“The day after” – repercussões sobre o discurso do Papa

A repercussão do discurso de ontem de Sua Santidade foi realmente impressionante. Quando o Papa fala, todos escutam e todos comentam – os fiéis católicos, para serem dóceis à voz do seu pastor e, os inimigos da Igreja, para deixarem cair as máscaras e revelarem quem são realmente. Mas a voz de Cristo ressoada na voz de Pedro repercute no mundo inteiro. Provoca o regozijo dos bons, ao mesmo tempo em que faz os maus estrebucharem.

O Wagner Moura registrou algumas das muitas coisas que, ao longo do dia de ontem, foram ditas sobre Sua Santidade. E, como ele mesmo diz, é pouco; muito mais poderia ser citado. Em particular, vale a pena mencionar também a matéria do El País, lamentando que Bento XVI tenha entrado nas eleições brasileiras. Mas o conhecido jornal espanhol não é o único caso em que podemos ver a peçonha escorrendo pelo canto da boca. Aqui no nosso Brasil, o Everth já ontem notava que os petistas reagiram com violência ao discurso do Papa. E, sobre isso, o trabalho feito no Twitter foi tão bem feito, mas tão bem feito, que não deixa possibilidade de dúvidas sobre quem são as pessoas que estão contra Sua Santidade.

Sob a pitoresca hashtag “pérolas da turba”, foram reunidas algumas das manifestações indignadas e violentas dos opositores do Papa. Naveguem por lá, tem bastante coisa. É agressivo e muitas vezes chulo, mas é importante que seja conhecido – para que saibamos com que tipo de gente estamos lidando. Colho alguns exemplares ao acaso, apenas para fins de exemplificação (e registro, porque parece que, infelizmente, o Twitter só mantém as últimas 24 horas):

  • Até qndo religião vai ser motivo cego pra votarem. Votem por ideais! Igreja na política ñ dá! Bento XVI idade média acabou
  • Bento XVI se intrometendo na nossa Política, não têm mais o quê fazer não? Assume que Gay logo, enrustido!
  • Pq algumas pessoas acham q o papa deveria ter relevância na eleição? Cadê o estado laico?
  • Bento XVI,ex-membro da juventude hitlerista e hoje Papa no TT.Tudo por uma tentativa de ingerência na eleição do Brasil
  • Pq o Bento XVI não investiga os casos de pedofilia dentro da igreja? Vem querer discutir politica no Brasil.. ah vá…
  • Nós mulheres devemos ser escravas de posicionamento religioso dentro do Estado LAICO?! [CENSURADO], Bento XVI

Estas são as pessoas que estão contra o Papa Bento XVI e a favor da candidata petista! E olhe que o Papa não citou nomes de candidatos, não citou partidos políticos, não citou nem mesmo as eleições de domingo próximo. A carapuça, no entanto, foi rapidamente vestida pelos militantes do PT. Eles confessam, assim, a própria política de desrespeito à dignidade humana (da qual o aborto é notável expoente) condenada pelo Papa. A sua agressividade histérica revela quem eles são.

Mas, enquanto os cães ladram, a caravana passa: Bento XVI ganhou hoje manchete (pelo menos) nas versões impressas d’O Globo, da Folha de São Paulo e da Gazeta do Povo (de novo; aliás, sobre a excelente cobertura que o jornal está fazendo do caso – foi quem deu o furo, antecipando na sua manchete de ontem a notícia que, hoje, está nas capas de todos os jornais… -, não deixem de ler este artigo). Pedro fala, e o mundo escuta! O Coturno Noturno fala que os institutos serão salvos pelo Papa… Não deixem de navegar também pelos outros textos do blog do coronel. E intensifiquemos as nossas orações pela salvação do Brasil; alguém tem ainda alguma mínima dúvida de que as nossas preces estão sendo ouvidas?

Ontem foi um grande dia. Um dia sem dúvidas histórico. Demos graças a Deus. E obrigado, Santo Padre!

O “grave dever” dos bispos de orientarem os fiéis também em questões políticas – discurso de Bento XVI aos bispos da Regional Nordeste 5

Porém, sempre lhe deve ser permitido [à Igreja] pregar com verdadeira liberdade a fé; ensinar a sua doutrina acerca da sociedade; exercer sem entraves a própria missão entre os homens; e pronunciar o seu juízo moral mesmo acerca das realidades políticas, sempre que os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem (Gaudium et Spes, 76).

A comunidade política e a Igreja não se confundem, porque ambas têm fins próprios e distintos e têm em si os meios necessários para alcançar estes fins: o Estado serve para cuidar da ordem temporal e, a Igreja, da ordem espiritual. O Estado existe para servir à sociedade e, a Igreja, para levar os homens ao Céu. Nas palavras da Gaudium et Spes, “[n]o domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autónomas” (id. ibid.). Esta é a boa doutrina católica.

No entanto, embora não se confundam, Estado e Igreja também não são duas realidades completamente distintas, sem nenhum ponto de intersecção entre elas: afinal, os homens que fazem parte da sociedade são os exatos mesmos homens que a Igreja tem a missão de guiar neste mundo. Os domínios temporal e espiritual são distintos, mas o homem faz parte de ambos. É na realidade humana, portanto, que Fé e Política se tocam. A política tem o dever de facilitar ao homem o cumprimento de sua vocação sobrenatural. Em contrapartida, a Fé tem também o dever de defender a dignidade humana inclusive nos seus aspectos temporais, quando esta é ameaçada. Esta, repito, é a boa doutrina católica.

Têm, portanto, os pastores – os bispos! – o dever de emitir juízos morais também sobre as realidades políticas, quando as circunstâncias assim o exigirem. E foi isso que o Papa recordou hoje, em discurso aos bispos brasileiros do Regional Nordeste 5 da CNBB. O discurso de Pedro veio corroborar aquilo que alguns prelados corajosos fizeram no Brasil ao longo dos últimos meses: denunciar as mazelas morais do Partido dos Trabalhadores, bem como a intrínseca e radical incompatibilidade entre o programa político deste partido e a dignidade da pessoa humana e, portanto, a proibição moral de que se apóie tal partido com o próprio voto.

Os bispos têm não apenas o direito, mas também o dever, de emitir juízos morais sobre as realidades políticas – é o Papa quem o diz com todas as letras! E quantos prelados no Brasil cumpriram com este “grave dever”? Quantos outros, ao contrário, preferiram silenciar, ou confundir os fiéis com declarações contrárias à realidade dos fatos, ou ainda – pior! – tentaram calar as vozes proféticas que se levantaram em defesa da dignidade humana ameaçada pelas políticas imorais do partido que ora se encontra no Governo do Brasil? A estes, o Papa manda um (nada) sutil recado: tínheis um dever a cumprir, e não o fizestes. Calastes, quando devíeis levantar a vossa voz bem alto para defender a dignidade humana ameaçada. Silenciastes diante das iniqüidades de César.

E o Papa vai além, ao afirmar que não é possível falar em avanços sociais se os direitos básicos da pessoa humana são violados. Não são lícitos os projetos políticos, econômicos ou sociais – por mais justos que se apresentem – que não contemplem a radical defesa da vida humana da concepção à morte natural. A defesa do aborto, velada ou aberta, não pode ser aceita sob nenhuma justificativa, e é dever dos bispos dizer isso com toda a clareza possível, sem temer qualquer tipo de impopularidade ou oposição. É o Papa que fala aos bispos do Brasil, às vésperas do Segundo Turno das eleições presidenciais. É Bento XVI que vem em socorro dos bispos fiéis desta Terra de Santa Cruz, que não trocaram o múnus episcopal por conluios promíscuos com este mundo. E não se calaram, quando a situação exigiu que suas vozes se levantassem em defesa da vida humana ameaçada. Bento XVI hoje diz: eles só cumpriram com um seu dever.

Estamos às vésperas do pleito. Que as palavras do Doce Cristo na Terra possam encontrar eco nos corações de todos os brasileiros de bem. E que as luzes do Espírito Santo possam iluminar o entendimento dos eleitores do próximo dia 31: que eles entendam que certos valores são inegociáveis, e não podem ser aceitos sob nenhuma justificativa.

Segue abaixo, o discurso do Papa [p.s.: versão oficial na Rádio Vaticana]. Todos os grifos são meus. E que Nossa Senhora Aparecida salve o Brasil.

P.S.: Não deixe de ler também: Bento XVI defenderá hoje ação política da Igreja contra o aborto.

* * *

Amados Irmãos no Episcopado,

«Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5 [cinco]. Nos nossos encontros, pude ouvir, de viva voz, alguns dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.

Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.

Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. GS, 76).

Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitae, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).

Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o “Compêndio da Doutrina Social da Igreja”» (Discurso inaugural da V conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).

Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).

Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política» (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.

Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baia da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade

Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.

Benedictus PP. XVI

“Ó, que grandioso é o sacerdócio!”

O Santo Cura d’Ars sempre manifestou a mais alta consideração pelo dom recebido. Afirmava: “Ó, que grandioso é o sacerdócio! Só se compreende bem no Céu… mas se o compreendesse sobre a terra, morrer-se-ia, não de temor, mas de amor”

– Bento XVI, 05 de agosto de 2009

Hoje a Igreja celebra a festa de São João Maria Vianney, o santo cura d’Ars, patrono dos párocos, honra do clero francês. Um homem simples, mas que soube entregar-se desmedidamente ao serviço de Deus e, por isso, o Altíssimo fez maravilhas em sua vida.

Era filho de camponeses. Queria ser padre, mas quase não o consegue por conta dos sucessivos insucessos nos estudos necessários para tal. No entanto, não desistiu: contra todos os prognósticos, foi adiante, insistente, até conseguir levar a cabo os seus estudos e ordenar-se sacerdote do Deus Altíssimo.

A sua limitação intelectual chega a ser anedótica! Não sei a veracidade da história, mas conta-se que o santo, certa feita, confrontado com um seu superior que o tentava dissuadir do sacerdócio argumentando exatamente que a inteligência refinada (que tanto faltava ao santo!) era necessária ao ofício de pastoreio das almas, respondeu singelamente: “Davi, com uma atiradeira feita da mandíbula de um burro, derrubou o gigante Golias; imagine o que Deus não poderá fazer tendo nas mãos o burro inteiro?”. De onde se vê que, ao santo, embora talvez faltasse alguma habilidade mais específica exigida para os estudos acadêmicos, não lhe faltava sabedoria ou bom humor.

“Que grandioso dom é o sacerdócio”! Talvez o santo cura d’Ars percebesse-o melhor que os outros padres, porque para ele – devido à sua história – o aspecto do dom estava muito mais evidente do que o de mérito. Mas todo sacerdócio é um dom, ainda para o aluno laureado nos estudos do seminário, porque o sacerdócio é tão grandioso que ultrapassa infinitamente quaisquer méritos que os homens pudessem ter. Não, o sacerdócio não é a recompensa dos anos de estudos no seminário como um – digamos – diploma de medicina é a recompensa pelos anos de dedicação integral na faculdade. O sacerdócio é mais, muito mais: os efeitos são desproporcionais às (supostas) causas. De um médico pode-se dizer que é o que estudou na faculdade, e o mesmo de um engenheiro, um arquiteto, um jornalista; mas a santidade de um padre santo não encontra a sua causa nos estudos do seminário, por melhor aluno que ele tenha sido, por melhor o lugar onde ele tenha estudado. Olhe-se para o santo cura d’Ars! É de Deus que vem a santidade do sacerdócio. É um dom, um dom grandioso, com o qual Deus, pela Providência, agracia alguns dos Seus filhos.

Rezemos pelos sacerdotes! Para que sejam padres conforme São João Maria Vianney. Para que reconheçam quão grandioso é o dom do sacerdócio que do Altíssimo receberam e pelo qual terão um dia que prestar contas. Para que deixem a santidade vir de Deus, do alto, e não brotar dos próprios esforços humanos. Para que sejam santos, honrando a dignidade da vocação à qual foram elevados. Para que Deus nos conceda sempre sacerdotes bons e fiéis para cuidar do Seu povo.

“O motu proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos” – card. Cañizares

A notícia é antiga. A publicação no Oblatvs é de maio de 2009, mas – a julgar por alguns comentários que se ouvem por aí – creio que nem todo mundo a leu ainda. Vale a leitura. O cardeal Cañizares é prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e, portanto, voz autorizada para dar a correta interpretação do Summorum Pontificum. Os destaques, s.m.j., são todos do pe. Clécio.

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Prefácio do Cardeal Cañizares à edição espanhola de “A Reforma de Bento XVI”

Desde a publicação deste livro até a presente edição espanhola não passaram mais que uns poucos meses. Todavia, a transcendência de certos fatos ocorridos neste lapso de tempo modificou enormemente o “clima” em torno de sua temática, especialmente pelo ambiente de controvérsia que se criou em razão do levantamento das excomunhões dos quatro bispos ordenados há vinte anos por Dom Lefebvre. Este gesto de misericórdia gratuita do Santo Padre para tornar possível a sua plena inserção eclesial, que demonstra com fatos que a Igreja não renega sua tradição, fez com que a “Missa Tradicional” acabe ligada a um problema disciplinar e, pior ainda, político.

Como consequência, existe o risco de uma desfiguração do sentido profundo do Motu Proprio de 7 de julho de 2007; um gesto de extraordinário sentido comum eclesial pelo qual se reconheceu o valor pleno de um rito que nutriu espiritualmente a Igreja Ocidental durante séculos.

Não há dúvida de que um aprofundamento e uma renovação da liturgia eram necessários. Porém, com frequência, está não foi uma realização perfeitamente alcançada. A primeira parte da constituição Sacrosanctum Concilium não entrou no coração do povo cristão. Houve uma mudança nas formas, uma reforma, não, porém uma verdadeira renovação, tal e como pediam os Padres conciliares. Às vezes, mudou-se pelo simples gosto de mudar um passado percebido como totalmente negativo e superado, concebendo a reforma como uma ruptura e não como um desenvolvimento orgânico da tradição. Isto criou reações e resistências desde o princípio, que em alguns casos se concretizaram em posições e atitudes que levaram a soluções extremas, inclusive a ações concretas que implicavam penas canônicas. É urgente, entretanto, distinguir o problema disciplinar surgido de atitudes de desobediência de um grupo, do problema doutrinal e litúrgico.

Se cremos de verdade que a Eucaristia é realmente a “fonte e o ápice da vida cristã” – como nos recorda o Concílio Vaticano II – não podemos admitir que seja celebrada de um modo indigno. Para muitos, aceitar a reforma conciliar significou celebrar uma Missa que de um modo ou de outro devia ser “dessacralizada”. Quantos sacerdotes vimos ser tratados como “retrógrados” ou “anticonciliares” pelo simples fato de celebrarem de maneira solene, piedosa ou simplesmente por obedecerem cabalmente às rubricas! É peremptório sair desta dialética.

A reforma foi aplicada e principalmente vivida como uma mudança absoluta, como se se devesse criar um abismo entre o pré e o pós Concílio, em um contexto em que o termo “pré-conciliar” era usado como um insulto. Aqui também se deu o fenômeno que o Papa observa em sua recente carta aos bispos de 10 de março de 2009: “Às vezes se tem a impressão de que nossa sociedade tenha necessidade de um grupo, ao menos, com o qual não tenha tolerância alguma, o qual se pode atacar com ódio”. Durante este ano foi o caso, em boa medida, dos sacerdotes e fiéis ligados à forma de Missa herdada através dos séculos, tratados muitas vezes como “leprosos”, como dizia de forma contundente o então cardeal Ratzinger.

Hoje em dia, graças ao Motu Proprio, esta situação está mudando notavelmente. E em grande medida está acontecendo porque a vontade do Papa não foi unicamente satisfazer aos seguidores de Dom Lefebvre, nem limitar-se a responder aos justos desejos dos fiéis que se sentem ligados, por diversos motivos, à herança litúrgica representada pelo rito romano, MAS TAMBÉM, E DE MANEIRA ESPECIAL, ABRIR A RIQUEZA LITÚRGICA DA IGREJA A TODOS OS FIÉIS, TORNANDO POSSÍVEL ASSIM A DESCOBERTA DOS TESOUROS DO PATRIMÔNIO LITÚRGICO DA IGREJA A QUEM AINDA O IGNORA. Quantas vezes a atitude dos que os menosprezam não é devida a outra coisa senão a este desconhecimento! Por isso, considerado a partir deste último aspecto, o Motu Proprio tem sentido transcendente à existência ou não de conflitos: ainda quando não houvesse nenhum “tradicionalista” a quem satisfazer, este “descobrimento” teria sido suficiente para justificar as disposições do Papa.

Foi dito também que tais prescrições seriam um “atentado” contra o Concílio, isto, porém mostra um desconhecimento do mesmo Concílio, cuja intenção de dar a todos os fiéis a ocasião de conhecer e apreciar os múltiplos tesouros da liturgia da Igreja é precisamente o que desejou ardentemente esta magna assembleia: “O Sacrossanto Concílio, apegando-se fielmente à tradição, declara que a Santa Mãe Igreja atribui igual direito e honra a todos os ritos legitimamente reconhecidos e quer que no futuro sejam conservados e fomentados por todos os meios” (SC 4).

Por outro lado, estas disposições não são uma novidade; a Igreja sempre as manteve, e quando ocasionalmente não foi assim, as consequências foram trágicas. Não apenas foram respeitados os ritos do Oriente, mas também no Ocidente dioceses como Milão, Lyon, Colônia, Braga e diversas ordens religiosas conservaram pacificamente seus diversos ritos através dos séculos. Porém, o antecedente mais claro da situação atual é, sem dúvida, a Arquidiocese de Toledo. O Cardeal Cisneros usou de todos os meios para conservar como “extraordinário” na arquidiocese o rito moçárabe que estava em vias de extinção; não somente fez imprimir o Missal e o Breviário, como criou uma capela especial na Igreja Catedral, onde se celebra ainda hoje cotidianamente neste rito.

Esta variedade ritual não significou nunca, nem pode significar, diferença doutrinal, mas pelo contrário, põe em relevo uma profunda identidade de fundo. Entre os ritos atualmente em uso é necessário que se dê também esta mesma unidade. A tarefa atual, tal e como nos indica o presente livro de don Nicola Bux, é pôr em evidência a identidade teológica entre a liturgia dos diversos ritos que foram celebrados através dos séculos e a nova liturgia fruto da reforma, ou ainda, se esta identidade se houvesse desfigurado, recuperá-la.

A Reforma de Bento XVI é, pois, um livro rico em dados, reflexões e ideias, e dentre os múltiplos assuntos nele tratados gostaria de ressaltar alguns pontos:

O primeiro é acerca do nome com o qual chamar a esta Missa. O autor propões chamá-la, ao estilo oriental, “liturgia de São Gregório Magno”. É talvez melhor que dizer simplesmente “gregoriana”, pois pode prestar-se a um duplo equívoco (que poderia em todo caso evitar-se com a denominação “dâmaso-gregoriana”). Também é mais conveniente que “Missa tradicional”, onde o adjetivo corre o perigo de contaminar-se com uma carga ou bem polêmica ou bem “folclórica”; ou que “modo extraordinário”, que é uma denominação demasiadamente extrínseca. “Usus antiquior” tem o defeito de ser uma referência meramente cronológica.

Por outro lado, “usus receptus” seria muito técnico. “Missal de São Pio V” ou “do Beato João XXIII” são termos demasiadamente limitados. O único inconveniente é que no rito bizantino já há uma liturgia de São Gregório, Papa de Roma; a dos dons pré-santificados usado na quaresma.

Em segundo lugar, o fato de que o uso seja “extraordinário” não deve significar que deva ser usado somente por sacerdotes e fiéis que se ligam ao modo extraordinário. Como propõe o padre Bux, seria muito positivo que quem celebra habitualmente no modo “ordinário”, o faça também, extraordinariamente, no “extraordinário”. Trata-se de um tesouro que é herança de todos e ao qual, de uma maneira ou de outra, todos deveriam ter acesso. Por isso, poder-se-ia propor especialmente para ocasiões em que há alguma riqueza peculiar do antigo missal que se pode aproveitar (sobretudo se no outro calendário não há nada especialmente previsto): por exemplo, para o tempo da Septuagésima, para as quatro Têmporas ou para a Vigília de Pentecostes e, talvez, até no caso de certas comunidades especiais, tanto de vida consagrada como confrarias ou irmandades. A celebração “extraordinária” também seria de grande utilidade para os ofícios da Semana Santa, ao menos em alguns deles, pois todos os ritos conservam no Tríduo Sagrado cerimônias e orações que remontam a épocas mais antigas da Igreja.

Outro ponto que é necessário destacar é a atitude de Bento XVI; não constitui tanto uma novidade nem câmbio de rumo de governo, mas sim leva à sua concretização o que já João Paulo II havia empreendido como iniciativas tais como o documento papal Quattuor abhinc annos, a consulta à comissão de Cardeais, o Motu Proprio Ecclesia Dei e a criação da Comissão de mesmo nome, ou as palavras dirigidas à Congregação do Culto Divino (2003).

Algo que se deve urgentemente ter em conta é a repercussão ecumênica destas discussões; as críticas dirigidas ao rito recebido da tradição romana alcançam também a outras tradições e sobretudo a dos irmãos ortodoxos. Quase todos os ataques dos que se opõem à reintrodução do missal antigo são precisamente ataque aos lugares que temos em comum com os orientais! Um sinal que confirma este fato são as expressões positivas do recentemente falecido Patriarca de Moscou ao publicar-se o Motu Proprio.

Não é um dos aspectos menos importantes deste livro o fato de que nos ajude a tomar consciência dos diversos aspectos da situação em que nos encontramos atualmente. Nossa geração enfrenta grandes desafios em matéria litúrgica: ajudar toda a Igreja a seguir plenamente o que indicou o Concílio Vaticano II na constituição Sacrosanctum Concilium e o que o Catecismo da Igreja Católica diz sobre a liturgia, aproveitar o que o Santo Padre – quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger – escreveu sobre o tema, especialmente em seu belíssimo livro Introdução ao Espírito da Liturgia, enriquecer-se com o modo com que o Santo Padre – assistido pela Oficina das celebrações litúrgicas presidida pelo Mons. Guido Marini, e da qual é consultor o autor deste livro – celebra a liturgia. Estas liturgias pontifícias são exemplares para todo o orbe católico.

Por último, acrescento que seria de grande importância que tudo isto se expusesse com profundidade nos seminários como parte integrante da formação para o sacerdócio, para proporcionar um conhecimento teórico-prático das riquezas litúrgicas, não somente do rito romano, mas também, na medida do possível, dos diversos ritos do Oriente e do Ocidente, e assim criar uma nova geração de sacerdotes livres de preconceitos dialéticos.

Oxalá este valioso livro de don Nicola Bux sirva para conhecer melhor as intenções do Santo Padre e descobrir as riquezas da herança recebida e, desse modo, para iluminar-nos em nossa ação. Para isto, peçamos ao Senhor saber interpretar, como dizia Paulo VI, os “sinais dos tempos”.

+ Antonio, cardeal Cañizares

Prefeito da Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos

Administrador Apostólico de Toledo

8 de abril de 2009

Fonte: Subsídios Litúrgicos Summorum Pontificum

Tradução: OBLATVS

Vandalismo na Cidade Eterna

Escada Santa de Roma amanhece com pichações contra o papa. Na verdade, a julgar pelas fotos, não foi propriamente “a Escada Santa”, e sim a igreja na qual ela está abrigada. Em italiano, a agência ANSA.it traz mais informações (e mais fotos). Pego-me a pensar no que significa este ato de vandalismo.

Foto: ANSI.it

A Escada Santa é a escada do pretório de Pilatos, onde Nosso Senhor foi apresentado à multidão ensandecida – Ecce Homo! – e onde ela exigiu a Sua crucificação. Qual é o mal que este objeto histórico pode representar, a ponto de ser objeto de atos de agressão e de vandalismo, escapa-me à compreensão. A única explicação minimamente plausível que encontro, é que o ódio é dirigido não à escada em si, não ao que ela representa, e sim Àquela – a Igreja – que a venera e a tem guardado e preservado ao longo dos últimos séculos.

É contra a Igreja que se dirige a sanha vândala dos arautos da tolerância! Seria um curioso caso clínico de esquizofrenia ou distúrbio de personalidade múltipla, se não fosse um preocupante sintoma das contradições do nosso tempo. Por um lado, clama-se “tolerância, tolerância” o tempo inteiro. Por outro lado, tolera-se (e, em algumas casos, até aceita-se) o comportamento agressivo e discriminatório, caso o alvo da agressão e da discriminação seja a Igreja Católica. “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” – parece ser o que clama o mundo moderno. Este parece ser o que reivindica para si o monopólio da perseguição, da agressão gratuita, da discriminação – e isto, de tal maneira que, se forem outros a realizarem tais atos (ou, pior ainda, qualquer coisa que seja interpretada como se tais atos fossem, ainda que não o sejam de verdade), são bárbaros e fanáticos; mas se forem os modernos e tolerantes que o façam, então são pessoas de bem exercendo a sua liberdade de expressão, ou protestando civilizadamente contra o que quer que seja, ou no pleno e lícito gozo do direito à expressão artística, ou o que seja. Aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei. Este é o mundo no qual vivemos. Domine, miserere nobis.

Curtas

“A ousadia da santidade”, pelo Carlos Alberto Di Franco e publicada… no Estadão! “A tese, por exemplo, de que é necessário ouvir os dois lados de uma mesma questão é irrepreensível; não há como discuti-la sem destruir os próprios fundamentos do jornalismo. Só que passou a ser usada para evitar a busca da verdade. A tendência a reduzir o jornalismo a um trabalho de simples transmissão de diversas versões oculta a falácia de que a captação da verdade dos fatos é uma quimera. E não é. O bom jornalismo é a busca apaixonada da verdade. O jornalismo de qualidade, verdadeiro e livre, está profundamente comprometido com a dignidade do ser humano e com uma perspectiva de serviço à sociedade”.

Comunicado da Santa Sé sobre a audiência entre o Papa Bento XVI e o Cardel Schönborn. “A palavra ‘chiacchiericcio’ (fofoca) foi erroneamente interpretada como desrespeitosa às vítimas de abuso sexual, para com as quais o Cardeal Angelo Sodano nutre os mesmos sentimentos de compaixão e de condenação do mal, como expressado em várias ocasiões pelo Santo Padre. A palavra pronunciada durante a saudação de Páscoa ao Papa Bento XVI foi tomada literalmente da homilia pontifical do Domingo de Ramos e se referia à ‘coragem que não se deixa ser intimidada por fofocas de opiniões predominantes'”.

Crônicas Vaticanas: o Papa e a Itália. “Bento XVI e os seus estreitos colaboradores intervêm muito rapidamente em questões italianas, dando mais atenção em relação a outros países do mundo. Isso porque a Itália constitui uma espécie de laboratório para os muitos desafios que a Igreja deve enfrentar: é um país historicamente católico, mas a prática da fé e o seu impacto social estão em decadência. Portanto, a campanha de nova evangelização do Papa só pode começar literalmente do jardim de casa”.

El cardenal Kasper anuncia su partida y traza un balance de su gestión. Em espanhol, mas dá para compreender. “El balance examinó luego las relaciones con las Iglesias y las comunidades eclesiales de la Reforma: ‘Errores o, más bien, imprudencias en el modo de formular la verdad – admitió el cardenal Kasper -, han sido cometidos entre nosotros e incluso de parte nuestra’. Pero en lo que concierne a este diálogo, el cardenal quiso remitirse al texto recientemente publicado por el dicasterio, ‘Harvesting the fruits’, en el que se hace un balance de los resultados y de los acuerdos alcanzados”.

Poesia sobre a morte de Saramago. Destaco: “Proponho assim, por descargo / – Como quem dá a camisa / – Rezarmos por Saramago / Que bem precisa coitado…! / Mãe dos Céus, Oh se precisa”.

– Sobre a Bélgica: “Papa se solidariza com bispos belgas” e “Indignação da Santa Sé pela brutal inspeção ao episcopado belga”. Deste último: “‘Manifestaram que haveria uma inspeção do arcebispado devido a denúncias de abuso sexual no território da arquidiocese’, explica um comunicado assinado pelo porta-voz da Conferência Episcopal da Bélgica, acrescentando que ‘não se deu nenhuma outra explicação, mas todos os documentos e telefones celulares foram confiscados e se manifestou que ninguém poderia deixar o edifício. Este estado, de fato, durou até quase as 19h30′”.

Virgem Maria, desejos de Céu

[Está tão bonita que reproduzo do mesmo jeito que recebi por email. Não tenho muito mais o que acrescentar – que a Virgem Santíssima inspire em todos o desejo do Céu! Sim, que esta Boa Senhora possa nos curar da tibieza, e inflamar as nossas almas de um verdadeiro desejo pela Vida Eterna junto ao Seu Filho.

A frase do título não está na reportagem. Está no discurso de Bento XVI em visita al Centro Don Orione di Monte Mario, anteontem. Que, como disse o Sumo Pontífice “[l]a Madonnina (…) protegga le famiglie, susciti propositi di bene, suggerisca a tutti desideri di cielo”; é também o que eu desejo. “Guardare al cielo, pregare, e poi avanti con coraggio e lavorare. Ave Maria e avanti!” – como dizia San Luigi Orione. Que nos guarde a Virgem Santíssima, Salus Populi Romani, que também nós somos romanos. Da Igreja de Roma. Da Igreja de Cristo.]

Bento XVI: “Que Maria inspire em todos desejos de céu”.

25/06/2010 (1:29)

Papa: “Que Maria, Mãe de Deus e nossa, esteja sempre no alto de seus pensamentos e afetos, amável conforto de suas almas, guia certa de suas vontades e amparo de seus passos, inspiradora persuasiva da imitação de Jesus Cristo”.

Bento XVI visitou na manhã de quinta-feira o Centro Don Orione de Monte Mario e abençoou a imagem de Nossa Senhora, abatida alguns meses atrás pela fúria do vento. Restituída aos olhos e à devoção dos romanos, graças à restauração atenciosa, a efígie – recordou o Pontífice – é “memória de eventos dramáticos e providenciais, escritos na história e na consciência da Cidade”. A imagem, de fato, “foi colocada na colina de Monte Mario em 1953, como realização de um voto popular pronunciado durante a II Guerra Mundial, quando as hostilidades e as armas faziam temer pelo futuro de Roma”. Uma iniciativa que partiu dos orionitas, que justamente no alto da colina realizaram um centro de “acolhimento de mutilados e de órfãos”. “Don Orione – precisou o Papa – viveu de maneira lúcida e apaixonada a tarefa da Igreja de viver o amor para fazer entrar no mundo a luz de Deus”, “convencido de que a caridade abre os olhos à fé”. “As obras de caridade – concluiu Bento XVI – jamais podem reduzir-se a gesto filantrópico, mas devem permanecer sempre tangíveis expressão do amor providencial de Deus”.

Fonte: H20News

Que assim seja!

Leio em ZENIT que Dom Fernando Saburido vai receber o pálio no próximo dia 29 de junho. A mesma notícia recorda que a peça de lã branca é “símbolo da união com o sucessor de Pedro”. Que assim seja! Oremus pro Antistite nostro Ferdinando – stet et pascat in fortitudine tua, Domine, in sublimitate nominis tui.

Leio também que o Papa Bento XVI, em discurso aos bispos do Regional Leste II da CNBB, disse recentemente que os bispos têm “a missão de ensinar com audácia a verdade que se deve crer e viver, apresentando-a de forma autêntica”, e também que eles devem “procurar que a liturgia seja verdadeiramente uma epifania do mistério, isto é, expressão da natureza genuína da Igreja, que ativamente presta culto a Deus por Cristo no Espírito Santo”; pois “[d]e todos os deveres do (…) ministério [episcopal], «o mais imperioso e importante é a responsabilidade pela celebração da Eucaristia»”. Que assim seja! Não só para a “Regional Leste II”, mas para todo o Brasil.

E, por fim, leio com alegria o Santo Padre lembrar que, para ser cristão, é necessário tomar a sua cruz. “Tomar sua cruz significa empenhar-se em vencer o pecado que obstaculiza o caminho em direção a Deus, acolher diariamente a vontade do Senhor, intensificar sua fé especialmente diante dos problemas, das dificuldades, do sofrimento”. Que assim seja! Para todos nós, ad majorem Dei Gloriam.

Carta ao Santo Padre, dos participantes do encontro sobre o Summorum Pontificum em Garanhuns

Fonte: Diocese de Garanhuns

A Sua Santidade
O Papa Bento XVI

Beatíssimo Padre,

Participantes do “I Encontro Sacerdotal sobre o Motu proprio Summorum Pontificum, um grande dom espiritual e litúrgico para toda a Igreja”, realizado na cidade de Garanhuns, PE, Brasil, nos dias 17, 18 e 19 de junho de 2010, patrocinado pela Diocese de Garanhuns e pela Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, com o apoio e o incentivo da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, expresso em carta de S. Emcia. o Cardeal William Levada, no encerramento deste nosso encontro e ainda sob a influência da graça do Ano Sacerdotal, vimos expressar a nossa profunda gratidão pelo ministério petrino de Vossa Santidade, a nossa sincera solidariedade, união e plena comunhão, bem como o nosso leal desejo de colaborar com o Sucessor de Pedro e Vigário de Jesus Cristo na aplicação da Carta Apostólica Summorum Pontificum, colocando todo o nosso empenho na construção da “Paz litúrgica”, tão desejada por Vossa Santidade.

Este nosso Encontro, que foi previamente comunicado à CNBB e à Nunciatura Apostólica no Brasil, contou com a participação de Sacerdotes oriundos de diversas partes do nosso País, cada qual com a devida permissão do seu Bispo ou Superior, tendo sido realizado, portanto, dentro do mais autêntico espírito de comunhão eclesial.

É com esse espírito de comunhão e colaboração com a Igreja no Brasil e no mundo que imploramos humildemente a Vossa Santidade a Benção Apostólica para nossas pessoas e nosso ministério.

Garanhuns, 19 de junho de 2010.

+ Fernando Guimarães, Bispo Diocesano de Garanhuns, PE

+ Fernando Áreas Rifan, Administrador Apostólico – Campos, RJ

+ Adalberto Paulo da Silva OFMCap, Bispo Auxiliar emérito de Fortaleza, CE

Mons. Lucilo Alves Machado, Reitor do Rosário dos Pretos, Natal, RGN

Mons. Joelson Alves de Andrade, Pároco de Santo Antônio, João Pessoa, PB

Pe. Paulo Sampaio, C.O – Congregação do Oratório, São Paulo, SP

Mons. Sérgio Costa Couto, Reitor de Nossa Senhora do Outeiro da Glória, representando a Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ

Pe. Jailton da Silva Soares, Vigário Paroquial da Catedral de Natal, RN

Pe. Érico Rodrigues de Mello Falcão, Vigário Paroquial da Catedral de Maceió, AL

Diác. João Jefferson Chagas, Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ

Pe. Nildo Leal de Sá, Pároco de São Sebastião e São Cristovão, Arquidiocese de Olinda e Recife

Frei Pedro Rogério Martins OFMConv, Pároco de Nossa Senhora Aparecida e Cristo Redentor, João Pessoa, PB

Frei Marcelo da Silva Dutra OFMConv, Vigário Paroquial de Nossa Senhora Aparecida e Cristo Redentor, João Pessoa, PB

Pe. Expedito Miguel do Nascimento, Administrador Paroquial Nossa Senhora dos Remédios, Recife, PE

Pe. José Sampaio Alves, Pároco de Porteiras, Diocese de Crato, CE

Pe. Claudiomar Silva Souza, Pároco da Igreja Principal da Administração Apostólica S. João Maria Vianney, Campos, RJ

Manoel Lourenço de Oliveira, seminarista da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Paulista, PE

Rodrigo Alves de Oliveira Arruda, seminarista da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Paulista, PE

Dom Bento de Lyra Allertin OSB, Prior Conventual do Mosteiro de São Bento de Pouso Alegre, MG

Pe. Ricardo Pereira da Silva, Pároco de Cristo Rei, Arquidiocese de Campo Grande, MS

Pe. Salmuel Brandão de Oliveira MSC, Professor de Sagrada Escritura, Faculdade Católica de Fortaleza, CE

Pe. Carlos Augusto Azevedo da Silva, Pároco de Santa Maria Goretti, Arquidiocese de Belém, PA

Pe. Marcelo Protázio Alves, Pároco da Imaculada Conceição, Quipapá, Diocese de Garanhuns

Pe. Wiremberg Silva, Arquidiocese de Belém

Pe. Reinaldo Barbosa, Vigário da Paróquia de Santa Rita de Cássia, Arquidiocese de Sorocaba, SP

Pe. José Emerson Alves da Silva, Pároco de São Sebastião, Diocese de Garanhuns, PE

Pe. José Edilson de Lima, Administração Apostólica São João Maria Vianney, Juiz Auditor do Tribunal Eclesiástico do Rio de Janeiro

Abaixo-assinado: Cura d’Ars, padroeiro dos sacerdotes

Esperava-se que o Papa Bento XVI, no fechamento do Ano Sacerdotal, proclamasse São João Maria Vianney como padroeiro dos sacerdotes. Para surpresa e decepção geral, no entanto, isso não aconteceu.

Nós, católicos apostólicos romanos, estamos sinceramente convencidos de que sacerdotes como o Santo Cura d’Ars são exatamente o tipo de sacerdotes dos quais a Igreja precisa nos tempos de hoje. Por este motivo, queremos divulgar o abaixo-assinado (a ser entregue a Sua Santidade) pedindo que São João Maria Vianney seja proclamado padroeiro de todos sacerdotes da Igreja Católica, como fora anunciado anteriormente e como é desejo do povo de Deus, a fim de produzir frutos de vida e santidade para a Igreja dos tempos de hoje.

O Presbíteros também já divulgou. Reproduzo abaixo o texto dele, com os textos para sacerdotes e leigos de língua portuguesa; para outros idiomas, visitem o site do abaixo assinado. Assinem, e divulguem!

* * *

Para sacerdotes:

Súplica dos sacerdotes a S.S. o Papa Bento XVI

Beatíssimo Padre,

desejamos manifestar a nossa gratidão pelo ano sacerdotal há pouco concluso, expressão da paterna solicitude de Vossa Santidade em relação a nós sacerdotes. Nessa ocasião, Vossa Santidade nos propôs como exemplo de ideal sacerdotal São João Maria Vianney, modelo do dom total a Jesus Cristo, sacerdote e vítima. Para melhor recolher os frutos deste ano sacerdotal, nestes tempos em que as vocações precisam ser encorajadas e os sacerdotes apoiados na fidelidade aos compromissos sacerdotais, vimos suplicar, Santo Padre, que haja por bem proclamar São João Maria Vianney Padroeiro de todos os sacerdotes da Igreja Católica, por ocasião da celebração da sua festa.

Asseguramos a Vossa Santidade as nossas orações, segundo as intenções da Santa Igreja e rogamos filialmente que se digne abençoar o nosso ministério…

Assine aqui! (para sacerdotes).

Para leigos, religiosos e seminaristas:

Petiçao em apoio à súplica dos sacerdotes

Fiéis da Igreja Católica, nós somos os primeiros beneficiários do ministério dos sacerdotes, que dirigimos a Sua Santidade o Papa Bento XVI esta súplica, para obter a proclamação de São João Maria Vianney Padroeiro de todos los sacerdotes da Igreja Católica. Desejamos associar-nos à petição dos sacerdotes, convictos de que do seu amor ao ideal sacerdotal dependa a nossa santificação…

Assine aqui! (para os leigos, religiosos e seminaristas)