Esta história eu faço questão de contar, só de raiva. Descobri-a hoje à tarde, no Twitter. Aconteceu em Cuiabá, sexta ou sábado que passou.
Uma família estava voltando para casa quando foi surpreendida por uma dupla de assaltantes armados. Fizeram a família de refém, e começaram a vasculhar a casa em busca de objetos valiosos. Trancaram a família no quarto, onde – por obra da Divina Providência – estava guardada a arma de um dos filhos, que era campeão regional de tiro. Ele a carregou e, quanto um dos ladrões entrou no quarto e apontou um revólver para a mãe do rapaz, este atirou nele e o matou. Atirou também no segundo meliante, que infelizmente conseguiu fugir mas logo depois foi capturado pela polícia.
Aí o Diário de Cuiabá pega e noticia este fato da seguinte maneira:
E assim, graças à fantástica magia das manchetes de jornais, a legítima defesa vira assassinato, um assaltante ao qual se ofereceu resistência transforma-se em adolescente assassinato e a vítima do assalto, que teve a coragem de reagir para proteger a sua família, é transformado em atirador assassino.
O absurdo era muito grande para passar incólume. A matéria foi removida do site. Ainda se encontra no cache do Google. Não sei se o responsável por ter colocado esta matéria criminosa no ar foi devidamente expulso do jornal, como seria justo. Sei que, até onde pude notar, o jornal não colocou nenhuma errata, nenhum pedido de desculpas, nenhuma nota indicando o seu erro, nada – simplesmente deu sumiço na matéria como se ela nunca tivesse existido. Também não sei se os responsáveis pela absurda prisão em flagrante do garoto que salvou a vida da sua família serão punidos como devem ser.
Sei, no entanto, que o garoto é um herói – a despeito das atitudes kafkianas das autoridades policiais e da imprensa. E sei que, graças a Deus, não sou o único a considerar os fatos desta maneira – basta olhar a página de comentários do Diário de Cuiabá onde a notícia originalmente estava. A despeito das tentativas “do alto” de inverter a realidade e transformar as coisas no seu contrário, o povo (ainda) tem o juízo no lugar. Graças a Deus.