Site pró-vida é processado por padre católico (!)

O site pró-vida americano LifeSiteNews.com está sendo processado em US$ 500.000 – isto mesmo, meio milhão de dólares – por difamação. E o querelante é, pasmem, um sacerdote católico! Leiam a matéria na íntegra em inglês no link acima.

O pe. Raymond Gravel é aquele que, segundo a matéria citada, afirmou em uma entrevista de rádio de 2004: “Eu sou pró-escolha e não há bispo no mundo que me impedirá de receber a Comunhão, nem mesmo o Papa”. Agora ele processa LSN por difamação afirmando, entre outras coisas, que não é pró-aborto. O cinismo desta gente, no entanto, não deveria surpreender ninguém; afinal, por qual motivo quem defende o assassinato de crianças deveria ser imune a outros vícios morais menos graves, como a cara-de-pau?

Acho que o reverendíssimo sacerdote deve receber direção espiritual da sra. Dilma Rousseff. É incrível como a exata mesma tática sórdida utilizada nas eleições brasileiras de outubro passado, por meio da qual a simples veiculação de declarações públicas é transformada em campanha de calúnias e boatos, está sendo aplicada contra este que é provavelmente o maior apostolado virtual pró-vida dos Estados Unidos.

Curtas: aborto, gayzismo

[As notícias não são tão novas, mas julgo importante registrá-las. É importante ficarmos atentos às contradições destes nossos dias. Hoje, eu não as vejo como alentos, como lufadas de ar fresco no meio da loucura moderna; vejo-as mais como cinismo, como tentativa hipócrita de se dizer algo e fazer o seu contrário. Vivemos tempos difíceis. Não podemos abaixar a guarda.]

Deputados são contra a descriminalização do aborto – 78 a favor, 267 contra:

Foto: G1

Segundo a notícia de G1, “[a] reportagem conseguiu contato com 446 dos 513 futuros deputados. Desses 446, 414 responderam ao questionário e 32 não quiseram responder. Outros 67, mesmo procurados por telefone ou por intermédio das assessorias durante semanas consecutivas, não deram resposta – positiva ou negativa – às solicitações”. E, infelizmente, “os deputados foram informados de que não teriam suas respostas individualizadas”. Onde está a transparência? Onde a prestação de contas? Eu quero saber o que cada deputado pensa sobre o assunto – é meu direito enquanto cidadão, não?

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– Enquanto isso, para escândalo do povo de Deus, um artigo da Ivone Gebara que defende o aborto continua disponível no site da Pastoral da Mulher Marginalizada de BH! O blog “Contra o Aborto” já escreveu um excelente texto sobre o assunto, cuja leitura é recomendada, e do qual destaco:

Mas, passada a chatice gebariana, é para se perguntar novamente: o que um texto destes, que nada mais é que uma defesa do tal “direito ao aborto”, faz em uma página de uma pastoral católica? O que um lixo destes tem a ver com o catolicismo?

Um texto cuja única função é relativizar a religião, enxovalhar a hierarquia e a tradição, e tudo com o único objetivo é alçar o aborto a um direito. O que este troço faz no blog da PMM-BH?

E esta palhaçada vai continuar assim até quando? Quem é que responde por este antro do inferno? Dúvidas e protestos, encaminhar à Arquidiocese de Belo Horizonte, nos seguintes contatos:

Formulário online para email:
http://www.arquidiocesebh.org.br/site/contato.php

Telefones

Geral:
(31) 3269-3100

Recepção Mitra:
(31) 3269-3131

Chancelaria:
(31) 3269-3194

Não é a primeira vez que isso acontece no tal blog. Não dá para deixar por isso mesmo a vida inteira.

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Marta Suplicy consegue as 27 assinaturas para tirar o PLC 122/2006 da gaveta. Sim, a Lei da Mordaça Gay. “Marta Suplicy já conseguiu o número mínimo necessário de assinaturas para desarquivar o projeto. Ela teria 30 dias, segundo o regimento da casa, mas conseguiu todas as assinaturas em apenas um dia. Na noite desta quinta-feira, 3, ela apresentou as assinaturas para a Mesa diretora e pediu seu desarquivamento”. Não sei dizer se já o foi.

Sim, a mesma Marta apoiada com entusiasmo pelo Gabriel Chalita. Algo de novo debaixo do sol? Será realmente possível que só o Chalita não tenha visto a que lamaçal este apoio dele o iria arrastar?

Roe v. Wade: 38 anos

Apenas para não deixar passar em branco, no último dia 22 de janeiro foi o aniversário de 38 anos do tristemente célebre Roe v. Wade. Houve, como há todos os anos, uma marcha pela vida nos Estados Unidos na data. Esta foto do protesto foi publicada por G1:

Foto: G1

Que Deus salve os Estados Unidos, e o sangue dos inocentes derramado ao longo de quase quatro décadas possa, enfim, mover o Altíssimo a fazer justiça.

Sobre a grande farsa que legalizou o aborto nos USA, não deixem de ler este texto.

Padre Lodi n’O Estado de São Paulo

Eu sempre acho interessante a maneira “isenta” como a mídia costuma apresentar as atitudes de pessoas ligadas à Igreja Católica. Uma matéria do Estadão publicada hoje leva por interessante título “Líder de movimento contra o aborto volta a atacar Dilma”. Logo abaixo da manchete: “Pró-Vida, movimento católico dos mais radicais do País, divulga nota na internet criticando governo da petista”.

A matéria refere-se a este texto do pe. Lodi (para quem ainda não leu, eu recomendo) que foi publicado anteontem. Enquanto o texto do conhecido sacerdote é – mais uma vez – excelente, a matéria d’O Estado de São Paulo é sofrível. Vejamos:

O padre Luiz Carlos Lódi, presidente do movimento denominado Pró-Vida, divulgou nota pela internet atacando o governo da presidente Dilma Rousseff.

O nome do movimento não é “Pró-Vida”, e sim “Pró-Vida de Anápolis”. Sinceramente, chamar o movimento só pelo gênero é uma coisa tão idiota quanto se referir ao Banco do Brasil por “Banco” e pretender, com isso, que as pessoas entendam do que se está falando.

O Pró-Vida, sediado em Anápolis, interior de Goiás, é um dos movimentos católicos mais radicais do País contra a descriminalização do aborto

Radical? Por que “radical”? O pró-vida de Anápolis, como todo mundo que acompanha a causa pró-vida no país sabe, só faz repetir integralmente a doutrina moral da Igreja Católica sobre o tema. Ao contrário de outros grupos auto-intitulados católicos, a única “radicalidade” do pe. Lodi é a de não admitir condescendência nenhuma na defesa da vida humana nascente. Este “crime”, no entanto, não é do Pró-Vida de Anápolis. É da Igreja Católica.

Outrossim, o movimento não é “contra a descriminalização do aborto” simpliciter. É contra todos os atentados à família e à vida, o que inclui o aborto, mas também o gayzismo, o divórcio, a pornografia, et cetera.

D. Manoel morreu na semana passada. Seu sucessor, o padre Lódi (sic!), continua em campanha.

Sim, Dom Manoel Pestana faleceu no último sábado; mas não, o pe. Lodi não é o seu “sucessor”. O padre Lodi é um sacerdote, e Dom Manoel Pestana era bispo emérito de Anápolis, e o sucessor dele é Dom João Wilk. O termo “sucessor” tem um significado muito específico dentro da Igreja Católica para que seja razoável esta sua utilização indiscriminada pelos jornais.

Na opinião do padre, essas declarações fariam parte de uma escalada contra a vida, que estaria em curso no País.

“Na opinião do padre” não, cara-pálida! Ou as declarações foram feitas e significam o que elas dizem, ou então elas não foram feitas e aí o padre está inventando. Se elas significam o que de fato significam, então não tem nenhuma “opinião do padre” aqui, e sim o relato objetivo de fatos.

Caso o jornal “não acredite” que o Governo milita contra a vida humana (esforçando-se para aprovar o aborto, a “desconstrução da heteronormatividade” y otras cositas más), então que mostre isso. O padre mostrou que estas são bandeiras levantadas pelo Governo. Como o Estadão tem a cara de pau de chamar isso de “opinião do padre”?

Embora o foco do movimento Pró-Vida seja a luta contra a descriminalização do aborto, a maior parte dos itens abordados no documento distribuído agora refere-se à questão dos homossexuais

Porque, como já foi explicado, o Pró-Vida de Anápolis é (como o próprio nome diz, aliás) uma instituição a favor da vida, e não simplesmente contra o aborto.

Enfim, é esta a mídia que nós temos. Mas acho interessante que tenham se interessado em divulgar o texto do padre Lodi, ainda que de maneira tão cretina. Ao menos, as palavras do padre alcançarão mais pessoas. E, quem sabe, torne-se um pouco menos difícil opôr resistência a esta marcha do Brasil rumo à barbárie que contemplamos atônitos.

O aborto e o governador do Rio de Janeiro

Estou meio otimista, disposto a enxergar o lado positivo dos acontecimentos atuais – por deprimentes que sejam. Refiro-me, especificamente, às cretinas declarações do sr. governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sobre o aborto. Conclamando pelo fim da hipocrisia, o excelentíssimo governador defendeu a legalização do aborto com a seguinte pérola de argumento: “quem não teve uma namoradinha que teve que abortar”?

À primeira vista, o que a frase faz é chocar. Como é que um governador tem capacidade de ser tão – nas palavras do Reinaldo Azevedo – ligeiro, leviano, irresponsável, deseducado, deseducador e, acima de tudo, machista? É este tipo gente chula que queremos para governar o nosso país? Queremos manter nos nossos cargos públicos este tipo calhorda de governantes que, de modo tão baixo e vulgar, usam a sua influência política para fazer apologia ao crime?

A tese, exposta assim sem pudores, é tão escandalosa que nós nem nos preocupamos em entrar no mérito dos argumentos – que, aliás, não existe. É naturalmente muito grande o número de pessoas que nunca teve uma “namoradinha” que “teve” que abortar. No entanto, ainda que não o fosse, a ocorrência freqüente de uma conduta criminosa (em qualquer lugar do mundo e sob qualquer lógica) é motivo para se aumentar a fiscalização, e não para “liberar geral”. O pessoal do Twitter, na semana passada, logo após as declarações do governador do Rio, não perdoou: “quem nunca teve que receber uma propininha para votar em um projetinho de lei?”; “quem nunca precisou colocar amiguinhos incompetentes em cargos de confiança?”; “quem nunca teve que superfaturar um orçamentozinho?”; e outras coisas do tipo. A vantagem das declarações do Sérgio Cabral – e isto é o meu lado otimista sobre o qual eu falava acima – é que ele não tem vergonha de dizer o que diz. Ele não se preocupa em ser calhorda e vulgar. É deprimente, mas pelo menos revela quem esta gente é.

E o Instituto Plínio Corrêa de Oliveira está propondo uma ação contra estas declarações do governador do Rio de Janeiro – vejam lá como fazer. Não deixemos de pôr as claras o caráter de gente do naipe do Sérgio Cabral. O Brasil não precisa desta infâmia.

Notícias do fim do mundo

Eis o século XXI:

1. Espanha concede pensão vitalícia a uma criança, por nascimento “indevido” (!). O garoto, que nasceu com síndrome de Down, “teria sido abortado se os pais tivessem conhecido a sua deficiência a tempo de interromper legalmente a respectiva gravidez”.

2. Casal deixa internautas decidirem (!) se mulher deve abortar. “Alisha e Pete, também de 30 anos, lançaram a pesquisa em um site porque dizem não se sentir seguros se devem ou não ser pais”.

Eu, sinceramente, nem sei o que comentar. Quando a vida humana é banalizada a este ponto – e tudo isso feito às claras, publicado em jornais como se estivéssemos falando das coisas mais naturais do mundo -, o futuro que nos espera é sombrio. Alguém comentou que o primeiro casal deveria perder a guarda da criança. Digo que o mesmo vale para o segundo. Que espécie de cidadãos estas “famílias” podem legar ao mundo?

Às vezes, eu penso se Sodoma não foi destruída por muito menos. E, contemplando desolado as abominações das quais o nosso mundo é capaz, penso em que castigo terrível não nos aguarda. Deus tenha misericórdia de nós. Que a Virgem Santíssima possa sustentar a Sua ira.

Cresce a confiança na Igreja

Deu no Estadão: Igreja dá salto no ranking da confiança. O subtítulo da matéria diz ainda que, “para pesquisadora, polêmica do aborto na campanha eleitoral impulsionou índice”:

Para Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJ Brasil, a controvérsia sobre o aborto travada entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais pesou decisivamente para o aumento do índice de confiança na Igreja.

O gráfico abaixo foi publicado no site da CNBB, e mostra a evolução no “Índice de Confiança na Justiça” (ICJ) do segundo trimestre de 2010 para cá. Segundo o mesmo site, “[a]ntes a Igreja ocupava a 7ª posição, com 34%. Houve, portanto, um aumento de 60% no terceiro trimestre deste ano em comparação com os três meses anteriores”.

O “Voto Católico” também noticiou, e apresentou um gráfico equivalente retirado da Folha de São Paulo. Este site trouxe também a nota oficial de apresentação dos resultados emitida pela Fundação Getúlio Vargas, responsável pela pesquisa. Desta, cito:

A Igreja – que também marcou a disputa à presidência da republica no segundo turno das eleições – passou do 7º lugar no ranking de confiança nas instituições para a 2ª posição. Nesse trimestre 54% dos entrevistados disseram que a Igreja é uma instituição confiável em comparação com o segundo trimestre de 2010, quando 34% dos entrevistados deram essa resposta.

Vale a pena ver também o relatório ICJ Brasil 3º semestre/2010; o objetivo principal da pesquisa era “retratar sistematicamente a confiança da população no Poder Judiciário”. Interessante que, na pesquisa, o Judiciário só se mostrou mais confiável do que o Congresso e os Partidos Políticos; e isto é sintomático. Enquanto isso, as duas instituições mais confiáveis são as Forças Armadas e a Igreja Católica.

O Wagner Moura também comemorou: “o salto da Igreja no ranking se deve à luta contra o aborto travada por Dom Luiz Bergonzini, bispo de Guarulhos. Não há a menor dúvida que esse bispo é um marco na história do movimento pró-vida, no Brasil. Embora uma minoria barulhenta e pouco católica se atreva a desqualificá-lo e minimizar suas ações à mera política partidária, sabemos que ser fiel ao Cristo e seu Evangelho da Vida nada tem a ver com política partidária”.

Esta é a maior prova de que, quando os bispos fazem o que deve fazer e anunciam com destemor o Evangelho de Jesus Cristo, o povo reconhece na voz da Igreja a voz de Cristo, o Bom Pastor, e a Ela se achega com confiança. Uma lição que a CNBB deveria aprender. Porque, a despeito dos esforços da Conferência em calar a voz profética de D. Luiz Bergonzini e dos bispos da Regional Sul 1, a sua voz levantou-se com firmeza; e o povo sentiu o seu ânimo renovado. O Brasil precisa de mais bispos como o de Guarulhos. Que Deus digne-Se conceder-nos santos pastores.

O valor da vida humana: em Fortaleza, polícia invade clínica de aborto

Na Inglaterra, a Baronesa Mary Warnock disse que, diferente do ouro e da platina, a vida humana não tem valor em si. Esta senhora faz parte da Câmara dos Lordes, câmara alta do Parlamento do Reino Unido.

A frase é de uma profunda estupidez. O ouro e a platina é que não têm valor “em si”. Ao contrário, só são valiosos porque há seres humanos que os consideram valiosos. E, como ex nihilo, nihil, se a vida humana não tivesse valor, nada mais o teria. No entanto, o ouro e a platina são valiosos, não há quem o negue. E, se o são, muito mais valiosos são os seres humanos que conferem valor à matéria inanimada.

Nada surpreendentemente, esta besteira dita pela sra. Warnock não é invenção dela. O Peter Singer diz a exata mesma coisa, apenas mudando as palavras. Como é possível que pessoas de relativa inteligência e importância pública divulguem, aos quatro cantos, opiniões desta natureza e ninguém pareça se importar?

É exatamente pelo fato da vida humana ter valor em si que ela deve ser protegida. E, se nós negamos valor intrínseco à vida humana, abrimos espaço para quaisquer arbitrariedades. Aborto e eutanásia, extermínio de judeus, escravidão de negros – qualquer coisa. Afinal, se tudo for arbitrário e tudo for questão de conveniência, o mundo passa a ser regido pela lei do mais forte. Os judeus, na Alemanha Nazista, não tinham utilidade social suficiente para fazer valer, junto à sociedade alemã, as suas reivindicações de não serem deportados para campos de concentração e, lá, assassinados. Mutatis mutandis, as crianças abortadas também não têm projeção social o bastante para pleitearem, junto às autoridades públicas, o seu não-abortamento. Se a vida humana não tiver privilégios a ela inerentes, e se tudo for questão de convenções sociais… vale tudo. O limite é a maldade de quem estiver no poder, e a História já deu mostras o bastante de que o ser humano sempre é capaz de se superar em matéria de atrocidades e injustiças.

Enquanto isso, aqui em Fortaleza, uma clínica de abortos foi estourada. Na operação “Exterminador do Futuro”, “[f]oram cumpridos 6 mandados de prisão preventiva e 3 de busca e apreensão”. Entre os presos, o sr. Dionísio Broxado Lapa Filho, médico e ex-prefeito de Maracanaú. Gente graúda, que estava há muitos anos pondo em prática as idéias criminosas de Singers e Warnocks. O caso é emblemático: mostra-se como uma resposta concreta à “cultura da morte” que permeia o nosso triste século XXI. Mostra que ainda há esperanças. Parabéns às autoridades envolvidas nesta operação.

E que Nossa Senhora Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto.

La Iglesia Amordazada

Créditos ao Wagner Moura: cliquem na figura abaixo para terem acesso ao documento “La Iglesia Amordazada”. São 240 páginas de extensa e detalhada documentação, referente à tentativa de se silenciar os bispos brasileiros sobre o tema “aborto” durante as eleições presidenciais de 2010. Está tudo registrado!

Os autores do dossiê são de Belo Horizonte, MG. Estado que elegeu a sra. Rousseff presidente da República, mas que – com este excelente trabalho – mostra que deseja ser lembrado também por suas nobres atuações neste ano de 2010. A eles, nossos parabéns e nosso muito obrigado. E pedimos ampla e irrestrita divulgação.

Comentários políticos – de fora da cidade

Escrevo nas mesmas condições de ontem; mas não queria deixar de fazer algumas considerações que, aqui em retiro, e após apagarem-se as chamas da euforia (e da decepção) provocadas pelo resultado das eleições de domingo, vieram-me à mente.

Na verdade, nós vencemos. Porque vencemos as batalhas mais importantes, e aquela que perdemos foi precisamente a que tem menor relevância, porque era a única que não constitui novidade alguma no cenário político oficial.

É muito fácil explicar a vitória da sra. Rousseff nas urnas. Entre tantos outros motivos, podem-se destacar os seguintes:

1. A gigantesca (e ilegal, mas esse “detalhe” não interessa à petralhada) mobilização da máquina do Estado em favor da candidata petista, inclusive com o senhor presidente do Brasil abandonando as suas atribuições de Chefe de Estado para virar – palavras dele – “um cabo eleitoral da Dilma”, dizendo até mesmo que os que votassem na sra. Rousseff estariam votando também “um pouquinho” nele.

2. A grande farsa dos institutos de pesquisa, que passaram os últimos meses anunciando a vitória da Dilma em um país onde a população vota maciçamente como se estivesse apostando em uma corrida de cavalos e, caso vote – “aposte” – no candidato que perder a eleição, estará “perdendo o voto”.

3. A completa ausência de uma oposição que não seja composta em sua maior parte (ou, pelo menos, em sua parte reponsável pela tomada de decisões a nível estratégico) por companheiros dos criminosos que ora se encontram no poder e que, desde antes da campanha eleitoral ter início até, literalmente, a véspera do pleito, empenhou-se em assegurar a vitória da candidata do Governo.

4. O conservadorismo do povo brasileiro que, na análise do Carlos Ramalhete em lista de email, está paradoxalmente sendo empregado em favor da Revolução, uma vez que oferece natural resistência a mudanças políticas e, assim, favorece a perpetuação no poder da quadrilha que, hoje, lá já se encontra.

A vitória da sra. Rousseff, assim, apresenta-se como nenhuma novidade, nada de novo sob o sol. As novidades introduzidas foram exatamente aquelas sobre as quais já falei aqui e que, estas sim, ganhamos todas. Tiramos as questões morais do “submundo da política” para trazê-las às manchetes dos jornais. Comprovamos o enorme poder das novas mídias de comunicação. Revelamos o racha na Igreja no Brasil, forçando os lobos em pele de cordeiro (ou de pastor) a uivarem em público, arrancando-lhes assim as máscaras. Obtivemos apoio pontifical à luta que travávamos no Brasil há anos. Estas foram as nossas vitórias, estes são os nossos troféus dos quais devemos nos orgulhar, são os nossos trunfos que, doravante, poderemos e devemos utilizar.

Houve quem falasse em fazer as pazes, em depôr as armas agora que as eleições terminaram. Às vezes, eu fico impressionado com a capacidade dos meus leitores não entenderem nada. Nunca se tratou de uma querela político-partidária, o problema nunca esteve circunscrito às eleições. Trata-se da usurpação do governo brasileiro por uma cambada de criminosos que têm a intenção manifesta de transformar o Brasil (aliás, a América Latina como um todo) em uma versão aggiornata da antiga União Soviética, em um projeto que inclusive está já em estágio avançado de realização. Não começou com a eleição da sra. Rousseff e não estaria derrotado caso o sr. Serra tivesse saído vitorioso.

O combate sempre esteve além, muito além, das questiúnculas partidárias. E, portanto, é lógico que não terminou domingo passado. Há ainda muita coisa por ser feita, e é preciso fazê-las, aconteça o que acontecer.