A demagogia barata do Dr. Rosinha

Depois do papelão feito pelo deputado Rosinha na semana passada quando, em seminário pró-aborto realizado na Câmara dos Deputados e diante dos justos protestos de cidadãos brasileiros pagadores de impostos que discordam de ter o seu dinheiro empregado para a promoção do aborto no Brasil, deu um chilique e afirmou que os pró-vida precisavam “aprender a pensar”, eu pensava que o petista havia adquirido algum mínimo senso de ridículo e iria deixar o assunto morrer.

Engano meu. Na mais abjeta vitimização que eu me lembro de ter visto na política recente, o deputado pró-aborto resolveu soltar uma nota no seu site chamando os seus opositores de «mentirosos» e queixando-se da «intolerância» dos cristãos.

Na semana passada fui vítima dos intolerantes e dos mentirosos.

[…]

Por tudo que li do que me enviaram, por tudo que ouvi, sinceramente ainda estou estupefato com o comportamento destes cristãos. Em que Igreja aprendem ou aprenderam? Qual Evangelho leem ou leram? Com certeza não é o mesmo que leio e tampouco é o mesmo que lê o Papa Francisco.

Apenas se “esqueceu” o Dr. Rosinha de entrar no mérito das acusações que lhe foram feitas e responder a duas simples perguntas:

1. O «Primeiro Seminário de parlamentares da América Latina e Caribe para debater a saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil» defendeu ou não defendeu a descriminalização do aborto no Brasil?

2. O deputado Rosinha é ou não é a favor da descriminalização do aborto no Brasil?

É isso e não outra coisa o que interessa aqui. É com a resposta afirmativa ou negativa a cada uma dessas perguntas que se pode saber se o Dr. Rosinha está mesmo sendo vítima de “mentiras” e “intolerâncias” ou se, ao contrário, só está sendo desmascarado, e aí toda essa retórica de botequim de um Cristianismo tolerante está sendo empregada tão-somente para evitar o incômodo assunto principal e o permitir continuar trabalhando nas trevas pela promoção do aborto no Brasil.

Quando à demagógica e cretina referência ao Papa Francisco, vejamos qual é o Evangelho lido por Sua Santidade:

Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predilecção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Se cai esta convicção, não restam fundamentos sólidos e permanentes para a defesa dos direitos humanos, que ficariam sempre sujeitos às conveniências contingentes dos poderosos de turno. Por si só a razão é suficiente para se reconhecer o valor inviolável de qualquer vida humana, mas, se a olhamos também a partir da fé, «toda a violação da dignidade pessoal do ser humano clama por vingança junto de Deus e torna-se ofensa ao Criador do homem».

Evangelii Gaudium, 213

Este é o Evangelho lido pelo Papa Francisco, este é o único Evangelho que existe! Pretender que exista uma virtude da tolerância evangélica que exija a passividade diante do crime ou que obrigue os cristãos a nada fazerem enquanto políticos inescrupulosos trabalham pela descriminalização do aborto não passa de um palavrório ridículo e vazio. Que ninguém se deixe intimidar por essas patéticas bravatas, que não são senão a última e desesperada cartada de quem foi pego de calças curtas e não possui hombridade o suficiente para assumir em público as conseqüências de suas opções na questão do aborto.

Bancada do PT contra o Estatuto do Nascituro

Mais um ligeiro comentário. No vídeo da sessão da CSSF de ontem, durante a votação do Estatuto do Nascituro, é possível ver a seguinte declaração do deputado Dr. Rosinha (grifos meus):

É importante dizer que o artigo 12 [do Estatuto do Nascituro] diz o seguinte: é vedado ao Estado ou a particulares causar dano ao nascituro em razão de ato cometido por qualquer de seus genitores. O dano é cometido pelos genitores, tendo ou não tendo dano (?), no caso do estupro; mas no caso de uma mulher que está em risco de vida, que ela pode morrer em função desta gestação, o artigo 12 veda ao Estado ou a particular qualquer tipo de intervenção e não faz nenhuma referência ao artigo 128 [do Código Penal]. Portanto o que nós estamos votando aqui é dizer o seguinte: que é proibido qualquer tipo de intervenção mesmo que tenha alguém correndo risco de vida, uma mulher (?). Por isso nós, da bancada do PT, nós votamos contra a este projeto de lei. Mais por esta razão também.

Está a partir dos 4:50. O vídeo está abaixo.

Isto é para os que ainda acham possível ser católico e petista ao mesmo tempo. Qual será o malabarismo que vão inventar desta vez?