Mais sobre o simpósio gay da Unicap

Ainda sobre o Simpósio Gay da Unicap, fui informado de que esta semana (terça ou quarta-feira) um grupo de fiéis dirigiu-se até a residência episcopal a fim de suplicar a Sua Excelência que impedisse a realização do ultrajante encontro. Dom Fernando recebeu atenciosamente a comitiva; mas deu a entender que, a esta altura (o simpósio inicia-se agora à tarde), nada podia fazer para impedir o evento.

Na ocasião, foi entregue uma carta a Sua Excelência sobre o assunto, assinada por algumas pessoas (não eu; eu só soube desta iniciativa a posteriori) e firmada então também pelo senhor Arcebispo, que confirmou o recebimento. Segue abaixo.

Rezemos pela Igreja! A fim de que os inimigos de Deus não possam triunfar. A fim de que o Altíssimo não permita que zombem d’Ele os que O deveriam servir. A fim de que Ele tenha misericórdia de nós.

Universidade Católica recebe simpósio de “Direito Homoafetivo”

Esta semana, nos dias 16 e 17, a Universidade Católica de Pernambuco – Unicap – vai sediar o I Simpósio Pernambucano de Direito Homoafetivo. Causa espécie que um evento desta natureza – de iniciativa “do Diretório Acadêmico Fernando Santa Cruz da Faculdade de Direito da Unicap e do Movimento Gay Leões do Norte” – seja realizado em uma Universidade Católica, cujos princípios são (ou, pelo menos, deveriam ser…) um reflexo fiel da Doutrina Católica, segundo a qual os atos homossexuais são intrinsecamente desordenados e não podem, em caso algum, ser aprovados.

Mas o que causa ainda mais estranheza é encontrar, entre os participantes do referido evento, o “Prof. Pe. Luís Corrêa – PUC/RJ; Fundador do Grupo Diversidade Católica”. Talvez nem todos conheçam o reverendíssimo sacerdote. O grupo “Diversidade Católica” apresenta-se como “um grupo de leigos católicos que compreende ser possível viver duas identidades aparentemente antagônicas: ser católico e ser gay, numa ampla acepção deste termo, incluindo toda diversidade sexual (LGBT)”. Enganar-se-ia quem imaginasse encontrar neste grupo um chamado à castidade para aquelas pessoas que padecem de tendências homossexuais. Na verdade, este site propaga uma moral frontalmente contrária à Moral Católica, relativizando de uma maneira criminosa o ensinamento constante do Magistério da Igreja e usurpando indevidamente o nome de “Católico” como um engodo para atrair os incautos.

Eis, abaixo, uma pequena coletânea dos ensinamentos nada ortodoxos e nem um pouco católicos do padre Luís Corrêa, em textos escritos pelo próprio e disponíveis na internet para qualquer um:

  • No judaísmo antigo, acreditava-se que o homem e a mulher foram criados um para o outro, para se unirem e procriarem. O homoerotismo era considerado uma abominação. Israel deveria se distinguir das outras nações de várias maneiras, inclusive pela proibição do homoerotismo. A Igreja herdou esta visão antropológica com sua interdição. No século 19, porém, surgiu o conceito de ‘homossexualidade’, que permite pensar esta realidade de outra maneira. A atração pelo mesmo sexo pode ser entendida como um dado da natureza (in A Igreja e as uniões homossexuais).
  • Em diversas comunidades e ambientes católicos, é crescente a tolerância de padres e religiosos para com fiéis que não seguem à risca a moral sexual oficial da Igreja. Esta tolerância inclui os fiéis homossexuais que possuem companheiros. Há no catolicismo uma forte tendência de adaptação à sociedade contemporânea, sobretudo no nível das bases (in Homossexualidade e Igreja Católica – conflito e direitos em longa duração).
  • Na verdade, nós estamos vivendo uma mudança de paradigma antropológico. Havia uma heterossexualidade universal, ou heteronormatividade, uma suposição de que todo ser humano é feito para o sexo oposto, de que só com alguém de outro sexo se pode constituir uma união sadia, base de uma família respeitável. A homossexualidade foi considerada doença até o início dos anos 1990. Isto ainda está arraigado na sociedade e nas estruturas mentais, que incidem na religião. A Igreja tem dois mil anos, e o peso da tradição é muito forte (in A Igreja e os homossexuais: entrevista com Luís Corrêa Lima).
  • Na Bíblia, há uma cosmologia na qual o mundo foi criado em seis dias e a Terra surgiu antes do Sol e das estrelas. Há uma antropologia na qual o homem vem do barro e a mulher vem da costela do homem. E nessa antropologia também se proibia a união entre dois homens e entre duas mulheres. Não se deve seguir tudo ao pé da letra, como se hoje fosse necessário entender assim (in A homossexualidade não é pecado).
  • O estigma de infâmia e de doença ligado à homossexualidade precisa ser vencido. A aceitação da condição de seus filhos torna a vida de ambos muito melhor e mais feliz (in Carta aos pais dos homossexuais).
  • Mesmo na Espanha, quando o papa afirmou o valor central da família “fundada sobre o matrimônio indissolúvel do homem e da mulher”, alguns entenderam como uma condenação do casamento gay. Ora, exaltar a união heterossexual não significa exortar uma pessoa homossexual a se casar com alguém de outro sexo (…) Tudo isto não significa que a moral da Igreja mudou, mas que há uma nova impostação, um outro tipo de convivência com a sociedade secular (in O ranço moralista).
  • Gays e lésbicas podem encontrar na vertente secular dos direitos humanos um alicerce de ampliação de sua cidadania. Na vertente religiosa dos mesmos direitos, encontram resistências, sem dúvida. Mas também podem encontrar aliados em um cristianismo includente, onde a homoafetividade é vista como parte do desígnio divino, manifesto na criação e bem compreendido pela reta razão (in Homossexualidade, Lei Natural e Cidadania).

Et cetera. Quem tiver estômago, pode navegar pelo referido site para encontrar, em cada página, omissões imperdoáveis sobre aspectos importantíssimos da Moral Católica – quando não a sua negação explícita (veja-se, à guisa de exemplo, a resposta a esta pergunta sobre se o “católico gay” que mantenha um relacionamento está em pecado). O Grupo Diversidade Católica, portanto, não é católico, a despeito do nome que ostente. O pe. Luís Corrêa não defende a reta moral católica, a despeito de ser sacerdote católico. É então um escândalo que um evento desses se realize sob as asas dos Jesuítas de Recife, na Universidade Católica de Pernambuco.

Uma última informação é talvez digna de nota: os seminaristas da Arquidiocese estudam na Universidade Católica. É uma vergonha que a congregação religiosa fundada por Santo Inácio permita na instituição que dirige (e onde estudam os futuros sacerdotes da Arquidiocese de Olinda e Recife!) esta provocativa realização de um simpósio onde a lei de Deus vai ser abertamente contradita, e onde dar-se-ão ares de santidade e de retidão moral ao pecado que brada aos Céus vingança – defendido publicamente inclusive por um padre católico. É uma infâmia que os jesuítas dêem guarida a um simpósio que pretende legitimar a violação do Sexto Mandamento da Lei de Deus.

Deus, o verdadeiro excluído

Ontem (07/09) fez um ano que a Arquidiocese de Olinda e Recife foi envergonhada mundialmente, por conta da ultrajante presença do senhor Arcebispo e de vários membros do clero no famigerado “Grito dos Excluídos” – caminhando e cantando e seguindo a canção ao lado dos mais ferrenhos inimigos da Igreja Católica: comunistas, abortistas, gayzistas et caterva. Ontem foi, portanto, dia de cobrir-se de pó e de cinza, em memória da infâmia da qual esta Sé foi palco. Ontem foi dia de luto e de penitência para suplicar ao Altíssimo que tivesse piedade de nós, pelo opróbrio lançado em 2010 sobre a Igreja Santa de Deus.

E, graças à misericórdia divina (e, penso, à terrível repercussão negativa do evento do ano passado), este ano a promiscuidade sacrílega entre os filhos de Deus e os inimigos da Igreja foi bem menor do que no ano passado. Voltei ontem ao centro da cidade para acompanhar o Grito dos Excluídos. Este ano não houve (como houvera no ano passado) comunicados oficiais da Mitra convidando as paróquias e movimentos a tomarem parte do evento blasfemo; mesmo assim, voltei um pouco temeroso porque o site da Arquidiocese de Olinda e Recife noticiou a “mobilização nacional pelos direitos do povo brasileiro”, informando a data e a hora do manifesto. Mas as coisas não foram tão ruins quanto eu temia que fossem. Este ano, graças ao bom Deus, as coisas foram infinitamente melhores do que no ano passado.

O senhor arcebispo não estava presente. Também não vi nenhum dos vigários gerais ou episcopais. Não havia religiosos de hábito (à exceção de algumas poucas freiras) nem a presença da Arquidiocese foi registrada em nenhum momento em que eu estivesse presente. Não houve invasões de prédios, os homossexuais estavam em número menor e mais contidos e eu não vi o aborto ser defendido publicamente. Insista-se: em comparação com o ano passado, isto é uma mudança da água para o vinho. Agradeçamos à Virgem Santíssima – Nossa Senhora do Carmo, padroeira da Cidade do Recife e da Província Eclesiástica de Pernambuco – por este milagre da natureza e da graça.

Não obstante, ainda havia a incômoda presença de muitas pessoas e grupos ligados à Igreja Católica. Destaco as pastorais: Pastoral Carcerária, da Criança, Vocacional. Houve inclusive um momento em que o sr. Arnaldo Martins, da Pastoral Carcerária, subiu no trio elétrico para falar “em nome de todas as pastorais sociais da Arquidiocese”. Duvido que a maior parte das pastorais sérias desta Arquidiocese tenha delegado um representante para o Grito dos Excluídos, ou mesmo que aceitasse a presença de um representante em tal evento.

Havia também algumas religiosas de hábito e, para nosso horror, vários membros da “Conferência dos Religiosos do Brasil” (vestidos à paisana; imagino que sejam religiosos, mas não dá para ter certeza). As meninas (freiras? Sabe-o Deus!) da Pastoral Vocacional dançavam, acompanhando a marcha com animação. Bem pouco atrás tremeluzia a grande bandeira do Grupo Gay Leões do Norte. E assim seguia o cortejo.

Quis a Divina Providência que houvesse um evento de flores no Pátio do Carmo, destino final da Marcha, de modo que não foi possível aos homossexuais repetirem o deboche do ano passado. Algumas cirandas, depois os brados de “pela vida grita a terra / por direitos, todos nós” (tema do evento deste ano) e c’est fini: as pessoas voltavam para casa, eu com elas, dando graças a Deus pelo escândalo deste ano ter sido infinitamente menor do que em 2010.

O Grito trata-se, na verdade, de um verdadeiro saco de gatos, cachorros e papagaios onde tem espaço para todos os temas: homossexuais, agrotóxicos, primavera árabe, etc. – havia até um descontente torcedor do Santa Cruz (sério!) pedindo a imediata expulsão de Ricardo Teixeira. Mas o que verdadeiramente marca neste evento é a visão horizontal que ele possui.

A faixa da foto acima é bem representativa do manifesto: eles não aceitam Deus, não querem o Messias. Querem construir tudo sozinhos, por suas próprias mãos. Na verdade, Deus é o verdadeiro excluído a priori deste evento materialista – a faixa acima o diz com todas as letras! E, em um evento onde Deus não é bem-vindo, o que faziam os religiosos de Recife? Qual o sentido da participação das pastorais da Arquidiocese? O que fazem católicos em uma marcha para a qual o Todo-Poderoso não foi convidado e onde, aliás, é expressamente proibida a Sua entrada? E não me consta que as coisas sejam diferentes Brasil afora! Até quando os católicos caminharão de braços dados com os que zombam do Deus Altíssimo?

Permita o bom Deus que os católicos brasileiros, guiados por santos pastores, aprendam que não nos é permitido sentar à roda dos escarnecedores. E que a Fé exige uma coerência de vida que, infelizmente, ainda não enxergamos em manifestações como as que ocorreram ontem. Que elas sejam condenadas com zelo e determinação, e que a presença de católicos em eventos assim seja expurgada definitivamente – ad majorem Dei gloriam. Que a Virgem Santíssima nos livre dos escandalosos conluios entre os Seus filhos e os inimigos da Igreja do Seu Filho. Abaixo, algumas fotos de ontem.

Nota de Falecimento

[Recebi hoje pela manhã a notícia, via internet – é uma maneira triste de começar o dia! O pe. João Novais era português da Diocese de Braga. Lembro-me de que outro dia comentei com um amigo que tínhamos, aqui em Olinda e Recife, um sacerdote que sabia celebrar no Rito Bracarense, embora nunca lhe tivéssemos pedido que o fizesse. Agora não o podemos pedir mais…

Ouvi há pouco mais de um mês o pe. João, lá nas Graças, encorajando rapidamente os catequistas a continuarem desempenhando com afinco a sua missão. Até o último instante preocupado com a formação daqueles que a Divina Providência lhe confiou. Foram quase cinqüenta anos de sacerdócio! É uma vida. Que o Altíssimo lhe possa dar a devida recompensa.

A nota de falecimento abaixo reproduzida foi publicada hoje no site da paróquia das Graças. Peço aos visitantes que rezem uma ave-maria pelo piedoso sacerdote. Que a Virgem Santíssima, Janua Coeli, o receba o quanto antes nas Moradas Eternas.

Requiem aeternam dona ei, Domine,
Et lux perpetua luceat ei.

Requiescat in Pace
Amen.]

É com pesar que comunicamos à comunidade paroquial das graças do falecimento do nosso querido pastor, Pe. João Novais.

Segundo as primeiras informações obtidas pela secretaria paroquial, o Pe. João Novais faleceu nas primeiras horas do dia 1º de Setembro de 2011, hoje, ainda dentro do avião que o levava a Lisboa para suas férias anuais. Seguiu viagem acompanhado de um médico, por orientação da companhia aérea. Foi socorrido num primeiro infarte dentro do voo, tendo recuperado-se. Passado o susto, tendo agradecido a todos, teve um segundo infarte, já próximo ao pouso, sobre o qual houve pouco a se fazer.

Pe. João era português e por isso costumava curtir suas férias em sua terra natal. No próximo mês (outubro) completaria 50 anos de sacerdócio.

O Pe. João esteve à frente dessa comunidade durante as últimas décadas, tendo levado nossa comunidade a romper o milênio a passo da Igreja. Sempre fez questão de trazer os desafios propostos por todas as instâncias superiores da Igreja, fosse as campanhas de evangelização promovidas desde Roma, fosse pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fosse pela própria Arquidiocese de Olinda e Recife.

Também era zeloso pelas orientações da Igreja, quando Roma falava, em qualquer matéria, ele aceitava sem qualquer tipo de questionamento. Sua liturgia era impecavelmente obediente ao que manda a Igreja.

Aqueles que o conheciam mais de perto puderam, ao longo dos trabalhos da comunidade, perceber que a falsa aparência que alguns tinham dele, de que seria um homem bruto, duro, caia por terra rapidamente. Tratava-se de um pastor sensível às dores dos homens, de cada homem. Sempre disposto a pacificar os conflitos, além de insistente promotor da unidade paroquial.

Ainda há pouco a ser dito quanto às implicações que seu falecimento para a comunidade, e tampouco é o momento de discutir o assunto, já que certas decisões cabem ao nosso Arcebispo, Dom Fernando Saburido. Por hora, cabe-nos sentir a dor da despedida, ao mesmo tempo em que podemos agradecer a Deus pela chance de ter conhecido e convivido com esse pastor tão humano e solidário.

A missa de sétimo dia será celebrada em nossa comunidade no próximo dia 8 de setembro, dia da natividade de nossa senhora, às 20 horas. O sepultamento e demais celebrações naturalmente serão realizado em Portugal, pelas razões já citadas nesse texto.

A Pastoral da Comunicação abre esse canal para depoimentos dos fiéis. A próxima edição do Porta-Voz será uma homenagem, e gostaríamos de publicar depoimentos que fizessem juz ao que o Pe. João deixou, seu legado em nossa comunidade. Por favor, cliquem em comentar e ponham sua mensagem. Ela será publicada no site à medida que vá sendo aprovada pelo moderador.

A Unidade dos Cristãos

Fui informado por um leitor do Deus lo Vult! – a quem agradeço – que houve recentemente na Arquidiocese de Olinda e Recife uma “Celebração Ecumênica” durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Sobre o assunto, teço alguns breves comentários:

– A “unidade dos cristãos” significa simplesmente o retorno dos hereges e cismáticos à Igreja Católica Apostólica Romana da Qual eles nunca deveriam ser saído. É isto que se busca com as orações “pela unidade dos cristãos” (antigamente chamadas pro haereticis et schismaticis), e isto não se pode perder de vista sob nenhuma justificativa. As orientações do Vaticano neste sentido são claríssimas e não deixam margem para más interpretações. Pra ficar em um só exemplo, o Bem-Aventurado João Paulo II na Ut Unum Sint diz que “[a] Igreja Católica, tanto na sua praxis como nos textos oficiais, sustenta que a comunhão das Igrejas particulares com a Igreja de Roma, e dos seus Bispos com o Bispo de Roma, é um requisito essencial — no desígnio de Deus — para a comunhão plena e visível” (UUS 97). Os grifos são meus.

– Exatamente para evitar quaisquer confusões neste assunto de tão grande importância, é altamente recomendado que não sejam chamadas de “igrejas” as seitas protestantes, que não guardam nem Sucessão Apostólica e nem o mistério da Eucaristia. Neste sentido, também é bastante clara a Dominus Iesus: “As Comunidades eclesiais, invés, que não conservaram um válido episcopado e a genuína e íntegra substância do mistério eucarístico, não são Igrejas em sentido próprio” (DI 17).

– Assim sendo, frases como as seguintes não dizem nada e só fazem aumentar a confusão do (já tão carente de formação) povo de Deus:

  • “Unir-se em torno do ensinamento dos apóstolos chama as Igrejas a se constituírem como Igrejas pascais, abertas à missão e capazes de dialogar com o mundo atual”.
  • “A comunhão fraterna e a repartição do pão recordam que a vocação da Igreja cristã é ser profecia de um mundo novo e de partilha”.
  • “Meu sentimento é que como povo de Deus somos um. Somos parte do corpo de Cristo, que nos faz um. Nós somos irmãos”.

Particularmente a última frase, dita por um pastor protestante, é simplesmente errada. Um herege protestante não faz parte do Corpo de Cristo, exatamente por não fazer parte da Igreja Católica que é o Corpo Místico de Cristo.

Para que se reze pedindo alguma coisa ao Todo-Poderoso, é mister saber com clareza o que se está pedindo. Não havendo clareza na separação que existe entre a Igreja de Cristo, os hereges e os cismáticos – i.e., não havendo consciência da Unidade ideal que foi perdida -, não é possível haver consciência da unidade que Nosso Senhor deseja e, portanto, não é possível pedir por ela. Este tipo de “celebração ecumênica”, portanto, não apenas não serve nada para as [verdadeiras] orações “pela unidade dos cristãos” como, ao contrário, confunde o povo de Deus e, assim,  age contra o próprio fim da Semana de Oração que a Igreja promove.

– Causa, por fim, perplexidade a informação de que o “liturgista” [da Arquidiocese, depreende-se, ou pelo menos convidado pela Arquidiocese para esta “celebração”] é o padre Reginaldo Veloso, sacerdote amasiado que largou o ministério há décadas para se juntar com uma mulher e que, como ele mesmo diz, até hoje celebra sacramentos ilícitos (ou inválidos) nas comunidades do Morro da Conceição, em Recife. Certamente não foi este o tipo de “unidade” pela qual rezou Nosso Senhor!

A música litúrgica e a mediocridade

Hoje foi a comemoração dos 100 anos da elevação da Diocese de Olinda a Arquidiocese de Olinda e Recife. Missa no Marco Zero com todo o clero, muitos bispos de toda a província eclesiástica, alguns outros bispos da Regional Nordeste II e o Núncio Apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri, que presidiu a celebração.

A celebração foi longa: eram por volta das 17:00 quando lá cheguei (pouco antes da procissão de entrada), e eram 20:30 quando recebi a bênção solene. Merece menção o coral polifônico: um exemplo de como é possível manter a sacralidade da música litúrgica mesmo com o emprego do vernáculo. Antes da celebração, eu estava no retiro do Crisma e, comentando sobre a situação da Igreja nos dias de hoje, falava que uma das notas características dos erros e heresias atuais é a mediocridade. Encontramos coisas erradas em abundância, mas pouco ou nenhum requinte de heterodoxia. Temos muitas heresias, mas elas estão universalmente disseminadas e são impessoais: não temos nenhum grande heresiarca.

A edição da Martins Fontes das “Cartas de um diabo a seu aprendiz”, de C. S. Lewis, traz ao final o “Fitafuso propõe um brinde”; é um pequeno conto com o diabo autor das cartas anteriormente publicadas. “O cenário é o Inferno; a ocasião, um jantar anual oferecido aos jovens Demônios pela Faculdade de Treinamento de Tentadores. O Diretor, Dr. Catarruspe, acaba de brindar à saúde dose seus convidados. Fitafuso, convidado de honra, ergue-se para responder”. E ele já falava desta mediocridade:

Os “grandes” pecadores, aqueles nos quais as paixões vívidas e geniais foram levadas além do limite, e nos quais sua imensa concentração de vontade foi devotada a assuntos que o Inimigo odeia – enfim, nem todos eles desaparecerão, mas ficarão mais raros. Teremos cada vez mais presas, mas consistirão cada vez mais de puro lixo – lixo que tempos atrás jogaríamos para Cérbero e para os cães do Inferno, pois não seria apropriado para o consumo diabólico.

Lewis, C.S., “Cartas de um diabo a seu aprendiz”, pp. 183-184. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2005

Cheguei a este assunto por causa de um contra-exemplo. Uma das mais clássicas aplicações deste – chamemo-lo assim – “princípio da mediocridade” são as músicas que tocam nas nossas paróquias. Na esmagadora maioria das vezes, são sofríveis, horrorosas, totalmente inadequadas para o culto; mas não têm impiedade deliberada, não têm um grau significativo de malícia, não têm nada. São “só” medíocres.

E, hoje, na presença do senhor núncio, foi com imensa alegria que eu vi a exceção à regra. O coral estava bem preparado e as músicas estavam dignas: hoje, na comemoração dos cem anos da Arquidiocese, a música litúrgica fugiu à mediocridade. Por que não é possível ser sempre assim? Por que não é possível dar, ordinariamente, o melhor a Deus? Por que é necessário esperar uma visita do Núncio Apostólico para que se cantem, nas celebrações litúrgicas, músicas dignas do Deus Altíssimo que Se entrega diariamente por nós?

Escândalo! O comunismo, o abortismo, o gayzismo e… a Arquidiocese de Olinda e Recife!

ou “Eu, Masoquista II”

[Disclaimer: infelizmente, muni-me de uma câmera que não era minha para fazer as fotos que aqui vão apresentadas, e só reparei em casa que a data dela estava desconfigurada – de modo que as fotos foram registradas com o timestamp incorrecto. Unicamente para não confundir os leitores, utilizei-me do “ungido programa Photoshop” para apagar a data errada, pondo uma tarja preta no seu lugar. As fotos originais (as que vão aqui, bem como outras que não pus por questões de espaço) podem ser vistas no Picasa. Todas as fotos foram tiradas hoje, dia 07 de setembro de 2010, entre as dez da manhã e o meio-dia.]

“O Grito dos Excluídos é uma iniciativa da CNBB, que começou em 1995 com a Campanha da Fraternidade” – Dom Fernando Saburido, em entrevista veiculada no NE-TV do 07/09/2010 (00m46s).

Estive no Grito dos Excluídos. Comentei sobre o evento aqui, no Deus lo Vult!, ontem; vale lembrar que a Arquidiocese de Olinda e Recife anunciou que iria “disponibilizar mil bilhetes gratuitos para 18 paróquias de Recife, Jaboatão e Camaragibe”, apoiando assim o evento e incentivando os fiéis católicos a dele participarem.

Sabendo que Dom Aldo Pagotto, na vizinha Paraíba, afirmou que a Arquidiocese não apoiava o evento “porque nos últimos anos participam do evento entidades de movimentos que são contra dogmas e ensinamentos da Igreja Católica”, perguntei ontem se tais coisas também não se verificariam aqui em Recife.

E fiz questão de ir, para ver e para registrar. A concentração estava marcada para as oito horas; cheguei perto das dez. O Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, estava já terminando de falar (foi dele o discurso na abertura da caminhada); não cheguei a ouvir o que ele falou. Vi, no entanto, a enorme bandeira da ONG gay “Leões do Norte”; como cheguei pelo lado oposto àquele pelo qual a marcha saiu, a referida bandeira com as cores de Baal foi a primeira coisa que eu vi. Para quem não se lembra, foi exatamente esta ONG quem queimou um boneco de Dom José Cardoso no ano passado. Hoje, eles estavam participando de uma caminhada junto com o atual Arcebispo Metropolitano.

Registrei os participantes do evento: a referida ONG gay, a abortista MMM (Marcha Mundial das Mulheres), um tal de “Grupo Mulher Maravilha” que estava fazendo “Defesa e Afirmação (…) do PNDH3” (assim, literalmente – vejam as fotos!), movimentos em favor do limite da propriedade da terra, um monte de comunistas (membros do PSOL, do PSTU, da CUT, et caterva), o senhor Arcebispo, vários religiosos e diversos leigos membros de paróquias. Assim, na mais completa promiscuidade, para vergonha desta Veneza Brasileira.

Fiz questão de seguir a caminhada. Da praça Oswaldo Cruz até o Pátio do Carmo. Em um certo momento, uma mulher que estava no alto de um dos trios pega o Microfone: “nós estamos aqui para defender o direito à vida das mulheres, porque há milhões de mulheres morrendo por falta de apoio do Governo na questão do aborto. O Governo tem que oferecer assistência às mulheres, nos hospitais públicos, quando elas decidem interromper a gravidez. E as igrejas têm que deixar de discriminar as mulheres que optam pela interrupção da gravidez”. Sim, isto foi dito com estas exatas palavras! Olhei para a frente. Alguns metros adiante, o senhor Arcebispo dava uma entrevista, um grupo de capuchinhos dançava coco e maracatu… ninguém se importava. Para escândalo e vergonha da Igreja de Olinda e Recife, uma mulher defendeu o aborto em alto e bom som, em uma caminhada da qual estavam participando também o Arcebispo Metropolitano e diversos religiosos e leigos católicos.

Os homossexuais do Leão do Norte balançavam o seu bandeirão ao longo de toda a avenida. Gritavam “viva a diversidade!”. Poucos metros adiante, o senhor Arcebispo continuava caminhando, e os capuchinhos continuavam dançando (coco, desta vez). Escândalo: padres, religiosos, leigos membros de pastorais e o Arcebispo de Olinda e Recife engrossavam as fileiras daqueles que estavam defendendo expressa e ostensivamente o aborto e a cultura gay. Ninguém protestava. Ninguém parecia se importar.

Chegamos à ponte e, na avenida Guararapes, um grupo do MTST tinha invadido um prédio. Quando o trio elétricou chegou lá, começou a gritaria eufórica no edifício público ilegalmente ocupado. O sujeito que estava em cima do trio começou a gritar inflamado: “saudamos os companheiros do MTST que invadiram um prédio para mostrar a força dos trabalhadores”. E, logo após, arrematou: “Invadam! Resistam!”. Sob uma chuva de aplausos. Bem perto, um sujeito envolto em uma grande bandeira da União Soviética conversava com uns transeuntes. Afastei-me.

Cheguei, por fim, exausto, ao Pátio do Carmo, destino final da caminhada. O senhor Arcebispo também lá estava, tirando fotos. Para completar o escárnio, a grande bandeira gay foi estendida na praça, diante da Basílica da Virgem do Carmo, onde várias pessoas tiravam fotos. Enquanto isto, uma grande ciranda atraía a atenção de todos. Desisti, e voltei para casa.

Vale a pena perguntar: o que o Arcebispo estava fazendo em uma caminhada onde se defendiam o comunismo, o aborto, o gayzismo, o uso de preservativos e tantas outras imoralidades? O que a Arquidiocese tem a ver com estes escarnecedores da Igreja, para dar-lhes apoio e aumentar-lhes o número? E quanto às pessoas – havia tantas! – que, muito provavelmente sem saber do que se tratava o evento, fizeram-se presentes por conta da divulgação feita pela Arquidiocese e pelas paróquias – e, lá chegando, depararam-se com mulheres defendendo o aborto e travestis vestidos com as cores do arco-íris? O que justifica este conluio promíscuo entre os filhos da Igreja e os de Satanás? Qual a razão do silêncio das autoridades eclesiásticas sobre estas imoralidades e – pior ainda! – do apoio entusiasta a elas dado, a partir do momento em que estavam todos – Arcebispo, padres, religiosos, leigos – “caminhando e cantando e seguindo a canção”, dançando e sorrindo lado a lado com inimigos declarados da Igreja Católica?

Abaixo, algumas fotos. Para protestar junto ao senhor Arcebispo: dfsaburido@uol.com.br

[P.S.: chegaram-me aos ouvidos algumas reclamações de que eu teria divulgado o email pessoal do sr. Arcebispo. Sinto informar, mas não sou o autor de semelhante indelicadeza. Apesar dele não ser (como eu originalmente pensei) o oficial disponível no site da CNBB, é um email público há muito tempo disponível na internet; por exemplo, está no Catolicanet há mais de cinco anos. Portanto, não divulguei absolutamente nada que já não fosse de conhecimento público.]

E que Deus tenha misericórdia de nós.

Dom Fernando acolhe e apóia católicos que assistem à Missa Tridentina

Jorge Ferraz, Claudemir Júnior, Emílio Filho, Hugo Siqueira, Simone Montfort, Dom Fernando Saburido, Gustavo Souza, Família Gonçalves (Glauco, Daniele e João Lucas ao colo), Coronel Heráclito

 

Profundamente abalados com o fim da celebração da Missa Tridentina em Recife, alguns católicos – uma comissão representativa dos fiéis que há anos assistem esta missa – tiveram uma audiência esta manhã, perto das dez horas, com Sua Excelência Reverendíssima Dom Fernando Saburido, na Cúria Metropolitana. Enquanto alguns entraram para a audiência episcopal, outros ficaram do lado de fora aguardando o seu desfecho.

 

Das mais diversas faixas etárias (de crianças de colo a senhores de mais de cinqüenta anos), de diversas paróquias da Arquidiocese, estes fiéis foram respeitosamente apresentar a Sua Excelência a sua perplexidade com o fim da celebração da Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.

 

Levamos testemunhos dos frutos que têm sido alcançados por meio desta Missa. Famílias foram formadas em torno a ela; crianças, neste rito, foram batizadas. Pessoas afastadas da Igreja há décadas encontraram-se, finalmente, na celebração do Santo Sacrifício do Altar segundo as rubricas antigas, e voltaram à prática da Religião Verdadeira ao verem a piedade deste rito e ao serem nutridas pelas homilias do reverendíssimo padre que a celebrava.

 

Manifestamos todo o nosso amor e a nossa solidariedade para com o sacerdote, pe. Nildo, “diretor espiritual de alguns, confessor permanente de muitos e pai espiritual de todos”. Testemunhamos a sua fidelidade ao sacerdócio, o seu amor à Igreja, a sua dedicação àqueles que a Divina Providência lhe confiou. Um exemplo de sacerdote, sem sombra de dúvidas, pelo qual sempre agradecemos a Deus em privado e em favor do qual, hoje, falamos abertamente diante do Metropolita.

 

Queixamo-nos das incompreensões com as quais nós, católicos ditos “tradicionalistas” desta Arquidiocese, somos tratados. Das insinuações de que provocamos divisão no rebanho, passando pelas acusações de sermos fechados e avessos ao diálogo, e chegando até a calúnias gratuitas como a de ensinarmos que “a Sé de Pedro está vacante”. Queixamo-nos, de tudo isso, ao Arcebispo Metropolitano, que nos ouviu amável e paternalmente.

 

Reafirmamos o nosso mais ardente amor à Igreja e o nosso desejo sincero de estarmos em comunhão incondicional com o Santo Padre, o Vigário de Cristo na Terra, e com o nosso bispo em comunhão com o Papa. Rejeitamos todas e cada uma das acusações injustas que nos eram feitas. Afirmamos que os excessos, se os há, devem ser tratados como casos particulares que são – e não aplicados por meio de generalizações absurdas a todos os fiéis que se nutrem da espiritualidade tradicional da Igreja.

 

Somos provavelmente – como foi colocado para o senhor Arcebispo – o mais heterogêneo grupo de católicos desta Arquidiocese. De paróquias distantes (alguns inclusive de outras cidades e municípios), de atividades pastorais diversificadas (há pessoas que são catequistas, que fazem pastoral com drogados, que realizam missões, etc.), tendo em comum o amor à Santa Missa celebrada em Sua Forma Extraordinária. Não queremos senão ser católicos.

 

Sua Excelência nos concedeu a sua compreensão e a sua solicitude de Pastor. Disse que tínhamos o seu apoio. Garantiu-nos que iria intervir para que a Santa Missa na Forma Extraordinária continuasse a ser celebradaDeo Gratias. Solidarizou-se com as nossas queixas, e prometeu-nos tomar providências a fim de que cessem as perseguições e animosidades. Despedimo-nos, rogando a sua bênção e reafirmando a nossa filial submissão àquele que foi designado pelo Santo Padre para nos pastorear.

Obrigado, Dom Fernando Saburido, pelo apoio dado aos católicos  tradicionais desta Arquidiocese. Obrigado, Dom Fernando Saburido, pelo apoio concedido à Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.

Lex orandi, lex credendi

[O vídeo é via Exsurge, Domine!, com os meus agradecimentos também ao Fabiano Rollim que mo havia encaminhado por email. Suscita perguntas curiosas sobre o que está acontecendo em Pernambuco, no Brasil, no mundo.

Amanhã pela manhã cedo, audiência na cúria com o senhor Arcebispo. Recife pede orações.]

A repercussão internacional!

[De Recife para o mundo…

P.S.: Sobre este texto, cabe fazer dois reparos. 1. Pe. Nildo não foi transferido da paróquia, nem lhe foi designada nenhuma função arquidiocesana que conflitasse com a sua disponibilidade para a celebração da Missa Tridentina, nem nada do tipo. 2. No comunicado que foi feito na missa de domingo, o sacerdote enfatizou que suspender a celebração da Missa foi uma decisão pessoal sua, não fazendo nenhuma menção, direta ou indireta, ao arcebispo metropolitano.

Fonte: Rorate Caeli]

Monday, July 12, 2010

Três anos:
Padre forçado a abandonar comunidade de Missa Latina – Brasil

De um leitor brasileiro:

O padre Nildo Leal de Sá, da Arquidiocese de Olinda e Recife, foi praticamente forçado a abandonar mais de uma centena de católicos que amam a Missa Tradicional. Ele celebrou a sua última missa para a comunidade este domingo, anunciando [após a qual] que ele teria que deixar a comunidade para [assumir] outras funções na diocese, “por razões pessoais”. Padre Nildo celebrava a Missa até mesmo antes do Motu Proprio [Summorum Pontificum], por um indulto do então Arcebispo, [Dom] José Cardoso Sobrinho, hoje emérito.

O Arcebispo Dom Fernando Saburido, ligado à Teologia da Libertação e arcebispo atual [de Olinda e Recife], é – de acordo com alguns rumores – a pessoa responsável por toda a pressão [sofrida pelo padre e] que culminou nesse desastre.

Preparativos estão sendo feitos para avisar à Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei” através dos meios ordinários. Mas nós precisamos de mais publicidade sobre esta questão.

Mais informações sobre o assunto em português: