Colação de grau – Alcides

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Teatro da Universidade Federal de Pernambuco. Colação de grau de uma turma de Bacharelado em Biomedicina – a turma de Alcides do Nascimento Lins. Ele aqui estaria, não fosse o bárbaro crime que lhe ceifou a vida em fevereiro do ano passado.

O seu nome foi lembrado durante toda a cerimônia. Neste instante da foto, o magnífico reitor Amaro Lins se emocionava ao lembrá-lo; a voz se lhe embarga. A mãe dele compõe a mesa. A comoção é geral.

Que o Senhor dê a Alcides o descanso eterno. E, aos que ficamos, paciência nas tribulações: a graça de tudo (literalmente tudo) ordenar para Cristo. E, a despeito dos nossos pecados, um mundo mais justo.

Curtas

Oração de Pio XII pelos sacerdotes. “Concedei-lhes, oh Senhor, desprendimento de todo o interesse terreno e que só busquem a vossa maior glória. Concedei-lhes ser fieis às suas obrigações com a pura consciência até ao posterior alento”. Convém rezarmos. Que nos empenhemos em pedir ao Altíssimo pela santificação do clero.

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– Sobre o feriado nacional muçulmano-cristão libanês, no IHU e na Canção Nova. O texto é o mesmo. A parte referente ao Papa: “Recebido em audiência pelo Papa Bento XVI em 21 de fevereiro, logo depois do decreto de criação da festa islamo-cristã, o primeiro-ministro aproveitou seu compromisso a favor da coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos. Os dois chefes de Estado fizeram votos para que ‘através da coexistência exemplar das diversas comunidades religiosas que compõem o Líbano, o país continue a ser uma mensagem para a região do Oriente Médio e para o mundo inteiro'”.

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O Tigre confessa, do João Pereira Coutinho. “A privacidade; a existência de um espaço meu e dos meus, onde a multidão não entra, é talvez a maior conquista da civilização judaico-cristã. Destruir essa barreira sempre foi e sempre será o princípio da tirania”.

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El coma andante gosta mesmo é da Nike, sobre a hipocrisia cubana. “A Nike, não custa lembrar, representa um ícone do ‘imperialismo ianque’, segundo os perfeitos idiotas latino-americanos. Quer dizer então que o ditador pode usar símbolos do capitalismo americano numa boa? Além disso, não há um embargo econômico dos Estados Unidos à ilha-presídio? Onde foi que Fidel comprou este uniforme? Será que o povão cubano, o gado bovino de propriedade dos irmãos Castro, pode comprar um desses também?”. E o Lula lá. Ao lado do ditador. Enquanto um cubano morria após quase três meses de greve de fome.

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“Alcides morreu porque era um negro”. Data maxima venia, senhores sacerdotes, NÃO. Não morreu porque era negro. Não são só os negros que morrem injustamente. Este assassinato específico não teve nada a ver com racismo. Não foi este o porquê da sua morte. Por favor, não desonrem a  memória do meu conterrâneo transformando a tragédia em uma versão racista imbecil da luta de classes socialista.

Alcides morreu por causa do descaso das autoridades públicas com a segurança, porque o Brasil é um país violento, onde os marginais não são punidos como deveriam e onde a população de bem não pode se proteger e nem tem quem a proteja. Aliás, dos dois criminosos que assassinaram Alcides, um é ex-presidiário e o outro, por ser de menor, vai para uma unidade da “Fundação de Atendimento Socioeducativo” – nem sei por quanto tempo, provavelmente por um ou dois anos, e depois vai voltar às ruas. Este é o problema, senhores sacerdotes, e não a cor da pele do meu amigo.

Exéquias de Alcides

[Divulgando, via Exsurge, Domine!.

Lembrando: a Missa de 7º Dia será celebrada na sexta-feira [12], às 19h, na Matriz da Torre.]

Fonte: UFPE

Nessa quinta-feira (11), a UFPE promove um ato público para homenagear o estudante do curso de Biomedicina da UFPE Alcides do Nascimento Lins, que morreu na madrugada do último sábado, após ser baleado em sua casa, na comunidade Vila Santa Luzia, no bairro da Torre. Às 10h, no hall do Centro de Convenções da UFPE, uma missa em memória de Alcides será celebrada pelo padre Romeu, da paróquia da Torre, da qual o aluno fazia parte.

Logo após a missa, às 11h, ocorrerá o Ato pela Vida, uma caminhada organizada pela UFPE, tendo como entidades convidadas o Hemope (onde Alcides estagiava), UFRPE, UPE, Unicap, Facepe, UNE, DCE, escolas públicas, entre outras.

A concentração da caminhada será no Centro de Convenções da UFPE, no Campus Recife. Os participantes percorrerão a Avenida dos Reitores em direção à Reitoria (sem cruzar a BR-101), passando pela Biblioteca Central, Centro de Artes e Comunicação e encerrando no mesmo local de concentração.

Em abril de 2007, a aprovação de Alcides no Vestibular da UFPE, em um curso bastante concorrido, ganhou a mídia nacional. O momento de felicidade vivido por Alcides e sua mãe, Maria Luiza, foi destacado no Programa Fantástico, da Rede Globo, que mostrou a dura realidade da família do estudante moradora de uma comunidade carente do Recife. A morte de Alcides teve repercussão nacional.

HOMENAGEM – Durante a colação de grau dos cursos do Centro de Ciências Biológicas (CCB), que ocorreu na última segunda-feira (8), o reitor Amaro Lins, a diretora do CCB, Ângela Farias, estudantes e docentes do Centro homenagearam o aluno Alcides do Nascimento Lins.

O reitor e a diretora do Centro destacaram a importância de Alcides como representante dos jovens de escola pública. Os presentes, atendendo a pedido do reitor, fizeram um minuto de aplausos em homenagem ao rapaz. “Temos que ter esperanças de que um dia tenhamos centenas de Alcides, e não apenas um, circulando pelos corredores de nossa Universidade”, comentou a professora Ângela.Os formandos de Biomedicina usaram fitas brancas no braço, simbolizando a paz.

Além do falecimento de Alcides, também foi lembrada pela professora Ângela Farias a morte de Ludmila Meireles, ex-aluna do CCB e mestranda em Tecnologia Ambiental, decorrente de acidente de carro no Complexo de Salgadinho, em Olinda. “Hoje é a missa de 7º dia de nossa ex-aluna do curso de Ciências Biológicas/Ciências Ambientais Ludmila Meireles da Silva e na madrugada desse último sábado, perdemos de forma violenta e brutal o nosso aluno do curso de Biomedicina, Alcides do Nascimento Lins, com apenas 22 anos de idade”, relatou ela.

Nota de falecimento

Estudante da UFPE é assassinado a tiros no bairro da Torre. Poderia ser somente mais uma das notícias que estamos acostumados a ver todos os dias; poderia ser somente mais uma estatística. Para mim, no entanto, reveste-se das cores de uma tragédia, porque eu conheço este estudante da Federal.

Conheço o bairro da Torre porque conheço a paróquia da Torre. Vivi lá muito tempo, como catequista, participando do grupo jovem, nas missas. Alcides, conheci no grupo jovem. Meus pais o conhecem. Meus amigos o conhecem. E, esta madrugada, assassinado.

Dentro de casa! Não é verdade que ele estava “na hora errada e no lugar errado”. Estava, pelo que soube, estudando. Entram os bandidos, à procura de um vizinho dele; “não sei”, responde o meu amigo, “só tem tu, vai tu mesmo”, zomba o criminoso. Um tiro na cabeça, outro no peito: foram para matar, sem dar margem para falhas.

Era negro. Era pobre. Mas nunca perdeu tempo com queixumes, e nunca permitiu que os estereótipos da sociedade determinassem o seu futuro. Era esforçado. Alcides do Nascimento Lins foi o primeiro colocado da rede pública quando prestou vestibular em 2007. Cursava biomedicina. Vinte e dois anos. Mais uma vítima. Usquequo, Domine…?

Aos que passarem por aqui, peço que rezem uma ave-maria por Alcides. Aos sacerdotes que me lêem, se virem isso, peço-lhes que se lembrem do jovem Alcides quando estiverem diante do altar do Deus Altíssimo. Que Ele tenha misericórdia do jovem assassinado, e conceda o dom da fortaleza para os amigos e parentes que ficam.

Requiem aeternam dona ei, Domine,
et lux perpetua luceat ei.

Requiescat in Pace.
Amen.

Alcides do Nascimento Lins