” gay no Brasil e no mundo

Enquanto por aqui a Veja tenta transformar o “casamento” gay em «uma questão inadiável no Brasil» (sic!), na França o Senado «aprova lei do casamento homossexual» a despeito de todos os protestos dos cidadãos franceses que enchem as ruas de Paris às centenas de milhares contra esta infâmia.

As esdrúxulas tentativas da mídia tupiniquim de forjar apoio popular para o tema chegam ao cúmulo de G1 ter simultaneamente duas enquetes sobre o mesmo assunto: uma encerrada ontem e, outra, no dia 08/04. Duvida-se, no entanto, que a opinião popular mereça qualquer respeito da parte dos nossos delirantes governantes.

Também enquanto isso, Lech Wałęsa, Nobel da Paz, «diz que minoria gay “persegue e castiga” heterossexuais». Acto contínuo, confirmando involuntariamente e em menor escala tudo o que Wałęsa falou, políticos gays protestam na Polônia contra as declarações do ex-presidente. Para demonstrar a validade universal da denúncia, aqui no Brasil um casal de famosos cantores diz que a sua vida virou um inferno após a mulher ter se manifestado contra o “casamento” gay.

E assim segue a vaca para o brejo. De nossa parte, cabe lutar contra esta vergonhosa exaltação do vício contra a natureza. Principalmente, nestes tempos em que bordões parecem valer tanto, importa deixar bem claro: não nos representam. Estão agindo contra o Brasil e contra os brasileiros.

Nota de repúdio à posição abortista do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco

[Publico nota de repúdio do “Comitê Pernambucano da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto” à decisão do CREMEPE (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco) de continuar apoiando o lobby pró-aborto do CFM. Aproveito também o ensejo para chamar a atenção para esta nota da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família/CNBB, que dirigiu ao Conselho Federal de Medicina palavras duras como estas: «[s]ua decisão (…) deixa uma mensagem inequívoca: quando alguém atrapalha, pode ser eliminado».

A decisão dos médicos de Pernambuco de apoiar o aborto, este retrocesso legislativo (porque, em pleno século XXI, quaisquer medidas legais que se proponham a revogar direitos humanos a duras penas conquistados é um retrocesso), é lastimável. Mancha a imagem deste estado perante o Brasil e nos cobre de vergonha diante de nossos compatriotas. Fica aqui ao menos o nosso protesto e, ao menos como desagravo, o registro de que nem todos em Pernambuco são favoráveis a esta atitude vergonhosa que o CREMEPE adotou. Ao contrário do que o CREMEPE disse para o CFM, Pernambuco não apóia o assassinato de crianças inocentes.]

NOTA DE REPÚDIO
AO CREMEPE

O Comitê Pernambucano da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto vem a público repudiar o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE), por sua intransigência em permanecer apoiando a Circular 46/2013 do Conselho Federal de Medicina (CFM) que propõe a descriminalização do aborto em diversas situações, inclusive, pela simples vontade da gestante, até a 12ª semana de gestação.

Após manifesto público em frente ao CREMEPE, organizado pelo Grupo Natureza Humana, tendo a participação de diversos Movimentos em Defesa da Vida de Pernambuco, incluindo o Brasil Sem Aborto Estadual, a Dra. Helena Maria Carneiro Leão, Presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE) se dispôs a receber, na tarde do dia 08 de abril, uma comissão representativa da Sociedade Civil Organizada, representados pelo Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida – Brasil Sem Aborto/PE e RJ, Grupo Natureza Humana/PE, Associação Jamais Abortar/PE, Casa das Gestantes/PE, Círculo Católico de Pernambuco, Comunidade Maanaim/PE, Obra dos Santos Anjos/PE, Comissão Estadual de Espiritismo/PE, Associação Médico-Espírita de Pernambuco, bem como representação da Grande Loja Maçônica de Pernambuco, através de seu Grande Secretário de Assuntos Filantrópicos.

Na ocasião a Presidente do CREMPE confirmou ser uma decisão da maioria dos Conselheiros de Pernambuco apoiar o documento pró-aborto do CFM, e que ela apenas levou para o Conselho Federal de Medicina o que aqui já haviam também decidido; representando desta forma a opinião e decisão dos Médicos de Pernambuco.

Nós do Comitê Pernambucano da Cidadania Pela Vida – Brasil Sem Aborto lamentamos o fato de que os médicos representados pelo CREMEPE tenham deixando de lado o fato de que a dignidade humana independe do período da gestação.

Ratificamos o posicionamento e o discurso da Executiva Nacional do Brasil Sem Aborto: “qualquer estudante do segundo ano de Medicina já aprende, em suas aulas de embriologia, que os doze pares de nervos cranianos se formam durante a quinta e a sexta semanas do desenvolvimento. Que na nona semana ocorre a inervação dos músculos, e a criança em formação salta dentro do útero, exercitando perninhas e bracinhos, organizando as conexões nervosas. Que na décima semana de gestação o embrião está praticamente todo formado e, a partir daí, haverá basicamente a maturação e crescimento dos órgãos e sistemas do bebê.”

A Presidente do CREMEPE justifica o seu apoio e de seus conselheiros a descriminalização do aborto com base em uma pretensa “autonomia da mulher”. Desconsiderando, assim, o direito à vida, primeiro de todos os direitos, cláusula pétrea da nossa Constituição.

Repudiamos o posicionamento dos Conselheiros do CREMEPE, porque como médicos eles deveriam ser os primeiros a reconhecerem, como diz a Dra. Lenise Garcia – Presidente do Nacional do Movimento Brasil Sem Aborto, que a solução do problema do aborto está na prevenção, na educação com o fim de se evitar  gravidez indesejada, no apoio à mulher que se encontra em situações difíceis, na vigilância pública de clínicas clandestinas e na devida punição dos responsáveis por elas.

Se o aborto é o problema, o aborto não pode ser a solução.

Iraponan Arruda
Coordenador-Executivo Estadual