Incrementando o dossiê

Só para não perder o costume:

Nota pública do “Grupo Curumim” – ONG que milita a favor do aborto e exerceu papel crucial na obtenção da autorização dos pais para que a criança de nove anos abortasse – sobre os acontecimentos dos últimos dias.

Médico que realizou aborto é aplaudido em Brasília: o sempre inacreditável oportunismo do Ministro da Saúde, José Temporão, que aproveitou mais uma vez para aludir ao necessário “reconhecimento do aborto como problema de saúde pública”.

Aborto e Excomunhão: católicos envergonhados: no blog do Ricardo Kotscho, incrivelmente movimentado, contendo um bom compêndio das maiores besteiras sobre o assunto que foram proferidas por indignados “católicos” e não-católicos nos últimos dias.

Estupro não é licença automática para o aborto, um raro texto que – ao contrário dos demais citados neste post – merece divulgação pelo que tem de positivo, mostrando como no Código Penal Brasileiro “não exclui a criminogênese e a tipicidade dessas condutas [aborto supostamente “terapêutico” e aborto no caso de estupro], senão apenas exclui a punibilidade que a elas estaria, noutros termos, recomendada juridicamente” – uma distinção importantíssima e que é amplamente ignorada nos nossos dias.

O despertar da Primavera, texto do Pedro Sette Câmara, questionando a existência da excomunhão devido à (possível) ausência das condições necessárias para que ela se configurasse como tal [quanto a isto, caberia alguns comentários que, por falta de tempo, deixo, no entanto, para alguma outra oportunidade].

O presidente Lula – o católico! – critica a Igreja e propõe um “Dia de Luta contra a Hipocrisia”, provavelmente por algum desejo secreto de promover um evento de auto-homenagem do qual ele seria de longe o mais destacado expoente.

Uma carta aberta a Dom José, escrita por Max Wolosker Neto, pérola de uma pessoa que consegue, na mesma carta, afirmar “há muito deixei de ser católico” e “[v]enho por intermédio desta solicitar, também, minha excomunhão”.

Pois é. É melhor ler besteiras do que ser analfabeto…

Conferência Magna – Card. Franc Rodé no EJF

Como não achei na internet, publico o pronunciamento do Cardeal Franc Rodé, pronunciado no IV Encontro de Juventude e Família, ocorrido no último final de semana em Brasília (e onde estive). Reproduzo conforme recebi por email.

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Cardeal Franc Rodé: “Vocês têm que crescer e florescer”

Chamado do Cardeal aos membros e amigos do Regnum Christi e Legionários de Cristo, durante o IV Encontro de Juventude e Família.

Neste domingo, 14 de dezembro, o Cardeal Franc Rodé fez um convite aos membros do Movimento Regnum Christi e aos Legionários de Cristo para que cresçam e floresçam, “pois a Igreja necessita de forças vivas para enfrentar o grande desafio da nova evangelização”.

O Prefeito da Congregação vaticana para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, dirigiu-se aos participantes do IV Encontro de Juventude e Família, que aconteceu de 12 a 14 de dezembro em Brasília, capital do Brasil.

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Estimados legionários, membros e amigos do Movimento Regnum Christi:

É com muita alegria que participo nestes encontros de Juventude e Família porque sei que servem para expressar o espírito de família que reina no Movimento, e constituem um forte impulso para o compromisso apostólico de vocês. São momentos muito especiais de graça que devem aproveitar, para crescer no compromisso pessoal com Cristo, e com o Movimento Regnum Christi, aprofundando-se na vivência do seu carisma, a serviço da Igreja.

Venho de Roma para dizer-lhes que os tenho muito apreço, e que os estimo muito. Deus fez florescer a Legião de Cristo e o Regnum Christi como obras suas nesta nova primavera da Igreja e isso nos enche de esperança e de agradecimento. Como toda obra querida por Deus vocês têm que crescer e florescer pois a Igreja necessita forças vivas para enfrentar o grande desafio da nova evangelização. Vocês têm que estar muito agradecidos com Jesus pelo dom que os fez ao convidá-los a seguí-lo mais de perto, mais intimamente, no Movimento Regnum Christi. Perseverem na sua entrega e saibam que vocês podem contar sempre com a estima e o apoio do Papa e a minha também.

Alegro-me por ver aqui ao Pe. Álvaro Corcuera, que leva nos seus ombros a responsabilidade de guiar este movimento evangelizador. Sei que ele quer que todo o esforço missionário do Regnum Christi se oriente a serviço da Igreja e ao bem da sociedade. Ajudem-lhe com a sua colaboração generosa.

Celebramos a festa da Virgem de Guadalupe, uma invocação muito querida para vocês porque nasceram aos seus pés, no seu seio. Colocamos nas suas mãos os frutos deste encontro, e especialmente um fruto que quero pedir-lhes: o compromisso pessoal na evangelização.

A Igreja, certamente hoje mais do que nunca, necessita evangelizadores: homens e mulheres dispostos a dedicar a sua vida, no seu ambiente ou onde os leve a providência, a pregar o nome de Cristo, a estender o seu Reino, a pregar aos nossos irmãos que Cristo é o Salvador e que a Igreja é a sua casa, a sua família. O Regnum Christi tem que ser agora mais do que nunca um movimento que se caracterize pela sua força evangelizadora, pelo seu ímpeto por levar a verdade revelada a todos os homens, por aproximá-los à graça, por semear a paz nos corações, a paz da união íntima com um Pai que nos amou até dar-nos o seu Filho em propiciação pelos nossos pecados.

Desde que conheci o Regnum Christi, vi nos seus membros este estilo de vida evangelizador. É parte do seu carisma e é algo que a Igreja necessita para manter-se viva e cumprir a missão que Cristo a encomendou . É um compromisso pessoal com Cristo e com a Igreja para estender no mundo a Boa Nova do Evangelho.

Um dia normal de trabalho no Vaticano veio cumprimentar-me um membro do Regnum Christi que conheci durante uma viagem ao México. Queria a minha bênção porque ele ia fundar um hospital no Chade, na África, dedicado especialmente aos enfermos de AIDS. O padre que o acompanhava disse a ele que o Chade estava em guerra e ele respondeu: “por isso tenho que ir agora”. Esse é o espírito dos membros do Regnum Christi: atuar porque faz falta, porque a missão não é um capricho ou uma iniciativa pessoal para preencher o tempo, mas um modo de acudir a uma necessidade vital para os irmãos, algo que agrada a Deus. E neste momento em que reina uma secularização profunda e um forte materialismo hedonista, o mundo necessita esta evangelização.

Temos que evangelizar nossos irmãos, temos que evangelizar as famílias , temos que evangelizar as empresas, temos que evangelizar a cultura . Não tratamos de impor uma ideologia ou uma doutrina, mas de apresentar Cristo como ideal do ser humano e como Salvador para humanizar e salvar nossos irmãos e as sociedades.

Estamos celebrando o ano de São Paulo; do Apóstolo, não da cidade. [Certo que aqui têm muitos paulistas: vocês têm um grande patrono]. São Paulo foi um homem que viveu só para o bem das almas, sem pensar em si mesmo; um homem lutador que experimentou o cansaço, a perseguição, a derrota, açoites, vários naufrágios, o fracasso, a traição, mas nada disso o deteve no seu único objetivo: evangelizar: “¡ai de mim si não pregasse o Evangelho!” .

Evangelizar é um serviço que se faz por amor, como os pais quando ensinam o filho a rezar. Estão dando-lhe o melhor que têm. Estão dando-lhe o fundamento da sua fé. Esse é o motivo que deve impulsar o crescimento do Regnum Christi: ser mais para evangelizar mais; crescer na santidade para ser melhores testemunhas de Cristo no mundo. Crescer na santidade, crescer no amor, crescer na esperança, para levar a outros a fé, o amor e a esperança.

O que nos diria hoje São Paulo se nos visse? O que nos pediria? O que  nos transmitiria? Certamente nos recordaria aquelas palavras que dirigiu à comunidade de Corinto: “Não sabeis que nas corridas do estádio todos correm, mas um só recebe o prêmio? Corrais de maneira que o consigais!” .

Com o exemplo das corridas (e este é um país de grandes corredores de fórmula um e jogadores de futebol), nos convida a lutar na nossa vida por uma coroa que não se corrompe : pela santidade. Essa é a base. A santidade de vida é o cimento do testemunho, do apostolado.

Este é o primeiro passo: a santidade à qual se chega pela fidelidade à graça; a santidade à qual todos estamos chamados; a santidade que se alimenta com os sacramentos; a santidade que é colocar-se nos planos de Deus, seguir a sua vontade nas nossas vidas. Que este seja o primeiro objetivo na vossa vida.

São Paulo, com seu vocabulário forte, provavelmente acrescentaria: “Tomai o elmo da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus; sempre em oração e súplica, orando em toda ocasião no Espírito, velando juntos com perseverança e intercedendo por todos os santos” . É um vocabulário que fala de combate a favor do Evangelho da paz, de militância, de luta, algo que é muito próprio da espiritualidade do Movimento. Como disse uma vez o Papa Paulo VI aos membros do Movimento, vocês são um Movimento que não está contemplando como sucedem as coisas, mas que luta por deixar uma pegada cristã no mundo, que se compromete com a causa do amor.

São Paulo insiste muito na oração. Dizia: “orar em toda ocasião”. A oração é o diálogo com Deus, e é o alimento do apóstolo, do evangelizador. Hoje, quando nos toca viver em ambientes tão adversos, a oração se faz ainda mais importante. A oração nos mostra que nosso compromisso evangelizador nasce de Cristo. Evangelizar é dar o que se tem recebido, é ir pregar o Cristo com o que me encontro na oração. São Paulo começa a sua tarefa evangelizadora depois de três anos retirado em oração no deserto da Arábia. Contemplação e apostolado vão sempre unidos.

A oração vos ajuda a “conhecer o amor de Cristo, que excede a todo conhecimento, para que possam ir completando-se até a total Plenitude de Deus”  e faz “que Cristo habite pela fé nos vossos corações, para que, possam viver arraigados e cimentados no amor” .

O lema deste encontro é muito bonito: “amar mais para servir mais”. Esta foi uma das claves da vida de São Paulo. Era um homem que vivia sua missão movido pelo amor; como um serviço aos demais, seus irmãos, aos quais amava em Cristo. Estava convencido de que sem amor não era nada . Sem amor não somos nada, não somos evangelizadores, não somos cristãos autênticos.

Sei que o amor é o centro do carisma apostólico de vocês, não deixem de crescer no amor de Deus que “foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” . Nada poderá separar-nos desse amor . Esse amor os guiará na sua vida e os levará a vivê-lo com seus irmãos, cada dia, em cada minuto. O amor é o distintivo do cristão, nisto conhecerão os homens e as mulheres de hoje que sois discípulos de Cristo .

São Paulo volta a repetir-nos o que dizia aos seus discípulos de Corinto: “Fazei tudo com amor” , ou aos gálatas: “servi-vos por amor  uns aos  outros” . Sejam, pois, imitadores de Deus, e vivam no amor como Cristo os amou e se entregou por nós . Que o amor de Cristo seja sempre a medida do seu amor.

Queridos membros do Regnum Christi, sei como estão apoiando a formação de sacerdotes através do seminário Mater Ecclesiae, ou do centro sacerdotal Bom Pastor. É um grande serviço que fazem à Igreja . Sei também que estão trabalhando a fundo com os jovens através dos clubes juvenis, das missões, dos colégios, do “Sonhar Acordado”, do “Gente Nova”,  iniciativas que se orientam ao compromisso social dos jovens e ao serviço e à cercania aos mais necessitados. Nunca deixem de trabalhar com os jovens ; eles são a primavera da Igreja, o futuro das nações e os que poderão construir um mundo mais humano, mais cristão.

Nunca esqueçam que evangelizar é servir; é entregar aos demais a experiência de vida em Cristo pessoal e comunitária. É dar e é dar-se, é entregar a vida a serviço do Evangelho, na vocação à que Deus os chame. Sejam generosos, a Igreja necessita de evangelizadores comprometidos. Não tenham medo: que o exemplo de São Paulo e o amor que existe nos seus corações os levem a dar ao Senhor um “sim” aberto e sincero.

A V CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINOAMERICANO E DO CARIBE, celebrada em Aparecida no ano passado, tem insistido muito na formação necessária para a missão . O compromisso na missão da Igreja exige uma formação integral  excelente, de qualidade. A Igreja necessita homens e mulheres muito bem preparados para poder dialogar com os homens e mulheres de hoje e poder transmitir-lhes Cristo. A Igreja sabe que “os novos movimentos e comunidades são um dom do Espírito Santo para a Igreja. Neles, os fiéis encontram a possibilidade de formar-se de maneira cristã, crescer e comprometer-se apostolicamente até serem verdadeiros discípulos missionários” . Para viver o compromisso apostólico é necessária a formação, imprescindível. Hoje, mais do que nunca, para poder desenvolver sua missão, a Igreja necessita contar com membros muito bem formados que saibam dar razão de sua fé e oferecer respostas aos homens e mulheres de hoje. Por isso peço-lhes que se formem a fundo, sem economizar esforços. Vivam o esforço contínuo de sua formação como um serviço a Cristo e à Igreja. A formação minuciosa de vocês é a melhor garantia de que serão missionários eficazes a serviço de Cristo e da Igreja.

Devem pôr especial atenção à formação de formadores, de modo que os membros do Regnum Christi contem com pessoas certas para guiá-los na vivência da própria vocação. Contar com bons formadores de formadores deve ser uma prioridade em ordem ao crescimento e à formação dos líderes para a transformação eficaz da sociedade.

Volto de novo meu olhar à Santíssima Virgem de Guadalupe. A Ela  confio os frutos deste encontro, a Ela peço pela santidade de todos os membros do Regnum Christi. Ela, na sua mensagem a Juan Diego, dizia: “Não estou eu aqui que sou a tua Mãe? Não estás sob a minha sombra? Não sou eu a tua saúde? Não estás por ventura no meu seio? Que mais necessitas?” , e assim o convida a confiar n´Ela. Também hoje nos convida a confiar n´Ela, a pôr nosso compromisso apostólico sob a sua proteção e a inspirar-nos no seu amor para viver nossa vocação evangelizadora.

Muito obrigado.

No final diz em espanhol:

Permito-me dizer algumas palavras em espanhol porque como vocês puderam ver, o meu português é de uma extrema deficiência. Mas, para falar livremente, é mais fácil para eu me expressar na língua de Cervantes e não na de Luis de Camões.

À metade do mês de novembro estive em audiência com o Santo Padre Bento XVI e lhe disse ao final da audiência que eu tinha programado uma viagem para o Chile e para o Brasil, na América Latina. E lhe disse que ia encontrar sobre tudo os membros do grande Movimento Regnum Christi. O Papa me disse: _ “Sim, os conheço, os estimo, os apreço, e diga-lhes que a minha benção lhes acompanha”. Assim que é o momento para dizer-lhes que lhes trago também a benção do Santo Padre Bento XVI.

Bem, quero dizer-lhes também que nesta viagem ao Chile e ao Brasil fiquei impressionado com o dinamismo apostólico, a vontade evangelizadora que encontrei nos membros do Movimento Regnum Christi, e isto é pra mim uma promessa de grande valor para o futuro da Igreja. “Ustedes” (Vocês, como se diz em português); vocês são uma grande chance, uma grande possibilidade, uma grande oportunidade que a Igreja tem para fazer deste grande povo brasileiro, um povo realmente, integralmente católico, fiel ao Evangelho e vivendo do amor a Jesus Cristo. Vocês devem ser os que levam a palavra da esperança, a palavra do amor de Cristo a todos os que encontrarem no caminho da sua vida.

E é a missão mais nobre, mais bela, a maior que vocês têm: levar a palavra de Cristo, levar a palavra do Evangelho a todos os que encontrem em seu caminho. Para isso, como dissemos, para isso é preciso ter uma identidade clara de ser católicos. Sejam felizes e agradecidos para com Deus de tê-los chamados a serem filhos e filhas da Igreja católica. É uma graça imensa que Deus lhes deu, de tê-los chamado à santa Igreja Católica. E que esta identidade os encha de alegria profunda, de um agradecimento continuo ao Senhor pela graça que os têm dado.

E que isto os encha de uma, como digo, de uma grande alegria com um sentimento de gratidão ao Senhor pela graça que os deu. Eu acho que se vocês refletirem esta alegria interior e este sentimento de gratidão, então serão realmente testemunhos do Senhor e da sua Igreja. Testemunhos credíveis, testemunhos que vão ser convictos e convencedores dos outros. Muito obrigado. MUITO OBRIGADO!

*****

E o Pe Alvaro Corcuera, L.C., diz no final em españhol:

Eminência, gostaríamos de agradecer-lhe muitíssimo. Agradecemos-lhe porque nos traz aquilo que mais queremos, que é o amor de Jesus Cristo. Como o senhor sabe, onde há um brasileiro há alegria. E há alegria porque realmente amam a Deus. Hoje é o que lemos na leitura de São Paulo: “Estais alegres, estais sempre alegres no Senhor”. E onde há um apóstolo há alegria. Um brasileiro, um membro do Movimento é sempre um apóstolo porque não pode conter todo o amor de Cristo no seu coração. Queremos agradecer-lhe muitíssimo, Eminência, pela sua proximidade, pela sua bondade, pelo ânimo que nos infunde. Somos muito conscientes da responsabilidade que temos.

Queremos muito a Cristo, queremos muito a nossa Igreja. E hoje vários dos presentes também se aderiram ao Regnum Christi e também queremos parabenizá-los. Queremos parabenizá-los, agradecê-los e dizer que formamos parte de uma maravilhosa família, uma família que está unida em Jesus Cristo e que nos sustenta o carinho, a proteção da Santíssima Virgem. Obrigado por terem vindo. Obrigado por serem o que são. Obrigado por nos fazerem crer cada dia mais. Que Deus vos abençoe!

DATA DE PUBLICAÇÃO: 2008-12-15

Impressões sobre o EJF

[corridas e de memória, senão acabo não fazendo isso nunca]

– É um mega-evento, sem dúvidas. Estrutura gigantesca, no Centro de Convenções, ocupando diversas salas, corredores, o auditório. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo: “acolhida das crianças” (tinha uma “competição de robótica” que eu fiquei com água na boca para participar! Pena que era só até os 17 anos…), capela com adoração permanente, café com shows musicais, workshops, stands falando sobre os diversos apostolados do movimento… muita coisa.

– É uma bonita experiência de, digamos, “comunhão eclesial”, tanto dentro do movimento Regnum Christi (a presença do diretor geral e de vários membros do Brasil inteiro e até de outros países) quanto do movimento com a Igreja (ilustrada de maneira eloqüente pela presença do Cardeal Franc Rodé, CM). Muito bom rever amigos que eu não via há longa data, que me fazem falta e com quem eu tenho bem menos contato do que eu gostaria! Uma “imagem visível da comunhão dos santos”, poder-se-ia dizer do EJF.

– Muitas palestras primorosas. Sobre os mais variados assuntos: desde sexualidade (com ênfase nos efeitos deletérios das pílulas anticoncepcionais na feminilidade da mulher) até testemunhos de atletas paraolímpicos (que nos deixavam com uma incômoda e salutar impressão de como são pequenos os nossos problemas e como somos ingratos pelas coisas que temos). Não seria capaz de citar todas.

– O fotógrafo dos papas, Arturo Mari, contou-nos diversos relatos sobre a vida dos pontífices com os quais ele conviveu, desde João XXIII, com uma ênfase em João Paulo II. Deste último, falou-nos (como testemunha ocular) do atentado de 1981 e do segundo atentado que o papa sofreu a faca, pouco depois; do seu encontro com o presidente da (então) Tchecoslováquia e com Mikhail Gorbachev; de um encontro com leprosos numa ilha da África (se a memória não me falha) e de uma visita ao Peru na qual Sua Santidade subiu numa mesa e, por sobre um muro farpado, falou aos terroristas do Sendero Luminoso que ele estava ali, que eles (os terroristas) eram assassinos que um dia iam ser julgados por Deus, e que (o Papa) não tinha medo deles; enfim, contou-nos diversas coisas interessantes, muitas das quais eu nunca tinha ouvido falar.

– O ator de Hollywood convertido ao catolicismo, Eduardo Verástegui, produtor do filme Bella, contou-nos o seu testemunho. Como ele levava uma vida promíscua, como uma sua professora de inglês fê-lo ver um dia a incoerêncida da sua vida (ao ser perguntado com que tipo de homem ele gostaria que uma sua filha casasse, ele descreveu “um santo”; ao final, a mulher perguntou-lhe simplesmente se ele era assim e, diante da resposta negativa, por que ele exigia algo que ele próprio não era), como ele decidiu que, desde então, não participaria mais de nenhum filme que ofendesse sua fé, sua família ou seu país. Aconselhado por um legionário, abriu uma produtora – a Metanoia Films – com o objetivo de não produzir senão filmes que passassem valores morais verdadeiros. Bella (não assisti ainda) é fruto deste trabalho.

– Como cada coisa tem o seu lugar, ao lado dos aplausos eufóricos diante dos belos testemunhos que se sucediam, havia o silêncio reverente diante do Sagrado; em particular, registro o terço solene, rezado diante do Santíssimo que foi exposto ao som do Pange Lingua e recolhido enquanto se cantava o Adoremus in Aeternum. Majestoso.

– Não faz parte do evento, mas fui à gravação do DVD do Anjos de Resgate. Terceira fila, à esquerda do palco; não sou o maior fã da banda, mas até gosto de algumas músicas – que ficam muito bem longe da Liturgia. Acho válido que os meninos que gostem disso possam escutá-lo, contanto que as coisas não se misturem (p. ex., eu gosto de frevo, mas tenho horror à sua presença na Liturgia – quando a Campanha da Fraternidade teve aquela música em ritmo de marchinha de carnaval “Levanta-te, chega pra cá e vem para o meio…” eu manifestei aberta discordância e claro descontentamento). Boas músicas (não sei o nome de todas, mas foram cantadas “foi por você”, “peregrino do amor”, “tua família volta pra ela”, “estou aqui”, “o céu inteiro está rezando por ti”, “como uma rosa esmagada no chão” e outras tantas) no repertório, muitos simpáticos os músicos (entra e sai, falam conosco, troca cenário, passa pó de arroz, repete a música – gravação de DVD tem dessas coisas); por esses aspectos, foi uma boa noite.

– Não posso, no entanto, em consciência, deixar de falar sobre uma coisa terrível que presenciei neste show. Após uma excelente manifestação de um dos integrantes da banda sobre a radical oposição entre as exigências da mídia e as convicções do grupo – e da afirmação peremptória de que eles poderiam até não conseguir nunca gravar nada, mas não iam abrir mão de utilizar a banda como “ministério” para passar valores católicos -, eis que, no meio do show, da gravação do DVD, no palco, alguém tem a brilhante idéia de colocar um altar (!) e trazer o Santíssimo para uma adoração (!!). Francamente! Não saberia apontar agora os documentos da Igreja que restringem os lugares nos quais é lícito fazer adoração eucarística, mas é óbvio que [no mínimo] não convém levar o Santíssimo Sacramento para um palco de um show! Isto termina por “queimar o filme” das pessoas que eu tentava há pouco defender, porque revela uma radical incapacidade de separar o culto público da Igreja das músicas populares que elas gostam de ouvir e de tocar. Foi triste, muito triste.

– A viagem, por fim, deixa saudades. Não encontrei todas as pessoas que gostaria, mas encontrei algumas; é um verdadeiro oásis, no meio do mundo em que vivemos, ver um evento católico no qual existem dezenas de sacerdotes presentes, disponíveis o dia inteiro para ouvir confissões e dar direção espiritual, com uma capela onde há sempre muitas pessoas de joelhos diante de Cristo Eucarístico, com um cardeal celebrando a Missa de encerramento e um coral entoando o Sanctus, e tantas coisas mais que eu sem dúvidas estou esquecendo. Próximo EJF, esperamos que seja em Recife (ou, ao menos, no nordeste); já visitei muito os meus amigos de longe, e agora é minha vez de ser visitado.

Agradecimento

Voltei esta madrugada (cheguei em Recife pouco depois da meia-noite) da capital do país, onde estive desde a quinta-feira última. Há muitas coisas para escrever, mas não posso deixar de reservar um espaço – pequeno, muito aquém do que deveria ser – para agradecer à Luh Lena por todo o trabalho que nós lhe demos nestes quatro dias. Estou certo de que o Gustavo (ele poderá se manifestar aqui) também há de subscrever tudo isso.

Luh, sem você, não haveria Brasília. Obrigado por tudo!

Pela ligação atendida de uma hora da manhã (feita por nós) para dizer “chegamos”; por estar no hotel às oito e meia preparada para nos servir de cicerone, trazendo-nos mapas de brasília e chocolates de boas vindas; pelas explicações sobre a cidade, sobre as ruas e a catedral, sobre a torre e as flores do cerrado, sobre a Praça dos Três Poderes, a bandeira e a tocha, sobre o “meteoro” e os candangos, sobre a foice-e-martelo do monumento JK, sobre o eixão e o eixo dos monumentos, sobre as emas “comedoras-de-olhos” e os buritis e bacuris, sobre o sonho de Dom Bosco e o Paranoá que abraça Brasília, sobre a história da cidade no memorial Lúcio Costa, e por tantas outras coisas que nós lhe fizemos falar ininterruptamente estes dias.

Pela paciência de escutar discursos de deputados e senadores no plenário (ainda nos dando explicações oficiosas sobre as “cumbucas” viradas pra cima (deputados) e pra baixo (senadores)), pelo leite com canela, pelo almoço no prédio da Procuradoria, pelo sorvete “na sorveteria em que você gosta de tomar sorvete”.

Pelo Cabernet Sauvignon defronte ao lago no Pontão, pelo passeio no lugar, pelo violão e pelas músicas (umas clássicas, outras nem tanto – mas divertidas), pela ida à Praça da República de madrugada, subindo na tocha, olhando as palmeiras reais, dando voltas pela cidade e nos deixando no hotel.

Pelas visitas às igrejas, de vários formatos – da catedral “em forma de mãos abertas para cima” à Igreja Dom Bosco “em forma de caixa” (e com vitrais de céu estrelado), da Catedral Militar “em forma de tenda” à igreja “em forma de chapéu de freira”. Por me apresentar pessoas especiais como os seus pais (transmita-lhes os meus agradecimentos) e o padre Mário (é este mesmo o nome dele?), polonês “como estão em extinção hoje em dia”, chamando – em cinco minutos de conversa com pessoas que ele tinha acabado de conhecer – as seitas de seitas e dizendo que a religião existe para salvar as almas.

Pelas risadas ao longo dos dias com perguntas bestas e comentários sem sentido, pela companhia no show, por me ensinar as palavras brasilienses (que vocês chamavam munguzá de canjica eu já sabia, mas que chamavam azeitona roxa de “ameixa” foi-me novidade) e por se mostrar tão “afiada” nas expressões nordestinas (de “galega” a “pirangueira”, de “estiar” a “alma sebosa”), pelo tanque do carro vazio “porque, se estiver cheio, é ruim porque é sinal que nós não fizemos nada”, pelo álbum de fotos da formatura – “agora, sim, Brasília está completa” – e por quase nos colocar sentados na nossa poltrona no vôo de volta, a despeito dos nossos protestos de que já estávamos abusando demais da sua boa vontade.

Enfim, Luh, nem tenho palavras. Obrigado. Trago boas recordações de Brasília, mas estou certo de que não as traria tantas e nem tão boas se não fosse por você. Que Deus lhe abençoe muito, e a Virgem Santíssima possa lhe recompensar como eu não consigo fazer.

Impressões sobre Brasília

– Brasília é uma cidade bonita. Pensei que iria achar a cidade mais feia; no entanto me surpreendi. É uma beleza toda particular, que não sei bem descrever e (infelizmente!) não tenho fotos para pôr aqui, já que o meu telefone descarregou e eu esqueci o carregador em Recife. C’est la viè.

– Sair de Recife para Brasília é uma coisa de outro mundo. Aqui, as pessoas saem à noite, andam a pé, vão até a praça, sobem na tocha, sentam diante dos candangos, param o carro e ligam o som… em uma palavra, aqui não existe (pelo menos não encontrei) o terror de se andar nas ruas que temos na minha terra natal. Isso faz com que sejam possíveis coisas que julguei só encontrar no primeiro mundo (p.ex., na Sacré Coeur): adoração perpétua a nível arquidiocesano. Há uma “escala” de paróquias e movimentos para que se revezem diante do Santíssimo exposto, que está assim permanentemente (manhã, tarde, noite e madrugada). Em Recife só temos adoração perpétua nas casas religiosas (como na Toca de Assis), e uma paróquia aberta vinte e quatro horas é uma idéia completamente inconcebível para um recifense (afinal de contas, de noite ninguém poderia ir até lá). Talvez seja ignorância nordestina minha, mas… isso existe em algum lugar?

– Recebi informações de que a catedral de Brasília, sim, havia sido originalmente projetada para ser um templo ecumênico, mas que depois passou a ser exclusivamente católica. Ela tem coisas interessantes, como as estátuas dos quatro evangelistas na entrada, em duas fileiras uma de frente para a outra, três de um lado (São Mateus, São Marcos e São Lucas) e um do outro lado (São João): são os sinóticos e o Quarto Evangelho. Tem uma bonita réplica da Pietà, e outra do Santo Sudário. A entrada dela é uma escada para baixo, ao invés de para cima (como em todas as igrejas que eu já vi na vida): para chegar até Deus é preciso se humilhar, e descer. A arquitetura é funcional e muitíssimo curiosa: pode-se falar em voz baixa na parede (fiz a experiência) que se escuta em alto e bom som no fim da parede, muitos metros adiante. É assombroso.

– Tem a parte negativa sobre a catedral: ela é, sim, completamente estranha à arte católica; é repleta de vitrais dos quais eu tenho ojeriza (vitrais “de nada” – que só têm riscos e cores); a construção circular faz com que não se olhe imediatamente para o altar (como acontece nas igrejas “normais”, onde a pessoa ao entrar tem a atenção automaticamente voltada para o altar e o presbitério); as paredes “lisas” com poucos quadros e pouquíssimas imagens  (não lembro se tem de santos; tem uns anjos pendurados que são bonitos, mas também são estranhos) não preenchem o espaço e não dão a “cara” de uma igreja católica ao prédio; o negócio de “descer” as escadas (de “se humilhar” para chegar até Deus) me parece afrontar as igrejas que têm escadas para cima (que são todas as outras); por trás do altar, fui informado de que o desenho é um óvulo sim, embora não lembre o motivo; não me falaram do útero, mas eu – assim que pus os olhos – disse que, se aquela “bola” era um óvulo, então aqueles “riscos azuis” embaixo dela eram certamente um útero; nos espermatozóides eu não reparei.

– O clima chega a ser quente como Recife (talvez um pouco menos), mas varia um pouco e, hoje, estava mais frio. O céu é bonito, com “as nuvens baixas” e de um bonito colorido no fim da tarde. Muita sede por causa da secura, e um pouco de cansaço por causa da altitude, mas nada de importante – deu para me adaptar bem.

– A história da cidade é interessante; o projeto (o “início” era simplesmente um sinal da cruz, o cruzamento do “eixão” com o “eixo dos monumentos”, onde hoje fica a rodoviária), a forma escolhida (forma “de avião”, com a Praça dos Três Poderes na “cabine” – são eles que dirigem a cidade), a construção (os “candangos” – que têm um monumento na praça – eram os trabalhadores que vieram de longe, muitos dos quais morreram durante a construção da cidade), a idéia das ruas (“tesouras” – retornos – para eliminar os cruzamentos e, assim, diminuir o número de semáforos), o tamanho das construções (“Por que os prédios não podem ter mais do que seis andares? Porque nenhuma pode ser mais alta do que o prédio do Senado”)… tantas coisas!

– Brasília é “a terra prometida”, já que Dom Bosco sonhou com a cidade (Entre os paralelos de 15º e 20º havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente, uma voz assim falou: “…quando vierem escavar as minas ocultas, no meio destas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza inconcebível…” – vide a História de Brasília) – disseram-me inclusive que já Dom Pedro II tinha planos de mudar a capital para cá, por causa do sonho do santo.

– As flores do cerrado são coisas curiosíssimas: um tipo de fruto que tem “pétalas” dentro (na verdade, são as sementes do fruto, mas elas têm realmente formato de pétalas, e vêm diversas delas em cada fruto), as quais são usadas com hastes para formar artesenalmente as flores. Comprei algumas para levar pra casa; perguntei ao vendedor: “se eu plantar, nasce em Pernambuco?”, “ah, em Pernambuco não, só nasce onde chove”… Eu mereço…

– É tarde e dormir é preciso. Boa noite.

Pisando no freio…

Num hotel em Brasília, após duas horas e meia de vôo. Recém-chegado; vim ao IV Encontro de Juventude e Família do Regnum Christi, que começa amanhã à noite. Mia prima volta na capital do país, onde até então só estive em conexões do aeroporto. Espero ter oportunidade de (re)encontrar algumas pessoas, conhecer um pouco a cidade… essas coisas.

Pretendo pôr algumas informações sobre o encontro, mas provavelmente serão sucintas, com atualizações só à noite e com horas roubadas ao sono (tenho por princípio ser comedido no sono durante as viagens, mas afinal de contas dormir – ainda que pouco – também é preciso). Volto a Recife na noite do domingo, se o bom Deus o permitir.

Que a Virgem Santíssima abençoe-nos a todos.

Duas sobre o aborto

Notícia que não sai nos jornais: morreu um bebê de sete meses, em Brasília, vítima de aborto. Por que desta vez saiu na mídia? Saiu – com outra ênfase – porque morreu também a mãe que intentou (e conseguiu) matar o filho que carregava no ventre.

O aborto é letal em 100% dos casos, e isso a mídia não mostra. Quando não morre a mãe, morre o filho (salvo algum caso miraculoso de sobrevivência à tentativa de aborto) e, portanto, sempre se perde ao menos uma vida. Seria, por conseguinte, da mais alta importância que esta prática nefanda fosse completamente proscrita da sociedade atual dita civilizada. Mas as pessoas só se importam com que vêem. Para o que vira lixo hospitalar, ninguém liga. Basta, no entanto, morrer uma mãe, que as autoridades feministas, num cinismo absurdo, vêm a público protestar contra a ilegalidade do aborto que, realizado em condições precárias, terminou por provocar esta morte. No entanto, e a morte dos bebês? Por que esta compaixão seletiva?

Que a Maria, Refúgio dos Pecadores, interceda por esta mulher, cujo nome não foi publicado; e que Nossa Senhora Protetora dos Nascituros livre as nossas crianças da sanha assassina das suas mães.

* * *

Dom Gil Antônio Moreira é bispo de Jundiaí, em São Paulo. Conta-nos, em coluna do Jornal de Jundiaí, a história do milagre que resultou na canonização de Santa Gianna Beretta Molla; recomendo a leitura, para quem ainda não o conheça.

É interessante recordar que a Dra. Giana Beretta Mola, motivada pelo seu irmão sacerdote, missionário no Brasil, tinha grande desejo de vir também ela para nosso País e exercer a medicina em favor dos mais necessitados. Para isso se preparou e estudou português por sete anos. O que não pode realizar em vida, o bondoso Pai do céu lhe está permitindo fazer após sua entrada na eternidade.

Santa Gianna Beretta Molla,
rogai por nós!

Marcha pela Vida

Ontem ocorreu a II Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, promovida (entre outras entidades) pelo Movimento Brasil Sem Aborto. O Correio Braziliense noticiou de maneira bastante sucinta:

A 2ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida aconteceu nesta quarta-feira (10/09), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Organizada pelo Movimento Nacional da Cidadania em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto, entre outras entidades, o evento está mobilizando as pessoas em defesa da vida e contra a legalização do aborto no país.

Vou tentar obter relatórios mais detalhados, feitos por pessoas que lá estavam presentes. Por enquanto, fiquem com a pequena seleção de fotos abaixo feitas a partir do álbum de um amigo que lá esteve presente. E que Nossa Senhora nos abençoe a todos.