Hoje, a senhora Sandra Nunes – velha conhecida de tantos quanto estão acostumados a passear por este blog – foi colocada sob moderação. Os motivos são mais do que evidentes, e estão no comment acima linkado. Não foi sem relutância que tomei esta decisão; todos sabem – eu próprio já frisei aqui por outras vezes – o caráter combativo do Deus lo Vult!, que não apenas prevê mas também (e principalmente) pressupõe as intervenções dos leitores.
Já há algum tempo há moderação neste blog; desde o tristemente célebre ataque dos ateus estrebuchantes que eu percebi não ser possível manter as coisas completamente abertas. No entanto, sempre é de se lamentar quando um debate (ou um debatedor) ultrapassa a fronteira do razoável e passa a ser contraproducente.
A supracitada senhora – alguns poderão dizer – já há muito tempo (talvez até desde sempre) ultrapassou esta fronteira. Eu não discutiria contra esta afirmação. No entanto, se até o presente momento eu julguei ser possível aplicar uma política de tolerância, após sérias reflexões decidi tomar a decisão – não trivial – de suspender o beneplácito.
Tolera-se, por definição, aquilo que é um mal. Em qualquer âmbito da vida, um mal pode ser tolerado caso se tenha em vista um bem maior a ser obtido. Na lógica dos debates de internet, a exposição das posições errôneas é, evidentemente, tolerada para que as suas refutações possam brilhar, e o argumento vencedor possa, se não convencer o debatedor vencido, ao menos fortalecer a convicção dos espectadores. Nem sempre Deus concede a graça de que o inimigo vencido na arena se levante como irmão do vencedor; no entanto, o esplendor da verdade que irradia do argumento bem construído e bem aplicado é menos raro e, geralmente, compensa o mal que se tolera.
Digo apenas “geralmente”, porque há vezes em que o estertor desesperado daquele que não é capaz de manter racionalmente as suas posições termina por obscurecer aquilo que é realmente relevante. E, se isso pode ser tolerado uma, duas, cinco ou dez vezes, chega um ponto em que a tolerância indefinida já pouco ou nada traz de útil; os bens advindos são menores do que os males que estão gozando da tolerância. Aí, é chegada a hora de intervir… Não é o debate em si que se busca cercear, óbvio, porque este, se verdadeiro, não pode senão servir para a defesa da Verdade, de Deus, de Sua Santa Igreja. O que se corta e lança fora é uma deturpação do debate, um seu abuso, uma espécie de caricatura que se instala no lugar onde as pessoas deveriam debater e as impede de o fazerem. E eu não poderia, em consciência, permitir que este espaço por mim idealizado e construído a duras penas fosse de tal maneira pervertido a ponto de não ser mais possível que, nele, se fizesse aquilo mesmo a que ele se propõe. Tolerância tem limites.
Não foi uma atitude fácil nem incontroversa, mas estou convencido de que foi uma atitude necessária. É lamentável, mas não menos necessário. Que a Virgem Santíssima, Sedes Sapientiae, possa interceder por todos nós, e de maneira especial pela sra. Sandra Nunes, a quem – até além de onde foi possível – esforcei-me por manter aqui. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.