Sobre as declarações do pe. Lombardi

No sábado, Lombardi esclareceu que a condenação a toda forma de aborto na África pronunciada na véspera pelo papa não inclui os abortos “indiretos” nem casos limites como o ocorrido no Recife com uma menina de 9 anos. “A moral da Igreja desde sempre aceita o aborto indireto, como quando a mãe está gravemente doente e deve ser curada e a criança pode perder a vida em conseqüência disso. Se tenta curar a mãe”, afirmou.

“O papa não falou de aborto terapêutico, o que condena é que o aborto seja introduzido como meio de controle de natalidade”, explicou Lombardi, que citou o caso da excomunhão da mãe que autorizou o aborto na filha de 9 anos, estuprada pelo padrasto, anunciada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que foi criticado até em meios católicos.

“Foi um caso limite. Foi uma excomunhão declarada apressadamente em uma situação de extrema dificuldade”, disse Lombardi.
[Jornal do Commercio, 23 de março de 2009, “Internacional”, página 12]

Esta é uma das notícias que falam sobre uma declaração do pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, referente às declarações do Santo Padre contrárias ao aborto. Não tive acesso ao original destas declarações do pe. Federico, que misteriosamente não estão (até o presente momento, ao menos) na Sala Stampa della Santa Sede. Mas estão em vários lugares além do Jornal do Commercio, como na “Renascença” portuguesa ou num artigo de Sandro Magister chamado “Minas Errantes. En África el preservativo, en Brasil el aborto”. Recomendo a leitura de ambos, e é desde último que trago as declarações do pe. Lombardi sobre o aborto.

Pe. Lombardi, apud Sandro Magister:

“Sobre esta cuestión [el episodio de la niña brasileña], son válidas las consideraciones de monseñor Rino Fisichella, quien en ‘L’Osservatore Romano’ ha lamentado la excomunión declarada demasiado rápidamente por el arzobispo de Recife. Ningún caso límite debe oscurecer el verdadero sentido del discurso del Santo Padre [hablando al cuerpo diplomático en Camerún], quien se refirió a algo diferente en extremo. […] El Papa no ha hablado en absoluto del aborto terapéutico y no ha dicho que debe ser rechazado siempre”.

Bento XVI nos Camarões, no discurso ao qual se referiu o pe. Lombardi:

Que amarga é a ironia daqueles que promovem o aborto como um dos cuidados de saúde «materna»! Como é desconcertante a tese de quantos defendem a supressão da vida como uma questão de saúde reprodutiva (cf. Protocolo de Maputo, art. 14)!

Sinceramente, estou com a incômoda sensação de que há autoridades vaticanas empenhadas em minimizar o alcance das palavras do Santo Padre, e em desacreditar as atitudes de bispos católicos fiéis à Igreja de Nosso Senhor. Sou capaz de apostar que, não fosse Bento XVI o Papa, as suas declarações nos Camarões receberiam um artigo na primeira página do Osservatore Romano dedicado a desqualificá-las…

Cumpre esclarecer alguns conceitos que não estão claros nestas declarações, não sei se por culpa do pe. Lombardi ou dos veículos de comunicação que transmitiram a notícia. Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a Igreja não aceita o aborto direto em nenhuma condição, nem mesmo se for o único meio para salvar a vida da mãe. Os grifos que dei acima são importantes.

Não existe “aborto terapêutico”! Isso é jogo de palavras dos abortistas para propagarem a sua ideologia assassina; veja-se por exemplo (a) o dossiê sobre o caso do aborto ocorrido em Recife aqui publicado (em particular, el aborto mal llamado terapéutico) e (b) este artigo do pe. Lodi sobre o assunto. Portanto, ao contrário do que parece ter dito o porta-voz do Vaticano, o Papa condenou, sim, expressamente, o aborto mal chamado “terapêutico”, porque isso não existe e é empulhação abortista para promover o assassinato de crianças no ventre de suas mães.

E ainda que existisse – o que, como já vimos, não existe – um “aborto terapêutico”, i.e., uma intervenção médica que consistisse na restauração da saúde da mãe por meio do assassinato do bebê que ela leva no ventre, tal ato seria gravemente imoral e de maneira alguma permitido. É o que o pe. Lodi explica magistralmente neste texto sobre a chamada causa de duplo efeito, que é leitura fundamental para quem deseja entender a questão sem leviandades. São palavras do reverendíssimo sacerdote: “matar diretamente um ente humano inocente é um ato intrinsecamente mau, que não pode ser justificado nem pela boa intenção, nem pelas possíveis boas conseqüências, nem sequer pelo estado de extrema necessidade. Nunca é lícito matar diretamente um inocente, nem sequer para salvar outro inocente”.

Existe, no entanto, uma outra coisa, que é tolerável, que a Igreja chama de “aborto indireto” (evitando propositalmente a expressão errônea “aborto terapêutico”) e que se resume a uma causa de duplo efeito. Uma causa de duplo efeito ocorre quando um ato em si bom produz, além do efeito bom que se almeja, um segundo efeito mau e inevitável. O pe. Lodi, no artigo citado, explica que os atos que têm dois efeitos, um bom e um mau, podem ser praticados quando se verificarem as seguintes condições:

a) que a intenção do agente seja obter o efeito bom, e não o mau;

b) que o efeito bom seja obtido diretamente da ação, e não através do efeito mau;

c) que o efeito bom seja proporcionalmente superior ou ao menos equivalente ao efeito mau;

d) que não haja outro meio de se obter tal efeito bom, a não ser praticando a ação boa que produz tal efeito secundário mau.

E dá um exemplo que ajuda a ilustrar:

Uma mulher grávida sofre de uma infecção renal. O médico prescreve-lhe um antibiótico. Há, porém, o perigo remoto de a droga causar danos ao nascituro. No entanto, não há outro antibiótico que seja menos nocivo ao bebê e nem é possível esperar o nascimento da criança para iniciar o tratamento.

Nesse caso:

a) a intenção do agente é curar a infecção renal (efeito bom) e não causar dano ao nascituro (efeito mau);

b) a cura da infecção renal (efeito bom) é obtida diretamente da ação de tomar o antibiótico, e não através do dano causado ao nascituro (efeito mau). Se, absurdamente, a mulher não tomasse o antibiótico, mas lesasse diretamente seu bebê, tal dano não iria causar a cura de sua infecção renal.

c) como a chance de lesão à criança, embora exista, é pequena, e como o tratamento é urgente, o efeito bom (a cura da infecção renal) é proporcionalmente superior ao possível efeito mau.

d) não há outro meio de se obter a cura da infecção, a não ser pela ingestão de um antibiótico. O médico poderia prescrever outro antibiótico, mas nenhum seria isento de riscos para a criança.

Logo, o ato pode legitimamente ser praticado.

O princípio da causa com duplo efeito foi descrito de maneira lapidar pela Academia de Medicina do Paraguai (1996):

“Não comete ato ilícito o médico que realize um procedimento tendente a salvar a vida da mãe durante o parto ou em curso de um tratamento médico ou cirúrgico cujo efeito cause indiretamente a morte do filho, quando não se pode evitar esse perigo por outros meios”.

Entender isso é absolutamente fundamental para se entender a Moral Católica. O aborto direto, usado como meio, não é lícito em nenhuma situação; o aborto indireto, obtido como um segundo efeito de um ato em si bom, é tolerado pela Igreja quando se cumprem as condições supracitadas.

Na verdade, a maior parte das pessoas entende a distinção entre um efeito mau indesejado e um meio mau utilizado para se obter um fim bom; são só alguns “intelectuais” que misturam as bolas. Por exemplo, o Hélio Schwartsman, em coluna publicada pela Folha de São Paulo em dezembro de 2007, assim confundiu as duas coisas:

Vamos ver alguns exemplos: Denise é passageira de um trem cujo maquinista desmaiou. A locomotiva desembestada vai atropelar cinco pessoas que caminham sobre a linha. Ela tem a opção de acionar um dispositivo que faz com que o comboio mude de trilhos, e, neste caso, atinja um único passante. Denise deve acionar a alavanca? Cerca de 90% dos entrevistados cederam à razão utilitária e responderam que sim. É melhor perder uma vida do que cinco.

Hauser então coloca uma variante do problema. Frank está sobre uma ponte e avista um trem desenfreado prestes a abalroar cinco alegres caminhantes. Ao lado dele está um sujeito imenso, que, se lançado sobre os trilhos, teria corpo para parar a locomotiva, salvando os cinco passantes. Frank deve atirar o gordão ponte abaixo? Aqui, a maioria (90%) responde que não, embora, em termos puramente racionais, a situação seja a mesma: sacrificar uma vida inocente em troca de cinco.

Oras, “em termos puramente racionais”, a diferença ululante entre um caso e outro é justamente a diferença entre um duplo efeito indesejado e inevitável e um meio mau utilizado na obtenção do fim bom. A situação só é “a mesma” em termos puramente matemáticos; em termos morais, a diferença é gritante, e tão evidente que 90% das pessoas a percebe até intuitivamente, já que provavelmente a maior parte delas nem mesmo ouviu jamais falar em causas de duplo efeito.

Esta, pois, é a Moral da Igreja, e não outra.

Feitos esses necessários esclarecimentos às declarações do porta-voz do Vaticano, é necessário (uma vez mais…) lamentar profundamente que o pe. Lombardi tenha preferido dar ouvidos à mídia anti-católica e referendar as declarações inoportuníssimas do Mons. Fisichella em detrimento de Dom José Cardoso Sobrinho. Parece ser orquestrado: quando as coisas parecem se acalmar e quando achamos que tudo vai voltar à normalidade, surge uma outra bomba, explode um outro escândalo, um outro alto prelado vaticano vem a público – data maxima venia – falar besteira. É frustrante.

Rezemos pelo Papa, rezemos pela Igreja; e subscrevo o Sandro Magister, no final do artigo já citado: “foi um golpe que, quase uma semana após a difusão dos ‘Esclarecimentos’ da Arquidiocese Brasileira, o porta-voz oficial da Santa Sé tenha mostrado que a ignora completamente, tanto na oposta reconstrução dos fatos quanto nas objeções de caráter doutrinal e moral”. Que Virgem Santíssima, Maria, Mãe da Igreja, rogue por nós.

¡Protege mi vida!

[Traduzido do site da Conferência Episcopal Espanhola; trata-se de uma campanha produzida pela Conferência, em defesa da vida e que, segundo informações que me foram passadas, está deixando os socialistas furiosos.

Só um comentário: que santa inveja…]

A Conferência Episcopal da Espanha (CEE) põe em marcha desde hoje uma campanha de comunicação com o tema “Protege minha vida!”. A iniciativa se insere no contexto da Jornada pela Vida, que se celebrará no próximo dia 25 de março em todas as dioceses espanholas.

Anunciam-se mudanças legais que, caso se concretizem, darão lugar a uma situação na qual aqueles que estão por nascer ficarão ainda mais desprotegidos do que com a atual legislação. Ao mesmo tempo, parece que a aceitação social do aborto vai aumentando. Neste contexto, a Conferência Episcopal põe em marcha uma campanha de comunicação na qual se distribuirão os materiais habituais que se elaboram cada ano por ocasião da Jornada pela Vida (Notas dos bispos, cartazes e roteiros [guiones] litúrgicos) e, além disso, excepcionalmente, os cartazes serão colocados em outdoors [vallas publicitarias] e serão distribuídos livretos [dípticos] explicativos.

Concretamente, foram enviados 30.000 cartazes para paróquias e centros católicos de toda a Espanha, a partir de hoje e até o próximo dia 30 de março podem-se ver anúncias em 1.300 outdoors de 37 cidades espanholas, e começou-se a distribuir nas dioceses um total de 8 milhões de folhetos.

A campanha tem como protagonistas um ser humano e um lince. Em nossa sociedade, é cada vez maior a sensibilidade sobre a necessidade de se proteger os embriões de várias espécies de animais; as leis tutelam a vida dessas espécies em suas primeiras fases de desenvolvimento. Tudo bem que seja assim; no entanto, é paradoxal que a vida da pessoa humana que vai nascer seja objeto de uma desproteção cada vez maior. Por isso, nos anúncios aparece a pergunta: “e eu?”, entre o menino já nascido e uma série de imagens nas quais se mostram os diferentes estágios da vida humana em gestação. Trata-se de dar voz àqueles que não a têm, porém têm, sim, o direito de viver.

Essas iniciativas unem-se ao Ano de Oração pela Vida que está em curso desde o mês de janeiro último.

“Abortistas: se não Fé, pelo menos honestidade” – pe. Héctor Ruiz

[Publico um artigo escrito pelo reverendíssimo pe. Héctor Ruiz, pároco de São Lourenço da Mata, município vizinho a Recife e também pertencente à Arquidiocese de Olinda e Recife. Agradeço ao sacerdote pelo envio do texto; o tom combativo do mesmo e a ênfase dada n’alguns aspectos que a grande mídia deixou de lado no caso do aborto da menina de Recife fazem com que ele seja um valioso auxílio à Igreja, neste momento em que Ela é tão duramente atacada.]

ABORTISTAS,
SE NÃO FÉ, PELO MENOS HONESTIDADE!

ASPECTOS QUE NÃO PODEMOS IGNORAR NA ANÁLISE FILOSÓFICA DO CASO DA MENINA ESTUPRADA E INDUZIDA A ABORTAR

Sabemos o caso: Uma menina pernambucana, de nove anos, é estuprada pelo padrasto, tendo ficado grávida e os fetos submetidos a aborto. Dom José Cardoso deixa claro que quem aborta e os que colaboram diretamente num aborto ficam excomungados.

Deixemos de lado a fé. Analisemos o fato só com a razão natural para entender se é realmente o “pré-conceito” da Igreja o que está criando problema neste caso, como dizem os abortistas.

1º. Dom José não excomungou ninguém. Ele mesmo explicou que quem aborta, ou colabora diretamente num aborto se excomunga automaticamente. Como é que os médios de comunicação social (a globo, a tribuna, a Record…) colocaram nas suas manchetes que “Dom José excomungou”? Eu, sem fé, posso dizer que faltou honestidade humana.

2º. Ficou claro que a guerra que estão fazendo, uma parte da imprensa e vários políticos (entre eles o nosso presidente Lula), NÃO É CONTRA DOM JOSÉ. É contra a mesma Igreja! Dom José falou o que teria falado qualquer bispo na Igreja.  Sem fé, posso dizer que falta respeito e justiça contra uma instituição humana que já demonstrou em vinte séculos ser defesa de valores humanos incontestáveis.

3º. A excomunhão consiste no fato de ficar fora da Igreja (Não comungar com o seu espírito!). Só a Igreja tem direito de dizer quem faz parte dela e quem não. Esse direito o tem qualquer associação humana. Não é o político ou o jornalista que vai dizer se a Igreja vai deixar na comunhão com o seu espírito a uma ou a outra pessoa.

Por isso, sem fé, eu posso dizer que os políticos e os jornalistas que se têm manifestado ao respeito estão cometendo duas injustiças: Uma contra Dom José, pelo que dissemos antes, e outra contra a Igreja. Nenhum deles tem autoridade nesse campo. Estão atuando indevidamente em campos que não lhes correspondem!

4º. Por que a Igreja (como instituição humana) excomunga? Porque é pecado gravíssimo matar a uma pessoa, usurpando o direito sobre a vida humana, direito que é unicamente do Criador. Isto não é de fé, é de razão. Se Deus existe (E têm que existir. Seria irracional dizer o contrário) Ele é o único que como Criador e Governador de tudo pode dar e tirar a vida. Os homens todos temos direitos iguais. Ninguém é maior que outro para dispôr da vida alheia. E, se o faz, está usurpando um direito que ninguém lhe deu.

Este pecado torna-se ainda mais grave, quando se trata do aborto: de uma pessoa indefesa, que o homem tem dever de proteger.

Eu, sem fé, posso dizer:

– Que a Igreja nesse ponto é coerente com a sua teologia (revelada, segundo ela).

Que a Igreja está defendendo princípios racionais, que uma filosofia sadia já defende. NÂO NECESITO FÉ PARA DIZER QUE EU NÃO POSSO MATAR A NINGUÉM. (Só no caso de autodefesa).

Que temos que pensar mais num nível social e não só individual. Tem coisas que o indivíduo não pode por si mesmo fazer (caso desta menina de 9 anos). Mas a sociedade, a família…, ajudando, podem conseguir fazer. É o caso de doenças, velhice… Esta menina certamente não iria conseguir sozinha levar para frente a gravidez, mas juntando as forças sociais, vamos ver que conseguimos fazer! Pode ser que termine sem conseguir o êxito total… mas a sociedade ao final sim, vai ganhar.

5º. O aborto é um homicídio, porque no momento em que é fecundado o óvulo começa um processo irreversível, independente da vida da mãe, destinado só a aperfeiçoar-se e chegar a ser um ser humano maduro e completo. Já é vida humana! Já tem dignidade! Dignidade  igual que a da mãe e que a de qualquer ser humano!

Os abortistas dizem: como a morte nós a declaramos quando param de funcionar a células cerebrais, então a vida humana, enquanto tal, começa quando se formam estas células cerebrais e começam a funcionar.

Então eles estão dizendo que se um ser humano nasce com um problema na cabeça e não se desenvolvem essas células, podemos matá-lo como qualquer animal e não importa idade que ele tenha!!!

Nenhum ser humano tem poder para determinar se a pessoa humana e a sua dignidade começa aos três ou quatro meses de vida, ou quando for…! O processo de crescimento do ser humano começa na fecundação e já aí é um ser humano. Não existe uma argumentação filosófica, convincentemente lógica, que demonstre o contrário. Sem fé, posso dizer que qualquer aborto é um homicídio!

6º. Por que a menina de 9 anos vai ter mais direito a viver, que as outras duas crianças que estão no seu seio? Só pela idade? Quem tem o direito de dizer que a menina tem que viver e os embriões não? Racionalmente não tem justificação isso!!! Se é assim, então, tiremos da constituição o princípio de que todos somos iguais!!! Sem fé posso dizer que todos os embriões têm direito à vida!

7º. O estupro, e a situação da família nessas circunstâncias, é muito lamentável!!! Ninguém está satisfeito por isso! Mas, como a vida pertence só a Deus, façamos todo o possível medicamente para que as três pessoas se salvem. As três! Os médicos se precipitaram para declarar que isso era perigo iminente de morte. Eles mesmos não podem afirmar com certeza se isso daria em morte ou em aborto natural. Não era necessário matar!!!

Por exemplo: Em São Lourenço da Mata vive um menino de dois anos de idade, que foi gerado por uma menina com deficiência mental, estuprada quando ela tinha 11 anos! Também a mãe vive bem! Graças a Deus não chegaram os abortistas para impedir a esta criança gozar do banquete da vida!

O médico que praticou o aborto dizia ser católico e que ele era quem tinha autoridade no campo da medicina, não o arcebispo.

Sem fé eu posso dizer quatro coisas:

a) A medicina não está isenta da moral. A moral, que trata de todos os atos humanos pensados e queridos permeia tudo: a medicina, a política, o esporte… O arcebispo tem direito de iluminar a vida moral de todos os seus fiéis católicos. Ele, o médico, foi amoral!

b) Como membro de uma instituição humana ele está obrigado à obediência às normas dessa instituição, que se chama Igreja. Ele foi desobediente!

c) Como médico ele fez um juramento, o de Hipócrates, jurando que dedicaria a sua profissão para cuidar da vida e não para atentar contra ela. Matando dois embriões, ele foi infiel!

d) Precipitando o ato de abortar, não dedicou as suas forças para ajudar à criança e aos fetos para se desenvolverem… Nenhum médico pode afirmar ao cem por cento que isso terminaria em morte da menina. Ele foi incompetente!

Sem fé posso dizer que um homem que é amoral, desobediente, infiel e incompetente é um perigo para a sociedade!

8º. Finalmente, temos que evidenciar que, segundo os meios de comunicação social e vários políticos (entre eles  o nosso presidente Lula, que enche a boca dizendo que é católico – manifestando o contrario com as suas opiniões), o vilão de toda esta história é o Senhor Arcebispo Dom José. Os médicos, o presidente da República, o ministro da saúde, o de meio ambiente… esses são os de bom senso.

Eu, sem fé, posso dizer: deixemos que caiam os princípios de respeito à vida humana, deixemos que uns tenham mais direitos que outros, sigamos cultivando um estilo de vida hedonista, subjetivista, consumista e laxista, favorecido por estas pessoas e instituições e certamente o gênero humano não vai brilhar pela justiça e pela harmonia social… Terminaremos nos destruindo. Eles dizem que lutam por uma menina. Como filósofo posso dizer que a Igreja luta por toda a humanidade!

O que atrapalha ao homem de hoje não é a Igreja. É a falta de princípios de reta razão!!! Falta reconhecer humildemente que falta honestidade e amor pela verdade! Vamos lutar por essas virtudes perdidas!!!

Pe. Héctor M. Ruiz

“Menina de 9 anos poderia ter levado a gravidez a termo em segurança”

[Publico tradução de uma entrevista dada a LifeSiteNews.com pelo dr. Paul Byrne, neonatologista dos Estados Unidos. Apenas comento dois pequenos detalhes: (1) o aborto foi condenado pela Igreja porque o assassinato de um inocente é sempre condenável, e não simplesmente – como o dr. Byrne dá a entender – por causa das mentiras sobre o estado de saúde da garota (isso agrava a situação, sem dúvidas, mas não é o que torna o procedimento imoral); e (2) contra os que argumentarem que, sobre a análise dos riscos, merecem maior credibilidade os médicos que analisaram a menina pessoalmente, isso só é verdade para o caso deles argumentarem o porquê de, naquele caso específico, o aborto ter sido “a única forma de salvar a vida da gestante” – já que, segundo o neonatologista entrevistado, é “certamente possível (…) que uma garota leve ao fim uma gravidez gemelar” e, portanto, o simples fato da menina ter estado grávida de gêmeos – ao contrário do que foi enfaticamente alardeado por toda a mídia – não basta por si só para caracterizar a impossibilidade de se prosseguir com a gestação.

A tradução é do meu amigo Wagner Marchiori, a quem agradeço.

Original: LifeSiteNews.com]

Neonatologista afirma que garota brasileira de 9 anos poderia ter levado a gravidez a termo em segurança

17 de março de 2009 (LifeSiteNews.com) – O terrível caso da garota brasileira de nove anos de idade, que foi repetidamente estuprada por seu padastro e que, por conseqüência, engravidou de gêmeos, ganhou as manchetes de todo o mundo nos últimos dias. O caso criou uma ampla controvérsia depois que a garota foi submetida ao aborto, num ato que foi condenado pela Igreja Católica no país devido ao fato de que os médicos inicialmente se recusaram a realizar o aborto, por considerarem que a vida da menina não estava em perigo.

Os médicos que depois realizaram o aborto, contudo, afirmaram que a menina sem dúvidas corria risco de vida, afirmação esta que foi repetidamente divulgada pela grande mídia.

Mas, em uma recente entrevista para o LifeSiteNews.com, o Dr. Paul Byrne, neonatologista e professor de clínica pediátrica da Universidade de Toledo, Ohio (EUA), rechaçou fortemente a hipótese de que a menina brasileira tivesse a vida ameaçada pela gravidez simplesmente por causa de sua tenra idade.

Byrne disse à LSN que é certamente possível, em termos médicos, que uma garota leve ao fim uma gravidez gemelar. Ele reconheceu que as circunstâncias não são usuais , mas afirmou que o problema de dar à luz com a estrutura pélvica não plenamente desenvolvida pode ser resolvido com segurança pela operação cesariana.

Dr. Byrne citou o caso da garota peruana, Lina Medina, do vilarejo andino de Ticrapo, que entrou para a história médica ao dar à luz um garoto, via procedimento cesariano, em maio de 1939, com apenas 5 anos, 7 meses e 21 dias.

Mas ele enfatizou que, independente da situação, “o aborto não é a solução”. A garota, ele continua, “foi sexualmente abusada” e precisa de tratamento. “Alguém deveria ter tentado ajudar essa criança”.

“A mãe e ambos os bebês deveriam ter suas vidas protegidas, preservadas e defendidas. Não há nenhuma razão para matar esses bebês”, ele afirmou.

Dr. Byrne frisou, também, que a garota agora está sujeita aos riscos de longo prazo associados ao aborto, incluindo futuros partos prematuros e abortos espontâneos devido ao “cervix incompetente”, um cervix que é muito fraco para permanecer fechado durante uma gravidez.

Muitas pesquisas mostram outras sérias complicações de saúde a longo prazo associados à prática do aborto, incluindo um maior risco de cânceres de mama, cervical, ovário e fígado. Outros riscos relacionados ao aborto incluem sérios problemas de sáude mental, como as desordens provocadas por stress pós-traumáticos, abuso de drogas, desordens alimentares, obsessão suicida e tentativas de suicídio.

Dr. Byrne não concorda com a ênfase da imprensa e entre Bispos católicos na excomunhão que foi formalmente anunciada contra a mãe da garota e os médicos que realizaram o aborto pelo arcebispo de Recife. “O foco está na excomunhão quando deveria estar na vida dessas três pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus”, afirmou Byrne.

“Comentário à declaração de Mons. Fisichella” – pe. Berardo Graz

[Atendendo ao pedido que recebi por email, publico os comentários do revmo. pe Berardo Graz, do clero de Guarulhos, SP, sobre o artigo de Dom Rino Fisichella que foi publicado no Osservatore Romano domingo passado.]

Acredito que Mons. Fisichella escreveu a declaração, publicada no “L’Osservatore Romano” do dia 15/03/09, a partir das notícias que chegaram até ele sobre o caso da menina estuprada e submetida a aborto de gêmeos. Se Mons. Fisichella tivesse recebido informações mais corretas e detalhadas de como se desenrolou o fato não teria escrito o que escreveu.

Cito e comento algumas passagens da mensagem de Mons. Fisichella:

1) “No caso de Carmen se confrontaram a vida e a morte” .

Não é verdade! Tanto assim que o IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco), após intervenção de Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Recife, declarou que a menina não estava correndo risco de morte e também por isso permitiu que fosse transferida. O risco se acentuaria no final da gravidez, mas é por isto que o parto, antecipado por causa dos gêmeos e precedido pelo acompanhamento do pré-natal, seria por cesariana, como acontece na grande maioria das quase 30.000 gravidezes (exatamente 27610 em 2006 pelo DATASUS), em adolescentes abaixo de 14 anos, a cada ano no Brasil.

2) “Carmen deveria ter sido em primeiro lugar defendida…”.

É o que exatamente e eficazmente Dom José fez, porque obrigou a direção do IMIP a revelar a verdade sobre o falso risco de morte da criança, mentira através da qual se quis cativar a opinião pública, na sua grande maioria contrária ao aborto, para que se tornasse favorável a este crime contra a vida. Esta mentira continua dominando a Mídia e através dela a população em geral, para que aos poucos a grande maioria concorde com o aborto na gravidez na adolescência, porque acarretaria risco de morte. Estas são as estratégias do movimento abortista que há cinquenta anos está internacionalmente influenciando todos es estados para que até 2015 o aborto seja legalizado em todas as nações e declarado e praticado como direito humano, com o aval da ONU. Este é o clima que estamos respirando no Brasil nos últimos anos, graças principalmente ao atual governo, conivente e colaborador destas estratégias.

Nada disso a declaração de Mons. Fisichella menciona, acredito por falta de informações, pois a atitude de Dom José Cardoso, desmascarando esta trama de mentiras, não somente tentou defender “Carmen”, mas também as várias “Carmens”, que estão sendo instrumentalizadas para que o aborto seja cada vez mais aceito pela população normalmente contrária. Nestes dias uma nova “Carmen”, moradora de Guaratinga na Bahia, está arriscando de cair na trama dos abortistas que querem a todo custo que aborte <i>nonostante</i> ela seja contrária.

Dom José foi corajoso e ensina a coragem de não nos calarmos, como cristãos e católicos, na frente destas tremendas injustiças e autênticas violações dos direitos humanos. A mãe da “Carmen” deu o seu consentimento ao aborto, claramente coagida pela equipe do IMIP que falsamente apresentou o caso como perigo de morte. O pai da menina nem pôde falar com os médicos, tendo o direito de expressar o seu consentimento ou não ao procedimento, direito que lhe foi negado, o que segundo a lei brasileira torna ilegal o aborto de “Carmen”.

Mons. Fisichella faz uma bonita defesa sentimental da menina mas manifesta não conhecer a trama inescrupulosa das estratégias abortistas, que ao invés Dom José enfrentou com firmeza e coerência e , quando a vida dos dois nenêns já estava perdida, truncada pela “guilhotina” do aborto, com a firmeza e a coerência do bom pastor lembrou a excomunhão de quantos colaboraram com este crime, pois a caridade não pode ser vivida fora da verdade, e é isto que dá “credibilidade” à nossa Igreja e a seus pastores.

3) “O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve envolver todos e não pode consentir chegar a um julgamento negativo sem antes considerar o conflito criado em seu íntimo”

Concordo com esta afirmação de Mons. Fisichella, mas me pergunto: que profissionalismo e que conflito viveram os médicos do IMIP que deixaram que o caso fosse gestido por uma assistente social, que não considerava os nenêns como vidas humanas a serem defendidas, mas somente a vida da “Carmen” supostamente em perigo de morte?

Que profissionalismo e que conflito viveram os médicos que nem quiseram ter contato e explicar o caso para o pai, para o pároco da menina e para o Conselho Tutelar de Alagoinhas, que cuidaram diretamente dela até levá-la ao hospital, para que fosse atendida?

Que profissionalismo e que conflito viveram estes médicos, que negando-se ao contato com os familiares, colaboraram porém para que, à revelia do pai e do advogado delegado dele, a menina com alta a pedido assinado pela mãe, analfabeta e pressionada psicologicamente pela dramaticidade do falso quadro de perigo de morte, fosse seqüestrada pelo grupo feminista Curumim, que a levou a um outro hospital sem revelar o nome (a ginecologista foi junto com a criança a e mãe para este outro hospital, identificado depois como CISAM – ou Maternidade da Encruzilhada), para que o aborto fosse realizado antes que as autoridades judiciais o impedissem?

Que profissinalismo e que conflito viveram os médicos que atuam numa instituição, seja o IMIP e depois o CISAM, que sonegaram as informaçãoes e, no caso do CISAM, sustentou  a mentira de negar a presença da menina, enquanto ela estava sendo submetida ao aborto?

Claro, Mons. Fisichella não podia estar de posse de todas estas informações! Mas se oferece agora uma boa oportunidade para que todos nós, como Igreja de Jesus Cristo, nos informemos melhor e mais profundamnte sobre toda a trama que a partir da criação do Conselho Populacional (1952), por iniciativa da fundação Rockfeller e das outras fundações norte-americanas, está divulgando a mentalidade abortista no mundo inteiro, sutentando a prática do aborto em situação ilegal, para que depois seja aceita como válida sua legalização. Tudo isto tem como finalidade o controle populacional, nova e tremenda arma do capitalismo internacional para a implantação em nível mundial da lógica do mercado, derrubando barreiras morais e religiosas que atrapalham a sua efetivação. A defesa dos direitos da mulher é só pretexto para tornar aceitável para o grande público a legalização do aborto, sendo este o procedimento mais eficaz para se controlar ou diminuir o crescimento de uma população.

O grupo Curumim assim como outras duzentas ONGs, favoráveis ao aborto, esterilização, contracepção e direitos homossexuais, estão atuando há quase vinte anos no Brasil, financiadas por dinheiro estrangeiro principalmente das fundações norte-americanas, para que o aborto seja legalizado e uma estratégia é fazer com que toda gravidez na adolescência seja considerada risco de morte e portanto, ampliando o conceito de aborto necessário ou terapêutico, não punido pelo Código Penal, seja encaminhada para a realização do aborto impropriamente chamado de “aborto legal”.

Para isto nos últimos anos se multiplicaram em todos o Brasil os serviços de “aborto legal”. Tenta-se tornar legal o aborto em caso de malformações fetais (ex. anencefalia) e é por isto que a proposta será avaliada pelo STF. Nas faculdades de medicina ensina-se aos futuros médicos para que orientem as mães, que estejam gerando um filho defeituoso, a solicitarem ao juiz a permissão paro o aborto. O Minstério da Saúde já fez convênio com o IPAS, organização internacional que divulga o aborto, para que a cada ano mil novos médicos sejam treinados sobre as técnicas de aborto.

O governo Lula desde o começo, afirmando de tratar o aborto como problema de saúde pública (afirmação mentirosa pois o número de mortes maternas não depende da  clandestinidade do aborto, mas do atendimento durante a gravidez, parto e pós parto), colabora ativamente com a agenda internacional de implantação do aborto e não mede esforços para convencer os brasileiros, em sua maioria contrários a esta prática, para que se convençam que a lei do aborto é uma coisa boa. Daí as esquizofrênicas declarações do Presidente Lula, que afirma que como cristão é contra o aborto, mas como chefe de estado deve promovê-lo para salvar vidas humanas. É o joguinho da dupla moral oportunista, pois o que interessa ao Presidente é não perder a colaboração econômica do FMI e das outras organizações internacionais, que para ajudar o terceiro mundo exigem que se adote a agenda abortista, em vista do controle populacional. Mais uma vez o Brasil está sendo vendido aos interesses internacionais.

A tática do sequestro de adolescentes grávidas para que abortem a todo custo para favorecer a agenda abortista já foi usada em 2003 na Nicarágua, na Bolívia também, e agora no Brasil e isto não acontece por acaso, mas de caso pensado. Precisamos abrir mais os olhos, nos organizarmos melhor na defesa da vida e não sermos ingénuos.

A firme tomada de posição de Dom José Cardoso Sobrinho é um sinal positivo de como a nossa Igreja, em colaboração com outras forças religiosas e sociais, pode se opôr a esta agenda de neo-paganismo que quer nos fazer engolir o aborto, a libertinagem sexual, o matrimônio gay e a eutanásia, que também faz parte da agenda do controle populacional, apelando para um falso conceito de liberdade.

Pe. Berardo Graz
sacerdote da diocese de Guarulhos SP,
membro da comissão diocesana e regional em defesa da vida,
formado em medicina e cirurgia na Itália, mas sem CRM no Brasil,
cidadão italiano e brasileiro

Mais algumas sobre o aborto

– Vale a pena ler: “Ajuda urgentíssima”. Trata-se da menina de treze anos sobre a qual comentei aqui ontem; ela não quer abortar, mas o promotor do caso quer que ela faça uma avaliação para saber se gravidez oferece risco a ela; caso positivo, ele “disse que poderá encaminhar à Justiça um pedido para que o aborto seja realizado em detrimento do desejo da conselheira e da garota”. Diz o email reproduzido no blog da Julie:

É muito possível que o Iperba afirme que a menina corre risco de vida e que por isso deve praticar o aborto, apesar de que esta afirmação seja falsa. Segundo várias denúncias, os funcionários dos serviços de abortos legais fazem isto habitualmente. Em um relato que enviei a esta lista na semana passada, mostrei como estes serviços mentiram aos pais da menina grávida de Recife, ambos contrários ao aborto, para poderem obter o consentimento deles para autorizar o aborto. Quando o pai da menor procurou esclarescimento fora do hospital e, sabendo da verdade, preparava-se para voltar ao estabelecimento para obter a alta da filha e a suspensão do procedimento do aborto, duas organizações feministas de Recife, com a anuência da coordenação clínica do serviço de aborto legal, raptaram a menina e a conduziram a um local ignorado até que o aborto tivesse sido consumado. Este foi pelo menos foi o quinto caso de rapto de menores realizado por grupos feministas na América Latina com a finalidade de produzir visibilidade para a promoção da total legalização do aborto.

– O email diz ainda que “HÁ 30 MIL GESTAÇÕES DE MENORES DE 14 ANOS NO BRASIL TODOS OS ANOS E ATÉ HOJE NÃO HÁ NENHUMA NOTÍCIA DE UMA MENOR QUE TENHA MORRIDO POR CAUSA DA GRAVIDEZ QUANDO FOI OFERECIDO UM ACOMPANHAMENTO PRE NATAL E UM PARTO CESARIANO” – caixa alta no original. No Diário de Pernambuco de hoje, saiu uma reportagem sobre o assunto que, a despeito do viés abortista, faz eco a esta informação: em dois anos foram “99 casos de meninas com menos de 14 anos que deram à luz em maternidades públicas do Recife”, segundo o estudo reproduzido na matéria. Nenhum óbito.

– Também vale a pena ler: “Declaração sobre o aborto provocado”, da Congregação para a Doutrina da Fé, de 1974.

A função da lei não é a de regist[r]ar o que se faz; mas sim, a de ajudar a fazer melhor. É função do Estado, em qualquer hipótese; salvaguardar os direitos de cada um e proteger os mais fracos. Ser-lhe-á necessário, para tanto, corrigir muitos erros. A lei não está obrigada a sancionar tudo, mas ela não pode ir contra uma outra lei mais profunda e mais augusta do que toda a lei humana, a lei natural inscrita no homem pelo Criador, como uma norma que a razão discerne e se esforça por formular, que é necessário fazer mesmo esforço para compreender cada vez melhor, mas que é sempre mal contradizer. A lei humana pode renunciar a punir, mas não pode declarar honesto aquilo que porventura fosse contrário ao direito natural, porque uma tal oposição basta para fazer com que uma lei deixe de ser lei.

– Vale a pena lamentar duas notícias publicadas em ZENIT nos últimos dias: a tradução do artigo de Dom Rino Fisichella e este comentário entusiasta da sra. Inma Álvares sobre o referido artigo. E vale a pena entrar em contato com ZENIT para pedir a publicação da declaração da arquidiocese de Olinda e Recife, por uma questão de justiça. A fim de que a Verdade triunfe.

Declaração da Arquidiocese de Olinda e Recife

[Fonte: blog do Padre Joãozinho]

A respeito do artigo intitulado “Dalla parte della bambina brasiliana” e publicado no L´OSSERVATORE ROMANO no dia 15 de março, nós, abaixo assinados, declaramos:

1. O fato não aconteceu em Recife, como diz o artigo, mas sim na cidade de Alagoinha (Diocese de Pesqueira).

2. Todos nós – começando pelo pároco de Alagoinha (abaixo assinado) – tratamos a menina grávida e sua família com toda caridade e doçura. O Pároco, fazendo uso de sua solicitude pastoral, ao saber da notícia em sua residência, dirigiu-se de imediato à casa da família, onde se encontrou com a criança para lhe prestar apoio e acompanhamento, diante da grave e difícil situação em que a menina se encontrava. E esta atitude se deu durante todos os dias, desde Alagoinha até Recife, onde aconteceu o triste desfecho do aborto de dois inocentes. Portanto, fica evidente e inequívoco que ninguém pensou em primeiro lugar em “excomunhão”. Usamos todos os meios ao nosso alcance para evitar o aborto e assim salvar as TRÊS vidas. O Pároco acompanhou pessoalmente o Conselho Tutelar da cidade em todas as iniciativas que visassem o bem da criança e de seus dois filhos. No hospital, em visitas diárias, demonstrou atitudes de carinho e atenção que deram a entender tanto à criança quanto à sua mãe que não estavam sozinhas, mas que a Igreja, ali representada pelo Pároco local, lhes garantia a assistência necessária e a certeza de que tudo seria feito pelo bem da menina e para salvar seus dois filhos.

3. Depois que a menina foi transferida para um hospital da cidade do Recife, tentamos usar todos os meios legais para evitar o aborto. A Igreja em momento algum se fez omissa no hospital. O Pároco da menina realizou visitas diárias ao hospital, deslocando-se da cidade que dista 230 km de Recife, sem medir esforço algum para que tanto a criança quanto a mãe sentissem a presença de Jesus Bom Pastor que vai ao encontro das ovelhas que mais precisam de atenção. De tal sorte que o caso foi tratado com toda atenção devida da parte da Igreja e não “sbrigativamente” como diz o artigo.

4. Não concordamos com a afirmação de que “a decisão é árdua… para a própria lei moral”. Nossa Santa Igreja continua a proclamar que a lei moral é claríssima: nunca é lícito eliminar a vida de um inocente para salvar outra vida. Os fatos objetivos são estes: há médicos que explicitamente declaram que praticam e continuarão a praticar o aborto, enquanto outros declaram com a mesma firmeza que jamais praticarão o aborto. Eis a declaração escrita e assinada por um médico católico brasileiro: “(…) Como médico obstetra durante 50 anos, formado pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, e ex chefe da Clínica Obstétrica do Hospital do Andaraí, onde servi 35 anos até minha aposentadoria, para dedicar-me ao Diaconato, e tendo realizado 4.524 (quatro mil quinhentos e vinte e quatro) partos, muitos de menores de idade, nunca precisei recorrer ao aborto para “salvar vidas”, assim como todos os meus colegas íntegros e honestos em sua profissão e cumpridores de seu juramento hipocrático. (…)”.

5. É falsa a afirmação de que o fato foi divulgado nos jornais somente porque o Arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão. Basta ver que o caso veio a público em Alagoinha na quarta-feira, dia 25 de fevereiro, o Arcebispo se pronunciou na imprensa no dia 03 de março e o aborto se deu no dia 4 de março. Seria demasiado imaginar que a imprensa brasileira, diante de um fato de tamanha gravidade, tenha silenciado nesse intervalo de seis dias. Assim sendo, a notícia da menina (“Carmen”) grávida já estava divulgada nos jornais antes da consumação do aborto. Somente então, interrogado pelos jornalistas, no dia 3 de março (terça-feira), o Arcebispo mencionou o cânon 1398. Estamos convictos de que a divulgação desta penalidade medicinal (a excomunhão) fará bem a muitos católicos, levando-os a evitar este pecado gravíssimo. O silêncio da Igreja seria muito prejudicial, sobretudo ao constatar-se que no mundo inteiro estão acontecendo cinqüenta milhões de abortos cada ano e só no Brasil um milhão de vidas inocentes são ceifadas. O silêncio pode ser interpretado como conivência ou cumplicidade. Se algum médico tem “consciência perplexa” antes de praticar um aborto (o que nos parece extremamente improvável) ele – se é católico e deseja observar a lei de Deus – deve consultar um diretor espiritual.

6. O artigo é, em outras palavras, uma direta afronta à defesa pela vida das três crianças feita veementemente por Dom José Cardoso Sobrinho e demonstra quanto o autor não tem bases e informações necessárias para falar sobre o assunto, por total desconhecimento dos detalhes do fato. O texto pode ser interpretado como uma apologia ao aborto, contrariando o Magistério da Igreja. Os médicos abortistas não estiveram na encruzilhada moral sustentada pelo texto, ao contrário, eles praticaram o aborto com total consciência e em coerência com o que acreditam e o que ensinam. O hospital que realizou o aborto na menininha é um dos que sempre realizam este procedimento em nosso Estado, sob o manto da “legalidade”. Os médicos que atuaram como carrascos dos gêmeos declararam e continuam declarando na mídia nacional que fizeram o que já estavam acostumados a fazer “com muito orgulho”. Um deles, inclusive, declarou que: “Já fui, então, excomungado várias vezes”.

7. O autor arvorou-se do direito de falar sobre o que não conhecia, e o que é pior, sequer deu-se ao trabalho de conversar anteriormente com o seu irmão no episcopado e, por esta atitude imprudente, está causando verdadeiro tumulto junto aos fiéis católicos do Brasil que estão acreditando ter Dom José Cardoso Sobrinho sido precipitado em seus pronunciamentos. Ao invés de consultar o seu irmão no episcopado, preferiu acreditar na nossa imprensa declaradamente anticlerical.

Recife-PE, 16 de março de 2009

Pe. Edson Rodrigues (Pároco de Alagoinha-PE – Diocese de Pesqueira)

Mons. Edvaldo Bezerra da Silva (Vigário Geral – Arquidiocese de Olinda e Recife)

Pe. Moisés Ferreira de Lima (Reitor do Seminário Arquidiocesano)

Dr. Márcio Miranda (Advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife)

Forçando a “liberdade de escolha”

Comentei aqui há uns dias sobre a liberdade de uma opção só apregoada pelos abortistas, quando nasceu o filho de uma menina de onze anos do Rio Grande do Sul que havia engravidado após ter sido estuprada. Visivelmente incomodados com o fato da pequena ter-se recusado ao aborto, estrebuchando de ódio porque a criança não quis engrossar as fileiras dos que lutam “pelos direitos” das mulheres, os abortistas de todos os naipes deploraram amargamente a decisão da menor, procurando desesperadamente desculpas esfarrapadas – “negligência”, “desinformação”, “burocracia”, etc – para justificar a existência de mulheres que não compactuam com a visão de mundo distorcida que eles próprios têm e querem impôr a todo o mundo.

Pois bem; de novo, os promotores do assassínio de crianças estão com as garras de fora e, de novo, não suportam a idéia de que uma garota vítima de estupro opte pelo caminho contrário àquele que os abortistas defendem a todo custo. Na Bahia, uma menina de treze anos, grávida, estuprada pelo pai, decidiu ter a criança. A história é dramática: a mãe da menina já é falecida, o pai está preso por causa dos abusos cometidos contra ela, e nenhum parente parece interessado em acolhê-la – a garota está completamente sozinha. Mesmo assim, ela nem sequer cogita a possibilidade de assassinar o seu próprio filho: está decidida a ter o bebê.

É óbvio que os abortistas não conseguem suportar isso. É claro que os propagadores do crime têm absoluto horror à existência de quem não aceite ser-lhes cúmplice. É evidente que os arautos do vício não podem suportar nem mesmo a mera visão da virtude. Na opinião deles, por conseguinte, é lógico que a menina, vítima de estupro, não pode ter o bebê. Afinal de contas, ela tem liberdade de escolha; ela tem o direito de abortar. E, se ela não quiser exercer a sua “liberdade” e não quiser usufruir do seu “direito”, é porque ela é de menor e não sabe o que faz: é preciso forçá-la a ser “livre”, é preciso aplicar-lhe à força o seu “direito”. É o que se depreende da declaração do promotor do caso, o sr. Bruno Teixeira:

O promotor Bruno Teixeira disse que pretende saber do Iperba se a gestação oferece risco para a garota. Se não houver risco, de acordo com ele, o desejo dela e da representante será mantido.

Caso a junta médica do instituto ateste o risco, Teixeira disse que poderá encaminhar à Justiça um pedido para que o aborto seja realizado em detrimento do desejo da conselheira e da garota.

Percebam o disparate: a garota não quer fazer o aborto, a conselheira tutelar por ela responsável não quer que ela faça o aborto, e o promotor aventa a possibilidade de encaminhar à Justiça um pedido para que peguem a menina à força e, à revelia dela própria e de sua representante legal, matem o filho dela que ela já disse claramente que deseja ter! O que explica esta absurda e monstruosa lógica abortista? Quem estes senhores pensam que são, para arrancarem uma criança à tutela de sua representante legal, a fim de imporem-lhe uma violência absurda e assassinarem à força o filho que ela está esperando?! No entanto, os canalhas acham esta grosseira violência a coisa mais normal do mundo:

Na avaliação do especialista José Henrique Torres, que atua como juiz em Campinas e defende a legalização do aborto, não há impedimentos legais para a Promotoria solicitar à Justiça a interrupção da gravidez.

Francamente, os defensores do aborto são doentes. São sociopatas perigosos. O gravíssimo defeito moral que lhes é inerente – a completa indiferença e insensibilidade diante da idéia de crianças brutalmente trucidadas no útero de suas mães por “médicos” carniceiros – faz com que não se possa confiar neles. Nada é mais odioso a um abortista do que um anti-abortista que, tendo “motivos” para abortar, recuse-se a fazê-lo. Este, na opinião dos abortistas, não pode de maneira alguma existir; e os paladinos defensores dos “direitos das mulheres” já mostraram que farão de tudo para garantir que a “liberdade de escolha” de toda mulher seja exercida. Quer ela queira, quer não.

Comentando o artigo de Dom Fisichella

Gostaria de acrescentar mais alguns ligeiros comentários ao artigo de Sua Excelência Reverendíssima Dom Rino Fisichella, publicado na edição de ontem de L’Osservatore Romano e aqui reproduzido. Em seu artigo, o presidente da Pontifícia Academia para a Vida fez alguns comentários sobre o caso do aborto em Recife e das declarações do Arcebispo local.

Antes de qualquer coisa é preciso deixar bem claro que ninguém – absolutamente ninguém – negou a existência do cân. 1398 do Código de Direito Canônico que diz que “[q]uem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae”. Ora, este é o cerne das declarações do Arcebispo de Olinda e Recife; de onde se pode inferir que, no essencial, ninguém discorda de Dom José Cardoso e nem pode discordar, porque seria discordar do Código de Direito Canônico da Igreja. Todos os “católicos” que chiaram contra a pena nos últimos dias, que consideraram um absurdo medieval a existência da excomunhão, que lançaram ao Arcebispo a pecha infamante de “Inquisidor” e coisas parecidas, no final das contas era contra a Igreja – ainda que não o soubessem – que dirigiam a sua fúria descabida. Quanto a este ponto, não cabe discussão.

No entanto, há a possibilidade – e é aqui que se insere o artigo de Dom Fisichella – de se questionar não o cânon em si (o que seria impossível), mas a atitude do Arcebispo de Olinda e Recife de anunciar publicamente a sua existência em meio ao drama (o que, diga-se de passagem, é inoportuno e imprudente – mas, vá lá!). A quantidade de matizes que esta modalidade de crítica pode admitir é virtualmente infinita, indo desde o questionamento sobre a existência, no caso concreto, de atenunantes que poderiam livrar da excomunhão os envolvidos no aborto, até a afirmação peremptória de que foi inoportuna a declaração do Arcebispo. O artigo de Dom Fisichella consegue cobrir estes dois extremos.

Ele critica abertamente a postura de Dom José Cardoso, ao afirmar, por exemplo, que o assassinato das duas crianças inocentes [“É verdade, Carmen trazia dentro de si outras vidas inocentes como a sua, também frutos da violência, e foram suprimidas“; grifos meus] não é – pasmem! – motivo suficiente para se falar na excomunhão [“não basta para emitir um julgamento que pesa como um machado”; grifos meus novamente]! Oras, Excelência, data venia, se o assassinato de duas crianças inocentes, que V. Excia. admite existir, “não basta” para emitir o “julgamento que pesa como um machado”, então o que é que bastaria para emiti-lo? O que é que está faltando? Se a existência de fato de um delito não é suficiente para se falar na pena em que incorre quem comete este delito… então quando é que poderemos falar nesta pena? Nunca…?

Donde se vê que a argumentação simplesmente não procede. Diz Sua Excelência que a existência do aborto não é o bastante para falar na excomunhão, mas esquece-se de dizer o que seria o bastante. Caímos, neste caso, em um “raciocínio” semelhante ao encontrado nas declarações do Secretário Geral da CNBB: nunca poderíamos falar sobre o assunto. Os inimigos da Igreja certamente iriam gostar deste silêncio que raia à cumplicidade; no entanto, nós, católicos, temos sempre a obrigação de falar. Podemos sempre repetir com o Apóstolo: “ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16)!

A outra parte da crítica de Dom Fisichella refere-se à existência da excomunhão em si, no caso concreto deste aborto ocorrido em Recife. Infere-se a sua simpatia pelos médicos em pelo menos dois trechos do seu artigo: quando ele fala que “não se pode consentir que se faça um juízo negativo, sem primeiro ter considerado o conflito que se criou em seu [do médico] íntimo”, e – pior ainda! – quando diz, dirigindo-se à menor, que “[s]ão outros que merecem a excomunhão e o nosso perdão, não os que te permitiram viver”. Aqui, peca Sua Excelência por desinformação: não houve “conflito” algum no “íntimo” dos médicos, porque são abortistas militantes. Em nenhum momento eles titubearam; não se tratou, sob nenhuma ótica, de uma decisão tomada sob a pressão de ter diante de si uma vida que se esvaía e pela qual era necessário urgentemente fazer alguma coisa, porque a menina não corria nenhum risco de vida imediato. Outrossim, o que significa a frase misteriosa do final do artigo? Não são os médicos carniceiros que merecem a excomunhão? Quem são os “outros” aos quais Sua Excelência se refere? Por que Dom Fisichella não expõe claramente as suas opiniões sobre o assunto, ao invés de ficar com estas sentenças soltas e frases genéricas que ninguém sabe ao certo o que significam?

O artigo do presidente da Pontifícia Academia para a Vida aborda aspectos corretos dos problema (e talvez isso explique a sua publicação no L’Osservatore), porque, afinal, é certamente necessário dar apoio humano à menor violentada e é obviamente necessário levar em consideração os aspectos subjetivos que, num caso concreto, delimitam as fronteiras entre o erro de boa fé (que exime da pena) e a malícia do ato (que faz nela incorrer); no entanto, ele é duplamente injusto. É injusto com Dom José Cardoso, retratado como um insensível, e é injusto com os médicos promotores do aborto, virtualmente apresentados como cristãos exemplares atravessando dramas de consciência. Uma completa inversão de papéis! É de se lamentar que – mais uma vez – um Sucessor dos Apóstolos venha a ser usado pelos inimigos da Igreja para atacá-La e humilhá-La. Não, Dom Fisichella, a Igreja – definitivamente – não precisava disso.