O terço do presidiário

Sobre o tal terço supostamente enviado pelo Papa Francisco ao ex-presidente Lula, somente três pequenos apontamentos se fazem necessários.

Primeiro, que não há evidência absolutamente nenhuma de que o envio do presente tenha sido um desejo específico do Papa Francisco. O perfil do Vatican News nas redes sociais, a propósito, publicou hoje — inclusive com uma celeridade inusitada — uma nota de esclarecimento dizendo que em nenhum momento o advogado argentino sequer afirmou que o terço havia sido enviado pelo Papa: de acordo com o órgão de comunicação, na entrevista apenas foi dito que se tratava de um objeto abençoado pelo Santo Padre.

Ou seja, o que aconteceu foi simplesmente o seguinte: um advogado foi fazer uma visita particular ao sr. Luís Inácio, levando-lhe de Roma um terço abençoado pelo Papa. Não pôde entrar porque não era dia de visita. Ato contínuo, em um instante, os órgãos de imprensa tupiniquins transformam-no em um legado papal, agindo em missão eclesiástica, encarregado pessoalmente pelo Vigário de Cristo de entregar ao ex-presidente um símbolo do apoio pontifício e impedido de cumprir a sua missão santa pela arbitrariedade policialesca de Curitiba!

A coisa é por demais fantasiosa para merecer muita atenção.

Segundo, que o dr. Juan Gabrois afirma que o Papa sabia da entrega do terço. Ora, ainda que seja verdade, tal é completamente irrelevante: nem torna menos jurídicas as sucessivas condenações sofridas pelo sr. Luís Inácio, nem confere solidariedade internacional ao criminoso caeteense. Na verdade, Sua Santidade bem que poderia ter enviado mesmo o terço, com um carta assinada de próprio punho, e nisso não haveria nada de inusitado. Afinal de contas, ao longo da história os criminosos condenados sempre puderam contar com assistência religiosa — sem que isso significasse jamais a condescendência para com o crime que os anti-clericais do século XX gostam de ver nas manifestações de misericórdia do Pontificado atual.

Um criminoso recebeu um terço. E daí? Por séculos, mesmo os condenados à morte receberam absolvição sacramental quando já se encontravam no cadafalso, sem que se pretendesse jamais que isso pudesse tornar injustas as condenações criminais que pesavam sobre eles. Antes, é ao contrário: era justamente por serem criminosas condenadas que aquelas pessoas precisavam de um sacerdote ao seu lado. Ao ex-presidente Lula faria muito bem rezar alguns terços — como aos condenados que subiam ao patíbulo fazia muito bem ouvirem as exortações da Irmandade da Misericórdia. O Papa bem que poderia ter lhe enviado o presente com este santo propósito.

Terceiro, por fim, que se o Papa Francisco tivesse enviado uma rosa de ouro para o sr. Luís Inácio, alardeando altissonante a sua solidariedade para com a vítima inocente de um sistema judicial corrupto, isso seria um escândalo político e só. É evidente que Pontífice nenhum fala em nome da Igreja quando toma partido em favor de tal ou qual governante, quando firma alianças com determinada nação em detrimento de outras, quando sagra imperadores ou depõe reis. Ninguém está obrigado a seguir as preferências políticas daquele que se assenta no Sólio de Pedro, e se por um lado todo Soberano Pontífice faria muito bem em se manter relativamente afastado da política secular, por outro lado a Igreja tem também o direito (e por vezes o dever) de exortar os poderosos do mundo. Ora, nestas questões de natureza prudencial descabe até mesmo falar em munus docendi da Igreja; no entanto, são assuntos que por vezes se impõem.

Na hipótese de alguém de boa fé acreditar na inocência do ex-presidente, o que é que se pode fazer? Mostrar à pessoa que ela está errada, contradizê-la em público, sim, mas não transformá-la em cúmplice dos desmandos lulopetistas e nem muito menos atribuir-lhe os mesmos propósitos que a esquerda brasileira se esforça por fazer valer neste já tão maltratado país. Uma coisa é ter dúvidas acerca da lisura do processo que culminou na condenação do sr. Luís Inácio, outra totalmente diferente é endossar em bloco o programa político do Partido dos Trabalhadores. De um ponto a outro o salto é muito largo: não pode ser simplesmente inferido e nem é possível demonstrá-lo à base de razões tácitas ou motivos implícitos.

Em resumo, o terço que o presidiário não pôde receber ontem é um objeto religioso vergonhosamente transformado em arma política. Nós, católicos, ao invés de ficarmos dizendo o que o Papa quis ou não quis dizer com o seu gesto, deveríamos era rechaçar de pronto e com veemência esta instrumentalização odiosa da Fé.

O homem e a mulher que se amam: esta é a obra-prima!

A história de que o Papa Francisco teria chamado uma dupla gay de “família” foi explorada ad nauseam nos últimos dias pela militância LGBT. Aconteceu que o sr. Toni Reis, conhecido militante homossexual, enviou uma carta para o Papa dando notícia, segundo ele, da sua satisfação por ter logrado batizar na Igreja os seus filhos adotivos — coisa que lhe foi muito difícil conseguir por conta da união homossexual em que ele vive publicamente. O Vaticano enviou uma resposta educada à carta. Por conta disso os meios de comunicação se apressaram a alardear que o Papa Francisco teria afirmado que o “casal gay” é também uma forma de família.

Ora, a notícia se trata, à toda evidência, de uma falsa matéria, sem absolutamente nenhum fundamento. Afinal de contas, a carta recebida pela dupla curitibana

a) não é assinada pelo Papa Francisco pessoalmente, mas sim por um secretário do Vaticano;

b) não traz o nome do destinatário, muito menos do seu “companheiro”, nem nenhuma outra informação que permita concluir, ainda que indiretamente, ter sido enviada especificamente para uma dupla gay; e

c) é um modelo-padrão que o Vaticano utiliza para responder às cartas recebidas — certamente às centenas ou mesmo milhares — pelo Santo Padre todos os dias.

Ou seja, de nenhuma maneira é possível inferir que o Papa tenha querido, nem mesmo indiretamente, estabelecer qualquer relação de similaridade entre a família — a sagrada união entre o homem e a mulher — e as uniões homossexuais — o pecado da sodomia institucionalizado em uma caricatura matrimonial. Neste caso não se trata nem mesmo de uma frase descontextualizada ou uma declaração mal-interpretada, nada disso: foi apenas uma lamentável falta de cuidado do setor vaticano responsável por cuidar da correspondência do Santo Padre. Não chega sequer a ser uma notícia distorcida; é uma não-notícia.

O assunto ganhou tanta repercussão que recebeu importantes desmentidos. O próprio Arcebispo de Curitiba — que, segundo a matéria do Congresso em Foco, foi precisamente quem providenciou o batizado das crianças — publicou uma nota no site da Arquidiocese onde desautoriza a forma como o assunto vem sendo explorado:

Não se trata (…) de uma aprovação à união estável do casal (rectius, dupla) em causa. Tampouco se tratou de permissão. Trata-se de uma simples resposta cordial a um gesto também cordial. Deve ser interpretada, portanto, com o tamanho e a importância que realmente tem.

E até mesmo a Sala de Imprensa da Santa Sé sentiu necessidade de prestar esclarecimentos:

“Em relação à carta assinada pelo Monsenhor Assessor da Secretaria de Estado, reitero que a afirmação do senhor Toni Reis de que se trata de uma resposta ao casal é falso. A carta estava dirigida apenas a ele (‘Prezado Senhor’)”, indica García Ovejero.

Vivemos em tempos estranhos, nos quais as pessoas pensam poder colocar um Papa contra outro Papa e atribuir, ao Soberano Pontífice reinante, posições em assuntos de Fé e Moral que contrariem aquilo que a Igreja sempre ensinou e o mundo moderno escolheu rejeitar. É por isso que divulgam coisas como essa: incapazes de vencer no campo doutrinário, porfiam por enganar os incautos no campo das narrativas. Mas o caso atual é particularmente esquizofrênico porque o Papa Francisco já se posicionou, por diversas vezes, e inclusive solenemente, contra o movimento homossexual.

Durante o ano de 2015 o Papa reservou a maior parte das Audiências Gerais das quartas-feiras para tratar do tema da família, de janeiro até setembro.

Desde o dia de Santa Inês:

Reevocando a figura de são José, que protegeu a vida do «Santo Niño», tão venerado naquele país, recordei que é preciso proteger as famílias, que enfrentam diversas ameaças, para que possam testemunhar a beleza da família no projecto de Deus.

É preciso também defender as famílias das novas colonizações ideológicas, que ameaçam a sua identidade e a sua missão.

Até a festa de São Cornélio, Papa:

Caminhemos juntos com esta bênção e com esta finalidade de Deus, de nos tornarmos todos irmãos na vida, num mundo que caminha em frente e que nasce precisamente da família, da união entre o homem e a mulher.

O Papa Francisco sempre falou da família nos seus elementos constituintes: o homem, a mulher e, consequentemente, os filhos. Ora, insistindo na diversidade dos sexos e na fecundidade conjugal, não há espaço absolutamente nenhum para afirmar que o Papa não tenha sempre diante dos olhos a figura sagrada da união entre o homem e a mulher; ou que não entenda a importância fundamental, insubstituível, dessa união; ou que não a queira promover e defender em face do mundo moderno! Veja-se, por todas, esta elegia rasgada da complementaridade dos sexos para a formação da família:

Isto faz-nos recordar o livro do Génesis, quando Deus conclui a obra de criação e faz a sua obra-prima; a sua obra-prima é o homem e a mulher. E aqui Jesus começa os seus milagres, precisamente com esta obra-prima, num casamento, numa festa de núpcias: um homem e uma mulher. Assim, ensina que a obra-prima da sociedade é a família: o homem e a mulher que se amam. Esta é a obra-prima!

Contra esta tríplice afirmação acerca do «desígnio originário de Deus sobre o casal homem-mulher», de que valem divulgações maliciosas de mensagens vaticanas mal-encaminhadas por estafetas atrapalhados?

Mais ainda. Como se isso não fosse o bastante, o assunto foi especificamente tratado na Amoris Laetitia (aquela mesma que acusam de progressista):

251. No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família. É «inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimónio” entre pessoas do mesmo sexo».

Repise-se: para o Papa Francisco, em um documento oficial sobre o amor na família, não é possível estabelecer analogias, sequer remotas!, entre as uniões homossexuais e o matrimônio e a família. Como seria possível, então, que Sua Santidade se desdissesse de repente? Teria acaso se comovido — até à apostasia — com a carta de Toni Reis? A história dos gays de Curitiba teria provocado tanto impacto sobre o Papa a ponto de ele decidir — sem fazer alarde, sem se explicar, sem nada, em uma carta, igual a mil outras, assinada por um secretário desconhecido — mudar a posição que vem consistentemente sustentando durante todo o seu pontificado?

É isso? Ou é que a história da mídia gay não tem pé nem cabeça?

Esclarecimentos de Curitiba – vinho e suco de uva na Missa

[Publico abaixo a nota emitida pela Arquidiocese de Curitiba, que consta no site da Mitra (não disponível via link direto), sobre a polêmica envolvendo a autorização para que fossem celebradas Missas com suco de uva (!) no lugar do vinho. A informação constante na nota já fora divulgada anteriormente pela Folha de São Paulo.

Alegro-me pelo fato da Arquidiocese ter voltado atrás na orientação absurda que fora antes publicada, mas é preciso ainda esclarecer dois pontos:

1. Não houve aqui nenhum “mal-entendido”. Foi divulgada uma nota oficial dizendo, literalmente, que os sacerdotes «que preferirem substituir o vinho com o álcool pelo sem, ou pelo suco de uva, poderão fazê-lo, pois já estão autorizados pelo arcebispo». Ora, se houve aqui algum problema de interpretação, foi da parte da assessoria de comunicação da Arquidiocese, que divulgou tão esdrúxula nota. Jamais da parte dos fiéis, que apenas lemos o que fora divulgado e ficamos perplexos com o conteúdo do documento.

2. A nota insiste no erro, uma vez que – como mostramos – ninguém, nem o Papa, tem autoridade para autorizar o uso de “suco de uva” na celebração da Santa Missa, uma vez que suco de uva não é matéria válida para o Sacramento da Eucaristia. O que o Papa pode autorizar (aliás, cumpridas certas exigências, o bispo também) é a substituição do vinho canônico por mosto, que é vinho ainda não fermentado (ou baixissimamente fermentado), mas nunca por suco de uva simpliciter.

No resto, alegramo-nos pela correção da nota anterior e ficamos aliviados por saber que, em Curitiba, não haverá nenhuma Missa celebrada invalidamente por deficiência de matéria.]

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NOTA DE ESCLARECIMENTO – INGESTÃO DE VINHO A PARTIR DA NOVA LEI SECA

Da: Chancelaria

 

Diante das normas sobre a nova Lei Seca, Dom Moacyr José Vitti, arcebispo da Arquidiocese de Curitiba, concedeu entrevista para alertar o clero sobre a ingestão da quantidade de vinho (Corpo de Cristo) durante as celebrações. Na entrevista, afirmou que todos os padres deveriam portar a sua identidade clerical (carteirinha) para apresentar às autoridades competentes, no caso de uma blitz, porém, ciente de que a carteirinha não isenta qualquer motorista de uma possível multa.

A respeito do sacramento, todo sacramento é composto de “matéria” e “forma” (teologia tomista). No caso da Eucaristia (missa) a “forma” são as palavras “… isto é o meu corpo…Este é o cálice do meu sangue…” e a “matéria” pão e vinho (elementos visíveis, palpáveis). Dom Moacyr não quis modificar nem a matéria e nem a forma. Houve um mal entendido, porque no decorrer da entrevista ele comentou que “em casos extremos, especiais, a Santa Sé pode permitir o uso do suco de uva, como por exemplo, os padres que têm a doença do álcool ou outras doenças” (Nota do Cân. 924 do CDC). Foi entendido que o arcebispo estava autorizando os padres a usarem o suco de uva, causando polêmica. Foi um mal entendido.

O presidente da CNBB, Cardeal Dom Raymundo Damasceno orientou a Arquidiocese de que “não podem ser usados nas missas o vinho sem o álcool e nem o suco de uva, pois esta ordem compete unicamente a Santa Sé”.

Dom Moacyr solicita que os sacerdotes que celebram várias missas no final de semana e que devem se deslocar, respeitem um prazo de tempo para passar o efeito alcoólico. Solicita também que diminuam a quantidade da matéria (vinho) a ser ingerida.

Esperamos ter explicado o mal entendido e continuemos celebrando nossas missas para a maior glória de Deus!

Vigário Geral e Chanceler da Arquidiocese
Côn. Élio José Dall’ Agnol

Suco de uva na Santa Missa?

Saiu na mídia secular uma notícia dizendo que o Arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti, autorizou os padres da Arquidiocese a, se quiserem, substituírem o vinho da Santa Missa por suco de uva (!) por conta da Lei Seca (!!). Tive acesso à nota emitida pela “Assessoria de Comunicação da Mitra da Arquidiocese de Curitiba” e, de fato, lá consta a seguinte perturbadora frase:

Os [sacerdotes] que preferirem substituir o vinho com o álcool pelo sem, ou pelo suco de uva, poderão fazê-lo, pois já estão autorizados pelo arcebispo.

Alguns esclarecimentos se fazem necessários. Antes de qualquer outra coisa, eu não acredito que o Arcebispo de Curitiba tenha autorizado a substituição do vinho da Santa Missa por suco de uva, pela simples razão de que suco de uva é matéria inválida para a celebração da Eucaristia. Suco de uva não se transubstancia no Sangue de Cristo mais do Fanta Uva ou Ki-Suco de Uva. Um padre que porventura tentasse celebrar a Santa Missa com suco de uva não conseguiria celebrá-la validamente (= o suco de uva continuaria suco de uva, e não se tornaria jamais o Sangue de Cristo), ainda sendo verdade que o Arcebispo tivesse autorizado semelhante despautério. Igualmente, um padre que trocasse o pão da Santa Hóstia por, digamos, broa de milho, poderia celebrar uma Liturgia impecável que não iria conseguir transformar a broa de milho no Santíssimo Corpo de Cristo. O mesmo vale para o suco de uva. As únicas matérias válidas para a celebração da Eucaristia são aquelas que o próprio Cristo utilizou: pão de trigo e vinho de uva.

Isto se encontra em uma miríade de documentos. P.ex., na Redemptionis Sacramentum (grifos meus):

[50.] O vinho que se utiliza na celebração do santo Sacrifício eucarístico deve ser natural, do fruto da videira, puro e dentro da validade, sem mistura de substâncias estranhas. Na mesma celebração da Missa se lhe deve misturar um pouco d’água. Tenha-se diligente cuidado de que o vinho destinado à Eucaristia se conserve em perfeito estado de validade e não se avinagre. Está totalmente proibido utilizar um vinho de quem se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos. Não se deve admitir sob nenhum pretexto outras bebidas de qualquer gênero, que não constituem uma matéria válida.

Há quatro anos, eu escrevi aqui um texto sobre uma situação idêntica que acontecera em São José dos Pinhais. Para deixar claro: o que se pode autorizar (em situações especialíssimas) é a substituição do vinho pelo mosto. Mosto não é suco de uva; mosto é vinho não-fermentado. Suco de uva não fermenta. Mosto, se você deixar fermentar, vira vinho. São duas coisas bem distintas. Não sei, p.ex., se você pode encontrar mosto no supermercado; mas sei que aqueles sucos de uva de caixinha não são mosto e, portanto, não são matéria válida para a celebração da Eucaristia. O mesmo se pode dizer do suco de polpa de uva que se pode pedir em qualquer lanchonete. Aliás, acho que mosto é uma coisa muito específica (que inclusive exige condições especiais de armazenamento e conservação, posto que senão ele fermenta e vira vinho) que não se encontra tão facilmente assim por aí – o que, por si só, provavelmente já faz com que esta idéia de deixar todo mundo celebrar com mosto esbarre em uma enorme dificuldade de ordem prática.

Mais ainda: não existe autorização da Santa Sé para uso irrestrito de mosto. Pelo contrário, as orientações são específicas em determinar que a licença só seja concedida individualmente:

1. Os Ordinários são competentes para conceder a licença de usar pão com baixo teor de glúten ou mosto como matéria da eucaristia em favor de um fiel ou de um sacerdote. A licença pode ser outorgada habitualmente, até que dure a situação que motivou a concessão. (Congregação para a Doutrina da Fé, Carta Circular aos presidentes das Conferências Episcopais sobre o uso do pão com pouca quantidade de glúten e do mosto como matéria eucarística, 23 de julho de 2003 – grifos meus).

E, por último mas não menos importante, uma lei iníqua e injusta como a Lei Seca não tem potestade de obrigar ninguém a nada. O simples cidadão tem total direito de dirigir após ingerir uma quantidade tal de álcool que não comprometa a sua habilidade de conduzir um veículo, a despeito do que berrem os burocratas. Ora, quanto mais um sacerdote no legítimo exercício de suas funções religiosas! A Lei Seca é inválida no caso geral, mas no caso específico de um padre celebrando a Missa a sua ilegitimidade fica ainda mais patente e clamorosa, porque viola diretamente o direito à liberdade de culto. Com uma tal afronta à lei de Deus não se pode condescender, muito pelo contrário: é mister lutar contra ela.

Em resumo, portanto:

  1. suco de uva é matéria inválida para a celebração do Sacramento da Eucaristia;
  2. considero altamente improvável que Dom Moacyr tenha autorizado o uso de uma matéria inválida para a celebração das Missas em sua diocese;
  3. se, por absurdo, tal autorização houvesse sido dada, ela seria completamente nula, porque ninguém na Igreja (nem mesmo o Papa) tem potestade para alterar a matéria escolhida por Cristo para a celebração dos Sacramentos que Ele instituiu;
  4. provavelmente, portanto, a Mitra quis autorizar o uso de mosto, e não de suco de uva;
  5. conquanto esta hipótese ao menos salvaguarde a validade da Eucaristia, há de se investigar a sua licitude canônica, uma vez que, como foi mostrado, o uso de mosto, segundo determinações específicas da Santa Sé, é para ser autorizado individualmente, e não de modo indistinto em todo o território de uma Diocese; e
  6. por fim, é de se lamentar que uma lei humana flagrantemente injusta tenha movido a Mitra de Curitiba a promulgar tão controversas disposições sobre a Liturgia na Arquidiocese, provocando perplexidade entre os fiéis católicos de todo o Brasil.

É urgente desmascarar este fascismo gayzista

Ainda sobre o bárbaro ataque perpetrado semana passada em Curitiba por militantes gays raivosos contra os católicos que estavam fazendo uma pacífica campanha na cidade de defesa dos valores judaico-cristãos (ver aqui e aqui), vale muito a pena conferir a coluna do Carlos Ramalhete na Gazeta do Povo de hoje sobre o assunto.

Com a clareza de raciocínio que lhe é peculiar, o articulista consegue a proeza – no reduzido espaço hebdomadário que lhe cabe – de realizar dois feitos de extrema importância.

O primeiro, é fazer um honesto exercício de crítica histórica e situar o período da Ditadura Militar brasileira dentro dos estreitos limites numéricos que lhe são próprios. São palavras do Ramalhete: durante a Ditadura Militar no Brasil, «[n]ão houve, contudo, práticas quase genocidas como as que mancharam a história militar dos demais países do Cone Sul, e a Lei da Anistia perdoou os excessos de ambos os lados». Eu mesmo já chamara a atenção para este detalhe no ano passado, quando comentei aqui sobre os mortos e desaparecidos dos anos da Ditadura: «Para fins comparativos, a lista de pessoas assassinadas em Recife no mês de abril de 2008 tinha praticamente o mesmo tamanho da de mortos e desaparecidos em todo o Brasil durante toda a Ditadura Militar». Poupem-se os esquerdopatas do trabalho de me atirarem pedras: os links estão aí. Isto são fatos que precisam ser levados em consideração, obviamente não para condescender com torturas e assassinatos mas para que seja possível manter um razoável senso de proporções capaz de proporcionar um juízo sereno sobre estes tristes fatos da história recente do país.

O articulista da Gazeta do Povo, aliás, vai ainda mais além e afirma que «[p]oucos trabalharam tão acirradamente no combate pacífico às tentativas de estabelecimento de um Estado totalitário quanto a Tradição, Família e Propriedade (TFP), entidade laical de inspiração católica baseada em São Paulo», fazendo assim justiça à atuação política de centenas de milhares de brasileiros (o artigo fala que a TFP já «chegou a contar com mais de 1 milhão de correspondentes e simpatizantes espalhados por todo o país» em seu auge) durante os anos de chumbo. Destarte, não é possível aceitar pacificamente os rótulos odiosos lançados pela esquerda raivosa contemporânea, que procura impedir a ação política atual unicamente por meio da agitação frenética de espantalhos mal cosidos do passado. E ainda que a TFP tivesse tomado posições políticas censuráveis na segunda metade do século XX, isto em nada vetaria aos seus descendentes o acesso aos meios democráticos de manifestação pacífica no Brasil atual. Defender a democracia e dizer o contrário disso é hipócrita e incoerente.

O segundo feito digno de nota que o Ramalhete realiza no seu artigo é classificar, sem papas na língua, o assalto da horda gayzista em Curitiba aos caravanistas do IPCO como aquilo que esta agressão é: «outra demonstração clara da índole fascista deste movimento». Os vídeos já foram vistos e revistos, mas nunca é demais repetir: não se pode tolerar que grupos de pessoas usem violência (moral e física) para impedir a manifestação pacífica de idéias com as quais não concordam. Diferente do que disseram em blogs e redes sociais afora, isto não é uma vitória da democracia, mas muito pelo contrário: é o sacrifício das liberdades democráticas ante a barbárie da intolerância atroz. É urgente desmascarar este fascismo gayzista que está nas graças da imprensa e vem sendo apresentado à sociedade brasileira como o contrário mesmo do que ele é na verdade.

A defesa da tolerância contra o obscurantismo (ou qualquer outro chavão que esteja na moda) não pode ser usada como pretexto para a realização de atrocidades como a que aconteceu em Curitiba no início da semana passada. É fundamental que a sociedade tome consciência do que está acontecendo no Brasil: de como um movimento cínico e depravado está se fazendo de vítima indefesa perante a opinião pública ao mesmo tempo em que age com a mais bárbara truculência contra qualquer um que não se alinhe aos seus interesses degenerados. Esta é uma história que precisa ser contada já, enquanto ela ainda está acontecendo e enquanto é ainda possível fazer alguma coisa para evitar o final trágico que ela anuncia com tanta clareza.

Turba de ativistas homossexuais agride católicos com obscenidades, cusparadas, pedradas: veja o vídeo!

Se a coisa já estava feia para os militantes homossexuais somente com base no vídeo que eles próprios produziram da agressão contra os caravanistas do IPCO que estavam em Curitiba no início da semana passada, agora a coisa ficou ainda mais séria: o Instituto produziu e disponibilizou um vídeo mostrando toda a confusão do ponto de vista dos agredidos. Vejam abaixo:

Eis o texto com o qual ele me foi apresentado:

Ele demonstra bem para onde caminha nosso país se não fizermos algo contra a perseguição pró-homossexual contra a moral católica.

Os defensores do homossexualismo chegaram a jogar uma pedra na cabeça de um dos jovens da caravana, além de provocar, de todas as maneiras possíveis e imagináveis, uma reação violenta dos caravanistas (provavelmente, já organizado com algum elemento da imprensa para causar um escândalo midiático).

O Brasil está caminhando para uma intolerância contra a doutrina católica referente ao homossexualismo. Uma situação semelhante ao que ocorreu em alguns países comunistas, onde o regime totalitário podia até aceitar a presença da Igreja (como na Polônia, por exemplo), mas exigia que os Padres e Bispos silenciassem a doutrina contrária ao comunismo. Aqui no Brasil, no “andar da carruagem”, vão permitir que um católico reze dentro do recinto interno das Igrejas e até que seja publicamente católico, desde que não combata o homossexualismo…

Espero que esse vídeo ajude a despertar a indignação contra essa onda de lama – verdadeira avalanche – pró-homossexualismo. Uma onda que intimida, processa judicialmente, calunia, persegue de todas as maneiras qualquer um que se levante contra ela.

Gostaria de saber como irão se justificar agora as militantes feministas que comemoraram a expulsão da TFP de Curitiba e os comentaristas políticos que ironizaram a agressão sofrida pelos caravanistas, bem como todas as outras pessoas (v.g. o sr. Milton Alves) que dedicaram os últimos dias para louvar a atitude dos ativistas homossexuais baderneiros e para fazer troça dos jovens que estavam, tão-somente, realizando uma manifestação pacífica em defesa dos valores nos quais eles acreditam.

“Tolerância” é uma palavra muito bonita nos lábios de alguns, doce até; mas ela de nada vale se o discurso não corresponde ao juízo moral que se faz sobre fatos concretos ou se, hipocritamente, o nobre ideal só se aplica àqueles com os quais se concorda – os demais, é bom que sejam execrados e humilhados, agredidos e escorraçados dos espaços públicos nos quais é inimaginável que eles possam ser suportados. Os membros do IPCO que estavam em Curitiba suportaram heroicamente as maiores provocações: reitero aqui os meus parabéns a estes jovens, pela fortaleza louçã que demonstraram diante da turba raivosa que com tanta virulência se lançava sobre eles.

É preciso tomar cuidado com o movimento homossexual! Como vem ficando cada vez mais evidente, a “tolerância” que ele prega é somente da boca pra fora, é só um discurso bonito pra inglês ver: na prática, sempre que ele tem oportunidade, age com a mais cínica violência contra aqueles que discordam (ainda que pacificamente) do seu estilo de vida. Eis aí, sem máscaras, mais uma vez, a verdadeira ameaça à civilização que paira sombria sobre a sociedade brasileira. Que ninguém se engane: tempos terríveis se anunciam, e não por causa dos alcunhados “homofóbicos”.

O fascismo, a liberdade e a TFP

Penso que deveríamos prestar mais atenção ao trabalho que os caravanistas do IPCO estão realizando neste mês de férias escolares. A razão é simples: os próceres do movimento revolucionário têm se mostrado muito preocupados com a Cruzada pela Família que está sendo conduzida com galhardia por estes jovens de São Paulo.

Quem tiver paciência, assista ao vídeo abaixo. São dezessete angustiantes minutos, filmados por alguém que era contrário à campanha do IPCO que estava sendo realizada no centro de Curitiba. Desde já advirto que ele contém palavras de baixo calão proferidas em alto e bom som, com uma nitidez despudorada que faria o Gloria.tv classificar o vídeo como impróprio para menores se o mesmo critério usado pelo Youtube para identificar imagens indecentes fosse aqui aplicado na identificação de palavras indecorosas. O Edson Oliveira também denunciou.

A situação é verdadeiramente surreal. Logo no primeiro minuto, alguém grita “Opa, opa, não vai encostar a mão em mim!”, quase esfregando a cara no rosto do caravanista do IPCO, no mais caricato estilo “cavando falta” que era comum encontrar na minha infância entre meninos que estavam doidos para brigar mas não queriam dar o primeiro tapa – e, talvez por alguma espécie de farisaísmo congênito, pareciam estar moralmente convencidos de que o estopim da briga não lhes poderia ser atribuído conquanto não fossem os primeiros a usar as mãos. Enquanto isso, outra menina grita: “vai, seu palhaço, bate, seu palhaço”. Este comportamento se repete com uma monótona regularidade ao longo de todo o vídeo. Os rapazes do IPCO demonstraram um auto-controle admirável, uma paciência de Jó: estão de parabéns.

Por volta dos dois minutos, a turba ameaça não deixar os caravanistas passarem. Eles gritam: “Queremos liberdade! A rua é de todos!”. Seguem. Aos 3m40,  começam a cantar: “A nossa Fé, ó Virgem, o brado abençoai! Queremos Deus, que é o nosso Rei! Queremos Deus, que é o nosso pai!” Enquanto a música está sendo cantada (até perto dos seis minutos), o “narrador” do vídeo (o sujeito que está gravando) vomita os mais baixos impropérios, atingindo níveis estratosféricos de histeria.

Aos 6m15, o “narrador” do vídeo proclama o seu manifesto: “isto aqui é pra mostrar a palhaçada … é pra mostrar a ridicularidade, que estes aqui dizem se chamar de liberdade. Liberdade é expressar seu pensamento, mas sem agredir o pensamento de ninguém. Sem incitar violência, sem usar o nome de Deus. Sem usar o Santo Nome pra se promover. Nazista! Nazista! Nazista!”. Aparentemente sem fazer a menor idéia do que está acontecendo, uma garota (talvez atraída pelo oba-oba) ostenta um cartaz recauchutado onde se pode ler “Todo apoio à luta do povo sírio”.

As agressões são muitas e várias. Sem mencionar as impublicáveis (que ocupam a maior parte das palavras de ordem berradas pela turba revolucionária), temos, p.ex.:

  • Aos 11m48, “Cadê o seu Deus agora?”
  • Aos 14m00. “vai embora, bando de racista! Vai embora, bando de racista!”
  • Perto dos 15m00, “volta pra São Paulo! Volta pra São Paulo pra levar [CENSURADO], lâmpada na cara! Quero ver!”
  • Logo depois, aos 15m30, enquanto os caravanistas estão indo embora e sobem na parada de ônibus: “Pedófilos! Pedófilos!”

É este “protesto” de baixo nível feito por gente “moderna” e “esclarecida” que querem nos empurrar goela abaixo, como se fosse natural ou – pior ainda! – como se fosse o único padrão de comportamento aceitável nos dias de hoje. Olhando o vídeo, é muito fácil de se ver de que lado está a intolerância, a incitação à violência, a ameaça à liberdade e a incapacidade de convívio social. É bastante óbvio que os jovens caravanistas do IPCO são as vítimas, e não os agressores nesta história toda.

Inacreditavelmente, há quem louve e aplauda este comportamento. Em um post de tom pateticamente ufanista chamado “Vamos rechaçar os reaças”, a sra. Lola Aronovich, feminista dedicada, jacta-se desta barbaridade. Diz que «semana passada, Curitiba mandou pra longe um grupo da TFP», linkando para este vídeo do Youtube onde estão registrados os minutos finais da odisséia que acompanhamos aqui. É cinicamente impressionante: todo o texto dela está carregado de um ar superior, civilizado e moderno, como se ela (e os que ela louva) fosse(m) porta-voz(es) de um mundo novo e melhor em nobre duelo contra as trevas da barbárie obscurantista. Ora, contra a beleza desta retórica fingida, basta olhar para as imagens nuas e cruas que nós temos! Maior discrepância entre a propaganda e o fato propagandeado não se poderia imaginar numa mente sã; a peça publicitária é de fazer inveja a Goebbels, já que esta turma gosta de referências nazi-fascistas (e as minhas, pelo menos, eu faço questão de justificar). E ela ainda termina o texto dizendo que não pretende entregar” a cidade «p[a]ra ser palco de fascistas»! Para alguém cujo texto parece um projeto do Ministero della Cultura Popolare, a referência chega a ser cômica. Vai ver, o que ela reivindica é o monopólio da praça pública para si, a fim de transformá-la em um veículo de propaganda ideológica barata. Deve ser isso.

Esta é uma luta pela dignidade das mulheres

Todos devem ter acompanhado a interessantíssima repercussão que teve, na semana passada, o artigo do Carlos Ramalhete em defesa da dignidade feminina contra os descalabros das auto-intituladas vadias itinerantes. O segundo capítulo da novela foi a publicação, no mesmo jornal, de um artigo da lavra da “coordenadora da Marcha das Vadias em Curitiba”, cujos dois principais problemas ao meu ver são:

  1. ter cuidadosamente evitado enfrentar o mérito da crítica à forma depravada (no nome e nas atitudes) que estas senhoras escolheram para protestar contra uma situação não obstante digna de revolta e de protesto (coisa, registre-se, que ninguém nega);
  2. ter deliberadamente ocultado a grande bandeira que os movimentos feministas em geral e a “Marcha das Vadias” em particular desfraldam despudoradamente quando não precisam posar de vítima perante a opinião pública: o aborto (atenção, foto indecorosa).

O Ramalhete voltou ao tema na sua coluna de hoje, em um belo texto – não o deixem de ler e compartilhar – chamado “Dignidade e Degradação”, onde explica as coisas de maneira tão pedagogicamente mastigada que não é possível às feministas rasgarem as vestes de novo, acusando-o (como na semana passada) daquilo que ele, absolutamente, não fez. Exercitando a sua espetacular capacidade de apresentar analogias elucidativas, o articulista da Gazeta do Povo dispara:

Combate-se a violência primeiramente perseguindo e punindo o agressor, mas o mais fraco também deve ser ajudado a reconhecer sua dignidade e a projetá-la. Sair às ruas negando em ato a dignidade feminina pode parecer uma boa ideia para quem vive num padrão de classe média, para quem tem a certeza dada pela experiência de que sua dignidade não está em jogo. Para a moça viciada e pobre, que se prostitui por droga, um bando de madames se afirmando “vadias” é uma piada de mau gosto, como seria para um escravo um bando de doutores brancos com a cara pintada de rolha queimada fazendo piruetas com enxadas.

E, a despeito de toda a cortina de fumaça levantada pelas revolucionárias, o cerne da questão sempre foi esse: a dignidade feminina. Dignidade que é aviltada pelo marido bêbado que espanca a esposa, pelo estuprador que covardemente ataca uma mulher, pelos “homens que se esfregam nojentos / no caminho de ida e volta da escola” e também pelas senhoras atentando contra o pudor ao saírem por aí com as tetas de fora. Contra esta loucura coletiva, são extremamente lúcidas as palavras com as quais o Ramalhete termina a sua coluna:

Evitar um estupro com uma unha comprida e bem tratada no olho do marginal faz mais pela dignidade feminina que 1 milhão de mulheres seminuas em público numa marcha.

E é isto o que realmente interessa. O resto – de misoginia, de machismo, de coisificar as mulheres, de ser leniente com a violência por elas sofrida, etc. etc. – é somente o lenga-lenga destas inimigas das mulheres que querem, a todo custo, levantar bonecos-de-palha contra os quais possam despejar a virulência da sua retórica vazia para que as demais pessoas não vejam a incoerência sibilina no discurso que elas próprias querem impôr à sociedade. Esta semana ainda vale o pedido para que cartas de apoio sejam enviadas ao jornal:

– leitor@gazetadopovo.com.br ou
– http://www.gazetadopovo.com.br/faleconosco/

A fim de que a opinião pública tenha uma correta dimensão da representatividade das “Vadias” no conjunto da população feminina brasileira. Os sofismas não podem vencer o bom senso e a ideologia disparatada não pode pretender ser reconhecida acima da realidade. Esta é uma luta pela dignidade das mulheres. Que cada um tome nela a sua – importante – parte.

Até que ponto vai o egoísmo humano…

Poucas coisas me deixaram tão chocados nos últimos tempos quanto a notícia que eu li ontem, segundo a qual um casal paranaense – que fizera tratamento de fertilidade – rejeitou um bebê dos trigêmeos que nasceram e quis sair do hospital levando apenas duas crianças. A notícia no Estadão traz detalhes ainda mais chocantes:

“No momento do parto o pai já disse que levaria somente duas, que a direção fizesse o que bem entendesse”, disse um dos funcionários da maternidade, em entrevista à Rádio Band News Curitiba. “No nascimento, ele escolheu duas, mas elas eram prematuras e uma das que ele escolheu teve um probleminha respiratório no início, o pulmãozinho não estava totalmente formado e, de imediato, disse que não iria levá-la porque só queria quem estivesse saudável, porque aquela criança ia dar muito trabalho”.

A história é tão absurda que eu pensei, a princípio, que fosse uma brincadeira (de péssimo gosto) de Primeiro de Abril. Não consigo entender o passa pela cabeça dessas pessoas! Acham acaso que filhos são como produtos de um supermercado, que você pode pegar ou deixar conforme a sua conveniência? Que absurdo utilitarismo é esse, segundo o qual é perfeitamente normal deixar um dos filhos na maternidade e voltar pra casa apenas com os outros dois? Que tão profundo egoísmo é este – beirando o demoníaco -, capaz de fazer com que os pais tratem os próprios filhos como uma encomenda indesejável que se pode simplesmente descartar…?

Como muito bem se perguntou um amigo ao ler esta notícia: até que ponto vai o egoísmo humano? Quando pensamos que já vimos de tudo, uma notícia dessas é ainda capaz de nos surpreender. Triste, muito triste. Que Deus tenha piedade de nós.

Apanhado de notícias

Relíquias de Dom Bosco em Curitiba, desde ontem: para quem estiver na cidade, hoje “a urna estará na Paróquia São Cristóvão (Rua Santa Catarina, 1.750, Vila Guaíra), também podendo ser visitada durante todo o dia, com missas às 10, 15 e 20 horas”.

– Aproveitando, sobre relíquias, ver Dom Estêvão em uma Pergunte & Responderemos de 1960, pp. 194-202. “Com estas palavras [Mc 14, 6-9; elogio “a respeito de Maria de Betânia, que ungira o corpo do Mestre pouco antes do desenlace final”] Jesus aprovava solenemente a veneração póstuma do seu corpo sagrado. Os dizeres do Divino Mestre implicavam outrossim um convite a que se tratassem de modo semelhante os despojos de todos os justos que Ele no decorrer dos tempos enxertaria em seu Corpo Místico”.

– Reportagem que não entendi: Bispos anglicanos recusam proposta do Papa. “Cerca de 30 bispos e arcebispos anglicanos, opostos à linha liberal da Igreja no que se refere à homossexualidade, recusaram esta quarta-feira a proposta do Vaticano de se converterem ao catolicismo” – grifos meus. Hein?! Que linha liberal da Igreja? Será que estes anglicanos apedrejam homossexuais?

Audiência Geral do Sumo Pontífice: arte e verdade, a Beleza como um caminho para encontrar Deus. O Papa falou sobre as catedrais medievais. Leiam na íntegra, pois não consigo citar tudo que gostaria! “O impulso ao alto [das catedrais góticas] queria convidar à oração e era em si mesmo uma oração. A catedral gótica queria traduzir, assim, em suas linhas arquitetônicas, o desejo das almas por Deus. (…) Das vidreiras pintadas se derramava uma cascata de luz sobre os fiéis para narrar-lhes a história da salvação e envolvê-los nesta história”.

Comissão da CNBB prepara Seminário Nacional de Liturgia. “A equipe lembrou também o início do movimento litúrgico impulsionado por Lambert Beaudin ao afirmar, em 1909, a necessidade de ‘democratizar a liturgia'” – valei-nos Deus! A tradução da Editio Typica Tertia do Missal Romano, no entanto, que aliás já tem até uma versão corrigida, não aparece nesta Terra de Santa Cruz. Domine, usquequo?

Good bye, bad bishops: site que mostra contadores em tempo real indicando quanto tempo falta para alguns purpurados apresentarem a sua renúncia. A grande maioria é de bispos americanos, embora estejam lá o Schönborn e o Kasper. A versão tupiniquim de um site desses… deixa para lá.

Discurso do Papa aos bispos da Regional Sul 1. “Dado que a consciência bem formada leva a realizar o verdadeiro bem do homem, a Igreja, especificando qual é este bem, ilumina o homem e, através de toda a vida cristã, procura educar a sua consciência. O ensinamento da Igreja, devido à sua origem – Deus –, ao seu conteúdo – a verdade – e ao seu ponto de apoio – a consciência –, encontra um eco profundo e persuasivo no coração de cada pessoa, crente e mesmo não crente”.