Dizem que a data de hoje é uma comemoração feminista. Não quero entrar neste mérito; ainda que seja verdade, a mim parece-me que ela pode muito facilmente ser ressignificada, a fim de que exalte verdadeiros valores e celebre o que é realmente digno de ser celebrado. Não é preciso dar corda às feministas nem fazer propaganda indireta das bobagens que elas reivindicam; no dia de hoje nós temos algo de positivo para comemorar. Não uma ideologia estéril e sem sentido, mas a graça e a beleza da mulher, querida e criada por Deus para ser companheira do homem.
Há uma relativamente clássica música sobre Nossa Senhora que contém um garboso louvor às mulheres: trata-se daquela canção (tão comum na minha infância) que diz que «em cada mulher que a terra criou / um traço de Deus Maria deixou, / um sonho de mãe Maria plantou, / pro mundo encontrar a paz». Sei que não se trata de nenhuma sumidade teológica, mas deixemos isso de lado por enquanto. Aqui, pensemos somente em como o mundo seria melhor se todas as mulheres tivessem a consciência de que contêm “um traço de Deus” e “um sonho de mãe”. Se cada uma delas soubesse reconhecer o seu próprio valor.
É Dietrich Von Hildebrand quem fala que o amor entre o homem e a mulher é típico; isto é, o homem que ama enxerga em cada mulher um reflexo, um lampejo, uma lembrança da sua amada. Isso é uma tese de validade universal e tem uma interessante conseqüência prática dentro do Cristianismo: nós temos uma Mulher que é o arquétipo de toda feminilidade, temos uma Mãe que reúne em Si todas as belezas criadas, temos uma Senhora a Quem nos devotar com todas as forças e de todo o coração. Quando eu era pequeno e ouvia a música do Pe. Zezinho acima mencionada, sempre pensava que aquele “traço de Deus” deixado por Maria Santíssima nas mulheres era Ela própria. Sempre pensei no enorme privilégio que não deveria ser às mulheres compartilharem uma natureza feminina com Aquela que é a Mãe de Deus.
De certo modo, em toda e cada mulher está presente um reflexo da Santíssima Mãe de Deus, uma imagem d’Aquela que Deus coroou Rainha dos Céus. Ora, isto é um indiscutível valor próprio da feminilidade, é uma evidente característica – belíssima característica! – da qual as mulheres são detentoras e, por conseguinte, é razão suficiente para a comemoração de um Dia da Mulher. Assim, neste oito de março nós celebramos não os estertores de uma caquética ideologia anti-natural, mas sim as incomensuráveis graça e beleza que o Altíssimo conferiu a uma criatura – Maria Santíssima – e com as quais simultaneamente, em referência a Ela, dotou todas as mulheres do mundo.
Um feliz Dia das Mulheres para todas aquelas que, de um modo ou de outro, fazem parte da minha vida: as que me são próximas e as que não são tão próximas assim. Parabéns às que fazem parte da minha família ou do meu ambiente de trabalho, do meio acadêmico ou do bairro. Às que moram na minha cidade, às que lêem o Deus lo Vult!, às minhas conterrâneas. Às que são brasileiras como eu próprio, às latino-americanas como eu mesmo o sou; enfim, a todas as mulheres de todas as raças e todos os credos, com as quais eu – ainda que não as conheça – divido uma natureza humana e uma vocação às coisas mais altas, e nas quais refulge, ainda que elas não saibam, um reflexo da Santíssima Virgem a lhes conferir dignidade intrínseca e a lhes convidar incessantemente para tomar parte no Reino de Deus.
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Para não perder o costume, a foto acima mostra bem quais são os verdadeiros “direitos da mulher” pelo qual todos temos o dever de lutar, hoje e em todos os dias. Porque os direitos iguais devem ser iguais para todos, independente de cor, raça, credo, idade ou estágio de desenvolvimento.