Os gays e o Reino dos Céus

Não achei em ZENIT, nem no site do Vaticano, nem na Radio Vaticana, nem em lugar nenhum. Mas saiu em R7 e no Estadão: “Cardeal diz que homossexuais ‘não entrarão no reino dos céus'”.

O cardeal é S.E.R. Javier Lozano Barragan, “[e]x-presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde”. Segundo a mídia secular, as declarações foram feitas ontem, quarta-feira, 02 de dezembro, à agência de notícias italiana Ansa.

Do Cardeal Barragán, não conheço quase nada. Encontrei no google uma mensagem proferida na Jornada Mundial contra a AIDS, em 2005; outra por ocasião do 56º dia mundial dos Doentes de Lepra, em 2009. Não sei em qual contexto foram feitas as declarações à Ansa; no entanto, sei que as palavras do cardeal podem ser e serão (se é que já não foram…) distorcidas, de modo que gostaria de tecer alguns comentários ligeiros.

Antes de mais nada, o cardeal está certo, objetivamente. É óbvio que os pecadores não entrarão no Reino dos Céus, por definição: o Céu é o lugar onde não existe pecado. Se isto for considerado “discriminação”, e se é insuportável à mentalidade igualitarista dos nossos dias, paciência. O Céu discrimina: n’Ele, só entram os justos. Nosso Senhor discrimina: separa os justos dos pecadores, as ovelhas dos bodes, o trigo do joio.

Ademais, a passagem bíblica referida por Sua Eminência é a epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 1, versículos 26ss; “paixões vergonhosas”, “relações contra a natureza”, “torpeza” e “desvario” são expressões utilizadas pelo Apóstolo. Portanto, se há “homofobia”, ela está nas Escrituras Sagradas, e não no discurso do cardeal mexicano!

Esta é a verdade, e ela não pode ser mudada em atenção aos melindres dos que não acreditam em Deus. Os actos homossexuais, desordenados objetivamente, são pecaminosos. Não há espaço para o pecado na presença do Deus Altíssimo. A conclusão que se impera é imediata: não, não há lugar para os homossexuais no Reino dos Céus. Nisto, está certo o cardeal mexicano. Há, no entanto, uma ressalva – óbvia para os católicos – que precisa ser feita, para evitar as distorções dos anti-clericais de todos os naipes.

Não há espaço no Reino dos Céus para homossexuais ou para adúlteros, para prostitutas ou para ladrões, para assassinos ou para idólatras; mas há espaço – e muito! – para os penitentes e os arrependidos. Assim, a resposta à pergunta “o que é ser homossexual?” tem uma importância fundamental para que se entenda o que disse o cardeal Barragán.

Se “homossexual” for o indivíduo praticante que comete os seus atos desordenados sem se arrepender deles, então a sua entrada na Vida Eterna – como a de qualquer pecador – está condicionada ao arrependimento de suas faltas. No entanto, se “homossexual” for o indivíduo que tem tendências a se afeiçoar por pessoas do mesmo sexo e, mesmo assim, heroicamente, luta contra as suas más inclinações e se esforça por levar uma vida reta e agradável aos olhos de Deus, então é deste que é o Reino dos Céus. E estes, como as prostitutas arrependidas, preceder-nos-ão no Reino. Outro sentido às Escrituras Sagradas não pode ser atribuído levianamente. Tachar a Verdade de “homofóbica” não a torna menos premente.

a/c CNBB: Sobre Moral Sexual e Campanha contra a AIDS

Sua Excelência Reverendíssima Dom Geraldo Lyrio Rocha,
Arcebispo de Mariana e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

Sua Excelência Reverendíssima Dom Luiz Soares Vieira,
Arcebispo de Manaus e Vice-Presidente da CNBB,

Sua Excelência Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa,
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-Geral da CNBB,

Pax!

Foi recentemente noticiado na mídia que a CNBB lançou uma campanha para deter a AIDS – cf. Zero Hora -, iniciativa que é em si muito louvável e que merece aplausos. No entanto, e infelizmente, a mesma matéria insinua haver uma discrepância entre a Pastoral da DST/AIDS e os ensinamentos morais da Igreja Católica, coisa que é muito de se lamentar.

Na supracitada matéria, é possível ler que tal campanha “traz visibilidade a um setor do clero católico mais tolerante com o comportamento sexual dos fiéis do que o Vaticano”, a qual “é interpretada como uma tentativa da igreja de assumir uma postura mais ‘realista’ diante da epidemia e menos calcada nos preceitos morais que ainda condenam o uso de preservativos”. Pode-se ler ainda que “os religiosos que estão na ponta, atendendo diretamente às pessoas, são mais tolerantes do que o discurso oficial da igreja”, que o seu “discurso [é] mais moderado em comparação à tradicional aversão do Vaticano à camisinha” e que se valoriza “a decisão dos próprios fiéis em lugar de qualquer determinação clerical prévia”.

Queiram V. Exas. Revmas. atentar para a seriedade deste assunto: segundo noticia a mídia, existe uma pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que não se coaduna com os preceitos morais da Igreja Católica. São enormes o escândalo e a confusão do povo fiel que este tipo de comportamento pode provocar, se não for esclarecido com a veemência que a gravidade da situação exige.

Isto posto, pergunto:

1. O discurso da Pastoral da DST/AIDS da CNBB segue o discurso católico, ou é “mais moderado” do que este?

2. Caso seja “mais moderado”, é moralmente lícito incentivar (ainda que indiretamente) e/ou tolerar o uso do preservativo como um “mal menor” no combate à AIDS?

3. Ainda, caso seja “mais moderado”, é lícito a um organismo ligado à CNBB ser “mais moderado” do que a Igreja à qual ele, supostamente, serve?

4. Caso as supracitadas informações sejam falsas e a Pastoral da DST/AIDS esteja em perfeita sintonia com o ensino moral da Igreja Católica, a CNBB não vai publicar uma nota desmentindo as informações que estão sendo veiculadas na mídia secular?

Com os meus votos de estima e apreço,
e rezando pelos Sucessores dos Apóstolos nesta Terra de Santa Cruz,
subscrevo-me,
em Cristo,

Jorge Ferraz
Leigo Católico
Recife, PE

P.S.: Material Complementar: Los valores de la familia contra el sexo seguro, do Pontifício Conselho para a Família.

Comentando notícias empoeiradas

No meio das centenas de mensagens não lidas da minha caixa de emails, encontrei algumas que vale a pena comentar ainda que seja en passant, que já viraram embrulho de peixe mas bem que merecem ser conhecidas:

– Por ocasião da excomunhão dos médicos abortistas de Recife, a sra. Danuza Leão escreveu um texto [15 de março de 2009] sobre a Igreja Católica e o sofrimento. E faz uma triste constatação: “[o]s sacrifícios, tão cultuados entre os católicos (…), eram um grande sinal de amor a Deus”.

Eram…? E não são mais? Na cabeça da articulista, não. Igreja para ela, agora, “só em excursão turística – e assim mesmo só algumas”. O artigo é bem clichê com um monte de acusações nonsense – “ao considerar quase tudo que dá prazer um pecado, não dá para perceber o quanto as mentes católicas são doentes?”, “ai dos que são felizes, dão risadas e gostam da vida”, “[q]uem faz uma jura dessas [jurar amor ‘até que a morte nos separe’] é hipócrita, porque até as crianças do jardim-de-infância sabem que a vida não é assim”, “[s]e o Vaticano se desfizesse de metade de seus tesouros, é bem possível que não houvesse mais fome no mundo”, mas serve para que se constate, com tristeza, como o mundo perdeu o sentido salvífico da dor.

– Saiu n’O Globo [23 de março de 2009] um artigo de um leitor explicando por que a Igreja não é culpada pela proliferação da AIDS. São tempos estranhos, em que a acusação serve como prova cabal de culpa e o acusado precisa se justificar para provar que é inocente. Mas o sr. Yasha Gallazzi escreveu muito bem.

Torna-se, assim, mais simples atacar a pessoa do Papa e desmerecer seus argumentos, em vez de nos debruçarmos sobre o que ele falou. Ao lembrar que a distribuição maciça de camisinhas não foi suficiente para aplacar a disseminação da Aids, Bento XVI não disse nenhuma mentira, nem errou em sua análise. O que fez foi lembrar que o sexo casual e descompromissado é, sim, uma vertente do sexo irresponsável. A camisinha se torna uma espécie de algoz de sua suposta virtude, pois estimula – e isso é inegável – o sexo ligeiro e sem compromisso.

– Uma mulher matou marido, irmã e sobrinhas porque “não queria ver a família sofrer” [16 de abril de 2009]. Muito nobre? Inadmissível? De uma forma ou de outra, são argumentos análogos àqueles utilizados para a defesa do aborto eugênico ou da eutanásia. Às vezes é preciso levar as aplicações dos princípios às últimas conseqüências para que a bobagem resplandeça em toda a sua clareza. Infelizmente, tem gente que nem mesmo assim consegue ver…

– Aplicação concreta do que foi dito acima: Justiça de Goiás autoriza aborto eugênico [09 de abril de 2009]. “Infelizmente, é certa a morte do produto da concepção da requerente, não havendo procedimento médico capaz de corrigir a deficiência do órgão vital”, escreveu o juiz. O que tem [tinha?] a criança? “Síndrome de Kantrell [Cantrell]”, segundo a notícia. Qual a “lógica” do juiz? “Se não tem como curar, a gente mata”. Como um veterinário faria com um cachorro. “Para evitar o sofrimento dos parentes”, como a mulher da notícia anterior. Vinte segundos no Google me mostraram um relato de caso em adulto logo como primeiro resultado. Mas a sanha assassina de alguns não tem limites, não tem paciência: reservar vinte segundos para consultar o Google seria estender por tempo demasiado o sofrimento da mãe…

“O Papa pode estar certo” – Edward C. Green

[Original: Washington Post
Tradução: SOVA
]

O PAPA PODE ESTAR CERTO

por Edward C. Green
publicado no The Washington Post
em 29 de março de 2009, pg A15

Quando o Papa Bento XVI disse, recentemente, que a distribuição de camisinhas não está resolvendo, e pode até estar piorando, o alastramento do HIV/AIDS na África, ele detonou uma explosão de protestos. A maioria dos comentários não-católicos foi altamente crítica em relação ao Papa. Uma charge do Philadelphia Inquirer, reimpressa no The Post, mostrou o Papa como um vampiro pregando a uma multidão de doentes e moribundos africanos dizendo: “Bem-aventurados os doentes, pois eles não usaram camisinhas”.

No entanto, a verdade é que as evidências empíricas atualmente disponíveis concordam com as palavras do Papa.

Nós, liberais que trabalhamos nos campos da HIV/AIDS e do planejamento familiar em âmbito global, correríamos um terrível risco em termos profissionais se nos puséssemos ao lado do Papa num assunto tão polêmico quanto este. A camisinha se transformou num símbolo da liberdade e – junto com a contracepção –  da emancipação feminina, de tal forma que aqueles que questionam a “ortodoxia do preservativo” são acusados de serem contra aquelas causas. Meus comentários são somente sobre a questão dos preservativos funcionarem como meio de alastramento da epidemia generalizada de AIDS na África – nada mais que isso.

Em 2003, Normam Hearst e Sanny Chen, da Universidade da Califórnia, conduziram um estudo sobre a efetividade da camisinha para o Programa das Nações Unidas para a AIDS e não encontraram nenhuma evidência de que as camisinhas estivessem funcionando como medida de prevenção da AIDS na África. A UNAIDS discretamente renegou o estudo. (Os autores depois negociaram para publicar seus achados na edição trimestral da Studies in Family Planning). Desde então, os principais artigos publicados em outras publicações com peer revisions, tais como Lancet, Science e BMJ, confirmaram  que a camisinha não funcionou como uma intervenção primária [primary intervention] nas populações que sofrem com grandes epidemias dessa doença na África. Em um artigo de 2008 intitulado “Reassessing HIV prevention”, dez peritos em prevenção à AIDS concluiram que “mesmo após muitos anos de promoção generalizada e frequentemente agressiva, o uso consistente de camisinha não alcançou uma diminuição mensurável de novas infecções da epidemia na África subsaariana”.

Permita-me rapidamente acrescentar que a promoção do uso de camisinha funcionou em países como a Tailândia e Cambodja, onde a principal causa de transmissão do HIV é o sexo comercial e onde foi possível forçar uma política de uso em 100% dos prostíbulos (mas não fora deles). Em teoria, a promoção do uso da camisinha deveria funcionar em qualquer lugar. E, intuitivamente, algum uso da camisinha deveria ser melhor do que o não uso. Mas não é o que mostram as pesquisas na África.

E por que não?

Uma razão é a chamada “compensação de riscos”. Isto é, quando as pessoas pensam que estão mais seguras porque usam camisinhas ao menos uma parte das vezes, então elas acabam por praticar um sexo mais “arriscado” [engage in riskier sex].

Outro fator é que as pessoas raramente usam camisinhas em relacionamentos estáveis porque fazer isso implicaria numa falta de confiança. (E se a taxa de uso da camisinha sobe é possível que estejamos assistindo a um aumento do sexo casual ou comercial). Contudo, são essas relações sexuais que levam à piora da epidemia na África. Lá, a maior parte das infecções se dá na população em geral e não nos “grupos de alto risco”, como os “trabalhadores do sexo”, homens gays ou usuários de drogas injetáveis. E em significante proporção da população africana, as pessoas têm dois ou mais parceiros sexuais regulares ao mesmo tempo [who overlap in time]. Em Botswana, que tem um dos maiores índices de incidência de HIV, 43% dos homens e 17% das mulheres pesquisados tinham dois ou mais parceiros sexuais regulares no ano anterior.

Essa múltipla concomitância de parceiros sexuais se assemelha a uma gigantesca rede invisível de relacionamentos através da qual o HIV/AIDS se espalha. Um estudo em Malawi conclui que mesmo se o número médio de parceiros for levemente superior a dois, praticamente dois terços dessa população foi interconectada através dessa rede de relacionamentos sexuais.

Então, o que funcionou na África? Estratégias que quebraram essa rede de relacionamentos sexuais múltiplos concomitantes – ou, numa linguagem coloquial, mútua fidelidade monogâmica ou, ao menos, redução no número de parceiros, especialmente concomitantes. Celibato [closed] ou fidelidade poligâmica também podem funcionar.

No programa de prevenção lançado em Uganda, que começou em 1986, o foco foi Sticking to One Partner [“aderindo a um parceiro”] ou Zero Grazing (que significa  permanecer fiel dentro de um casamento poligâmico) e Loving Faithfully [“amar com fidelidade”]. Estas simples mensagens funcionaram. Mais recentemente, dois países com os maiores índices de infecção, Suazilândia e Botswana, lançaram campanhas que desencorajam as pessoas terem múltiplos e concomitantes parceiros sexuais.

Não me entendam mal: eu não sou anti-camisinha. Todas as pessoas deveriam ter pleno acesso à camisinha e ela deve sempre ser uma estratégia substituta para aqueles que não querem ou não conseguem permanecer em uma relação de mútua fidelidade. Este foi o ponto-chave no “Consenso de 2004” publicado e endossado por mais de 150 peritos em AIDS, incluindo representantes das Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde e Banco Mundial. Estes peritos também afirmaram que para os adultos sexualmente ativos, a primeira prioridade deveria ser promover a mútua fidelidade. Além disso, liberais e conservadores concordaram que a camisinha não podem vencer os desafios que permanecem críticos na África, tais como o sexo entre gerações, a desigualdade de gênero e o fim da violência doméstica, estupro e coerção sexual.

Certamente é hora de se começar a prover uma prevenção da AIDS na África baseada mais em evidências.

O autor é pesquisador senior na Harvard School of Public Health.

Parlamento Belga e Papa Bento XVI

O parlamento belga condenou Bento XVI. Segundo HazteOir:

Algunos medios de comunicación y políticos europeos han desencadenado una reacción violenta en contra de las declaraciones del Papa sobre el combate al sida. La postura más intolerante ha venido por parte del Parlamento belga, quien aprobó por amplia mayoría una resolución en la que instó al Gobierno a condenar las “declaraciones inaceptables” del Papa contra el uso del preservativo en la lucha contra el sida y a protestar oficialmente ante el Vaticano.

O caso enseja pelo menos duas considerações interessantes.

Primeira: quem é o parlamento belga para “condenar” as declarações do Papa?! Note-se que não  estamos falando na mera opinião expressa por políticos belgas, e sim numa resolução aprovada que faz com que o Governo condene as “declarações inaceitáveis” de Bento XVI. Oras, o Santo Padre não está impondo a Doutrina Católica ao governo belga. O Santo Padre, aliás, nem mesmo estava falando ao governo belga! Por que motivo as suas declarações seriam “inaceitáveis” a ponto de receber não somente uma réplica no plano das idéias, mas um documento oficial do Governo? A Doutrina Católica não pode mais ser exposta? Cliquem aqui para escrever a diversas embaixadas belgas criticando esta resolução!

Segunda: posso estar enganado, mas não lembro de ter visto autoridades africanas condenarem as declarações de Bento XVI. Quem as condena são a Bélgica, a França, ONGs, etc… oras, por qual motivo será que aqueles governos a quem foram endereçadas as palavras do Papa e que mais sofrem com o problema da AIDS são justamente os que menos vemos fazer estardalhaço contra Sua Santidade? Talvez os dados abaixo – tirados da matéria de HO acima linkada – expliquem um pouco isso:

Suazilandia: 5% de católicos, 42,6% infectados de SIDA

Botswana: 4% de católicos, 37% infectados de SIDA

Sudáfrica: 6% de católicos, 22% infectados de SIDA

Uganda*: 43% de católicos, 4% infectados de SIDA

* En 1991 el 15% de la población estaba infectada en Uganda, 10 años después esa proporción se redujo al 4%. En los últimos 20 años, Uganda ha sido la única nación que ha reducido el sida hasta en un 75%, hecho reconocido por Naciones Unidas.

É muito fácil falar quando se está fora do olho do furacão…

P.S.: Esta resolução do parlamento belga foi aprovada no início do mês. O Vaticano já se manifestou contrário a ela.

Citando rapidamente

1. Em defesa de D. José Cardoso Sobrinho, texto do dr. Rodrigo Pedroso. “Apenas uma pequena minoria se posicionou contra o padrasto pelo crime cometido e menos ainda contra o aborto praticado. A sanha, o ódio, o xingatório se voltaram quase que exclusivamente contra Dom Cardoso Sobrinho e contra a Igreja Católica”. As considerações feitas pelo Dr. Rodrigo não são novas, mas são importantes e estão expostas de forma clara e concisa.

2. Papa está certo, sobre a AIDS. É uma versão em português da matéria aqui citada, “do médico e antropólogo Edward Green, uma das maiores autoridades mundiais no estudo das formas de combate à expansão da AIDS. Ele é diretor do Projeto de Investigação e Prevenção da AIDS (APRP, na sigla em inglês), do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo”.

3. O Papa e a AIDS, artigo de Dom Fernando Rifan que está no site da CNBB! “A distribuição de preservativos, como solução para o problema, insinua e inclui como pressuposto a promiscuidade, uma das principais causas da AIDS, convidando ao desregramento sexual. O fim bom não justifica utilizar meios perversos. Evitar a AIDS é ótimo, mas fomentar a promiscuidade é péssimo. Não se estaria utilizando um inibidor para a AIDS – o preservativo – que, em última análise, pode se tornar causa desta mesma doença? E depois chamam de irresponsável a quem dá um grito de alerta. O Papa João Paulo II já havia advertido: “o uso dos preservativos acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo”. Propagar a promiscuidade é um meio de propagar a AIDS”.

Ainda o Papa e os preservativos

Para a mídia tupiniquim, o Papa “distorce fatos sobre preservativos”. Cita-se, com muita pompa, a “respeitada revista médica Lancet” para dizer que o Papa vai na contramão da ciência e – ainda mais! – que precisaria “se retratar” (parece que agora virou moda exigir retratações) por ter tido a ousadia de questionar a borracha salvadora da humanidade:

“Quando qualquer pessoa influente, seja um líder religioso ou político, faz uma falsa declaração científica que pode ser devastadora para a saúde de milhões de pessoas, ela deve se retratar ou corrigir os registros públicos”, disse o editorial.

O que não sai na mídia tupiniquim – óbvio – é o pronunciamento de Edward Green, diretor da AIDS Prevention Research Project at the Harvard Center for Population and Development Studies, que concorda integralmente com o que falou o Papa Bento XVI. Segundo ele:

“Há”, Green acrescenta, “uma associação consistente mostrada por nossos melhores estudos, inclusive o U.S.-funded Demographic Health Surveys, entre maior disponibilidade e uso de preservativos e uma maior (não menor) taxa de infecção por HIV. Isto pode ser em parte graças a um fenômeno conhecido como compensação de risco, o que significa que, quando alguém usa uma ‘tecnologia’ de redução de risco (como camisinhas), com freqüência este benefício (da redução do risco) é perdido por [este alguém] ‘compensar’ ou ‘assumir’ maiores riscos do que alguém assumiria sem a tecnologia de redução de risco”.

Curioso, não?

Ah! Outra coisa: os bispos dos Camarões deixaram claro que as declarações do Papa Bento XVI, ao contrário do que foi noticiado, não provocaram nenhum mal-estar no país africano. E acusaram o Ocidente de “desinformar” sobre a visita do Papa…

Curtas diversos

– Sobre os preservativos e a AIDS, parece que a ONU finalmente deu o braço a torcer e condescendeu com o óbvio: fidelidade e abstinência previnem HIV. Como a Igreja sempre disse. Não tive, contudo, acesso ao comunicado original; ao que parece, a ONU continua insistindo, sim, no uso dos preservativos. Tem gente que não aprende nunca…

– Olavo de Carvalho falou sobre o deus dos palpiteiros; não entendi muito bem a parte positiva da argumentação dele, que me pareceu aliás subjetivista e errônea (Longe de poder ser investigado como objeto do mundo exterior, Deus também é definido na Bíblia como uma pessoa, e como uma pessoa sui generis que mantém um diálogo íntimo e secreto com cada ser humano e lhe indica um caminho interior para conhecê-La. Só se você procurar indícios dessa pessoa no íntimo da sua alma e não os encontrar de maneira alguma, mesmo seguindo precisamente as indicações dadas na definição, será lícito você declarar que Deus não existe.); mas a parte negativa está precisa: “Se Deus é definido como onipotente, onisciente e onipresente, é desse Deus que você tem de demonstrar a inexistência, e não de um outro deus qualquer que você mesmo inventou conforme as conveniências do que pretende provar”.

– Vale muito a pena também conhecer a Declaração de Madrid contra o aborto, excelente “manifesto dos 300” que já conta com mais de 1200 assinaturas de “professores de universidade, pesquisadores, acadêmicos, e intelectuais de diferentes profissões”. Um aborto não é só a «interrupção voluntária da gravidez», mas um ato simples e cruel de «interrupção de uma vida humana»: eis os fatos como eles são. Que Deus nos livre do aborto; como diz a mesma declaração, “[u]ma sociedade indiferente à matança de perto de 120.000 bebês ao ano é uma sociedade fracassada e doente”.

Moral Católica e AIDS

Respondendo a uma pergunta sobre a posição da Igreja Católica frente ao HIV/AIDS, considerada por alguns como irrealista e ineficiente, o Papa disse:

“É minha convicção acreditar que a presença mais importante no front da batalha contra o HIV/AIDS é de fato a Igreja Católica e Suas instituições. (…) O problema do HIV/AIDS não pode ser superado com meros slogans. Se a alma está deficiente [if the soul is lacking], se os africanos não se ajudam uns aos outros, o flagelo não pode ser resolvido pela distribuição de preservativos; bem pelo contrário, nós corremos o risco de agravarmos o problema. A solução só pode vir através de um duplo compromisso: em primeiro lugar, a humanização da sexualidade – em outras palavras, uma renovação espiritual e humana que traga uma nova maneira de agir para com o outro; e, em segundo lugar, uma amizade verdadeira, sobretudo para com os que sofrem, uma prontidão – mesmo que seja através de sacrifício pessoal – para sustentar [to stand by] aqueles que sofrem”.
[Vatican Information Service]

É bem sabido que a Igreja se opõe ao uso da camisinha; não – como dizem alguns expoentes da ignorância coletiva – porque “prefere que as pesssoas peguem aids do que usem camisinha”, mas exatamente ao contrário: porque Ela sabe que não se pode combater a AIDS sem que se combata primeiro a promiscuidade. Ela sabe que não existem receitas miraculosas, nem panacéias universais para que vivamos em uma Terra sem males. Ela sabe que a insistência em um erro não pode produzir senão erros ainda maiores.

A Igreja – como disse o Papa – é a presença mais importante no front do combate contra a AIDS. E eu diria ainda mais: é a Única que não atrapalha. A Única que vai ao cerne do problema. O Papa afirma claramente que a mera distribuição de preservativos pode até mesmo agravar o problema da AIDS; por tocar na ferida do ídolo moderno, é atacado com violência (tanto que até mesmo o porta-voz da Santa Sé teve que se manifestar). Ao redor do mundo, a França diz que os comentários do Papa são “uma ameaça” e o “representante no Brasil do órgão das Nações Unidas para o combate à doença (Unaids), Pedro Chequer”, chegou a chamar o discurso do Papa de “genocida”. Permanecem, contudo, no mero jogo de palavras; a posição da Igreja – contra a qual se levantam furibundos todos os Seus inimigos – dá resultados.

Por exemplo, na Uganda, a política “ABC” de combate à AIDS (primeiro, Abstinence; depois, Be faithful e só por fim Condom – a ênfase é dada na abstinência, na fidelidade, e só em último lugar na camisinha) é a única no mundo que tem trazido resultados significativos no combate à AIDS.

Por exemplo, em Washington, o embaixador da Suazilândia incentiva a abstinência na luta contra a AIDS. Olhando para as políticas eficazes da Uganda, a Suazilândia também resolveu aplicá-las e, por isso, para a AIDS, “o contágio de pessoas infectadas caiu de 42,6 por cento em 2004 para 39, 2 por cento este ano”.

Por exemplo, o Population Research Institute, da Universidade Estadual da Pensilvânia, afirmou que “a Igreja Católica desempenha um papel essencial na contenção da epidemia de AIDS na África”. Vale citar:

A Tailândia tem aproximadamente sessenta milhões de habitantes. Lá existem fortes programas divulgados para o uso de preservativos. Em agosto de 2003 existiam no país quase 900.000 pacientes registrados com AIDS e, aproximadamente, 125.000 óbitos por AIDS.

Em 1991, a Organização Mundial de Saúde previu para esse intervalo de tempo cerca de 60 a 80.000 casos registrados de AIDs.

Essa cifra se contrapõe aos filipinos católicos com setenta milhões de habitantes. Entre os filipinos quase não existe propaganda de preservativos.

Em 30 de setembro de 2003 havia naquele país exatamente 1.946 pacientes com AIDS e 260 mortes por AIDS. Essa é uma fração dos 80 a 90.000 casos, os quais a Organização de Saúde havia previsto para as Filipinas no ano 2000.

De onde se vê que a Moral Católica não é uma coisa “irreal” e “ineficiente”. Irreal é esperar que coisas boas advenham de comportamentos morais desregrados. Ineficiente é combater a AIDS incentivando a promiscuidade.  Irresponsáveis são os lunáticos irracionais que têm verdadeira fé na salvação do gênero humano pela borracha. Em defesa das vítimas da AIDS, no entanto, existe a Igreja Católica; e, independente dos ataques que Ela sofra, vai continuar a oferecer auxílio aos que sofrem. Mais uma vez, os fatos mostram que Ela está correta; e o próprio estrebuchar dos Seus inimigos revela-o de modo insofismável.

Distribuição de Camisinhas?! – por prof. Carlos Ramalhete

Distribuição de camisinhas?!

Muitos teóricos da prevenção à AIDS e a outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) dizem que a melhor maneira de evitar o contágio é usando um preservativo (a chamada “camisinha”). Deste modo, com o objetivo aparentemente nobre de evitar que as pessoas fiquem doentes, eles incentivam a distribuição de camisinhas nas ruas, praças e até mesmo escolas.

Este, contudo, é um grave engano, com conseqüências muito graves. Estes teóricos parecem esquecer que o desejo sexual é uma das forças mais potentes que agem sobre o ser humano. Ao longo da História, uma das maiores preocupações de toda sociedade foi a busca de meios de canalizar este desejo para que ele não leve a um comportamento desregrado. Não se trata de moralismo barato ou hipocrisia, mas do reconhecimento de que todos nós temos desejos sexuais e precisamos refreá-los para que possamos respeitar devidamente os outros.

Respeitar o próximo significa, entre outras coisas, vê-lo como uma pessoa, em sua integridade, respeitando sua liberdade e seu corpo. Se os desejos sexuais que temos em relação a uma pessoa que nos agrade não forem refreados ao menos um pouco, trataremos esta pessoa como um objeto sexual; se eles não forem refreados de modo algum, veremos como comportamento normal e aceitável servir-se desta pessoa como de um objeto, podendo até mesmo estuprá-la.

A maior barreira que todas as sociedades civilizadas ao longo da História desenvolveram para impedir que o estupro se tornasse algo normal e aceito (como o é, por exemplo, entre algumas tribos indígenas) é o que os antropólogos chamam de “tabu”: a proibição do sexo que não ocorre dentro de parâmetros firmemente determinados de modo a não causar problemas à sociedade.

De alguns poucos anos para cá, a nossa sociedade parece ter-se esquecido disso. Com o surgimento de doenças sexualmente transmissíveis que podem matar, como a AIDS, iniciou-se uma campanha que propõe o uso de uma barreira física no ato sexual – a camisinha –, impedindo a passagem dos espermatozóides e da maior parte dos vírus. A camisinha, que não era assunto de conversas educadas há menos de uma geração, passou a ser propagandeada como sendo a solução para todos os problemas, eliminando na prática o tabu das relações sexuais fora de circunstâncias benéficas para a sociedade. A promiscuidade sexual (múltiplos parceiros, sem qualquer compromisso social ou emocional) passou a ser vista como algo aceitável, desde que haja uma barreira física, a camisinha, durante o ato sexual.

Os adolescentes, cujos corpos estão em plena ebulição sexual e cujos desejos sexuais agem com muito mais força que os dos adultos, deixaram de ter a proteção que o tabu lhes oferecia, e receberam uma virtual autorização das autoridades – muitas vezes contra a vontade dos pais – para não mais tentar submeter à razão seus desejos. Os desejos sexuais saíram da gaiola em que eram contidos e passaram a ser vistos como a bússola que deve guiar os atos de cada um. Ao dar a um adolescente uma camisinha, dizendo-lhe “se for ter relações sexuais, use isto”, o que ele ouve é “tenha relações sexuais”. É isso que seu corpo já lhe diz, e é isso que ele quer ouvir.

Sem que haja o tabu que o ajudava a conter-se e a direcionar suas energias para objetivos mais nobres, o adolescente passa a considerar que o desejo sexual tem o direito de dizer-lhe o que deve fazer, e a camisinha na carteira é percebida como um bilhete de entrada na área VIP do reino dos prazeres, como algo que permite que ele faça tudo o que quer fazer.

O risco de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), assim, aumenta ao invés de diminuir. Afinal, estamos falando de seres humanos, que cometem erros, que bebem por vezes um pouco além da conta; afinal, adolescentes nunca foram conhecidos por saberem a hora de parar de beber. Em circunstâncias normais, o uso da camisinha diminui bastante os riscos de contágio por DSTs; estima-se que o risco de contágio em três relações sexuais usando camisinha é o mesmo de uma relação sem usá-la. Ora, se não houvesse este incentivo à promiscuidade sexual, a maior parte dos adolescentes passaria por este período sem ter relações sexuais. Com este estímulo, a maior parte acaba tendo, ao menos durante algum período da adolescência, um comportamento promíscuo. O número de relações sexuais de um adolescente exposto a este tipo de estímulo é certamente mais do que três vezes maior que o de um adolescente ensinado a abster-se, a resguardar-se e respeitar-se.

Ao mesmo tempo, a superficialidade das relações, a falta de respeito consigo mesmo e com o outro, causa freqüentemente danos permanentes à frágil estrutura psicológica em formação dos adolescentes, danos cujos efeitos serão sentidos e lamentados ao longo de toda a vida. Os parceiros sexuais deixam de ser vistos como pessoas, e tornam-se objetos sexuais. O prazer sexual substitui o conhecimento mútuo, e o que era um namoro acaba por tornar-se uma troca de favores sexuais entre quase-desconhecidos. Não é à toa que em nenhuma sociedade civilizada, em nenhuma tradição religiosa, o sexo “casual” seja considerado aceitável: ele é a porta que se abre para o desrespeito, para os problemas psicológicos, para a propagação de doenças físicas e mentais.

Os efeitos terríveis das políticas de distribuição de camisinhas já foram percebidos pelas autoridades norte-americanas, que – após um aumento enorme no número de contágios por DSTs e de gravidezes de adolescentes, além de casos ainda mais graves, como uma escola em que as meninas vendiam favores sexuais aos rapazes em troca de balas e picolés – hoje recomendam que se ensine aos adolescentes a verdade: não é usando camisinha que eles podem realmente evitar doenças sexualmente transmissíveis, mas sim evitando as relações sexuais.

Se você tiver um filho adolescente, for professor ou de qualquer outra forma tiver contato com eles, lembre-se disso: não é incentivando-o a fazer algo inseguro e errado, com uma barreira que diminui o risco, que você o estará ajudando. Ajudá-lo verdadeiramente significa ajudá-lo a controlar-se, a manter seu desejo sexual sob controle, a respeitar a si mesmo e aos outros. Só assim você o estará ajudando a ser uma pessoa melhor. Diga a ele que é nele que você confia, não em um pedaço de borracha, e ajude-o a esperar o momento correto.

Quem ama espera.

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