Debate sobre o aborto: prof. Hermes Nery x “Católica” pelo Direito de Decidir

Bastante oportuno o seguinte debate sobre o aborto que o prof. Hermes Rodrigues Nery travou na TViG com uma senhora das ditas “Católicas” pelo Direito de Decidir.

http://www.youtube.com/watch?v=ZuVzMfVMIjg

O blog do Shalom também repercutiu o assunto. Destaco:

Num dado momento, como é próprio da militância feminista, passou a atacar a Igreja, insinuando inclusive que Santo Tomás de Aquino era a favor do aborto, em seguida defendeu a Teologia da Libertação, dizendo que a Igreja não tem nada que falar de sexo e usou a velha estratégia de definir a defesa da vida como uma iniciativa meramente religiosa, e citando dr. Varella chamou a Igreja de assassina porque deixa que as mulheres sofram por não permitir o uso da camisinha e nem o aborto. Ou seja, deu uma aula para provar que segue a risca a cartilha pró-aborto regada à uma dose de marxismo cultural, provando ela mesma que o catecismo anda longe de sua biblioteca pessoal.

Nossos parabéns ao prof. Hermes, pela serenidade e firmeza que demonstrou neste programa “Desafio”. Sigamos em frente, fazendo a nossa parte, defendendo a vida «desde a concepção até a morte natural» em todas as oportunidades que se nos apresentarem.

O Papa Francisco e o aborto: a esquizofrenia da grande mídia

Ontem correram o mundo notícias “bombásticas” sobre as críticas que o Papa teria feito à forma como a Igreja transmite a sua Doutrina Moral. Citando uma entrevista do Romano Pontífice a uma revista jesuíta, as matérias que pulularam na internet foram as mais disparatadas possíveis. Exemplo:

Para Papa, Igreja não pode interferir espiritualmente na vida dos gays
– Papa abre Igreja aos gays, aos divorciados e às mulheres que abortam
– Igreja insiste demais em homossexualidade e aborto, diz papa
Papa critica obsessão da igreja por aborto, casamento gay e contracepção
Et cetera, et cetera, et cetera.

As causas mais gerais dessa loucura generalizada se encontram no diálogo de surdos entre a Igreja e a Imprensa que o prof. Carlos Ramalhete apontou com extrema perspicácia ontem mesmo. A leitura do texto dele é recomendadíssima, para que se possam evitar perturbações provocadas pela situação atual e por outras idênticas a ela que já apareceram e sem dúvidas ainda haverão de aparecer enquanto houver jornalismo medíocre no mundo.

Quanto ao caso concreto, é importante dizer quanto segue:

1. A íntegra da entrevista de Sua Santidade pode ser encontrada aqui.

2. A frase que provocou celeuma – sobre não se poder «insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos» – não se encontra solta no tempo e no espaço, como se o Papa estivesse estabelecendo diretrizes de ação para a Igreja em geral e para todas as situações possíveis. Como se trata de uma entrevista, o Papa Francisco está dando uma resposta para uma pergunta específica, e portanto é óbvio que o alcance de suas palavras deve estar circunscrito ao contexto dela. É evidente que elas não servem para guiar toda e qualquer ação dos católicos, pela simples razão de não ter sido isso o que foi perguntado a Sua Santidade.

3. A pergunta à qual o Papa Francisco responde é a seguinte:

[E]xistem cristãos que vivem em situações não regulares para a Igreja ou, de qualquer modo, em situações complexas, cristãos que, de um modo ou de outro, vivem feridas abertas. Penso nos divorciados recasados, casais homossexuais, outras situações difíceis. Como fazer uma pastoral missionária nestes casos? Em que insistir?

4. O Papa, portanto, não está falando da ação evangelizadora da Igreja simpliciter – e nem muito menos da apologética! -, e sim da «pastoral missionária» a ser feita junto a cristãos específicos – grifo, a cristãos específicos – que sofrem com problemas de ordem moral. O Papa, assim, não está falando do combate contra o Movimento Gay internacional ou contra a Indústria do Aborto, e sim do diálogo com cristãos arrependidos de seus atos. Veja-se:

Penso também na situação de uma mulher que carregou consigo um matrimónio fracassado, no qual chegou a abortar. Depois esta mulher voltou a casar e agora está serena, com cinco filhos. O aborto pesa-lhe muito e está sinceramente arrependida. Gostaria de avançar na vida cristã. O que faz o confessor?

Ora, o que isso tem minimamente a ver com o movimento feminista que pleiteia um “direito” ao assassinato de seres humanos inocentes ou com a Planned Parenthood? Absolutamente nada. Carece totalmente de sentido, portanto, fantasiar que o Papa pretenda banir o movimento pró-vida católico, sacramentar o “casamento” homossexual, abolir a Moral da Igreja ou qualquer outro disparate do tipo.

5. Ainda: não se trata de pretender converter os pecadores sem lhes apontar os seus pecados, e sim de acolher os penitentes que, já arrependidos de suas faltas, buscam sinceramente a graça de Deus; e fazê-lo sem que seja necessário ficar remexendo em feridas passadas dolorosas. A situação concreta que o Papa apresenta, como vimos, é a de uma mulher que no passado abortou e agora está sinceramente arrependida. É óbvio que numa situação dessas (e em outras análogas) o confessor não pode «insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos». É óbvio que esta mulher precisa sentir-se perdoada por Deus, e não ainda mais atormentada pelo seu pecado passado e do qual já se arrependeu, sem no entanto conseguir se perdoar.

6. Mais: não se trata de deixar de falar de temas morais, mas sim de harmonizá-los com a totalidade do ensino da Igreja. Porque, caso contrário, eles podem parecer regras arbitrárias e sem sentido. O que o Papa diz está corretíssimo: «o anúncio do amor salvífico de Deus precede a obrigação moral e religiosa». E ainda: «A mensagem evangélica não pode limitar-se, portanto, apenas a alguns dos seus aspectos, que, mesmo importantes, sozinhos não manifestam o coração do ensinamento de Jesus». É claro que é assim. Não fosse a Moral radicada na obediência a um Deus que é amor, ela se transformaria em um conjunto de imposições tirânicas e desprovidas de sentido. Não existe Moral sem Deus, e desvincular aquela Deste é um erro que obviamente não pode dar frutos de conversão.

7. Estas palavras do Papa, por fim, que falam por um lado da melhor maneira de acolher cristãos já arrependidos de seus pecados e, por outro, de não apresentar a Moral Católica desvinculada da totalidade da Mensagem Evangélica para não a desacreditar, não mudam em um átimo o dever da Igreja de continuar fazendo incansável guerra contra os promotores de pecados. Pretender que se deva agir com estes últimos da mesma forma que o Papa manda acolher os pecadores arrependidos é um completo nonsense e uma falsificação grosseiríssima das palavras de Sua Santidade.

E a maior prova de que o Papa não tem (e nem poderia ter) a menor intenção de alterar a forma de pregação da Igreja está nas palavras que ele próprio dirigiu hoje (sexta-feira, 20 de setembro, um dia depois da veiculação da entrevista supracitada) aos participantes de um encontro promovido pela Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos. O original italiano desse discurso do Papa Francisco está aqui. Uma repercussão em português pode ser encontrada aqui. Desta última, destaco:

O Papa referiu-se esta sexta-feira em termos muito claros ao drama do aborto e ao direito à vida, deixando muito claro que a protecção da vida é “uma verdadeira prioridade do magistério, particularmente no caso da vida indefesa, isto é, os deficientes, os doentes, os nascituros, as crianças, os idosos”.

Numa audiência uma delegação de médicos católicos, Francisco foi mais longe e disse que as crianças que são “condenadas ao aborto” têm “o rosto do Senhor”, tal como os idosos cujo direito à vida não é respeitado.

E é exatamente isto o que está no original: «Per questo l’attenzione alla vita umana nella sua totalità è diventata negli ultimi tempi una vera e propria priorità del Magistero della Chiesa, particolarmente a quella maggiormente indifesa, cioè al disabile, all’ammalato, al nascituro, al bambino, all’anziano, che è la vita più indifesa». “Por isto, a atenção à vida humana na sua totalidade se tornou nos últimos tempos uma verdadeira e própria prioridade do Magistério da Igreja, particularmente àquela mais indefesa, isto é, ao inválido, ao doente, ao nascituro, à criança, ao ancião – que são as vidas mais indefesas”. E ele ainda vai mais longe:

O terceiro aspecto é um mandato: sede testemunhos e difusores desta “cultura da vida”. O vosso ser católico comporta uma responsabilidade maior: antes de tudo com relação a vós mesmos, pelo empenho de coerência com a vocação cristã; e depois diante da cultura contemporânea, para contribuir a reconhecer na vida humana sua dimensão transcendente, marca [impronta] da obra criadora de Deus, desde o primeiro instante de sua concepção. Este é um empenho da nova evangelização que muitas vezes exige andar contra a corrente, pessoalmente [pagando di persona].

E termina:

Nunca deixem de rezar ao Senhor e à Virgem Maria para terem sempre a força de cumprir bem o trabalho de vocês, testemunhando com coragem – com coragem! Hoje se exige coragem! -, testemunhando com coragem o “Evangelho da Vida”. Muito obrigado!

Não se trata de “deixar de lado” a pregação moral da Igreja, e sim de saber que esta é uma «prioridade do Magistério». Não se trata de “falar menos” nestes assuntos, e sim do «mandato» de agirmos «contra a corrente», «testemunhando com coragem o Evangelho da Vida». Ora, isso é rigorosamente o oposto do que se alardeou ontem na mídia irresponsável!

E o castigo para a leviandade da imprensa é a contradição, que chega às raias da esquizofrenia; ontem diziam que o Papa criticara a «obsessão da Igreja com o aborto», hoje anunciaram que o Papa disse ser «a defesa da vida uma verdadeira prioridade do Magistério». E continuarão dizendo ora uma coisa e ora o seu contrário, mesmo de um dia para o outro, porque a preocupação de certa mídia sensacionalista não é (e nem nunca foi) com a verdade dos fatos ou com a coerência do seu discurso, mas tão-somente com o “novo”, com o “sensacional”, com o “bombástico”. Esta é a função desta mídia. Engana-se quem pensa que o objetivo dela é informar alguém de alguma coisa.

Do nosso lado, enganar-nos-emos ainda mais terrivelmente se lhe prestarmos ouvidos. Confudir-nos-emos e nos perderemos, porque a missão dela é confundir e dispersar. Não caiamos nesta armadilha tão tosca e pueril! Os nossos olhos devem estar fitos no Eterno, e não nas inconstâncias esquizofrênicas dos meios de comunicação.

Aborto: Globo mostra ficção e esconde a realidade

A respeito de certa cena pró-aborto que a Globo recentemente transmitiu em uma sua novela, está primoroso este artigo da Dra. Elizabeth Kipman publicado na Gazeta do Povo. Antes de aparecerem por aí com comentários disparatados, melhor fariam as pessoas em se inteirarem devidamente a respeito do que é verdadeiro e do que é falso no que aparece “na telinha”. Para que não juntem à sua imoralidade já suficientemente repugnante a mais abjeta desonestidade intelectual.

Porém, consideremos: uma pessoa que quiser amputar sua própria mão sem ser por motivo de saúde não pode ser auxiliada pelo médico, que sofrerá severa punição se o fizer – apesar do risco que esta pessoa corre se insistir em fazer o ato de forma insegura. Mas, quando existe a ameaça da realização de um aborto provocado, o médico seria obrigado a fazê-lo?

Não existe um único médico católico no mundo que se recuse a fornecer cuidados básicos para uma mulher que tenha sofrido complicações por conta de um aborto provocado. Como não existe nenhum médico católico no mundo que se recuse, por exemplo, a ministrar os primeiros socorros a um ladrão que tenha sido ferido num tiroteio com a polícia. Isto não está sequer em discussão, e é verdadeiramente calhorda a empulhação que foi ao ar numa novela da Globo. Inventando uma história totalmente sem pé nem cabeça, a emissora apresenta as coisas como se a culpa das mulheres que morrem em conseqüência de abortos provocados fosse não delas próprias, que tentaram mutilar o próprio corpo a fim de matar o filho inocente que carregavam no ventre, mas sim da ficção totalmente inexistente de médicos religiosos se recusando a lhes prestar socorro uma vez que elas chegam nas emergências dos hospitais!

É uma lástima que mulheres morram na prática de abortos clandestinos? Sim, é, sem dúvidas. Mas se o governo se importasse realmente com estas mulheres, deveria fornecer-lhes todo o suporte possível (psicológico e financeiro) para que elas não precisassem matar os próprios filhos. No entanto, as pobres mulheres em situação de vulnerabilidade que – num momento de desespero – desejam recorrer ou recorrem ao aborto são utilizadas pelo Governo brasileiro como bucha de canhão para o avanço da agenda abortista no país. Depois disso, são descartadas.

Se a mesma quantidade de recursos e energia gastos para empurrar o aborto no Brasil fosse aplicada no auxílio verdadeiro a mulheres grávidas que não têm condições de ter os seus filhos, o (aliás já baixo) número de mulheres mortas por conta de abortos provocados no nosso país ia cair para zero. Para que se veja o quão hipócrita é a política governamental de “apoio” às mulheres grávidas, veja-se este artigo (com um vídeo) que o pe. Lodi publicou há algumas semanas no seu site. O testemunho é impressionante. Regiane foi estuprada e ficou grávida. Procurou fazer um aborto, e foi tratada a pão-de-ló pelos órgãos oficiais e oficiosos de “defesa da mulher”. Antes de fazê-lo, contudo, desistiu; e, por conta disso, o Governo rapidamente perdeu o interesse nela. Para ajudá-la a criar o seu filho, não apareceu ninguém que movesse uma palha em seu favor. Ouçamos o que ela diz:

Vim pra falar que Secretaria de Política para Mulheres não defende as mulheres, procurei o CEDIM no Rio de Janeiro [e] escutei delas que, por não optar pelo aborto, que eu tinha problemas porque eu queria. Porque meus problemas poderiam ter sido resolvidos. Como eu optei pela gravidez, eu estava com problemas por livre e espontânea vontade.

Isso, sim, é a realidade das mulheres brasileiras, isso deveria estar em horário nobre na televisão, para que os brasileiros de bem se indignassem com a patifaria que o Governo realiza com o dinheiro dos nossos impostos, empregando-o para assassinar crianças e deixando mães passarem necessidades. Isso é o que precisa ser mostrado. Não a ficção mentirosa que a Globo coloca nas suas novelas para, mentindo e enganando, minar a sã aversão que o povo brasileiro tem ao crime horrendo do aborto.

São Paulo pela vida – coleta de assinaturas

Bastante louvável esta iniciativa da Diocese de Taubaté de apresentar uma «petição que propõe ao Poder Público do Estado de São Paulo assegurar o DIREITO À VIDA desde a fecundação (nascituro) até a morte natural de um indivíduo».

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Trata-se de uma proposta de emenda à Constituição de São Paulo. É um projeto de iniciativa popular apresentada por «cidadãos eleitores paulistas»; se você é de São Paulo, não deixe de participar dessa campanha e de divulgá-la.

O texto pode ser assinado clicando-se na figura acima ou aqui.

O aborto e a má fé da Eliane Brum

No início desta semana, a sra. Eliane Brum publicou na sua coluna um texto absurdo sobre o PLC 03/2013 (agora Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013) e o aborto. O texto dela fala no título e no corpo de uma certa “má fé” dos pró-vida na forma como estão tratando o assunto; ora, se existe alguma má fé aqui, esta se encontra precisamente nas considerações da sra. Eliane!

1. Ao contrário do que a Sra. Eliane insinua, o problema que os pró-vida vêem na Lei 12.845 não é (obviamente) o atendimento às vítimas de estupro; o problema é a abertura velada ao aborto que ela proporciona.

2. Ao contrário do que a Sra. Eliane diz, a dita “pílula do dia seguinte” não evita uma gravidez, pelo menos não na totalidade dos casos. A citada pílula tem também o efeito de impedir a nidação de um óvulo já fecundado, o que significa não evitar uma gravidez, mas sim interrompê-la.

2.1. Que a dita “pílula do dia seguinte” possua também efeito anti-implantatório é o que se aprende em qualquer pesquisa sobre o assunto:

  • «Ele [o “contraceptivo”] também pode evitar que o óvulo fertilizado seja implantado no útero». [saude.hsw.uol.com.br]
  • «It may also cause endometrial changes that discourage implantation». [medicines.org.uk]
  • «It is a progestin hormone that prevents pregnancy by (…) changing the womb and cervical mucus to make it more difficult for an egg (…) attach to the wall of the womb (implantation)». [medicinenet.com]

2.2. Portanto, o que os pró-vida questionam no emprego da dita “pílula do dia seguinte” não é a sua capacidade de evitar uma gravidez, mas sim a de interromper uma. Afinal de contas, “interromper” uma gravidez com a conseqüente morte do embrião significa justamente aborto.

3. Ao contrário do que a Sra. Eliane diz, a polêmica não «se apega» somente «ao direito de acesso das vítimas à pílula do dia seguinte». A polêmica envolve também (e talvez até principalmente) o inciso VII do Art. 3º, que fala «sobre os [supostos] direitos legais» da vítima de estupro; os quais, na novilíngua abortista, incluem também um inexistente “direito” ao “aborto legal” (que a referida colunista não deixa de propugnar em seu texto).

4. A cortina de fumaça da Sra. Eliane se dispersa facilmente quando se analisa a questão sob a ótica clara que uma comentarista expôs lá no texto:

Cara Jornalista, assistência humanitária, de saúde e psicológica pode ser dispensada às vítimas de violência sem que seja provocado o aborto. O Código Penal diz que nesses casos o aborto não é penalizado, não diz que o Estado deva providenciá-lo. Em nenhum momento fomos contra a assistência, somente contra o aborto. Creio que a má-fé é do seu texto, que é tendencioso

Toda a tagarelice da colunista da Época, portanto, deixa assim de fazer sentido. A questão nunca foi sobre o atendimento às vítimas de estupro, e sim sobre o aborto sub-repticiamente introduzido numa legislação à revelia dos próprios legisladores. Na verdade, são os pró-aborto que (como de costume) não estão nem um pouco interessados na dor dessas mulheres, pois não são capazes de desistir do aborto nem mesmo para mitigar o sofrimento das vítimas de tão horrendo crime. Não são capazes de apoiar uma única medida legal favorável às vítimas de estupro que não seja para empurrar o aborto na legislação brasileira. Isso, sim, é demoníaco. Isso sim é uma ameaça concreta à saúde das mulheres, que como tal deve ser combatida.

Leituras correlatas:

– Santas casas poderão recusar aplicação de pílula do dia seguinte
– Aborto não é ato médico
– Nome ao Natimorto (interessante, embora não aborde diretamente o tema aqui tratado)

P.S.: Mais leituras correlatas

– El Consejo de Seguridad de la ONU rechaza que el aborto sea un derecho de las víctimas de violaciones
– Apoio ao aborto, não à mulher.

A Jornada da Juventude Pró-Vida

A JMJ foi também palco de uma série de iniciativas pró-vida, de algumas das quais eu tive a honra de participar mais ativamente.

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No dia 22 de Julho, segunda-feira, no Rio Centro, ocorreu o Vida in Concert. Foi um show realizado pela Elba Ramalho e convidados, que entremearam canções religiosas e seculares com testemunhos e brados pró-vida. Os artistas que subiram ao palco eram os mais variados: tivemos cantores católicos (como a Celina Borges, o Dunga, a Ziza Fernandes) e seculares (Geraldo Azevedo, Nando Cordel, a própria Elba, o Toni Garrido). Todos unidos em torno de uma causa comum a diferentes confissões religiosas: a defesa incondicional da vida humana e o repúdio a todas as formas de violência das quais ela é vítima, em especial o aborto.

Permito-me um parêntese. Segundo me informou uma amiga, o Luan Santana estava originalmente escalado para participar deste show. O motivo é que ele ajudou certa vez a Elba Ramalho a dissuadir uma garota de praticar um aborto. A história é a seguinte: enquanto a Elba estava no telefone com a menina, grávida, tentando convencê-la a ter a sua criança, ela (a jovem mãe) teria retrucado algo do tipo: «mas grande coisa a Elba Ramalho… ainda se fosse o Luan Santana…!». A paraibana não se fez de rogada. Ligou imediatamente para o Luan Santana, que topou falar com a menina. Ela ficou felicíssima e desistiu de abortar a criança.

Por favor, não me venham questionar a mentalidade de quem desiste de abortar só porque falou com o Luan Santana. Eu sei que é fútil e irresponsável. Alguém poderia dizer que um filho indesejado por sua mãe a ponto dela cogitar abortá-lo não está em condições muito melhores do que o mesmo filho cuja mãe desistiu de matá-lo no ventre porque falou com um astro teen. A isso eu responderia: está sim, porque ao menos está vivo. É claro que todas as mães deveriam amar os seus filhos, e não os utilizar como moeda de troca para satisfazer as suas tietagens. Mas se a um filho há de ser negado o amor de sua mãe, que ao menos não lhe seja negado também o próprio direito à vida por conta disso. Por vias tortas que sejam, aquela jovem fez a coisa certa; e que Deus possa tocar o coração dela, para que – se ela optou por ficar com a criança; não sei o desfecho da história – possa amar verdadeiramente o filho que ela um dia decidiu deixar viver por razões tão mesquinhas. Há sempre espaço para mudanças de postura nesta vida. Uma conversão verdadeira é sempre possível, e é sempre melhor que ela ocorra sem um aborto consumado.

Esta seria a participação original do Luan Santana da JMJ, e aqui ao menos ele seria edificante: tratava-se de um show não especificamente católico, realizado longe dos holofotes dos Atos Centrais, e aqui ele poderia contar a história que relatei brevemente acima. No entanto, os inimigos das coisas de Deus preferiram arrancá-lo do testemunho pró-vida para o colocar nos Atos Centrais da Jornada, com toda a repercussão negativa que esta infeliz escolha teve. Não falemos mais sobre este assunto. Ao menos a sua interpretação da Oração de São Francisco em Copacabana foi breve e bonita, após a qual ele permaneceu e parecia acompanhar com atenção as palavras do Papa Francisco (*). Que elas possam encontrar terreno fértil no coração ferido do jovem artista.

[(*) Nesta noite, entre outras coisas, o Papa Francisco falou: «E se cometerem um erro na vida, se tiverem uma escorregadela, se fizerem qualquer coisa de mal, não tenham medo. Jesus, vê o que eu fiz! Que devo fazer agora? Mas falem sempre com Jesus, no bem e no mal, quando fazem uma coisa boa e quando fazem uma coisa má. Não tenham medo d’Ele! Esta é a oração». E ainda: «Hoje eu roubo a palavra a Madre Teresa e digo também a você: Começamos? Por onde? Por ti e por mim! Cada um, de novo em silêncio, se interrogue: se devo começar por mim, por onde principio? Cada um abra o seu coração, para que Jesus lhe diga por onde começar». Que bom seria se aquela vigília em Copacabana fosse o início de uma nova vida para aqueles peregrinos que ouviam com atenção as palavras do Vigário de Cristo!]

Parêntese fechado. No Rio Centro (como mais tarde em muitos outros lugares da cidade, graças a Deus) foi feita a distribuição das réplicas de um bebê humano com doze semanas de gestação. Os meus leitores devem se lembrar: trata-se desta iniciativa daqui.

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A todos aqueles que contribuíram generosamente para que aquele projeto se tornasse realidade, os meus agradecimentos e o meu testemunho: foi graças a vocês que tantas pessoas, naquela noite e ao longo de toda a Jornada, puderam receber o seu pequeno kit pró-vida. Deus sabe o bem que foi realizado com estas ações. Num mundo em que só se dá valor ao que é visível e palpável, a distribuição de réplicas em tamanho e formato naturais de um feto com doze semanas de gestação tem um importante efeito pedagógico: ajuda a entender que o aborto não é um remédio mágico para um problema invisível, mas muito pelo contrário, é o extermínio de um ser humano bem concreto.

Entre diversas outras, foi feita também uma distribuição dos kits em Copacabana, no domingo, e o Jônatas a relatou no Blog da Vida, de onde retiro a foto abaixo. Para outras fotos e a narrativa completa, acessem o link. Outras informações bem detalhadas podem ser encontradas também no Tubo de Ensaio.

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Numa das praças em Copacabana, havia um sacerdote ostentando diversos cartazes com os métodos abortivos existentes, que também ajudou na distribuição dos kits. Infelizmente não lhe guardei o nome, mas alguns dos que passaram pelo Rio naqueles dias certamente o devem ter notado. Uma vez mais, vale registrar: o seu incansável trabalho de esclarecimento da população a respeito do maior e mais trágico holocausto da história da humanidade, que acontece todos os dias sob o nosso olhar indiferente, não há de ser inútil. Que Deus o recompense e faça os seus esforços frutificarem.

Todos os peregrinos inscritos na Jornada receberam, dentro da mochila oficial da JMJ, um interessantíssimo livreto chamado Keys to Bioethics, organizado pela Fundação Jérôme Lejeune. Estava em português – Manual de Bioética: “Chaves para a Bioética” – e continha diversas informações importantes sobre aborto, fertilização assistida, pesquisas com embriões humanos e eutanásia, entre outros assuntos. A versão portuguesa (de Portugal) dele pode ser obtida clicando-se na figura abaixo. É quase igual à que foi distribuída na JMJ.

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O nosso manual continha ainda um anexo excelente e atualíssimo sobre “teoria do gênero”, que infelizmente eu não consegui encontrar online. Se alguém tiver, eu agradeço. A charge abaixo faz parte dele. Fantástica.

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Essas e outras iniciativas concorreram para que JMJ fosse, em acréscimo a tudo, também um grande evento pró-vida, onde a mensagem de que a vida humana é um bem que deve ser protegido desde a concepção até a morte natural foi proclamada com coragem e criatividade por um sem-número de pessoas que se entregaram generosamente a este objetivo.

E os frutos já estão chegando. Estamos na Semana Nacional da Família. A Arquidiocese do Rio de Janeiro preparou uma «Celebração Eucarística pela Vida», que acontecerá no dia 21 de agosto (quarta-feira da semana que vem) e tem «o objetivo de reparar os pecados cometidos contra a vida, como o crime do aborto, através de oração em nome dos inocentes». Ainda, na mensagem que o Papa Francisco enviou às famílias brasileiras no último dia 06 de agosto consta um explícito apelo pela vida, que deve «sempre ser defendida, já desde o ventre materno». São palavras do Vigário de Cristo:

De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana, os pais são chamados a transmitir aos seus filhos a consciência de que esta deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade.

Este é, em suma, o apelo lançado no Rio de Janeiro: a vida é um dom de Deus que como tal deve ser defendido. Que ele ecoe para muito além das fronteiras da Cidade Maravilhosa, e que possa alcançar os corações dos homens dos nossos tempos. Que o Altíssimo nos ajude nesta empresa; que a Santíssima Virgem da Conceição Aparecida interceda por nós, e nos livre sempre da maldição do aborto.

CDDs anunciam querer “uma nova Igreja” – e Diocese de Chapecó faz eco ao brado cismático!

Para se ter uma idéia de quão deplorável está a vida católica no Brasil, veja-se a carta abaixo (cliquem para ampliar). Ela estava disponível até ontem no site da Diocese de Chapecó – sim, no site oficial de uma diocese católica no Brasil!

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Que as já conhecidas “Católicas pelo Direito de Decidir” – que junto com outras personalidades “ilustres” como o Leonardo Boff ou o grupo pró-sodomia encabeçado pelo pe. Luís Corrêa e seu “Diversidade Católica” constituem o supra-sumo da hipocrisia pseudo-religiosa contemporânea – exponham o seu projeto de uma anti-Igreja é coisa banal. Que elas o façam nos órgãos de comunicação oficiais de uma diocese católica, aí já é demais. Dentre as pérolas do texto, podem-se citar as seguintes:

  • Esperamos, em primeiro lugar, que a escolha do nome Francisco signifique um programa de renovação das próprias estruturas da Igreja, assim como da sua doutrina…
  • [E]sperávamos (…) [q]ue abençoasse todas as famílias, hétero ou homossexuais;
  • Quando a Igreja vai se abrir à realidade da diversidade das formas de amor e de expressão da sexualidade humana?
  • Queremos uma nova Igreja.
  • [Queremos u]ma Igreja na qual as mulheres (…) [tenham] pleno acesso ao exercício do sacerdócio e às instâncias decisórias da instituição.
  • Queremos uma nova moral relativa à sexualidade e à reprodução humana que reconheça o valor moral da decisão de mulheres católicas pela interrupção de uma gravidez.

Bom, a Doutrina da Igreja por definição não é passível de ser “renovada”, uma vez que vem de Cristo e a Igreja é meramente Sua guardiã, jamais autora. O homossexualismo é intrinsecamente desordenado e um par de marmanjos ou de senhoras em atos pseudo-sexuais contrários à natureza não perfaz uma família. Não é possível ordenar mulheres. O assassinato de um inocente – mesmo que ele esteja no ventre da sua mãe – é um pecado horroroso que clama aos Céus vingança. Nenhuma dessas coisas é minimamente possível de ser alterada. Qualquer pessoa decente sabe disso muito bem. Não é crível que estas depravadas ignorem pontos tão básicos do Catolicismo. Logo, o que elas querem é destruir a Igreja. O intento delas é confessadamente cismático.

Mais uma vez, que esta insensata empreitada seja levada a cabo pelos inimigos de Cristo com suas próprias forças, é coisa natural. Ao contrário, que lhes seja permitido empregarem recursos da Igreja Católica para trabalhar contra Ela, é um escândalo que exige reparação – e esta não pode ser simplesmente “dar sumiço” no artigo do site da Mitra. Afinal de contas, a Diocese de Chapecó quer esta “nova Igreja” que as CDDs reivindicam, sim ou não? Que os responsáveis por ela tenham ao menos a decência de sustentarem as suas posições em público, sem esta canalhice de publicar uma coisa hoje e tirar do ar amanhã sem maiores explicações.

Chapecó parece estar já in partibus infidelium. Que ao menos avise a Roma. Não se fazem mais nem cismáticos como antigamente!

Após a (esperada) sanção do PLC 03/2013, o que fazer?

A respeito da recente sanção presidencial ao PLC 03/2013 (sobre o qual falei aqui), é relevante conhecer:

1. A notícia no site do Planalto: «A presidenta Dilma Rousseff sancionou sem vetos o projeto de lei que torna obrigatório e integral o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) para vítimas de violência sexual».

2. O editorial da Gazeta do Povo: «Que fique claro: o Brasil precisa, sim, de uma lei que regulamente o atendimento às vítimas de estupro, assim como de medidas que permitam a investigação eficaz, com identificação e punição dos agressores – sabemos que, para qualquer crime, a possibilidade de ser punido é um inibidor muito mais poderoso que a severidade da pena. No entanto, a Lei 12.845/2013 não é o texto ideal nesse sentido. Sua tramitação velocíssima, que descrevemos no editorial citado acima, indica que havia uma real intenção de embutir no texto um cavalo de Troia abortista».

3. A nota do Brasil Sem Aborto: «Nenhuma pessoa de bem se opõe a que se preste todo o atendimento devido a uma vítima de violência sexual, nos aspectos físico, psicológico e legal, no que se refere à identificação do agressor e sua criminalização. Se o PLC se ativesse a essas questões, nada teríamos a objetar».

4. A nota da CNBB: «A nova lei foi aprovada pelo Congresso com rápida tramitação, sem o adequado e necessário debate parlamentar e público, como o exige a natureza grave e complexa da matéria. Gerou-se, desta forma, imprecisão terminológica e conceitual em diversos dispositivos do texto, com riscos de má interpretação e implementação, conforme evidenciado por importantes juristas e médicos do Brasil».

O que dizer? Sempre me pareceu bastante óbvio que esperar um veto da sra. Rousseff a uma legislação atravessadamente abortista era ingenuidade. Conseguiu-se, no entanto, uma coisa parecida com o veto parcial: o envio ao Congresso de um Projeto de Lei com a seguinte redação (vide ponto 1. acima):

Novo Projeto de Lei enviado ao Congresso:

PROJETO DE LEI

Altera a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013, que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º  A Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 2º  Considera-se violência sexual todas as formas de estupro, sem prejuízo de outras condutas previstas em legislação específica.” (NR)

“Art. 3º ………………………………………………………………………………….

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IV – medicação com eficiência precoce para prevenir gravidez resultante de estupro;

…………………………………………………………………………………….” (NR)

Art. 2º  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

A célere aprovação deste Projeto de Lei vai minimizar os possíveis efeitos daninhos da (agora) «Lei nº 12.845 de 1º de agosto de 2013». É portanto necessário que os nossos congressistas se empenhem em fazê-lo tramitar com a mesma velocidade que impingiram ao malfadado PLC 03/2013.

E é igualmente fundamental, como falei antes, que se desobedeça pura e simplesmente às determinações assassinas da Lei 12.845: que se prestem todos os cuidados sim, com amor e dedicação, às mulheres vítimas de estupro, mas não se lhes ministrem drogas abortivas (nem micro-abortivas) e não se lhes encaminhem aos matadouros onde se realizam abortos ditos legais. A iniqüidade não tem força de lei. Ninguém tem o direito de acobertar o assassinato de crianças inocentes sob a justificativa de obediência à legislação positiva.

Duas notícias: cirurgia fetal e “ressurreição” de um bebê

No meio das recentes polêmicas sobre o aborto em caso de estupro (saiu também na ACI), duas bonitas histórias sobre gravidez e filhos. Ambas publicadas na mídia secular.

Eu, Leitora: “Meu bebê foi operado dentro de mim”, na Marie Clarie. «A cirurgia durou quatro horas e meia. Fiquei completamente sedada. Os médicos fizeram um corte acima de onde se faz a cesárea, abriram o útero, tiraram um pouco do líquido amniótico, viraram a bebê de costas e lhe deram uma anestesia na altura da bolha. Fizeram a correção na coluna, repuseram parte do líquido retirado e costuraram novamente o útero e a barriga. Após a operação, passei 24 horas com anestesia na UTI, onde o médico me examinou e mostrou que a coluna da Lívia estava corrigida. Foi um alívio, fiquei emocionada».

Bebê considerado morto é achado com vida em capela de hospital, em G1. «A dona da funerária que atendeu à família diz não acreditar no que presenciou na capela do hospital. “A avó me ligou para buscar o corpo e eu fui. Chegando lá, encontrei o corpo da menina em cima do altar da capela. De repente, vimos que ela ergueu a perninha. Nós nem acreditamos. Ela estava respirando. Nos abraçamos e começamos gritar: ‘Ela está viva, ela está viva!'”, relata a dona da funerária, Rosiles Ferro».

São histórias bonitas que nos enchem de esperança, por ver que ainda é possível encontrar pessoas que se importam com a vida humana mesmo enquanto ela ainda é frágil e indefesa – doente até, desiludida pela medicina. Ainda há quem  seja capaz de se maravilhar com o milagre da vida.

O PLC 03/2013 e o aborto em casos de estupro

Faço eco à importante denúncia que o pe. Paulo Ricardo colocou em seu blog, a respeito da tramitação-relâmpago de um projeto que abre ainda mais as portas para o aborto no Brasil. Trata-se do PL 60/99 (isso mesmo, de catorze anos atrás), que foi desengavetado às pressas em março último e, após se metamorfosear no PLC 03/2013, passou incólume e a uma velocidade super-sônica por dois plenários e duas comissões no Congresso, até ser definitivamente aprovado na semana passada e encaminhado agora para sanção presidencial. Sim, este projeto já tramitou pelas duas casas tudo o que podia tramitar, já foi aprovado quatro vezes e, agora, a única coisa que pode impedi-lo de se transformar em lei é o veto da sra. Dilma Rousseff!

Leiam a história completa no site do Padre Paulo. Eu vou resumir: o projeto que «[d]ispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual» é bem pequeno, contendo apenas duas páginas e quatro artigos. O último diz somente que a lei entra em vigor noventa dias após a publicação. O primeiro fala genericamente que os hospitais devem prestar apoio à mulher vítima de violência sexual e, o segundo, define esta como «qualquer forma de atividade sexual não consentida».

É no artigo terceiro, onde estão definidos os «serviços» que devem ser imediata e obrigatoriamente prestados às vítimas de violência sexual, que se encontram os maiores problemas. Mais especificamente, nos dois seguintes incisos:

IV – profilaxia da gravidez;

[…]

VII – fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis.

O texto publicado pelo Padre Paulo explica muito corretamente que isto é estratégia abortista clássica, que na prática legaliza o aborto por via oblíqua através da «técnica de ampliar o significado das exceções para os casos de aborto até torná-las tão amplas que na prática possam abranger todos os casos». É exatamente isso o que se vem fazendo no Brasil há anos, como qualquer leitor regular do Pró-Vida de Anápolis está cansado de saber.

A malícia do PLC 03/2013 reside precisamente na proeza de autorizar o aborto sem mencioná-lo uma única vez. A má fé dos que o redigiram e trabalharam por sua aprovação relâmpago revela-se insofismavelmente quando consideramos que ele permite – mais ainda, manda – o «serviço» (!) do aborto sem precisar citá-lo explicitamente.

Afinal de contas, a tal “profilaxia da gravidez” do inciso IV acima citado é um termo provavelmente recém-inventado, que na prática vai ser lido como “emprego de micro-abortivos”. Também os “direitos legais” do inciso VII serão interpretados como uma autorização prévia para assassinar uma criança inocente, cuja previsão não existe na legislação brasileira. Deste modo, fortalece-se e sedimenta-se a ideologia abortista no Brasil sem precisar mexer na legislação.

O que pode ser feito? Entrar em contato com os órgãos do Poder Executivo Nacional, sem dúvidas, para marcar posição e exigir o veto presidencial; não para o projeto como um todo, porque é óbvio que os hospitais devem fornecer medicação contra DSTs para as vítimas de estupro (art. 3º, caput, V) e é justo que as encaminhem «ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor» (id. ibid., III), por exemplo, mas pelo menos para os incisos IV e VII, que na prática não servem para outra coisa senão para exigir que profissionais de saúde traiam o juramento que fizeram na sua formatura e sujem as suas mãos com o sangue de inocentes.

E, quando o veto não vier e a lei entrar em vigor, o que se pode fazer é a desobediência civil pura e simples, por meio de objeção de consciência: preste-se todo o serviço e apoio às vítimas de violência sexual sim, e com denodo e dedicação; mas não se lhes ministrem drogas abortivas e, absolutamente, não se lhes entreguem às garras dos abutres depravados (muitas vezes ditos «assistentes sociais») ávidos pelo sangue de crianças abortadas! Que elas sejam tratadas com toda a atenção e humanidade que não costumam encontrar nas mãos das militantes pró-aborto (mesmo as transvestidas de «assistentes sociais») que nelas não vêem senão uma oportunidade de cometerem um crime hediondo sem ser punidas por isso.