Apelo a todos os brasileiros

[Publico conforme recebi por email e como se encontra no site da Diocese de Assis (SP). Todos os grifos, itálicos e sublinhados são do original.

Nada surpreendentemente, este texto não se encontra no site da CNBB. Ao que parece, nenhuma comissão da Conferência fala em nome da própria Conferência, mas há algumas comissões que falam mais do que outras…

P.S.: O artigo encontra-se também no site da Regional Sul 1 da CNBB.

Fonte: Diocese de Assis]

Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras

Nós, participantes do 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida (CDDVs), organizado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB e realizado em S. André no dia 03 de julho de 2010,

considerando que, em abril de 2005, no IIº Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (nº 45) o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto,

considerando que, em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher,

considerando que, em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Polítíca das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime,

considerando que, em setembro de 2006, no plano de governo do 2º mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto,

considerando que, em setembro de 2007, no seu IIIº Congreso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa,

considerando que, em setembro de 2009, o PT puniu os dois deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto,

considerando como, com todas estas decisões a favor do aborto, o PT e o atual governo tornaram-se ativos colaboradores do Imperialismo Demográfico que está sendo imposto em nível mundial por Fundações Internacionais, as quais, sob o falacioso pretexto da defesa dos direitos reprodutivos e sexuais da mulher, e usando o falso rótulo de “aborto – problema de saúde pública”, estão implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional,

considerando que, em fevereiro de 2010, o IVº Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto nª 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antisocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso País,

considerando que este mesmo Congresso aclamou a própria ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República,

considerando enfim que, em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto,

RECOMENDAMOS encarecidamente a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, em consonância com o art. 5º da Constituição Federal, que defende a inviolabilidade da vida humana e, conforme o Pacto de S. José da Costa Rica, desde a concepção, independentemente de sua convicções ideológicas ou religiosas, que, nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalizacão do aborto.

Convidamos, outrossim, a todos para lerem o documento “Votar Bem” aprovado pela 73ª Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, reunidos em Aparecida no dia 29 de junho de 2010 e verificarem as provas do que acima foi exposto no texto “A Contextualização da Defesa da Vida no Brasil” [http://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf], elaborado pelas Comissões em Defesa da Vida das Dioceses de Guarulhos e Taubaté, ligadas à Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, ambos disponíveis no site desse mesmo Regional.

COMISSÃO em DEFESA da VIDA
do REGIONAL SUL 1 da CNBB

CNBB desmente: Católicos não têm liberdade para “votar em qualquer candidato” coisa nenhuma

[Publico na íntegra. Parece que, com a CNBB, a coisa ainda funciona – graças a Deus – na base da pressão. A notícia saiu na última sexta-feira e, já hoje, veio a resposta.

Uma certa senhora – que se diz católica e, apesar dos meus reiterados protestos, insiste em me enviar por email todo o lixo com o qual costuma tornar a internet um lugar mais desagradável de se freqüentar – enviou-me um email correlato, que tinha por título “parabéns à CNBB” e no qual estava escrito (com a caixa-alta do original), da lavra da referida senhora: “A CNBB AO ABRIR AS PORTAS A TODOS OS CANDIDATOS, MOSTROU QUE NÓS CATÓLICOS, TEMOS LIBERDADE PARA VOTAR EM QUALQUER CANDIDATO. FOI UM TAPA DE PELICA NO TAL BISPO DE GUARULHOS, QUE PREGA O ÓDIO E A INTOLERANCIA”. Pois é, parece que, agora, o tapa na cara dos “católicos” abortistas foi não de pelica, mas com a mão cheia mesmo…

Fonte: CNBB]

Prezado Senhor Diretor de Redação,

Foi com desagradável surpresa que vi estampada minha fotografia no topo da página A7 da Edição de hoje, sexta-feira, 20 de agosto, com a nota de que eu teria admitido que os católicos votem em candidatos que são favoráveis ao aborto.

Gostaria de expressar, mais uma vez, a posição inegociável da CNBB, que é a mesma do Magistério da Igreja Católica, de defesa intransigente da dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. O aborto é um crime que clama aos céus, um crime de lesa humanidade. Isso, evidentemente, não significa que o peso da culpa deva recair sobre a gestante. Também ela é, na maioria das vezes, uma grande vítima dessa violência, e precisa de acompanhamento médico, psicológico e espiritual. Aliás, esses cuidados deveriam vir antes de uma decisão tão dramática.

Os católicos jamais poderão concordar com quaisquer programas de governo, acordos internacionais, leis ou decisões judiciais que venham a sacrificar a vida de um inocente, ainda que em nome de um suposto estado de direito. Aqui, vale plenamente o direito à objeção de consciência e, até, se for o caso, de desobediência civil.

O contexto que deu origem à manchete em questão é uma reflexão que eu fazia em torno da diferença entre eleições majoritárias e proporcionais. No caso da eleição de vereadores e deputados  (eleições proporcionais), o eleitor tem uma gama muito ampla para escolher. São centenas de candidatos, e seria impensável votar em alguém que defenda a matança de inocentes, ainda mais com dinheiro público. No caso de eleições majoritárias (prefeitos, senadores, governadores, presidente), a escolha recai sobre alguns poucos candidatos. Às vezes, sobretudo quando há segundo turno, a escolha se dá entre apenas dois candidatos. O que fazer se os dois são favoráveis ao aborto? Uma solução é anular o próprio voto. Quais as conseqüências disso? O voto nulo não beneficiaria justamente aquele que não se quer eleger? É uma escolha grave, que precisa ser bem estudada, e decidida com base numa visão mais ampla do programa proposto pelo candidato ou por seu Partido, considerando que a vida humana não se resume a seu estágio embrionário. Na luta em defesa da vida, o problema nunca é pontual. As agressões chegam de vários setores do executivo, do legislativo, do judiciário e, até, de acordos internacionais. E chegam em vários níveis: fome, violência, drogas, miséria… São as limitações da democracia representativa. Meu candidato sempre me representa? Definitivamente, não! Às vezes, o candidato é bom, mas seu Partido tem um programa que limita sua ação. Por isso, o exercício da cidadania não pode se restringir ao momento do voto. É preciso acompanhar, passo a passo, os candidatos que forem eleitos. A iniciativa da Ficha Limpa mostrou claramente que, mesmo num Congresso com tantas vozes contrárias, a força da união do povo muda o rumo das votações.

Que o Senhor da Vida inspire nossos eleitores, para que, da decisão das urnas nas próximas eleições, nasçam governos dignos do cargo que deverão assumir. E que o cerne de toda política pública seja a pessoa humana, sagrada, intocável, desde o momento em que passa a existir, no ventre de sua própria mãe.

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

Dilma Rousseff e o aborto no debate da Folha/UOL

Assisti, hoje pela manhã, a um pedaço do debate online, promovido pela Folha/UOL, entre três dos presidenciáveis: Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva. Ainda não está disponível na íntegra no site da Folha.

Não gosto deste tipo de “debate”. É óbvio que não dá para levá-lo a sério – e, ao final, acaba sendo muito mais uma exibição de argumentos ad populum e de retórica sentimental, do que um confronto verdadeiro e honesto entre idéias e propostas. É claro que, em dois minutos, ninguém consegue articular um raciocínio decente, corretamente embasado, sobre qualquer assunto minimamente sério. Não sei quem foi que disse certa vez que, em “igualdade de condições” (leia-se: com limites arbitrários igualitariamente aplicados), a mentira sempre ganha da verdade. Eu concordo totalmente. Uma pergunta mal-intencionada, que leve somente alguns poucos segundos para ser formulada, pode exigir muito esforço para ser respondida a contento. Não é enrolação. É, simplesmente, porque a verdade tem compromissos – a mentira, não, qualquer coisa que diga, de qualquer jeito, se servir aos seus propósitos, está muitíssimo “bem dita”. Dois minutos para cada uma delas simplesmente não é justo: a verdade, nestes casos, está em uma tremenda desvantagem.

Este debate, no entanto, teve uma coisa interessante: a participação dos internautas, com perguntas gravadas em vídeo. Lá para as tantas – quarto bloco, se a memória não me falha -, uma pergunta feita pela @jufragetti foi exibida. Era para a Dilma Rousseff, e sobre o aborto.

Em dois minutos, como eu disse acima, ninguém consegue articular uma resposta séria sobre absolutamente nada. Mas o tempo reduzido tem outro gravíssimo inconveniente: por dois minutos, qualquer pessoa consegue dar voltas e enrolar, para não ter que responder de modo direto a uma pergunta inconveniente. E foi exatamente o que fez a sra. Rousseff.

Começou dizendo que nenhuma mulher gosta de abortar – coisa que, embora discutível, absolutamente não vem ao caso. Não faz a menor diferença se as mulheres “gostam” de assassinar os próprios filhos ou se “não gostam”: o que interessa é saber, com clareza, se elas podem fazê-lo ou se não o podem! A pergunta, como qualquer pessoa que tenha dois neurônios é capaz de perceber, era esta e não outra.

Disse que, pessoalmente, era contrária ao aborto. De novo: não faz a menor diferença se ela, em assunto que considera “de foro íntimo”, é contrária ou é a favor: o que interessa é o que ela vai fazer enquanto presidente. Mais uma vez, isto estava mais do que evidente na pergunta que foi feita, pois o que estava sendo transmitido era um debate entre presidenciáveis, e não uma entrevista para a Tititi.

Então veio, finalmente, com a conversa mole de que o aborto é “questão de saúde pública”. Ora, como todo mundo que está acostumado com a novilíngua política sabe muito bem, isso significa que o aborto vai deixar de ser crime para passar a ser exigência de saúde. Como está no famigerado Plano Nacional de Direitos Humanos do Governo. Como, aliás, é compromisso histórico do PT, e só não vê quem não quer.

A sra. Rousseff enrolou, enrolou, enrolou, mas deixou escorrer a baba peçonhenta, o veneno por debaixo do doce das palavras: a candidata petista é abortista sim. Caso não fosse, poderia ter dito – como teve chance – de dizê-lo claramente. Portanto, e mais uma vez: como os católicos não podem apoiar uma candidata abortista, não podem conceder o seu apoio, de nenhuma maneira, à sra. Dilma Rousseff (ouviu, @ver_josenildo?). A cada dia que passa, isto fica mais e mais claro. É sinceramente lamentável ver as pessoas imolarem a própria consciência no altar da partidolatria.

Voto é coisa séria!

“Está na hora do Brasil ter uma mulher na presidência. Não tenho a menor dúvida de que DILMA é a pessoa certa para conduzir o nosso país”.

@ver_josenildo

A frase acima foi dita, no Twitter, pelo senhor Josenildo Sinesio, atualmente vereador da cidade do Recife e candidato a Deputado Federal. A Justiça manda dizer que, em muitas coisas, estou de acordo com a atuação política de Josenildo. Mas, em outras, não. E, infelizmente, estas outras são demasiadamente graves, a ponto de exigir um esclarecimento.

Certas coisas são francamente inadmissíveis. Recebi por email o “santinho” abaixo do candidato Josenildo:

Como se não fosse escândalo o bastante o sr. Josenildo – cujo eleitorado, como é amplamente conhecido aqui em Recife e, aliás, ele próprio dá a entender na escolha da sua campanha, é composto por católicos – candidatar-se pelo Partido dos Trabalhadores, é preciso, ainda, ver o candidato que pede “um voto de Fé” (com maiúsculas!) defender, publicamente, a abortista Dilma Rousseff para a presidência?! Defender quem defende o aborto? Defender quem vai lutar pela implantação do PNDH-3?

O que é isso? “Fé” no PT? Compromisso com o Partido? E as questões morais inegociáveis, Josenildo? O senhor as esqueceu quando entrou em campanha? O apoio partidário vale mais do que a ética e a moral?

O Claudemir interpelou-o no Twitter:

Pra liberar o ABORTO e pôr em prática o PNDH3?  Achei q vc era católico. RT @ver_josenildo:  …DILMA é a pessoa certa p conduzir o nosso país

E ele até agora não respondeu. E, aliás, nem acredito que vá responder.

Por conta disso, quero fazer coro à campanha do Josenildo Sinesio: para cristão, voto é coisa séria! E, exatamente por ser uma coisa séria, os cristãos não podem dá-lo a quem promove a sra. Rousseff para presidente.

“Se o aborto é o problema, o aborto não pode ser a solução”

Ainda sobre a reportagem do Fantástico de ontem, muito oportunas as reflexões da Lenise Garcia, presidente do Movimento Brasil Sem Aborto. Vale a pena ler na íntegra. Destaco:

O âmago do problema consiste no aborto em si, sendo falsa a dicotomia entre aborto clandestino “arriscado” e aborto legal “sadio”, pois nenhum aborto é saudável, nem ética, nem social, nem psicologicamente. Se o aborto é o problema, o aborto não pode ser a solução.

“É como num parto”

É como num parto. Tem parto que é rapidinho, tem parto que é mais demorado…

Passou no Fantástico ontem. São 19m43s de vídeo (aqui), que reproduzo abaixo: flagrantes, flagrantes e mais flagrantes de clínicas de aborto funcionando à luz do dia, literalmente sob os narizes das autoridades – inclusive a segurança de uma das clínicas mostrada pela reportagem é feita por policiais militares (!) -, sem que ninguém pareça se importar.

Vergonha e impunidade: a vida humana, tratada como se não fosse nada, em um mercado altamente lucrativo (o preço de um único aborto realizado em menores de idade custa a bagatela de R$ 1.500,00) e para o qual não faltam clientes. O procedimento abortivo, como disse um médico, pode chegar a demorar “uns dez, no máximo quinze minutos”. Façam-se as contas e imaginem a quantidade de dinheiro que esta indústria movimenta. Dinheiro para agir à margem da lei e contra a Moral. Dinheiro sujo do sangue de crianças inocentes. Dinheiro que se ganha matando crianças, ceifando vidas.

Mas o pior foi a comparação que uma “enfermeira” fez: o aborto é “como um parto”! Alguns demoram mais, outros demoram menos… ou seja, ninguém está preocupado com a lei que está sendo infringida ou – pior ainda! – com a criança que está sendo brutalmente assassinada. As pessoas preocupam-se é com o tempo que vão “perder” para resolver este “problema”, ou com o risco que porventura podem correr. Em nenhum momento, ninguém fala na criança. A carnificina segue, motivada de um lado pelas mulheres que querem “se livrar” deste “problema” e, do outro, pelo tilintar das moedas que enchem os bolsos dos aborteiros. O hedonismo encontra-se com a ganância, deixando para trás um rastro de sangue e bebês descartados como “lixo hospitalar”.

“Como um parto”! É aviltante. Um parto, o acontecimento por meio do qual as crianças vêm à vida: um aborto, o cruel assassinato de uma vida humana indefesa. Dois destinos opostos para o feto: nascer ou morrer. O berçário ou a lata de lixo. O amor ou o desprezo. Uma mãe ou uma assassina. Um médico ou um carrasco. Como assim, “é como num parto”?! Só pode ser zombaria. Poucas coisas podem ser tão diferentes e tão opostas.

A reportagem nos mostra, enfim, que há uma gigantesca impunidade no Brasil no que se refere à indústria do assassinato de crianças indefesas. Urge que as autoridades façam alguma coisa.

Leitura correlata [em espanhol]: presidente da Pontifícia Academia para a Vida fala (entre outras coisas) sobre a síndrome pós-aborto.

Satanás e Belzebu

Faço coro ao que o Murat disse hoje. O momento político que atravessamos exige, dos católicos, a determinação na defesa dos valores que são inegociáveis. Nosso apoio político precisa ter um preço. Não podemos vender os nossos votos para o primeiro monstro “menos feio” que aparecer em nossa frente, acusando a “falta de opções” do cenário político atual e arranjando mil e uma justificativas para esconder a realidade nua e crua: José Serra [ainda] não é um candidato que merece o voto católico.

A sra. Rousseff não o merece de forma alguma, e isso já está bastante claro para qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção de política e de Doutrina Católica. Não vou insistir neste ponto. Os católicos não podem apoiar a ex-terrorista do Partido Totalitário. Quem “não concorda” com isso é porque, infelizmente, colocou a sua devoção partidária acima da Moral Católica. Tomo este assunto como já suficientemente concluído, pelo menos para efeitos deste post. Quero agora falar sobre outra coisa.

É fato inconteste que o PSDB é um partido mais aceitável do que o PT, porque aquele permite – ao menos! – a pluraridade das posições, enquanto que o PT obriga os seus afiliados a lutarem por uma agenda ideológica imoral e anti-católica, que inclui a defesa do aborto e de outras aberrações contrárias à Lei Natural. Se o pleito de outubro próximo fosse para votar simplesmente na legenda, PT ou PSDB, acredito que a opção por este último estaria já justificada. No entanto, não votamos somente nos partidos, mas também nas pessoas – e isso, ao contrário do que parecem querer fazer acreditar os entusiastas do sr. José Serra, precisa ser levado em consideração.

A militância pesada anti-PT e contra a sra. Rousseff é perfeitamente justificável: eu diria mais, é necessária, é obrigação moral de todas as pessoas que compreendem a gravidade da situação que o Brasil atravessa. Ela, no entanto, não pode ser confundida (a tentação é grande!) com o apoio entusiasta ao outro lado que também é inimigo da Igreja. Uma coisa é o sujeito que, com o coração na mão, com a consciência perplexa, em um eventual segundo turno entre a Dilma e o Serra, quando já esgotadas todas as possibilidades, vota neste último já pedindo perdão a Deus, justificando-se que é unicamente para que a ex-terrorista não seja eleita. Uma outra coisa, completamente diferente, é começar desde já a fazer campanha para o candidato do PSDB. Não se luta contra Satanás rasgando seda para Belzebu. O inimigo do meu inimigo nem sempre é meu amigo. Se as eleições de outubro forem (como parece que vão ser) Alien vs. Predador, não se pode simplesmente abraçar um deles e dedicar-se zelosamente à sua vitória. Depois que um monstro comer o outro, nós seremos as suas próximas vítimas. Isto é importante demais para ser esquecido.

Voltemos ao sr. José Serra. Alguém perguntou, certa vez, ao pe. Lodi qual seria o “mal menor” entre o PT e o PSDB. O reverendíssimo sacerdote falava especificamente sobre José Serra. Sobre o assunto, destaco:

Se você desejaria votar em José Serra (nem que fosse por exclusão), mas se vê impedido de fazê-lo por causa da triste Norma Técnica, clique no “link” abaixo. Você enviará uma mensagem instantânea, não apenas ao presidenciável, mas a sua equipe de “marketing”. Abrir-se-á uma janela com um texto, que você poderá modificar o quanto desejar.

JoséSerra: CompromissoRevogarNormaTécnica

Telefones úteis do Comitê José Serra:
Cristiane
(11)3646-1500 Bianca
(11)3646-1566 FAX

A data que tem no final da página é 21 de outubro de 2002 e, portanto, não sei se os telefones e emails apresentados ainda funcionam. No entanto, a questão moral permanece integralmente de pé. Um católico pode desejar votar em José Serra por “exclusão” mas, mesmo assim, ver-se impedido disso pelo fato do tucano ser abortista. Volto ao que disse acima: o candidato PSDBista, do jeito que as coisas estão hoje, não merece o apoio católico. E nós deveríamos valorizar o nosso apoio político, ao invés de o cedermos de bandeja para quem já tem culpa no cartório e não dá nenhuma garantia (de valor objetivo) de que não vai continuar a agir do mesmo modo. Abortista não merece confiança a priori. Isso deveria ser simples de entender.

Ao invés, portanto, de se engajarem em campanhas entusiastas a favor de um abortista notório, os católicos que não querem que a sra. Rousseff seja eleita deveriam – na minha modesta opinião – é pressionar o tucano (afinal, não dizem que ele é um democrata?) a assumir uma posição decente na defesa da vida humana, nas questões que são inegociáveis. Apoiá-lo alegremente, sem exigir nada em troca, é um erro de proporções monstruosas.

PT, votos e questões morais

Aproveitando uma discussão que está rolando aqui, gostaria de sugerir enfaticamente a leitura deste simples e didático artigo do pe. Lodi: “Posso votar no PT? – uma questão moral”. Destaco:

10. Que falta comete um cristão que vota em um candidato de um partido abortista, como o PT?

Se o cristão vota no PT consciente de tudo quanto foi dito acima, comete pecado grave, porque coopera conscientemente com um pecado grave. O Catecismo da Igreja Católica (n. 1868) ensina sobre a cooperação com o pecado de outra pessoa: O pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos: participando neles direta e voluntariamente; mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados; não os revelando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados; protegendo os que fazem o mal.” Ora, quem vota no PT, de fato aprova, ou seja, contribui com seu voto para que possa ser praticado o que constitui um pecado grave.

E não venham rasgar as vestes dizendo que a Igreja não deve se meter em política! Gastem cinco minutos do seu tempo buscando entender o que significa isso antes de lançarem pedras. Sobre este assunto, aliás, recomendo também a leitura deste artigo do Carlos Ramalhete, escrito há muitos anos mas perfeitamente atual, disponível provisoriamente no link indicado. Destaco:

O essencial é que não se use nem o espaço físico nem o nome da Igreja para apoiar Fulano em detrimento de Beltrano. O padre tampouco pode envolver-se em apoio a candidaturas.

A não ser que Beltrano seja um candidato pró-aborto, pró-sodomia, etc. (caso em que é permissível fazer campanha *contra* Beltrano, mas não *a favor*  de Fulano dentro do ambiente eclesial), a comunidade eclesial deve manter-se igualmente aberta para todos os candidatos.

Aborto, PT, PSDB

Recomendo a extraordinária profusão de artigos importantes sobre as atuais conjunturas políticas brasileiras que o Taiguara disponibilizou no seu blog neste final de semana. As eleições de outubro próximo provavelmente serão dramáticas. É possível (aliás, provável) que cheguemos a um segundo turno entre a cruz e a espada, Satanás contra Belzebu, ou – como genialmente disseram na lista do Carlos Ramalhete – Alien vs. Predador. Que a Virgem Aparecida, padroeira do Brasil, tenha misericórdia de nós.

1. Em questão de aborto, não há “meio termo”. “Com o uso destes estratagemas, o PT tem comprado apoio à sua guerra contra as crianças brasileiras, em prol do abortismo e da morte. Cúmplices de uma autêntica política de pão e circo, católicos brasileiros se contentam com migalhas de dinheiro para a venda e prostituição de sua consciência. A situação mostra a que ponto chegou o materialismo: um reajuste salarial é suficiente para dar apoio ao morticínio de milhares de crianças indefesas, como o PT quer que se realize no Brasil”.

2. A hipocrisia do PT em questão de aborto e os idiotas úteis. “Mais que burro e estúpido, quem acredita e vota no PT é cúmplice de suas práticas criminosas e  será cúmplice do assassínio de crianças se este Partido da Morte – que Deus nos livre – conseguir aprovar o aborto no Brasil. Pronto, falei”.

3. José Serra e a Norma Técnica do aborto. “Assim, pois, a promessa do Sr. José Serra de que não tomaria a iniciativa pelo aborto se estivesse no Executivo é a priori inválida, dado que Serra já está em dívida com a sociedade e com as crianças brasileiras pela edição da Norma Técnica do Aborto. A pergunta que deve ser feita ao Sr. José Serra não é se ele vai tomar a iniciativa pelo aborto. A pergunta que deve ser feita é: se a Lei do Aborto for aprovada no Congresso, o senhor veta? […] Mais que isso, Serra deveria se comprometer – além de vetar qualquer Lei do Aborto – a reformular a Norma Técnica que ele editou e que facilitou o aborto no país. Porque, até o momento, em questão de aborto, o Sr. José Serra não está num nível melhor que a Sr.a Dilma Rousseff…”.

Dom Luiz Bergonzini vs. CNBB – a repercussão

Alguns exemplos, entre muitos, da enorme repercussão que teve o artigo do bispo de Guarulhos censurado pela CNBB. Louvado seja Deus, porque os verdadeiros católicos não estão mais se deixando enganar pelos descalabros da Conferência Episcopal. A máscara está caindo. Está ficando cada vez mais evidente quem é que serve à Igreja de Cristo e quem é que serve, no fundo, à Sinagoga de Satanás. O conluio promíscuo entre os sucessores dos Apóstolos e os inimigos da Cruz de Cristo precisa ser desfeito, ad majorem Dei Gloriam. Rezemos pelo Brasil, rezemos pelos senhores bispos, rezemos pela Conferência Episcopal.

1. Dilma vs. Dom Luiz Bergonzini (En Garde!): “O fato de não ser a posição da CNBB não importa patavina nenhuma, porque a CNBB não faz parte da Hierarquia da Igreja, não é sujeito do poder magisterial, de ensinar a verdade e advertir sobre o erro. A CNBB, como toda Conferência Episcopal, é tão-somente uma estrutura jurídico-canônica, que não goza de poderes magisteriais. Um Bispo, ao invés, é parte da Hierarquia da Igreja, composta pelo Papa, os Bispos, os presbíteros e os diáconos. A Ordem do Episcopado – Papa e Bispos, sendo o Papa o Chefe dos Bispos – é sujeito do poder magisterial na Igreja, do poder de ensinar. Então, D. Luís Gonzaga Bergonzini tem, sim, o poder de ensinar para sua Diocese, em virtude de ser detenter do terceiro grau do Sacramento da Ordem, o Episcopado”.

2. O apagão da CNBB (O Possível e o Extraordinário): “O apagão da CNBB custou caro. Antes restrita à leitura dos fiéis mais assíduos aos blogs, sites e listas de discussão católicas, a mensagem de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini ganhou ampla repercussão ao ser divulgada nos noticiários de grandes portais brasileiros como O Globo, Terra, Estadão, G1. No artigo o bispo recomenda “a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais “liberações” [legalização do aborto, casamento gay…], independentemente do partido a que pertençam”. Artigo apagado, iluminou-se o debate entre todos que são contrários à legalização do aborto no Brasil: pode-se votar, para presidente do Brasil, em um candidato(a) comprometido com a legalização do aborto? É claro que não. E a razão é simples! O voto em um abortista legalizará o aborto em nosso país, tornará o crime um direito e abrirá as portas para que os verdadeiros direitos de cada ser humano possam ser cerceados por questões políticas, pressões de lobbies de grupos ideológicos, ou por mero capricho de autoritarismo. Afinal, quando o ser humano não tem seu principal direito respeitado, o direito de nascer, que outros direitos podem lhes ser garantidos?”

3. Mitras em conflito (Fratres in Unum): “Dom Bergonzini ainda declarou ao G1: “vou mandar uma circular para os padres da diocese pedindo que eles façam o pedido na missa, para que os nossos fiéis não votem na candidata do PT e em nenhum outro candidato que defenda o aborto. Desde o Antigo Testamento, temos que é proibido matar. Uma pessoa que defende o aborto não pode ser eleita. Eu tenho obrigação de orientar meus fiéis pelo que está certo e o que está errado”, disse o bispo, a um ano de atingir 75 anos, a idade limite para apresentar sua renúncia ao Papa. É certo: a CNBB e o senhor Núncio Apostólico já estão providenciando um sucessor digno da herança dos infelizes antístites vermelhos idolatrados pela corja modernista da CNBB”.

O fato de não ser a posição da CNBB não importa patavina nenhuma, porque a CNBB não faz parte da Hierarquia da Igreja, não é sujeito do poder magisterial, de ensinar a verdade e advertir sobre o erro. A CNBB, como toda Conferência Episcopal, é tão-somente uma estrutura jurídico-canônica, que não goza de poderes magisteriais.
Um Bispo, ao invés, é parte da Hierarquia da Igreja, composta pelo Papa, os Bispos, os presbíteros e os diáconos. A Ordem do Episcopado – Papa e Bispos, sendo o Papa o Chefe dos Bispos – é sujeito do poder magisterial na Igreja, do poder de ensinar. Então, D. Luís Gonzaga Bergonzini tem, sim, o poder de ensinar para sua Diocese, em virtude de ser detenter do terceiro grau do Sacramento da Ordem, o Episcopado.