Eu, masoquista

Eu “fui ao comício”, ontem, no Marco Zero, onde o presidente Lula estava com sra. Dilma Rousseff e mais uma cambada de “companheiros”. Estava em dúvidas sobre se era moralmente aceitável “sentar-me à roda dos escarnecedores”; disse a mim mesmo que a minha ida seria por questões jornalísticas, e me tranqüilizei. Depois, fiquei pensando se o lugar não era perigosamente propício a ser alvo de uma chuva de fogo e enxofre, enviada pela Justa Ira Divina por tanto tempo já contida; mas pedi à Virgem Santíssima que sustentasse, ainda mais um pouco, o braço do Seu Divino Filho, e me tranqüilizei. Pensei, por fim, se a minha ida não iria aumentar a repercussão do evento, “engrossando” o número de participantes do comício que iria ser noticiado no dia seguinte; mas pensei que, afinal, a praça é pública – a praça é do povo – e eu poderia, perfeitamente, ao invés de “ir ao comício”, ir ao Recife Antigo tomar cerveja. Tecnicamente, seria o presidente quem estaria discursando junto ao meu barzinho. Encontrei, assim, a causa com duplo efeito que eu precisava para dirimir de vez os meus escrúpulos, e me tranqüilizei. Camisa preta – luto -, pus-me a caminho.

Cheguei perto das dez horas da noite. Algumas pessoas estavam já voltando, mas o senhor presidente ainda estava falando e, considerando o tempo que ele falou depois disso, acho que cheguei bem no início do seu discurso. A praça do Marco Zero parecia estar lotada, mas era pura armação: fizeram um “labirinto” com aquelas grades móveis por toda a praça, exigindo que as pessoas dessem voltas e mais voltas para chegar ao centro e induzindo-as, assim, a ficarem no perímetro, fora das grades. Para quem via de longe, passava realmente a impressão de que o Marco Zero estava lotado. Mas eu, que nunca tive medo de multidão, fui até o centro da praça: praticamente vazia. Havia até mesmo pessoas sentadas no chão.

O Jornal do Commercio falou em 25.000 pessoas. Mas, ao menos quando eu cheguei, não tinha nada nem perto disso, pelos motivos acima explicados: a praça estava vazia, as ruas estavam transitáveis, só havia aglomeração de pessoas no perímetro da praça e, neste, não cabem 25.000 pessoas nem que elas estejam, em quatro níveis, uma em cima da outra. Mas, enfim. Engenhosa a tática petralha, é forçoso reconhecer.

A sra. Rousseff não falou; ou, então, eu só cheguei depois que ela já tinha falado. Por uma longa e enfadonha hora, eu só ouvi o senhor presidente. Lula fez questão de dizer era necessário votar nos deputados – nos “companheiros”… – que apoiavam o Partidão, que era preciso eleger Humberto e Armando senadores, Eduardo governador (para que Pernambuco avançasse “30 ou 40 anos em 8”) e Dilma presidente. Foi muitas vezes interrompido por aplausos. Mas houve três situações curiosas no discurso do senhor presidente.

Uma: falando sobre Humberto Costa, que foi ministro da Saúde, disse que ele havia feito muito por Pernambuco – aplausos. Que era uma pessoa séria e honesta, blá-blá-blá – aplausos. Que, no entanto, não havia feito mais (aqui, o presidente elevou a voz; estava quase aos gritos) porque os inimigos dele o haviam traído, votando contra a CPMF e tirando da saúde não-sei-quantos-milhões que já estavam destinados para não-sei-o-quê. E não houve mais aplausos. E os sonoplastas bem que poderiam introduzir, neste momento, o clássico som de grilos cricrilando. Ao que parece, nem os próprios petralhas estão dispostos a defender a CPMF do Governo.

Duas: falando sobre as mulheres. O presidente teve um surto de lucidez, e começou a falar um monte de coisas politicamente incorretas: que são as mulheres que carregam por nove meses no ventre um ser humano, que são as mulheres as responsáveis pelo lar familiar, que são as mães que ensinam os filhos a falarem, que são as mães que acordam de madrugada quando o menino está chorando, e não os pais, que são as mães que dão o peito quando o menino está com fome, e não os pais, et cetera. A clássica separação de papéis dentro do Matrimônio à qual a modernidade tem tanto ódio! E lá estava o Lula, em um ato falho, a defendê-la: afinal, se Deus falou um dia através da boca de uma mula, por que da boca do Lula não poderia sair alguma coisa que prestasse, alguma vez na vida? Mais uma vez, os sonoplastas teriam trabalho neste momento, porque o discurso – inflamado! – não arrancou aplausos da petralhada. E o presidente achou melhor mudar de assunto.

Três: rasgando-se em elogios à Dilma. Disse que ela era uma mãe, e que ele gostava tanto e confiava tanto nela que poderia dizer, com toda a honestidade, que, “se não tivesse a Marisa” [aqui eu já comecei a rir, imaginando o que diabos ele iria falar], e ele “tivesse um filho [pequeno]”, entregaria o filho para a Dilma criar (!). Pasmem, isto foi dito desse jeito! Lula, em menos de um minuto, ofendeu a primeira-dama, demonstrou total descaso pelo seu hipotético filho (como assim, “dava para a Dilma criar”? Fala que casava com ela, Lula!) e agrediu mortalmente a presidenciável feminista (porque criar filho é tudo o que gente dessa laia não quer fazer)! E eu, esforçando-me para segurar as gargalhadas, afastei-me um pouco da praça. O ambiente era hostil a ponto de ser contrário à prudência debochar do senhor presidente. Mas, que deu vontade… ah, isso deu.

Por volta das onze horas da noite, o presidente despediu-se, disse “muito obrigado” e os militantes – que carregavam cartazes e bandeiras – desapareceram em um piscar de olhos. Nem sequer esperaram para tentar bater fotos, ou cumprimentar algum dos candidatos, nem nada: veio-me à mente a maliciosa comparação com empregados de uma fábrica que ouvem o toque da sirene anunciando o final do expediente. Também não seria eu a esperar mais nada: voltei à minha cerveja. Agradecendo a Deus por ter sobrevivido ao comício. Brindando ao Papa. E pedindo ao Altíssimo misericórdia para o Brasil.

Tudo é mais do mesmo

Eu não sou lá o que se possa chamar de grande entusiasta da democracia – a despeito de ser forma de governo legítima, conforme ensina a Igreja Católica. Com relação à maneira específica como a “democracia” (aqui, as aspas são propositais, e servem precisamente para distinguir esta daquela legitimada pela Igreja à qual fiz referência acima) é exercida no Brasil, deixo de ser simplesmente um “não-entusiasta” para lançar-lhe mesmo duras críticas. Julgo até ser perfeitamente legítimo, aliás, discutir se aquilo que, no Brasil, costuma chamar-se “democracia”, tem as mesmas características daquele sistema que um dia o Aquinate considerou legítimo.

Mas isso é uma outra discussão, para a qual não tenho nem fôlego e nem envergadura. Limito-me a falar sobre os fatos concretos do nosso quotidiano. Ontem, eu assisti ao debate da Canção Nova com os presidenciáveis, e tive impressões muito negativas.

Não com relação ao debate – ao contrário, ele foi, na média, excelente. Tirando algumas aberrações (como a “Pastoral do Menor” colocando-se contra a redução da maioridade penal), muitas perguntas importantes foram feitas exatamente da maneira como deveriam ser feitas: “o senhor, como presidente, assinaria o PLC 122/06?”, “o senhor, no seu governo, vai colocar em prática as diretrizes do PNDH-3?”, “o senhor acredita que o valor da vida humana pode ser decidido em plebiscito?”, e diversas outras. A organização do debate está sem dúvidas de parabéns. O motivo das minhas impressões negativas reside justamente no fato de que, mesmo com toda a excelência da organização do debate, os candidatos estão – todos – muito aquém do mínimo que se pode esperar para que a licitude do apoio católico por meio do voto, a qualquer um deles, possa ser até mesmo levada em consideração e colocada em litígio. Do jeito que está, ninguém pode ser votado.

Sobre o aborto, o abortista Serra foi o único a dizer, claramente, que o respeito à vida humana não pode ser objeto de sufrágio popular. Curiosamente, foi ele próprio – ele, que disse não ser capaz de fazer um plebiscito para decidir sobre a legalização do aborto no Brasil – quem, quando Ministro da Saúde, autorizou – sem consultar ninguém! – a rede pública hospitalar a assassinar crianças caso elas tenham sido concebidas por meio de estupro… incoerências que, enfim, quedaram sem respostas, e fica então o eleitor católico na sincera dúvida entre o discurso do abortista quando em campanha ou os seus atos passados quando, efetivamente, teve poder para fazer alguma coisa.

Sobre a Lei da Mordaça Gay, tanto o Serra quanto o Plínio disseram não ter lido o projeto mas que, mesmo assim, eram-lhe, em linhas gerais, favoráveis. Sobre o PNDH-3, o Plínio teve aliás a capacidade de dizer que não via nada de errado no plano. O candidato do PSOL merece menção especial, porque ele tem feito questão de se apresentar como católico e, mesmo assim, colocar-se sistematicamente contrário a tudo aquilo do qual a Igreja é a favor, e favorável a tudo aquilo que a Igreja é contra. Chega a ser impressionante. O papel dele, como já foi notado por alguns mais astutos, é claramente o de deslocar o eixo de comparação entre os candidatos, por meio de um radicalismo tão caricato que, junto dele, a Dilma e o Serra apareçam quase que como ultramontanos.

A sra. Rousseff fez chacota dos católicos e não foi ao debate. E, por algum motivo que sinceramente escapa-me à compreensão, o católico Eymael – provavelmente a única opção aceitável para os católicos no primeiro turno – não foi convidado para o debate ou, dele, não quis participar. Quando não estão presentes nem o único candidato que poderia dar respostas tranqüilizadoras às questões apresentadas, nem a candidata favorita nas pesquisas que iria se comprometer terrivelmente a cada resposta que formulasse… qual foi o saldo, afinal de contas, do debate? Parece-me que é tudo mais do mesmo.

E isso reforça a minha desilusão para com a “democracia” brasileira: o voto é universal e tem o mesmo peso para todos, pouco importando a parcela de participação na sociedade que cada um tenha. Os debates, por melhores que sejam, terminam por gerar pouco ou nenhum fruto: e os resultados do pleito são, na verdade, decididos pela máquina publicitária da televisão que, na hipnotizadora propaganda eleitoral gratuita, pende obscenamente para o lado do partido que se encontra atualmente no governo. Resta esperar alguma coisa? É possível fugir da incômoda sensação de que tudo isso não passa de um gigantesco jogo de cartas marcadas?

Que Deus tenha misericórdia de nós, e salve o Brasil! Porque é óbvio que as eleições de outubro próximo não serão capazes de “salvar” absolutamente nada.

Dilma Rousseff e o aborto no debate da Folha/UOL

Assisti, hoje pela manhã, a um pedaço do debate online, promovido pela Folha/UOL, entre três dos presidenciáveis: Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva. Ainda não está disponível na íntegra no site da Folha.

Não gosto deste tipo de “debate”. É óbvio que não dá para levá-lo a sério – e, ao final, acaba sendo muito mais uma exibição de argumentos ad populum e de retórica sentimental, do que um confronto verdadeiro e honesto entre idéias e propostas. É claro que, em dois minutos, ninguém consegue articular um raciocínio decente, corretamente embasado, sobre qualquer assunto minimamente sério. Não sei quem foi que disse certa vez que, em “igualdade de condições” (leia-se: com limites arbitrários igualitariamente aplicados), a mentira sempre ganha da verdade. Eu concordo totalmente. Uma pergunta mal-intencionada, que leve somente alguns poucos segundos para ser formulada, pode exigir muito esforço para ser respondida a contento. Não é enrolação. É, simplesmente, porque a verdade tem compromissos – a mentira, não, qualquer coisa que diga, de qualquer jeito, se servir aos seus propósitos, está muitíssimo “bem dita”. Dois minutos para cada uma delas simplesmente não é justo: a verdade, nestes casos, está em uma tremenda desvantagem.

Este debate, no entanto, teve uma coisa interessante: a participação dos internautas, com perguntas gravadas em vídeo. Lá para as tantas – quarto bloco, se a memória não me falha -, uma pergunta feita pela @jufragetti foi exibida. Era para a Dilma Rousseff, e sobre o aborto.

Em dois minutos, como eu disse acima, ninguém consegue articular uma resposta séria sobre absolutamente nada. Mas o tempo reduzido tem outro gravíssimo inconveniente: por dois minutos, qualquer pessoa consegue dar voltas e enrolar, para não ter que responder de modo direto a uma pergunta inconveniente. E foi exatamente o que fez a sra. Rousseff.

Começou dizendo que nenhuma mulher gosta de abortar – coisa que, embora discutível, absolutamente não vem ao caso. Não faz a menor diferença se as mulheres “gostam” de assassinar os próprios filhos ou se “não gostam”: o que interessa é saber, com clareza, se elas podem fazê-lo ou se não o podem! A pergunta, como qualquer pessoa que tenha dois neurônios é capaz de perceber, era esta e não outra.

Disse que, pessoalmente, era contrária ao aborto. De novo: não faz a menor diferença se ela, em assunto que considera “de foro íntimo”, é contrária ou é a favor: o que interessa é o que ela vai fazer enquanto presidente. Mais uma vez, isto estava mais do que evidente na pergunta que foi feita, pois o que estava sendo transmitido era um debate entre presidenciáveis, e não uma entrevista para a Tititi.

Então veio, finalmente, com a conversa mole de que o aborto é “questão de saúde pública”. Ora, como todo mundo que está acostumado com a novilíngua política sabe muito bem, isso significa que o aborto vai deixar de ser crime para passar a ser exigência de saúde. Como está no famigerado Plano Nacional de Direitos Humanos do Governo. Como, aliás, é compromisso histórico do PT, e só não vê quem não quer.

A sra. Rousseff enrolou, enrolou, enrolou, mas deixou escorrer a baba peçonhenta, o veneno por debaixo do doce das palavras: a candidata petista é abortista sim. Caso não fosse, poderia ter dito – como teve chance – de dizê-lo claramente. Portanto, e mais uma vez: como os católicos não podem apoiar uma candidata abortista, não podem conceder o seu apoio, de nenhuma maneira, à sra. Dilma Rousseff (ouviu, @ver_josenildo?). A cada dia que passa, isto fica mais e mais claro. É sinceramente lamentável ver as pessoas imolarem a própria consciência no altar da partidolatria.

Voto é coisa séria!

“Está na hora do Brasil ter uma mulher na presidência. Não tenho a menor dúvida de que DILMA é a pessoa certa para conduzir o nosso país”.

@ver_josenildo

A frase acima foi dita, no Twitter, pelo senhor Josenildo Sinesio, atualmente vereador da cidade do Recife e candidato a Deputado Federal. A Justiça manda dizer que, em muitas coisas, estou de acordo com a atuação política de Josenildo. Mas, em outras, não. E, infelizmente, estas outras são demasiadamente graves, a ponto de exigir um esclarecimento.

Certas coisas são francamente inadmissíveis. Recebi por email o “santinho” abaixo do candidato Josenildo:

Como se não fosse escândalo o bastante o sr. Josenildo – cujo eleitorado, como é amplamente conhecido aqui em Recife e, aliás, ele próprio dá a entender na escolha da sua campanha, é composto por católicos – candidatar-se pelo Partido dos Trabalhadores, é preciso, ainda, ver o candidato que pede “um voto de Fé” (com maiúsculas!) defender, publicamente, a abortista Dilma Rousseff para a presidência?! Defender quem defende o aborto? Defender quem vai lutar pela implantação do PNDH-3?

O que é isso? “Fé” no PT? Compromisso com o Partido? E as questões morais inegociáveis, Josenildo? O senhor as esqueceu quando entrou em campanha? O apoio partidário vale mais do que a ética e a moral?

O Claudemir interpelou-o no Twitter:

Pra liberar o ABORTO e pôr em prática o PNDH3?  Achei q vc era católico. RT @ver_josenildo:  …DILMA é a pessoa certa p conduzir o nosso país

E ele até agora não respondeu. E, aliás, nem acredito que vá responder.

Por conta disso, quero fazer coro à campanha do Josenildo Sinesio: para cristão, voto é coisa séria! E, exatamente por ser uma coisa séria, os cristãos não podem dá-lo a quem promove a sra. Rousseff para presidente.

Kit Left Revolution & Direito de Resposta

O @vanguardapop retwittou recentemente. O vídeo é antigo, mas para quem não viu, vale muito a pena ver, porque é hilário.

E, ainda falando em Vanguarda Popular, os caras já divulgaram o direito de resposta petista concedido pelo TSE:

Satanás e Belzebu

Faço coro ao que o Murat disse hoje. O momento político que atravessamos exige, dos católicos, a determinação na defesa dos valores que são inegociáveis. Nosso apoio político precisa ter um preço. Não podemos vender os nossos votos para o primeiro monstro “menos feio” que aparecer em nossa frente, acusando a “falta de opções” do cenário político atual e arranjando mil e uma justificativas para esconder a realidade nua e crua: José Serra [ainda] não é um candidato que merece o voto católico.

A sra. Rousseff não o merece de forma alguma, e isso já está bastante claro para qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção de política e de Doutrina Católica. Não vou insistir neste ponto. Os católicos não podem apoiar a ex-terrorista do Partido Totalitário. Quem “não concorda” com isso é porque, infelizmente, colocou a sua devoção partidária acima da Moral Católica. Tomo este assunto como já suficientemente concluído, pelo menos para efeitos deste post. Quero agora falar sobre outra coisa.

É fato inconteste que o PSDB é um partido mais aceitável do que o PT, porque aquele permite – ao menos! – a pluraridade das posições, enquanto que o PT obriga os seus afiliados a lutarem por uma agenda ideológica imoral e anti-católica, que inclui a defesa do aborto e de outras aberrações contrárias à Lei Natural. Se o pleito de outubro próximo fosse para votar simplesmente na legenda, PT ou PSDB, acredito que a opção por este último estaria já justificada. No entanto, não votamos somente nos partidos, mas também nas pessoas – e isso, ao contrário do que parecem querer fazer acreditar os entusiastas do sr. José Serra, precisa ser levado em consideração.

A militância pesada anti-PT e contra a sra. Rousseff é perfeitamente justificável: eu diria mais, é necessária, é obrigação moral de todas as pessoas que compreendem a gravidade da situação que o Brasil atravessa. Ela, no entanto, não pode ser confundida (a tentação é grande!) com o apoio entusiasta ao outro lado que também é inimigo da Igreja. Uma coisa é o sujeito que, com o coração na mão, com a consciência perplexa, em um eventual segundo turno entre a Dilma e o Serra, quando já esgotadas todas as possibilidades, vota neste último já pedindo perdão a Deus, justificando-se que é unicamente para que a ex-terrorista não seja eleita. Uma outra coisa, completamente diferente, é começar desde já a fazer campanha para o candidato do PSDB. Não se luta contra Satanás rasgando seda para Belzebu. O inimigo do meu inimigo nem sempre é meu amigo. Se as eleições de outubro forem (como parece que vão ser) Alien vs. Predador, não se pode simplesmente abraçar um deles e dedicar-se zelosamente à sua vitória. Depois que um monstro comer o outro, nós seremos as suas próximas vítimas. Isto é importante demais para ser esquecido.

Voltemos ao sr. José Serra. Alguém perguntou, certa vez, ao pe. Lodi qual seria o “mal menor” entre o PT e o PSDB. O reverendíssimo sacerdote falava especificamente sobre José Serra. Sobre o assunto, destaco:

Se você desejaria votar em José Serra (nem que fosse por exclusão), mas se vê impedido de fazê-lo por causa da triste Norma Técnica, clique no “link” abaixo. Você enviará uma mensagem instantânea, não apenas ao presidenciável, mas a sua equipe de “marketing”. Abrir-se-á uma janela com um texto, que você poderá modificar o quanto desejar.

JoséSerra: CompromissoRevogarNormaTécnica

Telefones úteis do Comitê José Serra:
Cristiane
(11)3646-1500 Bianca
(11)3646-1566 FAX

A data que tem no final da página é 21 de outubro de 2002 e, portanto, não sei se os telefones e emails apresentados ainda funcionam. No entanto, a questão moral permanece integralmente de pé. Um católico pode desejar votar em José Serra por “exclusão” mas, mesmo assim, ver-se impedido disso pelo fato do tucano ser abortista. Volto ao que disse acima: o candidato PSDBista, do jeito que as coisas estão hoje, não merece o apoio católico. E nós deveríamos valorizar o nosso apoio político, ao invés de o cedermos de bandeja para quem já tem culpa no cartório e não dá nenhuma garantia (de valor objetivo) de que não vai continuar a agir do mesmo modo. Abortista não merece confiança a priori. Isso deveria ser simples de entender.

Ao invés, portanto, de se engajarem em campanhas entusiastas a favor de um abortista notório, os católicos que não querem que a sra. Rousseff seja eleita deveriam – na minha modesta opinião – é pressionar o tucano (afinal, não dizem que ele é um democrata?) a assumir uma posição decente na defesa da vida humana, nas questões que são inegociáveis. Apoiá-lo alegremente, sem exigir nada em troca, é um erro de proporções monstruosas.

Dilma, a “companheira” terrorista

Este vídeo vale pela genialidade do sincronismo. Do meio para o fim, toca-se aquela música de Chico Buarque, “Cálice”. É, eu sei, é uma música de comunistas contra a “ditadura” militar brasileira; mas ipse venena bibas. Ver uma foto da Dilma surgindo aos 3:45, no exato instante em que Chico canta “ver emergir o monstro da lagoa”, arrancou-me grandes gargalhadas. Genial.

Aos 3:05, aparece uma foto do soldado Mário Kozel Filho. “Assassinado pelo grupo terrorista da Dilma”. Tinha 19 anos! Recentemente, recebi um email dizendo que, no Ibirapuera, uma das ruas se chama “Sargento Mário Kozel Filho”. E diz a mensagem:

Era filho de Mário Kozel e Therezinha Vera Kozel.

[…]

Kozel, fazia parte da 5ª Companhia de Fuzileiros do 2º Batalhão, no 4º Regimento de Infantaria Raposo Tavares, em Quitaúna teve a vida brutalmente ceifada, na madrugada de 26 de junho de 1968, em um atentado terrorista vil e covarde, posto em prática por grupos radicais de esquerda (…).

Dilma era uma das 2 mulheres que estavam dentro do carro que jogou a bomba em cima de Kozel. Que morreu sem a menor chance de defesa, pois estava de costas verificando se havia feridos dentro do outro carro que colidiu com um poste, após os tiros de advertência do soldado Rufino…

Talvez o corpo despedaçado de Kozel assombre a mente de Dilma Rousseff, talvez não… Mas cabe aos brasileiros usarem a consciência e não colocarem o país nas mãos dessa mulher, pois quem participou do assassinato de um verdadeiro servidor da pátria,  JAMAIS pode se tornar  presidente do Brasil.

É história, e não “estória”. O Carlos Alberto Brilhante Ustra conta-a, também, em seu livro “A Verdade Sufocada” (2ª edição revista e ampliada, Editora Ser, Brasília, 2006, pp. 207-208).

Na madrugada fria e nublada do dia 26 de junho de 1968, no Quartel General do II Exército, o silêncio e a tranqüilidade eram visíveis.

Oficiais, sargentos e soldados dormiam e descansavam. Nos seus postos, as sentinelas estavam atentas, zelando pela vida de seus companheiros e protegendo as instalações do QG, pois o período era conturbado.

[…]

Mal sabiam que um grupo de dez terroristas, entre eles duas mulheres, rodavam em um pequeno caminhão, carregado com 50 quilos de dinamite, e mais três fuscas, na direção do QG. Tinham a missão de causar vítimas e danos materiais ao Quartel General.

[…]

Às 4h30, a madrugada estava mais fria e com menos visibilidade. Nessa hora, uma sentinela atirou em uma caminhonete, que passava na Avenida Marechal Stênio Albuquerque Lima, nos fundos do QG, e tentava penetrar no quartel. Desgovernada, batera, ainda na rua, contra um poste. As sentinelas viram quando um homem saltou desse veículo em movimento e fugiu correndo.

[…]

O soldado Mário Kozel Filho, pensando que se tratava de um acidente de trânsito, saiu do seu posto com a intenção de socorrer algum provável ferido. Ao se aproximar, uma violenta explosão provocou destruição e morte num raio de 300 metros.

Passados alguns minutos, quando a fumaça e a poeira se dissiparam, foi encontrado o corpo do soldado Kozel totalmente dilacerado.

[…]

Consumava-se mais um ato terrorista da VPR.

Por questão de justiça, é preciso dizer que Brilhante Ustra não cita Dilma Rousseff entre os que participaram desta ação (as duas mulheres da VPR são Dulce de Sousa Maia e Renata Ferraz Guerra de Andrade). Mas, do grupo terrorista, a atual candidata do PT fazia parte sim – e, portanto, a situação dela não fica muito melhor por conta disso. E uma ex-terrorista comunista, que – até onde me conste – nunca se arrependeu dos seus crimes, naturalmente não pode ser presidente do Brasil.

Aborto, PT, PSDB

Recomendo a extraordinária profusão de artigos importantes sobre as atuais conjunturas políticas brasileiras que o Taiguara disponibilizou no seu blog neste final de semana. As eleições de outubro próximo provavelmente serão dramáticas. É possível (aliás, provável) que cheguemos a um segundo turno entre a cruz e a espada, Satanás contra Belzebu, ou – como genialmente disseram na lista do Carlos Ramalhete – Alien vs. Predador. Que a Virgem Aparecida, padroeira do Brasil, tenha misericórdia de nós.

1. Em questão de aborto, não há “meio termo”. “Com o uso destes estratagemas, o PT tem comprado apoio à sua guerra contra as crianças brasileiras, em prol do abortismo e da morte. Cúmplices de uma autêntica política de pão e circo, católicos brasileiros se contentam com migalhas de dinheiro para a venda e prostituição de sua consciência. A situação mostra a que ponto chegou o materialismo: um reajuste salarial é suficiente para dar apoio ao morticínio de milhares de crianças indefesas, como o PT quer que se realize no Brasil”.

2. A hipocrisia do PT em questão de aborto e os idiotas úteis. “Mais que burro e estúpido, quem acredita e vota no PT é cúmplice de suas práticas criminosas e  será cúmplice do assassínio de crianças se este Partido da Morte – que Deus nos livre – conseguir aprovar o aborto no Brasil. Pronto, falei”.

3. José Serra e a Norma Técnica do aborto. “Assim, pois, a promessa do Sr. José Serra de que não tomaria a iniciativa pelo aborto se estivesse no Executivo é a priori inválida, dado que Serra já está em dívida com a sociedade e com as crianças brasileiras pela edição da Norma Técnica do Aborto. A pergunta que deve ser feita ao Sr. José Serra não é se ele vai tomar a iniciativa pelo aborto. A pergunta que deve ser feita é: se a Lei do Aborto for aprovada no Congresso, o senhor veta? […] Mais que isso, Serra deveria se comprometer – além de vetar qualquer Lei do Aborto – a reformular a Norma Técnica que ele editou e que facilitou o aborto no país. Porque, até o momento, em questão de aborto, o Sr. José Serra não está num nível melhor que a Sr.a Dilma Rousseff…”.

Dom Luiz Bergonzini vs. CNBB – a repercussão

Alguns exemplos, entre muitos, da enorme repercussão que teve o artigo do bispo de Guarulhos censurado pela CNBB. Louvado seja Deus, porque os verdadeiros católicos não estão mais se deixando enganar pelos descalabros da Conferência Episcopal. A máscara está caindo. Está ficando cada vez mais evidente quem é que serve à Igreja de Cristo e quem é que serve, no fundo, à Sinagoga de Satanás. O conluio promíscuo entre os sucessores dos Apóstolos e os inimigos da Cruz de Cristo precisa ser desfeito, ad majorem Dei Gloriam. Rezemos pelo Brasil, rezemos pelos senhores bispos, rezemos pela Conferência Episcopal.

1. Dilma vs. Dom Luiz Bergonzini (En Garde!): “O fato de não ser a posição da CNBB não importa patavina nenhuma, porque a CNBB não faz parte da Hierarquia da Igreja, não é sujeito do poder magisterial, de ensinar a verdade e advertir sobre o erro. A CNBB, como toda Conferência Episcopal, é tão-somente uma estrutura jurídico-canônica, que não goza de poderes magisteriais. Um Bispo, ao invés, é parte da Hierarquia da Igreja, composta pelo Papa, os Bispos, os presbíteros e os diáconos. A Ordem do Episcopado – Papa e Bispos, sendo o Papa o Chefe dos Bispos – é sujeito do poder magisterial na Igreja, do poder de ensinar. Então, D. Luís Gonzaga Bergonzini tem, sim, o poder de ensinar para sua Diocese, em virtude de ser detenter do terceiro grau do Sacramento da Ordem, o Episcopado”.

2. O apagão da CNBB (O Possível e o Extraordinário): “O apagão da CNBB custou caro. Antes restrita à leitura dos fiéis mais assíduos aos blogs, sites e listas de discussão católicas, a mensagem de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini ganhou ampla repercussão ao ser divulgada nos noticiários de grandes portais brasileiros como O Globo, Terra, Estadão, G1. No artigo o bispo recomenda “a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos que não dêem seu voto à Senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais “liberações” [legalização do aborto, casamento gay…], independentemente do partido a que pertençam”. Artigo apagado, iluminou-se o debate entre todos que são contrários à legalização do aborto no Brasil: pode-se votar, para presidente do Brasil, em um candidato(a) comprometido com a legalização do aborto? É claro que não. E a razão é simples! O voto em um abortista legalizará o aborto em nosso país, tornará o crime um direito e abrirá as portas para que os verdadeiros direitos de cada ser humano possam ser cerceados por questões políticas, pressões de lobbies de grupos ideológicos, ou por mero capricho de autoritarismo. Afinal, quando o ser humano não tem seu principal direito respeitado, o direito de nascer, que outros direitos podem lhes ser garantidos?”

3. Mitras em conflito (Fratres in Unum): “Dom Bergonzini ainda declarou ao G1: “vou mandar uma circular para os padres da diocese pedindo que eles façam o pedido na missa, para que os nossos fiéis não votem na candidata do PT e em nenhum outro candidato que defenda o aborto. Desde o Antigo Testamento, temos que é proibido matar. Uma pessoa que defende o aborto não pode ser eleita. Eu tenho obrigação de orientar meus fiéis pelo que está certo e o que está errado”, disse o bispo, a um ano de atingir 75 anos, a idade limite para apresentar sua renúncia ao Papa. É certo: a CNBB e o senhor Núncio Apostólico já estão providenciando um sucessor digno da herança dos infelizes antístites vermelhos idolatrados pela corja modernista da CNBB”.

O fato de não ser a posição da CNBB não importa patavina nenhuma, porque a CNBB não faz parte da Hierarquia da Igreja, não é sujeito do poder magisterial, de ensinar a verdade e advertir sobre o erro. A CNBB, como toda Conferência Episcopal, é tão-somente uma estrutura jurídico-canônica, que não goza de poderes magisteriais.
Um Bispo, ao invés, é parte da Hierarquia da Igreja, composta pelo Papa, os Bispos, os presbíteros e os diáconos. A Ordem do Episcopado – Papa e Bispos, sendo o Papa o Chefe dos Bispos – é sujeito do poder magisterial na Igreja, do poder de ensinar. Então, D. Luís Gonzaga Bergonzini tem, sim, o poder de ensinar para sua Diocese, em virtude de ser detenter do terceiro grau do Sacramento da Ordem, o Episcopado.

CNBB censura artigos de bispos

Isto é incrível! O lúcido e corajoso artigo de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini sobre as eleições (que eu reproduzi aqui), provavelmente o melhor artigo sobre a situação política atual no Brasil saído da pena de um bispo, foi censurado pela CNBB!

Ontem, neste link, o artigo estava integralmente reproduzido no site da CNBB. O fato provocou uma grata surpresa em muitos – p.ex., via Twitter – que vislumbravam, enfim, uma luz no fim do túnel quente, escuro e sulfúreo de dentro do qual a Conferência costuma emanar os seus comunicados e decretos. Ontem à noite, para a minha surpresa, soube en passant que o artigo havia sido retirado, e só hoje confirmei o fato: há uma mensagem de “404 – Artigo #4132 não encontrado” na página onde, ainda ontem, ecoavam as sábias palavras do bispo de Guarulhos.

Não obstante, no mesmíssimo site da CNBB ainda se encontra, até agora, um artigo que leva por título “Pastorais Sociais e Organismos da CNBB confirmam apoio ao plebiscito pelo limite de propriedade da terra e ao Grito dos Excluídos”, sobre cujo assunto qual eu também já comentei aqui. Inclusive está, no site da CNBB, a íntegra da nota de Dom Pedro Luiz Stringhini.

Nesta nota pode se ler: “convidamos os cristãos e cristãs das dioceses, paróquias, comunidades, movimentos a engajarem-se neste exercício de cidadania”, qual seja, o plebiscito. Curiosamente, no mesmo site da CNBB, (ainda) tem outro artigo, este bom, de Dom Aloísio Roque Opperman, que está censurado. O original (que recebi por email) dizia ainda: “” (p.s.: enganei-me. O artigo de Dom Opperman está na íntegra – mea culpa. O que foi “censurado” – na verdade, não publicado – foi o de Dom Cristiano Krapf, que também pus aqui no Deus lo Vult!, e que dizia com clareza: “nenhum católico é obrigado a participar de uma campanha promovida por uma entidade qualquer, mesmo que conte com o apoio de setores da CNBB”).

A conclusão que se impera, portanto, para longe de qualquer dúvida, é que o site da CNBB não pode ser considerado um site católico. Afinal de contas, os próprios bispos têm, lá, o seu ensinamento censurado! Ao passo que outros falam o que bem entendem. Que vergonha!