Os tentáculos do monstro gayzista

E para desde já ambientar o leitor mais cético quanto à gravidade da homofobia em nosso país, comprovando a dramática e crudelíssima discriminação de que são vítimas os homossexuais, transcrevemos dois corpus documentais bastante diversos quanto à composição sociológica de seus expoentes,  mas semelhantes por manifestarem a homofobia na  plenitude de sua intolerância.
[Mott, Luiz & Cerqueira, Marcelo. “Matei porque odeio gay”. Editora Grupo Gay da Bahia, 2003]

O texto epigrafado é de um livro que se encontra disponível integralmente na internet, no site do “Grupo Gay da Bahia” – site que, misteriosamente, é mantido pela Universidade Federal da Bahia. Possui uma importância capital porque o Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a “homofobia” e está às portas de ser aprovado no Brasil, vem sendo recentemente “defendido” das “deturpações” que os “cristãos fundamentalistas” estão fazendo sobre o texto. Por exemplo, em coluna da Veja do mês passado, saiu um artigo do André Petry (que já foi devidamente comentado aqui no BLOG) no qual o temor dos cristãos de que a sua liberdade religiosa estaria sendo ameaçada pelos pretensos direitos reinvidicados pelos gayzistas é chamado de uma interpretação tão grosseira da lei que é difícil crer que seja de boa-fé. Vejamos se o sr. Petry tem razão. Vamos diretamente às fontes gayzistas. Vejamos o que o sr. Mott chama de homofobia na  plenitude de sua intolerância:

Eis o que pensam e não se envergonharam de proclamar, nem foram punidos por tais declarações discriminatórias, alguns de nossos “respeitáveis” formadores de opinião:

“O homossexualismo é pura aberração”. [Deputado Federal Enéas Cordeiro, Prona/SP]

“O casamento gay demonstra a decadência moral que vai minando todos os valores de nossa sociedade”. [Deputado Severino Cavalcanti, PFL/PE]

[…]

“Por maior que seja a misericórdia, com que a Igreja trata os homossexuais, ela não pode deixar de pregar que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”. [Dom Aloysio Penna, Arcebispo de Botucatu, SP]

“O homossexualismo é, simplesmente, uma aberração ética”. [D.Amaury Castagno, Bispo de Jundiaí ]

[…]

“Os homossexuais cínicos e agressivos devem merecer dos católicos o repúdio votado a todos os pecadores públicos e insolentes, que se declaram ou se comportam como inimigos de Deus e de Sua Santa Lei.  Homossexuais assim são como células cancerosas e pútridas no corpo social. Devem ser repudiados, com nota de execração. Que Nossa Senhora livre o Brasil dessa infâmia. E não permita seja aprovado no Congresso Nacional o torpe projeto de lei que institui o “casamento” entre homossexuais. Isto constituirá uma insolente ofensa feita a Deus e a Nossa Senhora pelos legisladores do País,  e que atrairá sobre o Brasil grandes castigos, pois será a legalização e a legitimação oficial de um pecado infame que clama a Deus por vingança, alinhando-nos a Sodoma e Gomorra…” [Cônego José Luiz Marinho Villac, SP]

“Em nosso seminário, pessoas desse tipo (homossexuais) não entram”. [Padre Jorge Cunial, CS,  Pároco do Alto do Ipiranga, SP]

“O comercial do Ministério da Saúde (mostrando uma família que aceita seu filho gay) é uma safadeza por fazer apologia ao homossexualismo: o Governo Federal está  jogando dinheiro fora”. [Pastor Silas,  da Associação Vitória em Cristo, RJ]
[id. ibid]

Percebam a gravidade da situação: para as lideranças gayzistas, deveriam ser punidos por suas declarações discriminatórias:

  • alguém que ache que o casamento gay demonstra a decadência moral da sociedade;
  • um bispo que diga que o homossexualismo é uma aberração ética;
  • um arcebispo que diga que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados;
  • um padre que peça a Nossa Senhora para não permitir que o Brasil aprove o casamento gay;
  • um padre que não permita que homossexuais entrem no seu seminário.

E agora? Será mesmo que os cristãos não têm motivos para dizer que esta lei é absurda e que irá provocar perseguições religiosas no Brasil, caso seja aprovada? Será que as lideranças gayzistas são inocentes e não sabem exatamente o que querem atingir com a mordaça gay?

Precisamos nos mobilizar enquanto é tempo. Que os cristãos tenham coragem de proclamar bem alto a sua Fé, quaisquer que sejam as circunstâncias, é o que pedimos à Virgem Maria Aparecida, Mãe de Deus e Padroeira do Brasil.

Delírios positivistas

Saiu na VEJA um artigo sob o título de “A Fé dos homofóbicos”, da autoria de André Petry (aqui de segunda mão, para os não assinantes).

Não vou tecer considerações sobre a interpretação exposta no artigo referente ao alcance e aos limites do projeto de Lei, pois podem ser encontrados comentários pertinentes sobre o assunto tanto da autoria do padre Lodi quanto no site do Veritatis Splendor. No mínimo, a opinião de Petry de que o temor dos cristãos é infundado vale tanto quanto a opinião dos cristãos de que eles têm sim motivos para temer injustiças; afinal, o articulista dizer que a alegação cristã é uma interpretação tão grosseira da lei que é difícil crer que seja de boa-fé é tão-somente a opinião dele, e não me consta que o Petry vá ser referência consultada quando, nos tribunais, a Lei da Mordaça Gay for posta em execução.

Vou, todavia, comentar sobre um problema sério que vejo no texto (aliás, descobri agora que o Reinaldo Azevedo já fez o mesmo comentário antes de mim): é sobre o relativismo doentio destilado no artigo. Está escrito, lá nas páginas da VEJA:

Matar é crime não porque seja imoral, mas porque a sociedade entendeu que a vida deve ser preservada.

Não sei se André Petry é ateu. Mas, ainda que não o seja de fato, ele é, pelo menos, um “ateu-lógico”, posto que as posições por ele defendidas só se justificam dentro de um universo onde não haja Deus. A quarta via tomista – quarta via sumitur ex gradibus qui in rebus inveniuntur – para provar a existência de Deus refere-se, exatamente, aos graus de perfeição que existem nos entes. De maneira sucinta, argumenta o Aquinate que duas coisas só podem ser comparadas se houver um referencial de comparação; assim, um ser é mais belo do que outro porque há um referencial de Beleza, Absoluto, do qual as coisas aproximam-se mais ou menos. E este Absoluto é Deus

Retirado o Referencial, o que sobra? Ou o nada, ou a arbitrariedade. Se não houvesse nada, então nada poderia ser comparado com nada; mas esta opção é repugnante demais à inteligência humana, que compara coisas o tempo inteiro. Resta, como alternativa “aceitável”, a arbitrariedade. Deus não é mais o Belo e, portanto, bonitas são as modelos que têm o corpo dentro dos padrões ditados pela “moda”, e belos são os quadros que estejam dentro da última corrente artística. Deus não é mais o Verdadeiro e, então, verdade é aquilo em que você acredita. Deus não é mais o Justo e, então – e esta é a tese de Petry – justiça é o que “a sociedade entendeu” que era justo.

É fácil perceber que o positivismo jurídico conduz ao ateísmo pelo menos prático; afinal, qual seria a razão de se adotar como critério de Justiça a “definição da Sociedade” se houvesse a Suma Justiça à qual recorrermos? Se é preciso recorrer à arbitrariedade, é porque não há absolutos. Se o Direito é positivista, é porque ele reconhece (ao menos) implicitamente que não há Deus. E, se as pessoas vivem em uma sociedade atéia, elas fatalmente perderão de vista o Absoluto e tenderão cada vez mais para a arbitrariedade – como conseqüência, cada vez mais a sociedade, elevada ao patamar de Magistério Infalível para definir o certo e o errado, vai degenerar no caos e na barbárie, porque, sem absolutos, vale a lei do mais forte – e sempre é só uma questão de tempo até os “mais fortes” descobrirem isto.

Não é possível ser sempre imparcial; para salvaguardar os direitos mais básicos da pessoa humana, é preciso proclamar em alta voz que Deus existe. Porque, se recuarmos o estandarte de Deus, a natureza, que tem horror ao vácuo, vai preencher o espaço com alguma coisa – mas esta coisa, não sendo absoluta, será necessariamente relativa. E há valores que não podem ser relativizados.

Como a dignidade humana, por exemplo. É desnecessário lembrar que princípios como a proteção à vida não podem ser deixados para “a sociedade entender” se devem existir ou não, pois sociedades distintas podem entender distintamente o problema e, nesta história, os que sofrem são os mais fracos – como os judeus na Alemanha da Segunda Guerra ou os cristãos em Cuba até hoje, todos vítimas de um Estado que subscreveria integralmente o que é defendido por Petry. Não é justo que os homens, criados por Deus por amor e para o amor, estejam sujeitos às arbitrariedades de pessoas que n’Ele não acreditam. O positivismo de André Petry é potencialmente genocida. É necessário trazer Deus de volta às praças públicas. Urge levantar a Cruz bem alto! Antes que os escombros da modernidade – que caminha fatalmente para a auto-demolição – terminem por soterrar, em sua sanha atéia, ainda mais inocentes.